Lava Jato está preparando uma nova operação boca-de-urna?

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Se os procuradores calcularam a propina de todo o esquema e encontraram valor equivalente apenas nas contas associadas ao principal investigado (um ex-gerente da Transpetro), por que ainda há espaço para a tese – feita apenas com base em “ouvi dizer” – de que há agentes políticos envolvidos?

 

Jornal GGN – Chama atenção a notícia publicada pelo Estadão com base na denúncia apresentada pelos procuradores de Curitiba, na quarta (13), contra um pequeno grupo de empresários e ex-agentes públicos que teriam negociado propina na Transpetro. Quando Sergio Moro autorizou as ações de busca e apreensão e outras diligências nesta que é a 47ª fase da Lava Jato, a velha mídia manchetou que o esquema de R$ 7 milhões atingiria o PT. Mas na denúncia entregue pela turma de Deltan Dallagnol, não há uma linha sequer sobre quem são os petistas suspeitos de terem sido beneficiados.

O que há contra o PT, até o momento, são frases genéricas arrastadas de outras ações penais da Lava Jato, sobre como o caso Transpetro repete o que o ocorreu na Petrobras, com cargos tendo sido distribuídos “no interesse do Partido dos Trabalhadores – PT, do Partido Progressista – PP e do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB com o objetivo de arrecadação de propinas.” 

Pelo modus operandi já conhecido da Lava Jato, o que deve ocorrer é que os denunciados desta fase – que já estão presos – serão transformados em réus por Moro, condenados e, antes ou depois disso, sucumbirão à pressão do Ministério Público – que envolveu familiares na peça de acusação – e aceitarão um acordo de delação premiada no qual terão de citar agentes do PT. Tudo isso em pleno 2018, ou seja, em meio à eleição majoritária.

O delator em potencial, no caso, é o ex-gerente da Transpetro José Antônio de Jesus, preso por ordem de Moro desde 21 de novembro. A pressão sobre ele é ainda maior porque a denúncia cita que sua esposa e filha foram usadas nas operações de lavagem de dinheiro.

A ACUSAÇÃO

José Antônio é acusado de ter cobrado propina para si e em nome do PT. Quem disse isso aos procuradores foi o empresário Luiz Maramaldo, um delator oficial cujo acordo já foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal.

Maramaldo, por sua vez, foi delatado por Sérgio Machado, a quem aceitou pagar propina para ter mais vantagens dentro da Transpetro. O empresário era dono da NM Engenharia e, conforme começou a crescer na estatal, impulsionado por Machado e a propina que iria também para o PMDB, acabou sendo procurado por José Antônio, que também passou a cobrar uma porcentagem.
 
A denúncia diz que José Antônio cobrou propina na ordem de 1% sobre os contratos da NM com a Transpetro, mas acabou aceitando uma contraproposta de Maramaldo e ficou com 0,5%. Em troca, prometeu praticar “atos de ofício, comissivos e omissivos, que garantissem a boa execução dos contratos da NM na subsidiária da PETROBRAS.”
 
Os procuradores relatam que os pagamentos de propina ocorreram 63 vezes, em razão de 49 contratos e aditivos que somaram, aos longo dos anos, R$ 1.471.813.281,07. “(…) aplicado o percentual de 0,5% de propina ajustado entre JOSÉ ANTÔNIO e LUIZ MARAMALDO, a vantagem indevida estimada giraria em torno de R$ 7.359.066,43”.
 
PARA ONDE FOI O DINHEIRO
 
Embora afirme, com base exclusivamente em uma delação premiada, que agentes do PT ainda não identificados receberam dinheiro da Transpetro, a peça assinada pela equipe de Dallagnol também expõe, a partir de quebras de sigilo, que José Antônio, de fato, recebeu e tentou ocultar a origem de R$ 7,5 milhões que teriam relação com o esquema. 
 
José Antônio teria usado contas de Adriano Silva Correia e da empresa Queiroz Correia para lavar parte dos recursos. Também fez saques seguidos de inúmeros depósitos fracionados nas contas de um ex-sócio e de sua filha e esposa. Em apenas um dia, esta última recebeu R$ 200 mil. 
 
“Os diversos atos de lavagem de ativos objeto de imputação, atingem a quantia de R$
7.505.500,00 (sete milhões, quinhentos e cinco mil e quinhentos reais), valor equivalente ao do crime antecedente de corrupção“, escreveu o MPF.
 
