Mourão diz que ditadura militar foi “guerra pequena” e deve ser revisada por historiadores

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
 
Jornal GGN – O vice-presidente Hamilton Mourão disse em entrevista divulgada pelo El Pais, nesta sexta (1º) que os anos de chumbo a partir do golpe civil militar de 1964 não deveriam ser chamados de “ditadura”, pois houve “alternância” no poder, mesmo entre militares. Para o general, no máximo, tratou-se de um governo autoritário, que lançou mão de dispositivos de “exceção”, como o AI-5, mas que na balança final, não passou de uma “guerra pequena” que matou umas “400 pessoas”. Para ele, esse período será revisado pela história.
 
“Naquele período houve um grande progresso econômico no país. O Brasil foi levado adiante. Éramos uma economia rural, uma indústria precária e, em dez anos, avançamos para um país industrializado. Ao mesmo tempo, houve um enfrentamento fruto da Guerra Fria, que havia naquele período. Os grupos marxistas e leninistas que existiam no Brasil diziam que estavam enfrentando a ditadura, mas na verdade estavam lutando para impor outra ditadura, a ditadura do sistema comunista. Foi uma guerra muito pequena para um país de 90 milhões de habitantes [na época]. Dos dois lados, somando, morreram pouco mais de 400 pessoas. Hoje, matam 60.000 no Brasil por ano e ninguém fala sobre isso”, comentou.
 
Mourão – que vem ocupando manchetes dos grandes jornais com rompantes mais moderados, se comparados aos de Bolsonaro – não negou que houve tortura durante o regime. “A tortura é uma questão de guerra. Na guerra, a primeira vítima é sempre a verdade. Há muita gente que diz que foi torturada e não foi. E outros que foram e não falam nada. (…) Que houve, sim. Mas era guerra. Guerra é guerra. E houve dos dois lados.”
 
Quando questionado sobre qual teria sido o lado negativo da ditadura militar, ele criticou apenas a economia. “Creio que foi uma estatização excessiva no período do presidente [Ernesto] Geisel, quando se criou uma quantidade de empresas estatais muito grande. Deixamos de ter um sistema econômico mais liberal, como vinha do período do presidente Castelo Branco, para um momento de intervenção do Estado na economia que depois nos mostrou que não era a melhor forma de conduzir o país.”
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

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  1. Para os militares

    Para os militares brasileiros, tortura é o mesmo que guerra. Guerra  “pequena”, ou seja, dominam uma pessoa indefesa e a torturam até a morte. A guerra “grande”, contra outro exército, tipo a Venezuela,  Mourão não está “disposto” a lutar.

  2. Governo Militar

    Eu penso que o general Mourão é um militar entreguista e mentiroso.

    Basta ler a Ata da reunião do AI-5 para que os próprios militares demonstrem que o general Mourão é mentiroso. Ele ataca  Geisel porque este general tinha valores nacionalistas e não era subserviente aos EUA.

    Mourão,  você é um Men-ti-ro-so.

  3. Esse vagabundo fardado

    Esse vagabundo fardado autoritário foi bloqueado por mim no Twitter.

    Mourão não tem mais nada a dizer para mim.

  4. eichamann tb dizia que não

    eichamann tb dizia que não sentia culpa nenhuma pelo holocausto,

    embora fosse responsável notório e consabido do setor de transporte dos judeus para os campos de concentração….

    esse pessoal temde ler hana arendet e a tese da banalização do mal….

    o cara acredita que faz o bem por convicção  (mesmo que absurda)

    porque acha que segue a lei, mesmo que essa lei fajuta, criada por um

    ditador e manipulada  como foi por hitler…

    ocupar o poder do estado

    – único que tem direito a usar a villencia –

    e reprimir não pode ser  considerado algo normal e aceitpável…

  5. Sim, foi guerra contra a democracia, instituições e constituição

    Guerra contra um fantas(minh)a comunista que continua vagando até hoje, assombrando os espaços vazios de suas mentes.

    Vulgarmente chamada de golpe.

    Buuuu!

     

  6. Esse Mourão é simplesmente

    Esse Mourão é simplesmente incapaz de ver as pessoas que ofereceram resistência aos governos militares como brasileiras. Ele as vê como inimigas do Brasil.

    Ao mesmo tempo ele apoia a delapidação do patrimônio brasileiro, tanto o econômico quanto o intelectual.

    Não acredito que Mourão seja hipócrita, a hipocrisia demanda um grau de sofisticação e requinte de que definitivamente Mourão não é capaz. tenho para mim que é louco, mesmo, demente, incapaz de se enxergar, inconsciente de si mesmo. Onde já se viu dizer-se brasileiro nacionalista e apoiar a entrega de nossas principais riquezas a países concorrentes nossos?

