O que a Polícia e o Ministério Público sabem sobre o atentado à caravana de Lula

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Divulgação

Jornal GGN – Menos de 24 horas depois do atentado com arma de fogo contra a caravana do ex-presidente Lula, no Paraná, a Polícia ainda não informou se tem suspeitos em vista.
 
O delegado Fabiano Oliveira, de Laranjeiras do Sul (PR), comunicou na noite de terça (27) que suspeita que os ônibus da comitiva de Lula foram baleados por duas armas diferentes de baixo calibre, e que pelo menos duas pessoas participaram do ato porque “(…) há um veículo atingido por dois disparos e um outro veículo atingido por um disparo”, sendo que as marcas estão em lados distintos.
 
A investigação policial deverá ser encaminhada para a cidade de Quedas do Iguaçu, já que o ataque teria ocorrido ainda dentro do município.
 
Enquanto isso, o Ministério Público do Paraná acatou, na manhã desta quarta (28), uma representação feita pelo Coletivo de Advogados e Advogadas pela Democracia (CAAD), que levantou 10 suspeitos de autoria do atentado contra Lula. 
 
Segundo reportagem do Brasil de Fato, no documento há prints de conversas no Whatsapp dos grupos “Caravana Contra Lula 26/03” e “Foz contra Lula 26/03”, nos quais integrantes afirmam a intenção de trocar os ovos e pedras, que vinham sido atirados contra a Caravana desde seu início, por tiros de munição letal. “Gente, vamos trocar os ovos por bala de borracha e munição letal, que vai ser bem mais eficaz”, publicou o potal.
 
O site também divulgou outras das mensagens. Um delas indicava que um sujeito pretendia ir para o “Paraguai comprar um fuzil”. Em outra, uma dica: comprar um “puma 38 ou 44” numa loja de arma é “mais fácil do que você imagina”.
 
Numa outra mensagem, perguntaram onde seria possível encontrar “miguelitos”, que são uma espécie de cruz feita com pregos, que de fato foram atiradas na estrada e furaram o pneu de um dos ônibus da comitiva.
 
O coletivo solicitou ao Ministério Público que o atentado seja considerado crime federal e pediu a prisão preventiva dos suspeitos, segundo o Brasil de Fato. Um dos suspeitos “possui diversas armas regularizadas e participa de movimentos de extrema direita”.
 
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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. O que fazer?

    Sabemos todos que a História não se repete, senão como farsa, e depois como tragédia.

    A assertiva atribuída a Karl Marx parece fazer todo sentido.

    De tempos em tempos, os sistemas chamados de “democráticos” adotados para responder às demandas de representação das classes dentro dos esquemas produtivos capitalistas tendem ao colapso.

    E sempre que isso ocorre, os setores considerados à esquerda dos espectros políticos, os segmentos que se encaixam naquilo que chamamos de contra-hegemonia, oscilam e vacilam diante da escalada de violência e autoritarismo, que não raro levam a regimes ditatoriais.

    Não vamos nos alongar se existe ou não democracia, ou se no sistema capitalista há ou não escolhas democráticas.

    Ainda que o mercado tenha se configurado como uma instância unilateral e autoritária, o fato é que existem países onde os processos políticos são mais estáveis que em outros, mesmo que concordemos com a premissa de que no Capitalismo não há Democracia digna desse nome.

    O que há, por assim dizer, é país mais ou menos desigual, e nessa toada se estruturam toda uma série de direitos e instituições que os reguardam.

    No entanto, o sistema capitalista em si prima pela diferença e abismo entre classes, na concentração econômica, a qual, via de regra, corresponde concentração de poder político nas castas mais privilegiadas, que por isso e para isso (para manter privilégios), suprimem as vozes daqueles que estão abaixo, ou manipulam e distorcem a expressão dessas vozes, geralmente com uso de aparatos de mídia oligopolizados.

    Desde o surgimento do nazismo e do fascismo como regimes historicamente relevantes, porém não inéditos como regimes de força, a esquerda sempre se debateu em um trilema:

    – Usamos a mesma violência contra os violentos?

    – O que estamos dispostos a suportar para reprimir a violência política da direita?

    – Corremos o risco de nos tornarmos piores que eles?

    Dessas três questão derivam tantas outras infindáveis.

    Como na década de 30, o mundo está caminhando a beira do abismo econômico, há um previsível deslocamento dos eixos de poder econômico conhecidos, com surgimento do apetite chinês pelo protagonismo, ladeado pelos russos, bem como havia a aurora de um poder de médias-altas potências, os BRICS, sabotados no ventre com o golpe de 2016 no Brasil.

    Dos alinhamentos e desalinhamentos aos eixos antigos (EUA e Europa) nascem boa parte dos conflitos deflagarados ao redor do planeta.

    Como em 30, flertamos com o autoritarismo e suas vertentes de ódio, mas por outro lado, é preciso dizer que esse ambiente aparentemente tóxico e volátil pode ser considerado um “amadurecimento” da luta política.

