Moro e o método da máfia, por Jeferson Miola

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Moro e o método da máfia

por Jeferson Miola

O jornal Zero Hora noticiou que numa palestra na UNISINOS, em 21/9/2017, o juiz Sérgio Moro fez um “parêntesis cinematográfico” [segundo suas próprias palavras] para citar o filme O Poderoso Chefão.

Ele quis, com isso, exemplificar como determinado procedimento adotado pela máfia – que não é encontrável nas regras do Estado de Direito – pode ser empregado para alcançar objetivos na Lava Jato.

Moro citou a cena do filme em que o mafioso Don Corleone recusa o recebimento de dinheiro depois de executar um crime encomendado, preferindo tornar-se credor de um “favor” a ser pago no futuro – normalmente uma retribuição difícil e embaraçosa para o devedor, muito mais dispendiosa e custosa que o valor do “serviço” executado.

Segundo a reportagem, na palestra Moro explicou que em grande parte dos processos desvelados pela Lava Jato a “compensação”, ou seja, a “retribuição” de favores, é garantia de “bom relacionamento”: “É mais ou menos o que significou em vários desses casos de corrupção sistêmica. Pode ser muito difícil identificar contrapartida específica que o agente público ofereça ou realize em troca de vantagem financeira. Normalmente, vende-se influência a ser entregue segundo as oportunidades surgem“.

A palestra do Moro é esclarecedora. Ela ajuda a entender a postura de delatores e réus da Lava Jato como Leo Pinheiro, Antonio Palocci e outros, que “trocam favores” pela liberdade e abrandamento de penas.

A moeda de troca para receberem “contrapartidas específicas” dos agentes públicos é incriminar o ex-presidente Lula. Na caçada ao Lula vale tudo, inclusive métodos mafiosos.

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Observação: a reportagem do jornal ainda registra uma brincadeira no mínimo infeliz [para não dizer de outra forma] do incorruptível Moro: “Estamos falando em contratos da Petrobras nos quais tudo é superlativo. Até falo brincando que, ao final desse caso, talvez me aposente e vá trabalhar na indústria petroleira porque fui descobrindo umas coisas …. Por exemplo, um navio-sonda é muito caro. Um contrato de fornecimento está na ordem de US$ 500 milhões” [sic].

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

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  1. Aniversariante

    Poderiam ser considerados como “advogados de porta de cadeia”?

    Advogado de Joesley faz festa na Europa e diz que não havia clima no Brasil

    “Um dia antes de comemorar a chegada dos 60 em Lisboa, o advogado subiu à tribuna do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para sustentação oral do pedido de liberdade dos Batista.”

    “A audiência às vésperas da festança custou ao defensor um bate e volta Lisboa-Brasília-Lisboa em jatinho particular. Ossos de um ofício mais do que bem remunerado. A viagem de última hora interrompeu por 24 horas a intensa programação dos festejos ao longo da semana passada na terrinha.”

    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/redesocial/2017/09/1921453-advogado-de-joesley-faz-festa-na-europa-e-diz-que-nao-havia-clima-no-brasil.shtml

  2. Que mané indústria

    Que mané indústria petrolheira. Seu negócio é a indústria cinematográfica, rapaz. Isso ficou claro com sua cara embasbacada comendo pipoca assistindo a si mesmo na pele do galã coxinha global Marcelo Serrado.

    Quem sabe se imaginando combatendo o “chefão” que aqui na republiqueta é o Ary Fontoura. Nem ao Marlon Brando a gente tem direito. Triste

    1. mmm

      Já comentei sobre essa entrevista: um escárnio.O juiz se põe tão alto, tão intocável,tão suprassumo do máximo, que não tem pejo de escancarar seua métodos.

  3. Acuse Lula e seja premiado com a impunidade

    Faça um favor ao Sérgio Moro: acuse Lula e a contrapartida será a redução ou extinção da sua punibilidade e o branqueamento do produto dos seus crimes pelo judiciário.

    Moro é o Don Corleone tupiniquim

  4. Idiota juzeco e exemplo citado para sustentar a tese

    O juizeco de primeira instancia do estado agrícola do sul, usa e vangloria-se do uso dos métodos mafiosos para conseguir seus objetivos, portanto o juiz é mafioso.

  5. Momento Atual

    O Golpímetro hoje indica que a situação no momento é muito pior que há uma semana atrás. A esperança do país voltar ao normal, das coisas voltarem aos eixos estão piores a cada minuto que passa. As esperanças se esvaiem.

  6. Tão ruim de herói, a direita

    O juiz campeão de coxinhas e otários, de Frota a Dinho Ouro Preto, pensa como Frota e Dinho Ouro Preto. Inspira-se em obras de entretenimento, raso como um pires, direito penal do inimigo na veia.

    Quando foi que esse juiz abriu na vida um livro de direito, história, econonomia ou filosofia? Quando é que esse juiz vai começar a trabalhar com a profundidade e a decência que se espera de um juiz?

    O sujeito bombou 5 vezes na prova da OAB, torturou acusados via prisão preventiva, forjou provas contra acusados, destruiu o setor produtivo da economia brasileira, traiu o país com espiões norte-americanos, é suspeito de receber suborno via doleiro espanhol. Esse é o herói da turma que vai passar o Brasil a limpo.

  7. Fraude a Jato = ORCRIM- Máfia

    Prezados,

    Desde que foi deflagrada, identifiquei a Fraude a Jato como o que ela de fato sempre foi: uma ORCRIM institucional, portantou ma organização criminosa, mafiosa. O torquemada das araucárias age e pensa como chefe maior dessa máfia. Mas o prazo de validade dele está vencido. A última missão desse facínora são as condenações criminosas e sem provas, contra o ex-Presidente Lula. Depois que fizer esses serviços imundos será chutado como um cão sarnento Quem viver verá.

  8. não se deixem enganar…

    principalmente quando eles mesmos declaram publicamente que não estudam as delações, mas sim que mais

    trabalham os delatores com a ferramenta de justiça mais rudimentar que já existiu, o método mafioso

    a meu ver, confirma-se a criação do mercado das delações e sua lei geral:

    artigo primeiro e único da máfia:

    não mentir ou não inventar nada sobre o meu principal inimigo põe em risco a premiação

  9. Uma classe dominante com o

    Uma classe dominante com o poder de parir um moro e nutrir um bolsonaro em seu seio pode, sem piscar,  exterminar milhões de pessoas. O país está se transformando num campo de extermínio. As oligarquias dispensam câmaras de gás, bastam-lhes 300 deputados no bolso, um cunha, um temer, um moro, meia dúzia de togados e 3 irmâos marinhos. Afinal, podemos considerar como humanos figuras como lemanns, sucupiras, safras, setúbals, marinhos ? Humanos não são perfeitos, mas qual é o limite ?    Dezenas de nazistas foram enforcados após o final da segunda guerra mundial e depois de julgados. Qual é a diferença fundamental entre aquele extermínio e o que ocorre aqui, silenciosamente, pelas mãos invisíveis do mercado ? 

  10. Como “uomini d’onore” de uma

    Como “uomini d’onore” de uma “cosca” (rede) mafiosa, “sérgio moro”deve entender por dentro a Máfia.

    Como homem de “honra” (de pefil respeitado, poder e bem relacionado) e, por isso mesmo socialmente e intitucionalmete poderoso, age como protetor da Mafia, de sua rede criminosa e de seus componentes – soldados, homens de honra (outros como ele) e “comissione” (cúpulas).

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