    É como a Damares, o Moro, o Dallagnol, o Onyx, os filhos do Bolsonaro, o próprio Bolsonaro…

    Putz, como tá difícil com esse bando de alienados lá. Tô falando que esse negócio de fazer loas aos EUA e ao dólar lesa gente até de boa fé… aleija, mesmo.

    Deus nos livre desses inconscientes burros!

     

    1. Acho difícil pensar em Mourão

      Acho difícil pensar em Mourão como um corrupto cuja conta bancária em algum paraíso fical estadunidense está sendo abastecida pelos EUA, É fácil pensar num esquema assim para Bolsonaro e seus arredores, mas para Mourão… pode ser mas não acredito.

      Penso que a lógica de Mourão está mais em aliarmo-nos aos fortes para com isso nos fortalecer. Ele, tendo tido formação desde menino indicando-lhe que os EUA são bons amigos, crescido ao som de Sinatra e tendo assistido a filmes estadunidenses de guerra, além de outras “americanidades” como Disney, NASA, “homem na Lua” e todo bombardeio do chamado “soft power” (até essa expressão é estadunidense!) é incapaz de ver que os EUA não titubeiam em nos prejudicar. E os EUA, por sua vez, não acham que estão nos prejudicando. O que eles acham é que nós os ameaçamos. Nossa ameaça estaria em afrontar a ideia de que os EUA têm que ser o mais poderoso país do mundo. Os EUA não vacilam em nos sabotar se acharem que nós cremos ser possível prosperidade, independência e soberania para nosso país.

      Isso Mourão é incapaz de ver, acho. Ou isso ou é um profundo corrupto.

      (***)

      Deixe entrar o Mickey Mouse, o Frank Sinatra e a Lady Gaga e entrarão juntos o Trump, o Bush e um bando de gafanhotos esfomeados como só crianças crescidas na pobreza das ruas conseguem ser. Pepsi e Coca são complementares de um mesmo mix de produtos…

        1. Suiça prá que? Tem paraíso

          Suiça prá que? Tem paraíso fiscal nos EUA, tudo em dólar. Aquilo lá é terra de ninguém, de bandos e bandidos…

          Mas é verdade, Amoraiza. No fundo é o poder e não o dinheiro que importa prá essa gente. Tanto que se a pessoa tiver milhões no banco mas não tiver prestígio, reconhecimento e poder sobre as outras, o dinheiro não interessa. Mas se não tiver dinheiro nenhum mas tudo que ela quiser alguém corre para lhe entregar, se as pessoas se dobrarem à sua passagem e lhe forem só sorrisos, dinheiro prá que?

          No caso de Mourão, ele deve se sentir bem em fazer o jogo das pessoas dos EUA por sentir-se poderoso junto aos que lhe cercam. O ex-juiz Moro, vulgo “marreco de Maringá”, fica todo pimpão ao ser recebido nos EUA por gente que aparentemente tem algum interesse nele (quando, na real, os interesses são dos próprios estadunidenses em depreciar o país de Moro). Esse é o mal dos privatistas: é como se o mundo girasse em torno dele…

          “Se estão me tratando bem, ora… não é geopolítica, soberania pátria, nada disso. É que eu, eu, eu sou ‘o cara’. Foda-se essa história de pátria.”

          Na cabeça louca desses caras é como disse a Thatcher: “Não existe sociedade, o que existe é indivíduo.” E isso porque a louca era chefe de uma… sociedade, a sociedade pátria inglesa. Vai vendo…

          1. A mais profunda e fundamental

            A mais profunda e fundamental corrupção do estado é o individualismo na administração pública e não o peculato.

            Mas acho que moros, bolsonaros e mourões jamais entenderão isso: são alienados de si mesmo, cegos e aleijados. Pensam que são o poder que os outros lhes conferem…

  7. Pedra filosofal

    Mourão, como maçon que deve ser,  sabe muito bem  que a pedra filosofal é um símbolo da Alquimia que representa pureza e imortalidade. Isso porque ela era essencial para obter ouro a partir de qualquer metal;…

    Com essa filosofia ele pretende, portanto, transformar os anos de chumbo da ditadura  em uma extraordinária 

    era de ouro patrocinada pelos verde-olivas de antanho e dentão, digo de então (agorinha), bem debaixo das  nossas barbas e  dos sobreviventes torturados.

    Aquele negócio de perseguição, tortura, desaparecimentos, censura, obras faraônicas, eleições indiretas, nomeações, senadores biônicos, caminhões de arroz para distribuir no sertão para os famintos, inflação de 4 digitos, proibição de greve, cassação de direitos políticos, perseguição a artistas, proibição de livros e matérias de estudo nas escolas e universidades, demissões em massa de educadores e cientistas:

    Tudo invenção de comunista

    Quem viveu e viu está mentindo. Quem patrocinou esqueceu.

    Quem sobreviveu e se deu bem, nega.

    Quem viveu, sofreu,  sobreviveu, contou e quis consertar, está preso ou em perigo.

    Uma coisa é certa, o Mourão voltou a si.

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