Operação Ouvidos Moucos ainda tenta incriminar Cancellier

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Ex-reitor, Luiz Carlos Cancellier – Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC
 
Jornal GGN – Até agora, a Polícia Federal não conseguiu provas ou definições das suspeitas de que o reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Luiz Carlos Cancellier, tentou obstruir investigações internas na instituição. Mas após o suicídio do reitor, em outubro, a PF segue tentando incriminá-lo.
 
Nesta quinta-feira (21), reportagem da Folha de S. Paulo mostrou um depoimento dado pelo próprio ex-reitor aos investigadores da Operação Ouvidos Moucos. Ele afirmava que “não tentou proteger ninguém” e que ao determinar a avocação da sindicândia investigativa, buscou “empregar maior celeridade à apuração, visando ao esclarecimento dos fatos”.
 
O registro é de termo de oito páginas do depoimento de Cancellier, dado aos autoridades duas semanas antes de se suicidar. Mas a PF não parou por aí. Segue tentando encontrar provas de que o ex-reitor teria envolvimento no suposto desvio de recursos e irregularidades em programa de Educação à Distância da Universidade.
 
E, assim, com base em depoimentos tomados pela PF, antes da morte do ex-reitor, de professores que desconfiavam sobre as irregularidades, ainda sem qualquer prova ou materialidade dos estados de ânimo, os investigadores concluíram que havia um “ambiente tenso e cheio de desconfiança entre diversos professores”, narrou reportagem da Folha, divulgada hoje.
 
Relatório da CGU também conclui que teria havido um “descontrole pela universidade na gestão dos recursos públicos voltados para os cursos”, e que tal fato teria, assim, na conclusão da CGU, propiciado “por anos e anos situações de desvio de verbas públicas”.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

13 Comentários

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  1. livrar a cara

    Estão caçando chifre em cabeça de cavalo para livrar a cara da Marena e seu grupo de foras da lei. Vai bastar qualquer falta gravissima, ex: que o reitor tenha ido trabalhar apenas um dia sem fazer a barba.  Milhões de comentaristas globais, infográficos folhais, opiniões em revistinhas semanais, entrevista de juizes federais que a memória do Reitor estará irremediavelmente sepultada por um mar de ódio.

    plimplim

  2. Se não conseguir incriminar

    Se não conseguir incriminar Cancellier, terá que haver uma aceitação de que houve erros!

    E a aceitação do erro é para pedantes, o pior dos castigos!

  3. Na teoria do fato, com já

    Na teoria do fato, com já muito bem explicado pelo Nassif, eles estão sempre evidenciando o fato mesmo que  não exista.  Eles são os verdadeiros brasi;eiros que não desistem nunca.E onde estava o CGU, a PF e outros mais (i) responsáveis durante “os anos e anos de desvio de verbas públicas” ?

  4. A PF fazendo ouvidos moucos

    Cancillier é o Lula da PF. Vão encontrar uma falha qualquer na administração de uma universidade e apontarem como erro do reitor. Eh terrivel o que estamos vivendo com esse estado policialesco-punitivista.

  5. Não estaria na hora de se

    Não estaria na hora de se decretar a prisão dos responsáveis pelo acontecido ao reitor?

    A prisão deveria acontecer nas mesmas circunstancias que foram impostas ao reitor:

    humilhação, ampla cobertura da imprensa, enfim olho por olho, dente por dente. Chega

    de complacencia com facínoras que se utilizam de cargos públicos para cometer crimes. 

  6. In memoriam
     

    Nem Marisa Letícia, nem Cancellier mereceram descanso da sanha persecutória dessas nossas “autoridades”.

    Essa cambada não respeita nem a lei e nem a morte.

    Da lei eles ainda poderão escapar,  da morte, duvido!

    Embora se diga que gente ruim não morre.

     

  7. Perseguir morto é o auge da covardia!

    Nunca deve ter havido caso semelhante em todo o mundo, perseguir uma pessoa morta sobre a qual não pesava nenhuma acusação, processo, denúncia ou condenação mesmo prévia. Era uma pessoa de ficha limpíssima senão não teria passado pelo crivo do MEC e não teria sido nomeado Reitor. Atacar para se defender é a tática usada pelos criminosos envolvidos com a morte de Cancellier pois em qualquer país medianamente civilizado a delegada, os policiais e a juíza envolvidas neste assassinato já estariam sendo investigados para ser feita a devida denúncia de crime.

  8. Defendendo o Estado de Exceção

    A condução coercitiva e a prisão do Reitor ocorreram ao arrepio da Lei, pois, ainda que tenha havido uma decisão judicial, ela foi fundamentada em motivos totalmente descabidos, sob o ponto de vista jurídico. Havia, como em vários atos praticados no âmbito da “Farsa a Jato”, apenas uma capa de legalidade. Agora, a insistência em não enxergar o absurdo cometido, além da questão corporativista, também se deve ao fato de que a “Justiça” da Casa Grande, aqui encarnada pela Gestapo Federal, não quer abrir mão do modus operandi do Estado de Exceção que é o desrespeito às garantias fundamentais do cidadão.

  9. Prezados Nassif e camaradas
    A

    Prezados Nassif e camaradas

    A “reporcagem”, digna do nível de estrume de nossa “imprensa”, é uma tentativa de livrar a cara dos canalhas safados (e safadas, que puxou o saco para cair de Florianópolis); porque sabem que vai sobrar para eles

  10. Controle do orçamento?

    bem, 106 agentes para prender meia dúzia de perigosíssimos proferores não se encaixa exatamente no modelo de gestão do dinheiro público. Será que a PF resistiria aos próprios metodos?

  11. Perseguindo os mortos

    Nunca se ouviu falar de uma polícia que perseguisse os mortos. Isso é comportamento de gente insana. E se eles acham que entrarão no Céu para prender o pobre reitor estarão mexendo com o Todo Poderoso.

  12. Que tal ter em mãos de fato o relatório da CGU

    Que eu saiba, no processo consta que a CGU, havia feito um investigação em 2012-2014, e nunca a apresentou relatório disto à universidade. As notícias de pessoas ligadas à ufsc, dizem que o relatório, pedia explicaçoes para atos administrativos,  que foram respondidas. A contra resposta da CGU, jamais retornou, o que indica que ficou satisfeita com as respostas, até que toda esta operação explodiu. A frase e também algo curioso, pois por este relato a CGU, não aponta nenhum crime, mas sugere que poderia ter havido a possibilidade de desvios de verbas por falhas administrativas ou de governança. Isto não me parece um crime e isto também não me parece um relatório. Se a CGU, mergulhou nos papeis da universidade e nos documentos relacionados com as verbas, me parece deveria sim apontar o dedo para pelo menos algum caso específico. Mas prefere as generalidades. Generalidades que são muito bem usadas pela mídia e por interesses obscuros.

    E assim com estas frases midiáticas, e muita convicção, ou buscando alguma coisa, que mesmo que não esteja relacionado com o caso pode ser usada como argumento para convencer a opinião publica. Provavelmente relatórios vão ser considerados ideologicamente falsos e sempre sobra espaço para a Teoria do Dominio do Fato.

    È curioso como isto consagra  um mesmo  modi operandi.

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