Moro já chegou a livrar suspeito que acusa seu amigo pessoal de cobrar propina

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Atualizada às 15h40 com novas informações sobre a situação judicial de Duran

Jornal GGN – Apesar de tratar o advogado Rodrigo Tacla Duran como um bandido, a verdade é que o juiz Sergio Moro, num primeiro momento, não quis transformá-lo em réu na Lava Jato. A desculpa utilizada foi que processar um foragido que precisa de extradição junto com pessoas já presas no Brasil iria atrasar o julgamento. Por isso, Moro decidiu não aceitar a primeira denúncia do Ministério Público Federal contra Duran. Só veio a fazê-lo em outra tentativa dos procuradores, meses depois.

A denúncia contra Duran por lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa foi apresentada pelos procuradores de Curitiba em 11 de abril deste ano – quando o investigado, que tem cidadania espanhola, já era considerado foragido da Justiça. Nove dias depois, Moro analisou a acusação e decidiu não aceitar a parte que diz respeito ao advogado.

No domingo (27), a jornalista Mônica Bergamo publicou reportagem sobre um trecho vazado de um livro que Duran pretende lançar nos próximos meses. O advogado promete relatar na obra um episódio comprometedor para um “amigo pessoal” de Sergio Moro, o advogado trabalhista Carlos Zucolotto. De quebra, as informações expõem os procuradores de Curitiba.

Segundo os relatos de Bergamo, Duran acusou Zucolotto de “intermediar negociação paralela com a força-tarefa da Lava Jato”. Segundo ele, o amigo de Moro o procurou para oferecer seus serviços em Curitiba alegando que tinha “bons contatos” e que poderia ajudar a construir um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal.

Em troca, o amigo de Moro pediu para receber ⅓ dos honorários “por fora”, com a desculpa de que precisava pagar as pessoas que participaram das tratativas nos bastidores.

Antes de Zucolotto entrar em cena, o procurador Roberto Pozzobon teria proposto a Duran uma multa de 15 milhões de dólares para fechar a delação. Pelos relatos no livro, Zucolotto fez algumas “sondagens” e afirmou que poderia “melhorar a proposta”, inclusive usando um “contato” para levar Deltan Dallagnol à mesa de negociação.

“(…) de fato, os procuradores Julio Noronha e Roberson Pozzobon enviaram por e-mail uma minuta de acordo de colaboração com as condições alteradas conforme o que Zucolotto havia indicado em suas mensagens”, assinalou Duran

Contrariado com a narrativa, Moro entrou em contato com seu amigo pessoal e publicou uma nota no site O Antagonista, na qual diz que não há provas das acusações relatadas e lamenta “o crédito dado pela jornalista ao relato falso de um acusado foragido tendo ela sido alertada da falsidade por todas as pessoas citadas na matéria.”

Os principais fatos envolvendo Duran ocorreram na seguinte ordem:

– Em 5 de julho de 2016, Moro decreta a prisão preventiva e autoriza o bloqueio de bens de Duran, que vinha sendo investigado por offshores para lavar dinheiro para empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras. O pedido (busca e apreensão criminal nº 5035144­ 88.2016.4.04.7000) foi feito pelo MPF no âmbito do processo 5048976­28.2015.4.04.7000 – que, segundo o portal da Justiça do Paraná, está em segredo de Justiça.

– Em novembro de 2016, a imprensa deu notícias de que as autoridades, a mando de Moro, bloquearam recursos das contas de Duran. 

