Moro instruiu Lava Jato a expor dados sigilosos sobre Venezuela

O objetivo era expor o regime na Venezuela, mesmo que isso não tivesse efeitos jurídicos. No trocar de mensagens, a evidência de que a Procuradoria-Geral da República e a força-tarefa de Curitiba se debruçaram por meses ao projeto.

Jornal GGN – Em mais uma leva de mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e a Força Tarefa da Lava Jato, a Venezuela entra em campo. O ex-juiz sugeriu aos integrantes da LJ que expusessem informações sigilosas sobre corrupção na Venezuela, na esteira das delações da Odebrecht. A troca de mensagens ocorreu em agosto de 2017. Estas informações estão na Folha e no The Intercept, que trabalharam em parceria.

O objetivo era expor o regime na Venezuela, mesmo que isso não tivesse efeitos jurídicos. No trocar de mensagens, a evidência de que a Procuradoria-Geral da República e a força-tarefa de Curitiba se debruçaram por meses ao projeto, chegando a trocar mensagens com procuradores venezuelanos desafetos de Maduro e dissecaram as contas usadas pela Odebrecht para pagar suborno a autoridades do regime na Suíça.

O tema veio à baila em 5 de agosto de 2017, depois de uma provocação de Sergio Moro a Deltan Dallagnol.  ‘Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela’, disse ele. E pergunta onde está o material, em Curitiba ou na PGR.

O teor da delação, desde 2016, trazia o fato de que a Odebrecht pagou propina por negócios em 11 países, além do Brasil. Aí incluída a Venezuela. Mas estas delações estavam em sigilo por determinação do Supremo Tribunal Federal. Além disso, em acordo fechado com a empresa, e assinado por autoridades do Brasil, Estados Unidos e Suíça, garantia que as informações só seriam compartilhadas com investigadores de outros países que garantissem que não tomariam medidas contra a empresa e seus executivos.

Quando Moro levantou a questão, Deltan respondeu que os procuradores buscariam maneira de contornar os limites do acordo e aventou a possibilidade de mover uma ação pelo crime de lavagem de dinheiro internacional. “Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos”, acrescentou o procurador.

Moro não se preocupava com a acusação, queria apenas tornar público. Dallagnol dá então as opções que têm. Diz que tornar público violaria o acordo, mas poderiam enviar informação espontânea à Venezuela e, em algum lugar do caminho, alguém poderia tornar público. E na outra ponta avaliariam se caberia acusação.

O tema foi discutido internamente na força tarefa. Alguns acharam preocupante, dada a situação na Venezuela, podendo levar a mais convulsão social. Outro preocupou-se com os brasileiros no local, que poderiam ser perseguidos. Já Deltan achou tudo exagerado, e que os riscos pertenciam aos cidadãos venezuelanos, que tinham o direito de se insurgir.

E Deltan crava que os ‘objetivos políticos justificavam a iniciativa’. Outra vez entra em pauta a questão simbólica. E afirma que é uma forma de contribuir com a luta ‘de um povo contra a injustiça, revelando fatos e mostrando que se não há responsabilização lá é pq lá há repressão’.

E o procurador solta a informação de que Moro está com eles, e que isso era importante para o ‘projeto’. Mas não foi fácil para os procuradores colocarem o projeto em curso, e só conseguiram dar alguns passos. Outra dificuldade em concretizar foi a mudança no Ministério Público da Venezuela, quando Luisa Ortega Díaz foi destituída e o sucessor não era da confiança da força tarefa.

Os diálogos levam a outros procuradores, sobre a questão da Venezuela, com a vinda de dois procuradores venezuelanos ao Brasil. E os vazamentos dos diálogos ganham contorno fora da força tarefa e alcançam a PGR de Rodrigo Janot. A vinda dos venezuelanos se tornou, então, uma oportunidade perfeita para os vazamentos dos dados do país vizinho.

Os vazamentos foram feitos, e a força tarefa discutia que teria sido. A defesa da Odebrecht questionou os vazamentos no STF, e Edson Fachin somente pediu esclarecimentos ao MPF.

Os vazamentos fizeram ecos em várias frentes. Venezuela tentou obter dados da delação do ex-marqueteiro João Santana, o que era possível, mas não conseguiu acesso à delação da Odebrecht, protegida por acordo.

A Transparência Internacional, por seu turno, queria abertura de um processo contra autoridades venezuelanas e chegou a discutir o tema com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E FHC achou uma boa ideia, informou um diretor da entidade para Deltan Dallagnol.

Leia a matéria na íntegra aqui.

Redação

11 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Existem somente três conclusões possíveis sobre o camisa preta do Paraná:
    1- Ele é agente da CIA
    2- Ele é agente da CIA
    3- Ele é agente da CIA

    1. Corretíssimo!
      Moro, como funcionário do DoJ ( departamento de justiça dos EUA ), cumpriu seu papel como traidor da pátria. É só uma continuação do processo de destruir a democracia no Brasil e as entregas do pré-sal, a Petrobrás, Embraer e uma série de outras indústrias nacionais.

