O gestor Dória e o prejuízo milionário com descarte de remédios

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Publicado dia 24/11 às 16h e atualizado dia 28/11 às 9h20 para acréscimo de informações

Doria entregou R$ 66 milhões em isenção fiscal em troca pelo menos R$ 17,5 milhões em remédios que já eram imprestáveis do ponto de vista comercial

Jornal GGN – Com histórias menos cabeludas que esta do descarte de medicamentos doados por empresas misteriosas à gestão Doria, ações penais foram instauradas e presidentes democraticamente eleitos, caíram.

Com a resistência do prefeito tucano em dar transparência aos números, mesmo a pedido da principal rádio do Grupo Globo, é até díficil saber qual o tamanho do prejuízo para os cofres públicos. Por baixo, somando a questionável manobra da isenção fiscal com o volume de remédios que não deveriam ter sido aceitos como doação, estamos falando de algo em torno de R$ 83,5 milhões.

O que se pode afirmar até o momento é que Doria – com aval de Geraldo Alckmin – fez o Estado de São Paulo perder R$ 66 milhões em impostos entre julho e agosto. Em troca, recebeu uma “doação” de R$ 35 milhões em remédios, sendo que metade já chegou imprestável em termos de mercado.

A CBN começou a tratar do caso ainda em fevereiro, quando o prefeito-gestor anunciou a ideia de lançar um edital para receber doações de remédios. Fechou o negócio com 12 empresas do ramo farmacêutico que se deram muito bem: entregaram ao Paço remédios com prazo de validade mínimo de 6 meses, quando a lei diz que não é permitido comercializar produtos do tipo com menos de 1 ano de validade.

 

Segundo a rádio, foram 167 tipos de remédios doados, que custariamm os R$ 35 milhões aos cofres públicos se Doria decidisse comprá-los. Nesta sexta (24), o veículo divulgou que entre junho e agosto, 3 toneladas já foram descartados. O número é 5 vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2016. O custo da incineração? Também ficou por conta da gestão Doria: R$ 60 mil até aqui, porque o descarte de 1 quilo de remédio custa R$ 20.

Procurada, a gestão Doria disse que o programa, na verdade, é um sucesso. Que só 0,2% de tudo o que foi doado foi jogado no lixo, até o momento. Mas não quis abrir nenhum dado para verificação.

Como CBN revelou que metade dos medicamentos já imprestável do ponto de vista de prazo de validade, é possível imaginar que a Prefeitura, na verdade, aceitou fazer o descarte de R$ 17,5 milhões em medicação vencida. E não é como o desequilíbrio nessa parceria Doria e as farmacêuticas não tivesse sido questionado antes.

O Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de São Paulo já havia emitido uma nota pública apontando a falta de sentido em fechar uma parceria com Alckmin para abrir mão de receita beneficiando empresas privadas com isenção fiscal quando a palavra “doação” está envolvida.

Na visão da instituição, Doria apenas favoreceu “as indústrias, uma vez que os medicamentos vencidos ou próximos ao vencimento apresentam custo de incineração”, que foram transferidos para a Prefeitura.

“Mesmo no caso de medicamentos cuja validade é de seis meses, ele não é mais comercialmente viável nem para a indústria, nem para as farmácias e drogarias. Há o risco de vencimento do medicamento antes da conclusão do tratamento”, lembrou.

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Ao GGN, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo emitiu uma “Carta resposta à reportagem”, informando que “não procede a informação publicada no site”. O trecho desmentido da reportagem é o que afirma que a gestão Doria “não quis abrir nenhum dado para verificação”.

A Assessoria de Comunicação da Secretaria afirmou que não foram solicitados os dados e o posicionamento da SMS, “dados estes que foram disponibilizados à reportagem da CBN e que também estão à disposição não só do GGN, como de qualquer outro veículo de imprensa ou cidadão que quiser ter acesso”.

Nesta segunda (28), o GGN entrou em contato por email com a Secretaria de Saúde de São Paulo, solicitando as informações e o posicionamento. Até a manhã de hoje, nada foi respondido.