– Em 11 de abril de 2017, o MPF acusa Duran e outros por lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

– No dia 20 de abril de 2017, Moro acolhe parcialmente a denúncia, livrando Duran da situação de réu. O argumento usado pelo juiz foi que Rogério Gonçalves, um dos denunciados, já estava preso preventivamente no Brasil, enquanto a situação de Duran exigia um embate com a Justiça da Espanha em torno da extradição. Moro avaliou como um prejudicial à celeridade do julgamento o fato do MPF ter optado por denunciar Duran nessas condições, e decidiu rejeitar esse trecho da acusação. “Não é apropriado reunir na mesma ação penal pessoas que se encontram em situação processual díspares, sendo necessário imprimir urgência à ação penal contra o acusado preso no Brasil, o que não será possível com outro acusado no exterior”, disse. O juiz sugeriu aos procuradores que apresentem um caso exclusivamente sobre Duran. “Assim, essa parte da denúncia não será recebida e deverá o MPF, querendo, promover ação penal em separado a respeito desses fatos, não sendo apropriado incluí-la na presente.”

– O processo 5015608-57.2017.4.04.7000, que poderia ter Duran como réu, mas não tem, entrou em fase de alegações finais. A ação originária (50565024620154047000), que ainda pode estar relacionada ao advogado, está em segredo de Justiça. 

– O Ministério Público acatou a ordem de Moro e apresentou uma denúncia apartada, que só foi aceita pelo juiz em 29 de maio (ação penal 5019961-43.2017.4.04.7000). No mesmo despacho, Moro disse que preferiria aguardar o resultado do processo de extradição antes da citação por cooperação internacional.

– Em 28 de julho, a imprensa divulgou que a Espanha negou a extradição de Duran, mas advertiu que ele poderá ser julgado naquele país com base nas informações enviadas pela Justiça brasileira quando da ordem de prisão preventiva. 

***

Folha ainda expôs que Rosangela Moro e Zucolotto eram sócios, mas Moro afirmou que se tratava de uma “sociedade de advogados sem comunhão de trabalho ou de honorários”, e que Rosangela “jamais trabalhou em processos do escritório do sr. Carlos Zucolotto e vice-versa”.

Uma fonte que atua na Lava Jato em Curitiba afirmou ao GGN, contudo, que “ao que parece” a esposa de Moro “saiu correndo” do escritório em 2016, qando este entrou na mira de investigadores por “prestar serviços para petrolíferas com interesse nos resultados da Lava Jato”.

Zucolotto, por fim, disse que as acusações de Duran são inverídicas e não passam de uma tentativa de implicar Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato, com o objetivo de fugir de uma ação penal. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

31 Comentários

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  1. “Pimenta nos olhos dos outros

    “Pimenta nos olhos dos outros no meu é refresco”. “Olhos” no sentido figurado. 

    Assinado: Sérgio Moro. 

    A tal da  “Lei do Retorno” mais dias menos dias bate na nossa porta. E aí ficará o dito pelo não dito. O “sim” vira não; e vice-versa. 

    Para nós resta sentar e espichar as pernas no sofá, pedir a pipoca e rir, e muito, da tragicomédia. 

     

    1. Tango paranaense

      Assim que li a defensiva de Sergio Moro via Antagonista, comecei a rir. Parece aquela cena do cachorro correndo atras do proprio rabo. De fato, pimenta nos olhos de Lula é gozo para Moro e caterva.

  2. Frases desmoronadas

     

    I.

    Moro e Zucolotto são fãs do Skank, mas não do Duran Duran…

     

     

    II.

    Quem corre a defender o alheio, é porque está no meio de algo feio.

     

     

    III.

    Quem tem amigo é bailarina.

  3. O Brasil quebrou mas tem

    O Brasil quebrou mas tem muitos procura dores que estão ficando ricos. Precisamos saber onde esta sendo guardada a grana, seria nos EUA ou em algum outro paraíso fiscal.?

     

    Seria junto com a grana do BANESTADO / APAES / CONTRIBUIÇÃO PARA NÃO ABRIR PROCESSOS?

     

    Com a palavra nossos indigestos acusadores.

     

    Para alguma coisa as prisões servirão. Quero ver as delações sem PREMIAÇÃO.

  4. O Brasil quebrou mas tem

    O Brasil quebrou mas tem muitos procura dores que estão ficando ricos. Precisamos saber onde esta sendo guardada a grana, seria nos EUA ou em algum outro paraíso fiscal.?