    É preciso observar que o pânico e a aversão ao conflito declarado, naquilo que chamamos de sublimação, fez esse país e sua sociedade varrerem para baixo do tapete histórico uma série de violências e opressões, que se escondem atrás de mitos como o da democracia racial, o “jeitinho”, o conservador que é liberal, o direita que detesta ser chamado como tal, o misógino que diz amar as mulheres, a mídia anti-democrática que posa de defensora das liberdades, enfim, dos torquemadas de toga que dizem fazer algum tipo de justiça.

    Ninguém imagina ou deseja uma luta fratricida, é claro.

    Por outro lado, uma olhada nos números e dados da violência contra pobres brancos jovens, negros jovens (aqui a menção a pobreza é pleonasmo, porque raros os negros ricos), mulheres, no acesso ao básico do básico do básico, na nossa lógica (lógica?) tributária que rouba dos pobres e dá aos ricos, enfim na nossa desigualdade estrutural, já revela que a violência está aí, comendo na mesa ao seu lado, e quem sabe, devorando alguma parte sua.

    Todo mundo conhece ou já viveu a historinha do valentão do colégio, modernamente chamada de “bullyng”.

    Todo mundo sabe que o cara só nos deixava em paz quando respondíamos na mesma moeda. 

    Não sou tolo a ponto de reduzir a complexidade do momento ao tamanho de briags infantis, mas o fato é que em determinadas ocasiões, a tentativa de achar um modo pacífico ou institucionalizado de conter os gorilas da direita acaba por encorajá-los ao ponto de que não tenhamos mais saída.

    Caíram nesse truque a esquerda e social democracia alemã, judeus, Chamberlain, italianos, etc.

    Nenhuma das instituições de hoje estão a serviço da intimidação ou prevenção da violência, ao contrário, stf, governo paulista, federal, polícias, juízes, promotores, etc., etc e etc todos estão dedicados a aumentar as condições da violência para:

    – Criar um estado de coisas que justifique mais e mais repressão;

    – Criminalizar os movimentos políticos de contra-hegemonia, responsabilizando-os pelos crimes e abusos de que serão vítimas, como no caso das mulheres estupradas!

     

    É hora de reagir!

     

     

  2. assimetria

    É de estarrecer a assimetria de tratamento dada ao atentado a Lula e aos demais “atentados” politicos na história recente, não somente pelas autoridas, mas, também pela imprensa.

    Sem entrar em temas mais amplos como a Lava-Jato e o Mensalão, cito dois episódios para contrapor com o que ora ocorre.O mais recente, foi quando a mega-operação da PF, às vésperas Olimpíada do Rio, tendo à frente o Boat Love Minister, em parceria com FBI, CIA e o escambáu, celeremente pos a ferros, sem mais delongas nem preocupações outras, um bando de pobres coitados “suspeitos de conspirararem para praticar atos terroristas em nome de Alá e da Jihad”, sobre os quais não se tem mais notícias.

    O outro, ocupou manchetes de telejornais e primeiras páginas, tratado como um “atentado gravíssimo” à pessoa do então cadidato à presidente José Serra, até que se descobriu que o projétil que o alcançou à altura da lustrosa calva, levando à comoção (do jornal) nacional não passou de uma inofensiva bolinha de papel. Mesmo assim, após ajustada a versão aos fatos, comentários e opiniões se mantiveram por vários dias como “reprimendas” à falta de civilidade e espírito democratico das esquerdas.

    Agora, milicias armadas, organizadas e financiadas por extremistas atacam sistematica e continuadamente um ato politico promovido por um importante partido poltico, apoiado por movimentos sociais legítimos em apoo à pré-candidatura de um ex-presidente, tendo este como líder. Culminando, esse líder, a mais importante figura polítca do Brasil após Getúlio Vargas, sofre um atentado à bala. 

    Olhem a reação das autoridades e a repercussão do fato na mídia. Dispensa comentários, exceto que estamos brincando com fogo.

  3. – “Vou para o Paraguai

    – “Vou para o Paraguai comprar um fuzil, é o único jeito”.

    — “Vai na loja de arma, compra um puma 38 ou 44, é mais fácil do que você imagina”.

    — “Aí é só se posicionar do outro lado do rio e mandar uma bala certa”.

    Diálogos do grupo de watsapp que fez o atentado.

     

  4. Violência precedeu nazismo pleno na Alemanha

    Há uma clara intenção em todo este clima de ódio disseminado pela Globo contra o PT, a Esquerda e, particularmente, contra o ex-Presidente Lula. É a ante-sala do fascismo pleno. Assistam documentários que mostram os acontecimentos que antecederam a tomada do poder pelos nazistas na Alemanha nos anos 30. É tudo idêntico. A primeira providência para baixar a tensão no país seria a cassação da concessão da Globo, a maior difamadora e caluniadora do Presidente Lula, há anos, diuturnamente.

  5. A bolinha de papel que quase
    A bolinha de papel que quase ceifou a vida do José Cerra teve muito mais tempo de noticiario do que esses tirinhos a toa.

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