A nota enviada à CBN, jornal que divulgou as informações em primeira mão, informa, apenas, que a maioria dos medicamentos que acabam descartados não é distribuída pela rede pública, “mas sim entregue pela população em UBS”. De acordo com a Secretaria, o prazo de validade dos remédios doados deve ser superior a seis meses, embora o edital publicado no Diário Oficial não faça essa exigência.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

34 Comentários

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  1. Quanto será o valor que

    Quanto será o valor que entrou diretamente no bolso dele daquela diferença entre R$ 66 milhões e R$ 17,5 milhões?

    Foi assim que este parasita, como todo tucano, ficou rico. Com negociatas.

  2. Lugar de criminoso é na

    Lugar de criminoso é na cadeia.

    Quantos milhões mais milionário esse bandido engomadinho estará até o fim do mandato?

    Não basta a cidade, o pilantra vai ser governador.

  3. Dória foi eleito em 1º turno graças a campanha da mídia de ética

    decadente, principalmente no caso aqui a paulista que durante toda a administração F Haddad, foi ponta de lança do PSDB paulista, dono do estado há mais de duas décadas. Esta mídia que decai em todos os sentidos, dia após dia ajudou a criar uma pompa em figuras mediocres que se esfarelam muito rapidamente. A data de validade das qualificações de Dória são bem menores que as dos remédios vencendo que numa lição de péssimo gestor, fez a população pagar. Não deu nem um quarto de seu mandato para mostrar que sua imagem de gestor é só mais um produto bem embalado, mas vencido na caixinha.

  4. Essa mesma lógica se aplicou ao caso da RAÇÃO HUMANA

    Empresas (que não se sabe quais são , pois mais uma vez falta transparência) doam alimentos vencidos (os quais representariam perda de estoque para essas empresas) que servem de matéria prima para a tal RAÇÃO HUMANA , e em trocam receberiam isenção de impostos . 

    Ou seja , uma coisa que seria uma perda para essas empresas , Doria conseguiu transformar em um lucro , concedendo uma isenção fiscal . 

    Evidente que DORIA é um excelente GESTOR : para o lucro da iniciativa privada evidentemente , às custas dos cofres públicos. Como sempre foi no Brasil tucano , desde a privataria fernandista.

  5. Isso dá impeachment, ou pelo
    Isso dá impeachment, ou pelo menos encher o saco do PSDB como o cheirador falou sobre o PT.
    Cadê a bancada do PT na Câmara de Vereadores para botar terror em cima desse safado.
    Tem que botar pressão. Fazer discurso da tribuna para desgastar a imagem desse safado .

    Caraca , como o PT é lerdo .

  6. Só tolo ainda não percebeu o

    Só tolo ainda não percebeu o porquê desse pessoal bater tanto na tecla do antipetismo: é pra dissimular isso aí (e muito mais, até onde a mão alcança).

    É  golpe antigo, manjado, bater a carteira e sair correndo gritando “pega ladrão!”

    Da grande mídia não dá pra esperar nada há muito tempo. Do MP tem aqueles como o Nassif que acham que ele “não é só Lava Jato”.

  7. Uma sumidade!

    Sem palavras!  Sem barulho de panelas e frigideiras. Os tolos se calam! Peidamos nas varandas e na Paulista, mas “não foi nós”. Hum hum

  8. Uma sumidade!

    Sem palavras!  Sem barulho de panelas e frigideiras. Os tolos se calam! Peidamos nas varandas e na Paulista, mas “não foi nós”. Hum hum

  9. #

    Idiota foi quem acreditou que um cara que sabe fazer uma boa gestão de seu próprio dinheiro, iria necessariamente gerir o dinheiro público da mesma forma.

    Doria é o grande gestor do dinheiro dele. Quanto o dinheiro é público, ele é apenas mais um político parasita desavergonhadamente criativo.

  10. 155 & 157
    Doriana comprando lixo superfaturado,
    Aidimim dando dinheiro para escolas privadas melhorar o ensino…
    Não se pode tergiversar, tem-se que chamar o fato pelo nome correto:
    ROUBO.