     

    Seria junto com a grana do BANESTADO / APAES / CONTRIBUIÇÃO PARA NÃO ABRIR PROCESSOS?

     

    Com a palavra nossos indigestos acusadores.

     

    Para alguma coisa as prisões servirão. Quero ver as delações sem PREMIAÇÃO.

  5. Os batons nas cuecas e calcinhas da famiglia Moro

    Prezados leitores.

    O incansável trabalho do Jornalismo Progressista e Independente – de que o GGN é um  dos maiores exemplos – fez vários furos no casco das ORCRIMs intitucionais, sobretudo da Fraude a Jato.

    Essa denúncia agora publicada pela colunista Mônica Bergamo, dublê de repórter da FSP, não tem propósitos nobres, como bem sabemos. Basta ver que a FSP dá apoio tácito ao ‘MT’ e a toda a quadrilha que o acompanha e apóia.

    Mas para quem acompanha os blogs e portais progressistas, o que mais evidencia os apuros em que se encontram o torquemada das araucárias e seus comparasas lavajateiros é a extremada reação dele, sobretudo em publicar uma versão combinada copm o advogado acuado de corrupção (Carlos Zucolotto). Ora, se sérgio moro está tão convicto da honestidade do ‘amigo pessoal’, por que precisou combinar com ele uma versão, para responder às acusações feitas pelo agvogado espano-brasileiro, Rodrigo Tacla Duran?

    O penúltimo parágrafo da reportagem mostra que a esposa do torquemada, rosângela, a mesma que está metida nas negociatas asa APAES paranaenses e que advoga para empresas de petróleo estrangeiras, interessadas no desmonte privatifaria da Petrobrás, também está no imbroglio. Como dissream alguns do STF: “ao puxar uma pena, vieram algumas galinhas junto”.

    A reação do torquemada das araucárias mostra que Rodrigo Tacla Duran tem munição para causar grande estrago na reputação do paladino da justiça coxinha. 

    Os batons nas cuecas e calcinhas da famiglia Moro começam a aparecer.

     

     

  6. Dando idéias…….

    enquanto a situação de Duran exigia um embate com a Justiça da Espanha em torno da extradição. Moro avaliou como um prejudicial à celeridade do julgamento o fato do MPF ter optado por denunciar Duran nessas condições, e decidiu rejeitar esse trecho da acusação

    Fico aqui matutando, se não seria uma boa “tática de defesa”, para os reus que tem dupla cidadania,  “constituir” advogado no pais do qual tambem são cidadãos(a segunda nacionalidade)……..pelo o que eu sei, nunca li nada a respeito… sei que para os de segunda nacionalidade europeia existe o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e obviamente as instancias  dos paises em questão….. seria tambem, uma maneira de mostrar ao mundo a imparcialidade e a tecnicidade irrepreensível, minuciosa e irretocável do nosso “a(r)mado” juiz……..

    1. Dando idéias 1…….

      E se o reu “binacional” renunciar a nacionalidade brasileira?Vai ser julgado no pais de sua segunda nacionalidade?…..

  7. O juizeco é burro. Se

    O juizeco é burro. Se entregou completamente ao sair em defesa de seu amigo-padrinho-sócio e sabe-se mais lá o que ao invés de fingir que ia mandar investigar a denúncia. 

  8. Padrinho de casamento passa a

    Padrinho de casamento passa a ser um “cargo” ameaçado de extinção.

    Como reagiria o cidadão Moro julgado pelo juiz Moro?

  9. Apareceu a margarida….

    … ou melhor,   mais uma erva daninha nos canteiros de Moro.  Interessante que – para erradicá-las –  o juiz apele para herbicidas proibidos pelas leis constitucionais.  Mas que importa os roundups transacionados debaixo dos  panos  as lesões, contra todas as contra-indicações científicas e factuais, a Casa Branca e seu lobby? E tome, neurônios – agente laranja – mon sant fritada à moda de Lyon…

  10. Moro livrou suspeito que acusa seu amigo pessoal de cobrar propi

    Como já explicitado, acusação sem provas de bandido serve apenas para o inimigo, para os amigos não serve, não vem ao caso……………………………

    Alguma novidade quanto à parcialidade do justiceiro de Curitiba ?

