O que Francis diria?

Por Guilherme Scalzilli

Do seu blog

Em 1997, Paulo Francis foi processado nos EUA por diretores da Petrobrás, que ele chamara de “uma grande quadrilha”. Há quem diga que a pressão resultante agravou a cardiopatia do jornalista, levando-o à morte pouco depois.

Acontece que o generoso tratamento da Justiça brasileira à irresponsabilidade acusatória não tem equivalentes internacionais. Nas cortes estrangeiras, qualificar a Petrobrás de quadrilha ou o PT de “organização criminosa”, como faz Aécio Neves, exige provas do falastrão. E a brincadeira sai caro.

De qualquer forma, porém, Francis não conseguiria reunir material para defender-se nas cortes dos EUA, porque a blindagem dos governos demo-tucanos envolvia todos os campos institucionais, principalmente o Judiciário. Um presidente podia ser reeleito graças a parlamentares subornados, para citar um exemplo notório e incontroverso.

Os comentaristas que hoje bradam “ele já sabia!” preferiram na época assistir à fritura do colega, em vez de investigar os contratos da empresa, inquirir fontes, traçar uns cálculos rudimentares. Tiveram o mesmo comportamento nas privatizações e, depois, durante a vigência da máfia dos cartéis metroviários do PSDB.

Mas a solidariedade póstuma da turma esquece o principal: se o jornalista estava certo nas suas acusações, os esquemas corruptos já vigoravam na estatal durante o governo FHC. Esse fato desqualificaria a propaganda do PT malvado e corroboraria a imagem saneadora da gestão Dilma Rousseff.

Vemos, portanto, que a memória de Francis é útil para entendermos o país, dezessete anos depois. E não apenas pelo que insinuava da Petrobrás e seus contratos.

http://www.guilhermescalzilli.blogspot.com.br/

Redação

9 Comentários

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  1. a cruzada ideológica de Francis

    Eu era leitor, compulsivo, de Paulo Francis. Discordava sistematicamente ,mesmo assim apreciava seu estilo. Tempos distantes onde os formadores de opinião e a relação de via única entre leitores e meios de comunicação vigoravam. Paulo Francis ao atacar a corrupção da Petrobras não o fez como uma estratégia sistêmica contra a corrupção brasileira, que na época já era generalizada. Francis e Roberto Campos atacavam a Petrobras de forma pontual como forma de enfraquecer o maior pilar de resistência  contra as privatizações. Francis não atacava a corrupção e sim o modelo estatal de gestão. Defendia uma ideologia e não o saneamento da gestão. É preciso contextualizar corretamente a situação. 

  2. Apesar da fala mansa e as

    Apesar da fala mansa e as vezes insosa, Francis tinha a peculariedade de atingir os alvos com uma precisão milimétrica! Desta vez o alvo foi a alta cúpula da Petrobrás que tratou de fritá-lo do lado de fora do país. O exemplo do caso Francis serve apenas para que tenhamos mais cautela e apresentar provas contundentes contra todos os envolvidos, corruptos e corruptores no caso Petrobrás e se for necessário, como diria a Presidenta, ciortar até na carne!

  3. Hoje como antes

    Francis diria que são todos corruptos, inclusive seus colegas covardes jornalistas. Ele tinha muitos defeitos a meu ver, mas era uma bomba ambulante quando resolvia falar o que pensava e sabia.

  4. Bom, Francis nunca disse a

    Bom, Francis nunca disse a uma deputada que nao a estupraria porque “ela não merece”. Esbanjava machismo mas não chegava nem perto de um Bolsonaro, evidentemente. Mas esbanja muitos outros traços preconceituosos, criminosos até. Basta lembrar o que ele disse de Erundina. E de Benedita da Silva. Para ficar só em alguns casos. O cara abusava do fato de, no Brasil, jornalista poder insultar qualquer pessoa sem ser sequer contraditado. E era bem pago por isso, era o palhaço bem remunerado da direita brasileira. Nada mais do que isso. As tentativas de “recuperar” sua memória são simplesmente ridículas.

  5. Paulo Francis e acusação

    Marcelo Castro,

    Assim como você, eu também acompanhei o inteligentíssimo Paulo Francis, personagem sempre controversa ao longo de sua existência, tanto que saiu da esquerda esquerda para a direitaçaaça sem qualquer constrangimento.  

    PFrancis atacava o modelo estatal, verdade, mas não foi o que ele fez ao citar o nome de Joel Rennó e a cifra de U$ 100 milhões como tendo sido desviada pela diretoria. Lucas Mendes tentou ajudar e ele recusou, insistindo em uma acusação que não teria como sustentar, foi um ataque pessoal.

    O lesa pátria FHC, ao invés de pedir apuração sobre a lebre que PFrancis tinha levantado, o mega-desvio, preferiu pedir a JRennó prá deixar aquilo prá lá, mas nada feito, o presidente da Petrobras resolveu azucrinar o jornalista.

    Talvez não imaginasse que a sua azucrinação viria a matar PFrancis em poucos dias, e assim, JRennó cometeu um assassinato diferente, sem utilizar qualquer tipo de arma.

    Pelo lado de PFrancis, considero que aquela sua insistência pela acusação então capenga teve o efeito de um suicídio.

    Um abraço

     

    1. Assasinato?

      Onde o amigo ve isso? Defender-se de acusações sem prova é assucrinar? assassinar? O tal PF moralmente já estava morto ha muito tempo.

       

      O amigo sabia que ele saiu do Brasil com bolsa de estudo da Fundação Ford/Cia?

      1. PFrancis

        Flics,

        Joel Rennó sabia, como qq um, que PFrancis não poderia ter os tais $100 milhões, por isto o termo azucrinar. 

        Em minha opinião, e não apenas a minha, JRennó promoveu um assassinato sem utilizar arma, mas você e muitos outros podem perceber de outra maneira – Como eu disse, o polêmico jornalista sempre dividiu as opiniões, na sua, ele já estava morto, na de JRennó, ele estava bem vivo.

        E quanto à bolsa da FFord, eu não sabia, mas se recebeu, e daí, qual seria o problema ? Conheço quem recebe $$ de lá por diversos tipos de prestação de serviços e é pessoa íntegra prá xuxu, agora, se você vai acreditar ou não, é outro assunto.

        Um abraço

  6. nas cortes estrangeiras

    nas cortes estrangeiras exigir-se-iam provas do falastrão…

    se no brasil fosse assim, a história brasileira seria diferente

    ,talvez não houvesse casos com o do suicídio do vargas

    e o golpe de 64 contra jango.

    nem capas de veja contra lula e dilma no estelionato eleitoral de 2.014.

    nem os frequentes vazamentos impunes ultimamente.

    aqui usa-se o sigilo da fonte  para assassinar reputações

    e condenar e dar golpes de estado.

    e tudo fica por isso mesmo.

  7. Ele estava certo naquele

    Ele estava certo naquele tempo e estaria certo também hoje.

     

    O que o autor do texto quer fazer incutir na cabeça do leitor é que a corrupção, por existir no tempo do FHC, seria admitida hoje. Apenas o tratamento dado é diferente.

    Cara, sem essa. São todos pilantras. Antes e agora.

     

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