A dúvida é: se os procuradores calcularam a propina de todo o esquema e encontraram valor equivalente apenas nas contas associadas ao principal investigado, por que ainda há espaço para a tese – feita apenas com base em “ouvi dizer” – de que há agentes do PT envolvidos?
 
Cena para os próximos capítulos.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. O valor está errado,

    O valor está errado, erradíssimo. O verdadiro  não é de ”R$ 7.359.066,43″ e, sim de ”R$ 7.359.066,34″. Como se percebe a primeira vista um erro crasso.  Como é que passam em concurso se nem sabem fazer continhas simples, fáceis , fáceis  como esta?

  2. É obvio que vão fazer isso e

    É obvio que vão fazer isso e muito mais.

    Enquanto não forem barrados irão até o fim.

    Se trata de uma guerra. Não existe lei.

    Só a Dilma não entendeu isso. Talvez ainda não tenha entendido. Ou ela é tão covarde assim para lutar ?

  3. O efeito eleitoral será o oposto do pretendido

    Os “procuradores” e demais integrantes das ORCRIMs lavajateira e de outras enquistadas no sistema judiciário, assim como seus parceiros da ORCRIM midiática, usarão do mesmo modus operandi já praticado desde 2014. Esses lavajateiros e seus comparsas atribuem o sucesso do golpe de Estado a uma suposta “sofisticação”, “inteligência” e “sutileza” que se auto-atribuem; a eleição de João Dória, o prefake paulistano  – que em menos de 10 meses de mandato se enforcou na própria arrogância, mau-caratismo, incompetência e corrupção – em 1º turno, aliada ao encolhimento do PT na última eleição municipal, deu a esses criminosos de Estado a ilusão de que conseguiram aniquilar o PT, a Esquerda e, principalmente, o Ex-Presidente Lula. Todas as sondagens de intenção de voto para presidente da república, entretanto, desmentem essa convicção dos golpistas; é por isso que as ORCRIMs judiciárias marcaram para janeiro o julgamento da apelação feita pelo Ex-Presidente Lula  junto ao trf4, contra uma sentença desprovida de valor jurídico, excretada por sérgio moro, condenando SEM QUALQUER PROVA, o Ex-Presidente Lula a 9 anos e meio de prisão, numa sádica alusão a uma deficiência física que Lula carrega consigo desde os 14 anos de idade, quando teve o dedo mínimo da mão esquerda decepado por uma prensa.

    Os carrascos criminosos da ORCRIM marcaram a condenação de Lula exatamente para o dia em que completa um ano a internação de Dona Marisa Letícia, que assim como o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, foi assassinada pela meganhagem nazifascista em que se transformou o sistema judiciário brasileiro – notadamente a PF, o MPF e o judiciário federal.

    Mas o momento político, econômico e histórico é outro, sobretudo depois do demolidor depoimento feito pelo advogado Rodrigo Tacla Durán a CPMI da JBS, quando ele denunciou e apresentou provas periciadas comprovando a participação de advogado amigo de sérgio moro, a esposa desse “juiz” e procuradores lavajateiros do núcleo curitibano como partícipes de esquema de extorsão e cobrança de propina de pessoas investigadas pela ORCRIM lavajateira, para estabelecer acordos de delação premiada. Mais ainda: Tacla Durán provou que o MPF falsificou documentos, corrompeu os sistemas Drousys e May Web Day, do Departamento de Operações estruturadas da Odebrecht, plantando informações falsas, de modo a incriminar certas pessoas e blindar outras. Tacla Durán provou que os procuradores lavajateiros omitiram contas do casal de publicitários João Santana e Mônica Moura, mantidas no exterior, as quais receberam os mais vultosos depósitos feitos pelo DOE. Tacla Durán deixou claro que os publicitários eram contratados da Odebrecht, não do PT.

    A Globo está denunciada nos EUA e alguns dos seus diretores acusados de pagar propinas a dirigentes da CBF, da CONMEBOL e da FIFA, para tque emissora otivesse exclusividade ou vantagens nas transmissões de eventos futebolísticos. E lá, nos EUA, uma delação só  é aceita se acompanahada de provas materiais

    Por mais barulho que as ORCRIMs midiáticas e lavajateira tentem fazer, repetindo o modus operandi criminoso que derrubou o governo legítimo e empoderou a quadrilha atualmente no governo federal, é pouco provável que qualquer operação espalhafatosa da meganhagem tenha a mesma influência no eleitorado depois desses episódios que acabei de narrar. 

