Para Eugênio Aragão, ao soltar Mantega, Moro admitiu que prisão era desnecessária

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O ex-ministro da Justiça e subprocurador da República Eugênio Aragão reagiu com indignação à prisão de Guido Mantega na fase da operação Lava Jato chamada Arquivo X. Segundo ele, o fato de Sergio Moro ter mandado prender e soltar o ex-ministro da Fazenda em questão de horas demonstra a fragilidade da medida cautelar, que só deveria ser usada em casos extremos.

“O juiz não pede desculpas a ninguém, manda prender e manda soltar admitindo, indiretamente, que não havia motivo para a decretação da prisão, sem perceber ou admitir a gravidade do que cometeu, e fica por isso mesmo? E o Ministério Público fica fazendo beicinho porque a prisão foi revogada pelo juiz parceiro?”, disse Aragão.

Por Eduardo Hollanda

“Juiz admitiu, indiretamente, que não havia motivo para a prisão”, diz ex-ministro

Em Brasileiros

O ex-ministro da Justiça e subprocurador da República Eugênio Aragão, que, até o rompimento com o procurador- geral Rodrigo Janot, era a terceira pessoa na hierarquia do Ministério Público Federal, criticou duramente a Polícia Federal, os procuradores da Lava Jato e o juiz Sergio Moro pela prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, efetuada na porta de um hospital em São Paulo, onde ele acompanhava sua mulher, que seria submetida a uma cirurgia.

“Trata-se de um ato extremamente grave, que estigmatiza uma pessoa. Você só pode pedir a prisão a um juiz se houver indícios veementes da autoria de um crime e se a pessoa for alguém de extrema periculosidade. Como a Polícia Federal, com base em uma declaração de uma pessoa muito pouco confiável, pede ao Ministério Público a prisão de alguém, os procuradores concordam e, finalmente, o juiz decreta a prisão, mais uma vez com base em declarações e ilações?”, questiona Eugênio Aragão.

O procurador e último ministro da Justiça de Dilma Rousseff acha que o que ocorreu na manhã de hoje, com Sergio Moro ordenando a prisão de Mantega, para, cinco horas depois, voltar atrás,  foi mais uma demonstração de que, na Lava Jato, a separação entre polícia, procuradores e juiz está difícil de ser observada.

“Está tudo misturado, com o Ministério Público não mantendo a neutralidade, não cumprindo seu papel de fiscal da lei. Na verdade, o que está acontecendo é a ‘meganhização’ do Ministério Público, com procuradores buscando assumir também o papel de polícia”, ataca. Ele comenta ainda que essa postura pode ser observada “até na adoção do jargão policialesco nos documentos elaborados pelos procuradores, como falar em oitiva, em meliante e outras pérolas semelhantes. Deve se destacar que quem começou com isso foi o Joaquim Barbosa, durante o processo do mensalão. E nem falo na adjetivação que se alastra em qualquer peça produzida pelos procuradores de Curitiba”.

Eugênio Aragão afirmou que “quem conhece Guido Mantega, sabe que ele é uma pessoa absolutamente digna, honesta, de hábitos simples e jamais faria o que Eike Batista comentou em um depoimento anterior”.

Para o ex-ministro, um juiz só pode mandar prender uma pessoa se existirem “indícios veementes da autoria dos fatos que a polícia e o Ministério público lhe atribuem”.  E criticou duramente o comportamento de Sergio Moro e do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que desta vez assumiu os holofotes.

“O juiz não pede desculpas a ninguém, manda prender e manda soltar admitindo, indiretamente, que não havia motivo para a decretação da prisão, sem perceber ou admitir a gravidade do que cometeu, e fica por isso mesmo? E o Ministério Público fica fazendo beicinho porque a prisão foi revogada pelo juiz parceiro?”, atacou. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. “O juiz não pede desculpas a

    “O juiz não pede desculpas a ninguém, manda prender e manda soltar admitindo, indiretamente, que não havia motivo para a decretação da prisão, sem perceber ou admitir a gravidade do que cometeu, e fica por isso mesmo?”:

    Moro eh tao completamente complexado que mal pode oferecer um “sinto muito, erramos” ao capoteiro…

    Voces se lembram disso?  Eu me lembro.  Tou cansado de ver juiz oferecendo desculpas sinceras na televisao norte americana.  Pro capoteiro, tao baixo na escala social desses canalhas…  nada.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=QplExCw_ns8%5D

    Alguem viu Moro oferecendo desculpas aa mulher que ele prendeu por uma semana falando que ela inequivocamente estava no video do banco devido a analises tecnicas que nao deixavam duvidas?