  11. Isenção e parcialidade

    Você saberá que uma notícia é boa quando seu veículo sempre apresenta notícias positivas e também negativas sobre pessoas ou partidos. Mas quando apresenta somente negativas sobre uns e somente positivas sobre outros, é porque este veículo não te serve como fonte de informação. Muito menos quando diversos comentários dos leitores não são divulgados porque podem comprometer a parcialidade do veículo. Brasileiro perde muito com isso. É muito triste. 

    1.   Você sabe se o caráter de

        Você sabe se o caráter de um comentarista é bom se ele, concordando ou não com a notícia, trata da notícia – no caso, a verdadeira COMPRA SUPERFATURADA DE REMÉDIO VENCIDOS, pois na prática foi disso que se tratou.

    2. #

      “apresenta somente negativas sobre uns e somente positivas sobre outros”

      Bem, se vc tiver alguma notícia positiva sobre o Doria, fique à vontade para nos informar. Estou curiosíssimo.

      Por acso seria o corte na merenda escolar ou o corte no transporte escolar?

      Seria a ração para pobres? Ou seria a implantação de mais radares para arrecadar mais e mais multas de trânsito?

      Ah, deve ser o “fim da Cracolândia”.

  12. O Ministério Público dorme em

    O Ministério Público dorme em berço esplendido ou já ajuizou a Ação Civil Pública para cobrar no patrimônio de Doria Jr. o prejuízo colossal que ele intencionalmente causou aos contribuintes de São Paulo?

  13. Essa gente é especialista em

    Essa gente é especialista em autopromoção. Estão na deles. 

    Os paulistanos elegeram esta figura sabendo quem era. Teve muito,mas muito mesmo,voto de pobre no boneco de plástico.

    quem sabe com este tipo de atitude a democracia se fortaleça e,pelo menos os pobres,não votem mais naqueles que não tem o menor compromisso em acabar com a pobreza.

  14. ONDE TEM TUCANO, TEM TUCANAGEM DE GRANA PÚBLICA.

    ONDE TEM TUCANO, TEM TUCANAGEM DE GRANA PÚBLICA.

    Tucanagem : S.f. Bras. Ato ou efeito de tucanar. Ação de tucanar.

    Tucanar :  V. t. fraudar, enganar, roubar, malbaratar, furtar, trapacear, burlar

     

  15. Que estão olhando pro outro

    Que estão olhando pro outro lado os moralistas do ministério público de São Paulo?  Ah…esqueci. Claro que a bandidagem dos tucanos entocados em São Paulo estão fora, livres do alcance do radar das autoridades. Sobretudo, da autoridade paulistosa.

    São muito descarados estes canalhas. Especialmente os alocados na bandalheira golpista da farsajato. Ainda ontem estavam todos bem arrumadinhos e enfileirados diante dos holofotes e câmeras dos seus domadores da imprensa corrupta. Cumpriam mais uma sessão da catilinária fajuta contra a corrupção dos adversários seus, e, dos seus patrocinadores.

    Mudando do esgoto para a latrina. Como é safado o carreirista do Dória. Diria um desavisado visitante estrangeiro, ainda não enfronhado com os privilégios do vasto cardápio de mega isenções facultadas por salafrários como o Dória, aos amigos e possíveis-sócios ricos.

    Risco de ser investigado? Claro que não! O gajo encontra-se devidamente protegido. Assim como estão amparados e conluiados os demais comparsas do bando. Portanto, não adianta chamar, seja polícia civil, PM, PF, MP, e o escambau, até o santanaz que seja. De nada adiantará pois, os ditos cujos, também são células do mesmo tecido deteriorado, putrefato.

    A propósito. Será que já passou pela cabeça de algum fdp do MP, ao menos, investigar o vastíssimo rastro de bandalheiras, deixado pelo ex-professor Fernando Henrique Cardoso?

    Orlando

     

  16. Doação?

     

    Isso não é doação. Quando alguem faz uma doação não espera nada em troca. Nem vantagens, nem  retorno. Na verdade o prefake promoveu uma baita de uma negociata. Trocou isenção de impostos por remedios vencidos, prejudicando a população e o erário. Quem ganha? Ele e as empresas. 

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