Ex-ministro e atual advogado de defesa de Dilma admite “ingenuidade” do PT de ter mantido mesmos aliados
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Jornal GGN – Em entrevista para Luis Nassif, que você companha na íntegra aqui, o ex-ministro da Justiça e atual advogado de Dilma explica como o golpe parlamentar que afastou a ex-presidente da república foi gerado, admitindo “ingenuidade” do Partidos dos Trabalhadores, ao manter o mesmo “arco de alianças políticas” dos governos Lula até Dilma.
“Há setores da mídia que estavam alinhados ao golpe, visivelmente, e esses setores viram na Lava Jato uma maneira de desestabilizar o nosso governo, porque se nós tivéssemos um bom governo, e Dilma Rousseff saindo da crise de 2014, eu acredito que haveria uma hegemonização dessas forças políticas que comandaram o país, desde o governo do presidente Lula até o governo Dilma, para o futuro, e eles não queriam mais isso”.
A queda de Dilma, porém, gerou a desestabilização de todo o sistema político brasileiro, porque foi baseada no desrespeito às normas legais da Constituição, abrindo precedente para os excessos do Judiciário. Mas, na ocasião, grupos políticos que alimentaram o golpe, não avaliaram essas consequências.
“Aqueles setores golpistas, que foram longe demais, hoje não conseguem mais frear o processo. O que eles vão dizer? Aliás eu vejo com certo sorriso na boca e lágrima nos olhos alguns líderes golpistas, que agora estão acusados na Lava Jato dizerem ‘não, mas, esse vazamento é seletivo! Não, mas eu preciso do direito de defesa!'”
Luis Nassif questionou também porque a equipe do governo Dilma não foi capaz prever a tempestade quando as nuvens já estavam em formação, em um quadro em que o PT, partido tipicamente de militância, já demonstrava dificuldades de se relacionar com suas bases sociais, o principal oponente, PSDB, com um bom relacionamento nas estruturas de poder, e a mídia oligopolizada, portanto com capacidade rápida de se auto organizar. Cardozo pôs o desastre político na conta da oposição que decidiu, a qualquer custo, subir ao poder, e do próprio PT que manteve no Congresso e nos quadros do governo a aliança com o mesmo arco de relações que formou nos governos anteriores de Lula e Dilma, que até então lhe garantia a maioria parlamentar.
“Acho que ali houve um certo componente de ingenuidade, porque esses setores também seriam atingidos nas investigações, e eles não têm um compromisso ideológico do programa aprovado. Então, em um dado momento, esses setores comandados aí sim pelo Eduardo Cunha se deslocam e é nesse momento que nós perdemos a maioria.”
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