    Mais uma nota “irrepreensível” do citado. 

    Quando os moralistas da hora gritam muito pode saber que se chacoalhar a fruta podre cai.

    A lama está chegando perto . . . 

     

  11. Valdir Damous Deputado

    Valdir Damous Deputado federal do PT, disse ontem em  sua Live, que vai colher assinaturas para instaurar uma CPI,disse que   o Advogado denunciante, tem muitas provas!

  12. Com o reforço desta

    Com o reforço desta informação do ggn, não resta dúvidas.

    Caso simples. Culpabilidade do moro clara.

    Vejamos: Foi a primeira delação espontânea e sem negociação e… acusando o moro de vender anistia a acusado. E o moro havia liberado o cara. já havia denúncias de favorecimento a outros, inclusive a cia. Então verdadeira.
    Prendamos coercitivamente o amigo do moro e condenamo-lo rápido a 20 anos.
    Tem o direito a delação premiada mas só será aceita se ele testemunhar que o moro é o mentor, como todo mundo sabe, tanto que correu para livrar o amigo. Será preso em carandiru que é mais conveniente e convincente. Enquanto ele decide.
    Recebida a delação premiada do advogado e depois de um acertos para melhor caracterizar a denúncia ao moro, será homologada de preferência pelo gilmar.
    Aí vem a fase da prisão do moro, que deverá ser show em rede de tv. JN e fantásrico.
    Pronto: justiça feita. E rápida como deve ser.
    Simples assim.

  13. O juiz pelo visto piscou ao

    O juiz pelo visto piscou ao sair defendendo seu amigo.

    Ora, a denuncia não foi com relação a intromissão do amigo na força tarefa para o acordo de delações ? O que o juiz tem a ver com isso ?

    Como ele pode garantir que seu amigo não agiu errado ?

    Não faz sentido. No máximo ele deveria ter dito que nada tem com o caso.

     

    1. Poderia ter repetido mais uma

      Poderia ter repetido mais uma vez “não vem ao caso”.

      Mas do jeito que reagiu vem ao caso sim e desse vespeiro ainda tem muito marimbondo prá cutucar.

    2. Poderia ter repetido mais uma

      Poderia ter repetido mais uma vez “não vem ao caso”.

      Mas do jeito que reagiu vem ao caso sim e desse vespeiro ainda tem muito marimbondo prá cutucar.

  14. Moro, um capiau maroto.

    Duran, para ser julgado pela justiça espanhola, dependeria de envio de processo e provas contra ele. Como, fora os casos mais robustos e conhecidos em termos de grana, o Moro não tem nada contra ninguem, Duran ficará na Espanha (olé!)!

  15. Teu tipo inesquecível

    Tem algo errado, senhor. Ainda vai aparecer muita coisa que nem imaginamos. Teu jeito te revela como uma pessoa dissimulada e falsa. És frio, calculista com tua voz fina de criminoso, já não consegues mais dissimular os teus erros. As tuas companhias mostram quem tu és, já não consegues mais disfarçar teu espírito gelado, preconceituoso que valoriza só os poderosos. Aqueles que um dia acreditaram em ti, senhor, haverão de se arrepender amargamente.

  16. Delações super premiadas

    Uma negociação entre um réu e o judiciario deveria acontecer a luz do dia. A lava-jato gosta de se movimentar na sombra. Tudo sem transparencia. Obscuro demais. Precisamos ouvir a advogada Beatriz Catta Preta. E tambem o espanhol da lista do…

  17. Excelente. Se aplicarmos a

    Excelente. Se aplicarmos a teoria do domínio do fato “a la carte” e o dellagnóico cálculo das probabilidades da culpa, Sérgio Moro vai ganhar 19 anos de prisão e multa de 30 milhões de reais. 

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