    Para desespero dos golpistas, quanto mais batem, perseguem, criminalizam, massacram, achincalham o PT e o Ex-Presidente Lula, mais crescem a simpatia e as adesões ao partido e ao Ex-Presidente Operário. Quem está morto é o PSDB e a direita chamada ‘clássica’. Apesar do massacre, o PT é o partido com maior apoio espontâneo – cerca de 20% do eleitorado; o PSDB tem hoje apenas 1/4 disso ou magros 5%. Sondagens de intenções de voto feitas por institutos ligados à direita golpista e ao PIG/PPV mostram Lula com, no mínimo, 35% das intenções de voto; alguns levantamentos já constataram cerca de 42% de intenções de voto no Ex-Presidente Operário, o que num universo de apenas 75% de votos válidos (como verificado nas últimas eleições) significa cerca de 56% dos votos válidos. Uma confirmação de condenação no trf4 fará as intenções de voto em Lula crescerem ainda mais.

    Pelo exposto entende-se por que Gilmar Mendes, Michel Temer e asseclas trabalham, nos bastidores, com tanto afinco para aplicar um segundo golpe; o do semi-presidencialismo, semi-parlamentarismo ou parlamentarismo, retirando dos eleitores (entenda-se das classe trabalhadoras e exploradas) o direito de escolher aquele que governará o Brasil.

    O útlimo expediente, já insinuado por GM e asseclas, é fraudar as eleições. A recente viagem de GM aos EUA, assim como o que acontece em Honduras, mostra que a direita golpista, oligárquica, plutocrata, escravocrata, privatista e entreguista não tem qualquer escrúpulo. Fiquemos vigilantes.

     

  4. Os juízes de um certo país

    Os juízes de um certo país acreditam ser príncipes. Quando querem, eles respeitam a Lei. Mas ficam impunes se a descumprirem. Eles desprezam provas, condenam por convicção, inventam crimes e praticam abusos nos processos criminais para torturar seus inimigos. Qual é esse país?

    Coréia do Norte
    Arábia Saudita
    Irã
    Brasil

    Vote: https://twitter.com/FabioORibeiro/status/941405096134565888?s=17

  5. Republica de Curitiba sua Ascensão e Queda

    Tenho observado a formação desse grupo da Lava Jato, desde o desfecho do julgamento do José Dirceu, em que o Sergio Moro atuava como assistente da magistrada Rosa Weber no STF. Vale lembrar que foi a magistrada que o condenou, baseado na “Teoria do Fato” mesmo que a magistratura não permite, pois não houve provas apenas convicção.

    No Estado do Paraná sob o governo do Beto Richard (PSDB), foi o local ideal para a aglutinação de forças do Ministério Público, Judiciário e Policia Federal, tendo o “combate a corrupção” como pano de fundo, iriam colocar o Executivo e Legislativo de joelhos mesmo que para isso tivesse que passar por cima da CF de 1988. Afinal esse grupo asseia por poder e dinheiro (4ª poder)  

    Soma-se a isso os fatos de que o juiz federal Sergio Moro foi cooptado pela CIA, sob a fachada de que foi apenas realizar estudos de “lavagem de dinheiro” nos EUA. Esse fato se confirma quando a NSA (vigilância cibernética americana) invadiu o sistema da Petrobrás, que um agente russo da FSB alertou a então presidente Dilma de que ela estava sendo monitorada e que se desenhava um golpe de estado, orquestrado pela CIA aqui no Brasil, por meio de encontros diplomáticos americanos com figuras políticas, empresariais e do mercado financeiro.

    Todo processo de ruptura de governos ao longo da história, faz uso de pessoas que atingida sua finalidade, são descartadas seja para encobrir suas pistas, seja porque aparecem outras forças geopolíticas, um verdadeiro jogo de xadrez. A criminalização da política como o grande responsável pelas mazelas no Brasil é um grande engodo, pois na verdade eles são apenas “aviõezinhos” de uma força maior que rege o ” MODUS OPERANTI ” no Brasil. Nesse teatro de fantoches (povo, partidos políticos, pequenas e medias empresas, movimentos sociais, judiciário e Ministério Público), poucas são as pessoas que conhecem quem movimentam esses bonecos atrás das cortinas. 

     

    1. Pois é!
       

      Mas está demorando muito para USA descartar  o abservente moro.

      Parece que ele ainda não está suficientemente sujo.

       

      *abservente – mistura de absorvente com subserviente.

       

  6. Rapaz!
     

    Se um cara Maramaldo recebeu tudo isso de propina, imagine o quanto não receberia se fosse Bem Amaldo.

    Quanto ao procuradorinho, acho que já passou da hora de se dedetizar o DD e suas idéias assanhadas.

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