    Vida de complexado eh isso.  Sempre.

  2. A coisa foi mesmo descarada.

    A coisa foi mesmo descarada. Até o Merval disse isso ontem.

    Claro que ele acha que o Moro não deveria ter voltado atrás…

  3. Esperem, nao acabei:  Moro eh

    Esperem, nao acabei:  Moro eh tao completamente complexado que com muitissimo mais razoes e provas nunca encostou um dedo em Eduardo Cunha, esposa, e filha.

    Esse sim, reconhece seus superiores sociais:

    PESSIMO sinal em juiz a trabalho.  So no Brasil mesmo, em qualquer outro pais Moro estaria preso.

  4. Bem lembrada a indistinção

    Bem lembrada a indistinção nessa Prende a Jato entre Polícia, Ministério Público e Judiciário, numa “suruba” institucional que nem as ditaduras ousaram implementar. 

    Como diz a músico do cancioneiro popular, “tudo passa, tudo passará”. Mas as consequências funestas ficarão e marcarão para sempre essa página nada gloriosa da vida nacional. 

  5. O patrão de Moro não é o STF.

    O Juiz de um processo só e seus procuradores-talebans não vão pedir desculpas a ninguém por piores arbitrariedades que cometam.

    Seus patrões estão no Departamento de Estado, e não no STF. E eles não temem seus superiores em teoria no Brasil pois sabem que a maioria tem o “rabo preso” e podem acabar linchados na rua por mercenários “coxinhas” em similaridade com o que aconteceu com Kadhafi.

    O linchamento da resistência democrática, a começar pelo “Nunca Dantes” é o sonho de consumo dos “coxinhas” e o objetivo político dos patrões deste Juiz e seus procuradores-talebans no Departamento de Estado. Não o fizeram ainda apenas por conta do risco político.

    Apenas o povo nas ruas pode parar e reverter esta Inquisição neoliberal/fundamentalista/entreguista que está ocorrendo no Brasil.

    1. IDEIA PARA A RESISTENCIA 

      IDEIA PARA A RESISTENCIA  PROGRESSISTA: “MOVIMENTO OCCUPY PARATY HOUSE”

      Sei que está sendo complicado o jogo para a ala progressista brasileira, com constantes ataques cruéis, sórdidos e tudo de mais baixo da parte dos golpistas, coincidindo com datas importantes de nosso movimento, com a clara finalidade de esvaziar nossos atos, como o que ocorreu dia 22/09, justamente no dia da paralisação. Mas não podemos nos desanimar quando o que está em risco é a democracia e a melhor defesa é o ataque, por isso sugiro um movimento coordenado que pode abrir uma brecha nas trincheiras da Casa Grande: ocupar permanentemente a praia frente a Paraty House. Considerando que a praia em frente ao tríplex dos Marinhos é pública, assim como uma praça e, a casa é hoje a prova materializada da hipocrisia da Globo e do partidarismo da justiça nacional, sugiro:

      Montar um acampamento permanente em frente a casa, com revezamento dos militantes ao longo da semanaFazer um banner no modelo de um outdoor com a foto que foi divulgada com o nome da proprietária em um dos documentos apreendidos na operação lava jato e fixa-lo na praia.Montar uma campanha em todos os meios possíveis (watts app, facebook, youtube, blogosfera, twitter, panfletos, etc) visando a divulgação da ocupação na imprensa nacional e internacional com uma reivindicação bem clara: só desocupar a praia quando for aberto investigação sobre a ligação da família Marinho com a Mossak Fonseca (poderíamos incluir aí também um pedido de CPI sobre Furnas, Transalão, etc).Manter o assunto constantemente em destaque no trending top das redes sociais, fóruns de discussão, etc. Convidar algumas personalidades progressistas para entrevistas e eventos diretos da praia, a ser transmitidos pelo Youtube, Vimeo, etc.Para isto ser possível, é necessário considerar a criação de um fundo, a ser administrado por um movimento (poderia ser a FBP, Mídia Ninja ou outra entidade a ser discutida) com uma conta corrente para aceitar doações visando exclusivamente a manutenção dos militantes acampados na praia e a divulgação diária na mídia. Poderia ser considerado até mesmo a criação de Bots para a constante postagem de mensagens nos portais da grande mídia com a hashtag # OCCUPYPARATYHOUSE, no modelo que os coxinhas já fazem aqui.

      Este movimento, ser for bem feito e surtir resultado, poderá resultar em uma operação que revelará mais dinheiro sujo do que umas dez Lava Jatos inteiras, escondido em paraísos fiscais oriundos de sonegação fiscal da Casa Grande. Fica a dica.

      PLANO B: Caso o plano acima se mostre impraticável, uma ideia de menor porte, porém mais barata, seria ocupar a praça mais próxima à sede da rede Globo e montar lá um outdoor com a foto do triplex e a foto da assinatura.Se possível fazer uma maquete bem grande da casa pra chamar a atenção e montar um cenário tipo uma praia mesmo, com guarda sol e tudo.A noticia no link a seguir reforça essa necessidade de mexer nesse ninho de vespas:http://www.ocafezinho.com/2016/09/22/jose-roberto-marinho-aparece-no-bahamas-leaks/.

  6. 181 mil

    O juiz manda prender um sujeto que tem 181 000 empregados. Joga fora a chave até que o cidadão confesse as práticas usuais do ramo no Brasil. O juiz está à caça de um partido político. O juiz não tem provas nem convicção contra o empresário, ele só quer pegar o Lula e “acabar com essa raça”.

    Com a prisão do diretor da empresa ela acaba. Vão para o ralo a expertise de construção pesada, a subsidiária de equipamento de defesa, o conceito internacional duramente conquistado, e os investimentos em equipamentos e material humano. Faltam inclusive os impostos que essa empresa gerava. Quarenta anos de retrocesso!

    Pior, acaba com o arroz com feijão da mesa dos seus, agora, desempregados. Para o meritíssimo, tá tranquilo e phavorável. É o rei da rua, ganha 80 paus por mes e dá aula para os gringos. Aparece mais na tv que um galã de novela. Papai, olha eu!

    1. É uma caça covarde e burra

      Assino embaixo, emerson57. Incendeiam a casa pra matar uma barata. Quem encomendou o incêndio conhece bem o poder da barata. 

  7. E o cnj (assim, pequenininho,

    E o cnj (assim, pequenininho, ó), nem se coça em relação a esse juizeco que torna fulero qualquer stf da vida. Em relação então ao “entrevero” de poliça mandando em juiz, em mpf mandando em juizite, nem te conto. Mas, se considerar que o desembarga aquele, em palegre, sacramenta todas, que mais podemos dizer em defesa democrática? Bando? Afinal, se o desMoronado pronunciou o Lula após o espetáculo dantesco do mpf, nada mais resta a não ser que alguém, alô douta Carmen tome as rédeas da indecência. Tomará? Quá quá quá…

  8. Moro se desespera, erra,

    Moro se desespera, erra, afronta a Constituição, comete crimes, porque não consegue cumprir as ordens completas do Tio Sam.

    Após onda de indignação, Sérgio Moro manda soltar Guido Mantega

    Após onda de indignação, clique aqui, Sérgio Moro manda soltar Guido MantegaO juiz Sérgio Moro deve ser muito mal informado.  Desde 2012, os jornais noticiam que a esposa do ex-ministro Guido Mantega, Eliane Berger, enfrenta uma luta co…REDEMUNDONOTICIAS.COM  

     

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