  2. Sei, esse intercept que ajudar o Trump????

    Fica Cam dando voltinhas, mas nada do que interessa, onde estão os áudios e vídeos-conceição, aqueles que todos sabem e ninguém viu? Onde estão as conversas dos dias do HC, da condução coercitiva, do vazamento do telefonema de Dilma em que seria elucidado quem deu a gravação para o marreco e como ele repassou para a imprensa……onde estão os tribunais superiores, o que desmascaria também suas parcialidade…..há tantas questões mais importantes a serem trazidos a baila….. qualquer jornalista investigativo que pudesse as mãos nesses arquivos estariam em busca dessas respostas….
    Que se abra os arquivos para o GGN, Azenha, pha, outros jornalistas investigativos, que se permita aqueles que realmente saibam contextualizar as mensagens tenham acesso……ou serão os novos Panamá paper…..ou já são…
    Pô falar em corrupção na Venezuela, o Trump e seu pet de estimação, o coiso-coleirinha adoraram……..

  3. Quando Moro disse que não entraria para a política ele não estava mentindo. Ele já estava dentro. Nunca foi juiz, sempre foi político. Só que, medíocre como é, travestiu-se de juiz pensando em enganar sempre, e não previu que quando escancarou seu lado político se expôs. Pelo que se sabe hoje, explicita o quão mal político é, tanto no sentido rastaquera quanto nos objetivos. A conta pelos seus atos foi apresentada. Resta saber como ele a pagará.

  4. …Brincando de deuses, enquanto cometiam crimes…
    .
    Das revelações do The Intercept até agora, essa foi a que mais me deixou perplexo pela dimensão da arrogância doentia de Moro e Dallagnol e pela gravidade do CRIME contra o Estado brasileiro, no sentido de atropelarem todas as normas, leis, Constituição, que regem o que deve ser a política externa de um país.
    .
    Decidindo que países seriam afetados ou não pela delação da Odebrecht….. Decidindo SOBRE um sigilo mantido pelo STF e SOBRE competências óbvias, EXCLUSIVAS, do Governo brasileiro. Uma ação eminentemente política que afetaria o destino de um país vizinho.
    É de uma arrogância insana, é CRIME, fosse nos EUA que eles admiram e bajulam tanto, hoje mesmo já estariam todos presos.
    .
    Aqui, provavelmente nada acontecerá e boa parte dos ignaros fanáticos que os apoiam ainda aplaudirão, porque se trata do governo Maduro, que detestam. Jamais entenderão que não importa quem é o presidente, que uma intromissão desse porte na vida de um país vizinho é uma violência injustificável, e quem trata dessas questões são os governos e seus Ministérios de Justiça, de modo claro e republicano, não através de artimanhas VISANDO ATINGIR “A” ou “B”.
    .
    Fica claro o quanto faziam tudo com viés ideológico e o quanto o poder lhes subiu à cabeça de modo doentio.
    Não a toa, Moro se sentiu totalmente à vontade para interferir diretamente na manutenção de Lula na cadeia e em vazamentos durante a eleição para apoiar seu candidato, Jair Bolsonaro.
    A naturalidade com que sugere a seu “estagiário” no MPF que vaze as informações, reforçam um traço de personalidade perigoso, coisa de gente sem limite algum, de gente com transtornos graves, mentais e de caráter. Moro brincando de interferir na Venezuela, como o fez livremente no Brasil com o apoio da Globo e a omissão do nosso acovardado STF – hoje, estão aí as consequências, a vergonha, o vexame…
    .
    Gostaria de, um dia, ter acesso às conversas dos procuradores americanos, com o apoio total de seu Departamento de Justiça, falando de nós brasileiros, como Moro falou com Dallagnol: “Olha, o Moro e o Janot estão vindo aqui, vamos entregar a eles mais documentos que conseguimos por espionagem eletrônica sobre a Petrobras, a Odebrecht, etc… Quem sabe não damos uma boa porrada nos concorrentes de nossa indústria de Petróleo e de nossas Empreiteiras, e do jeito que eles odeiam o tal do Lula, de quebra ainda podemos conseguir interferir na política dos brasileiros a favor dos nossos interesses…?”
    .
    Moro e Dallagnol fizeram o que aprenderam com o imperialismo sórdido dos americanos.

    1. O que eles acreditaram possuir que os estadunidenses não saberiam? Se foram eles mesmos que repassaram toda as informações para o marreco montar a trolha a jato, aliás outra questão que seria bastante elucidativa, como o marreco manobrou no início para que o processo chegada a Petrobrás……
      E não acredito que o país que xereta todo.mundo, como provou o snowden se escandalizarua com vazamentos de inimigos, fazem isso até com os países amigo …..

  5. Ese senhor, chamado de “juiz ladrão” em uma audiência em Brasília, é agente da CIA. Os EEUU têm uma agenda, claramente definida em conversas publicadas pela mídia e em postagens do bozo de lá (o donald) que definem o firme propósito dos EEUU de estrangular a Venezuela e todo o seu povo para se apossar de seus recursos, especialmente o petróleo. Esse brasileiro está a serviço dos EEUU. Em um país minimamente civilizado, já teria sido defenestrado e encacerado por traição. Sua submissão à ganância estrangeira destruirá o futuro de muitos brasileiros. E faz isso em conluio com um Judiciário, vergonhosamente cooptado – e obediente – e com a ajuda de milícias armadas – travestidas de aparato policial – que executam suas ordens. CADEIA para esse GOLPISTA.

  6. “Ser um empata é muito mais do que ser altamente sensitivo, e não é algo limitado somente às emoções. Empatas conseguem perceber sensibilidades físicas e urgências espirituais, assim como apenas sabem quais são as motivações e as intenções das outras pessoas.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador