Paulo Preto intimidou dois colaboradores e a mãe de um deles, aponta MPF

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A prisão do ex-diretor da Dersa e operador do PSDB, Paulo Preto, nesta quarta-feira (30) tem relação com a acusação de uma testemunha, que ligou para o Ministério Público Federal de São Paulo, chorando e afirmando que tinha medo de depor. Mas este é o terceiro episódio.
 
A testemunha é um homem que detalhou para os investigadores como funcionava o esquema de desvios em programas de reassentamento da Dersa. Ele prestou relatos ao MPF-SP em sala separada dos réus e teve a sua imagem protegida, sem divulgação.
 
Acusado de desviar R$ 7,7 milhões da estatal paulista, durante os governos tucanos de Geraldo Alckmin e José Serra (de 2009 a 2011), o ex-diretor era uma indicação que partia do PSDB e foi apontado como o operador dos esquemas ilícitos de propinas junto ao partido.
 
Nesta quarta-feira (30), por ordem da juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Paulo Preto foi novamente preso. Detido no dia 6 de abril, no âmbitos das investigações, ele passou apenas um mês na prisão até conseguir um habeas corpus do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu a sua liberdade.
 
A chamada telefônica da testemunha aos procuradores de República foi feita no dia 17 de maio. O homem ligou chorando, mostrando medo de depor. Mas essa não foi a única testemunha que relata se sentir ameaçada em prestar informações sobre as acusações que recaem contra Paulo Preto. 
 
A primeira prisão, no dia 6 de abril, não se deu pela quantia que o operador teria desviado, pelos R$ 113 milhões repassados por Paulo a contas no exterior, nem pelos indícios levantados pela Lava Jato de depoimentos da Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez e do lobista Adir Assad. A urgência foi motivada pelas ameaças que o investigado fez a uma ex-funcionária da Dersa.
 
A testemunha, neste caso, admitiu inserir, a mando de Paulo Preto, falsos beneficiários nas planilhas que contabilizavam os pagamentos para desapropriações de casas devido às obras do trecho Sul do Rodoanel, da avenida Jacu-Pêssego e da ampliação da Marginal do Tietê, durante os governos tucanos de Alckmin e Serra, gerando um prejuízo de mais de R$ 7 milhões entre 2009 e 2011.
 
A ex-funcionária disse aos investigadores do MPF que recebeu ameaças de Paulo Preto pelo menos três vezes, de que sofreria represálias na Dersa e em sua vida pessoal caso levasse adiante as denúncias. Por causa disso, ela narra que mudou de casa com frequência, com medo. E, assim, a Lava Jato decidiu prender o investigado pela primeira vez em abril.
 
Agora, a mãe dessa colaboradora também narra que passou a receber trotes depois que a filha prestou depoimentos. A idosa, mãe da testemunha, disse que recebeu telefonemas com pessoas chorando. O caso também foi interpretado pelos investigadores como tentativa de Paulo Preto intimidar a colaboradora.
 
Com estes episódios, somado à ausência de Paulo em uma das audiências em que foi convocado, a Procuradoria da República pediu, novamente, a prisão do operador tucano, que foi aceito pela Justiça Federal de São Paulo, sendo concretizada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (30).
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. Sistema PSDB-Aécio de métodos mafiosos e ameaçadores

    Se quiser ser cúmplice e fazer mutreta com esta gente, levem em consideração como eles tratam seus chupins e parentes. Palavras gravadas do Aécio: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação”

  2. Qual vai ser a desculpa de Gilmar Mendes no próximo HC???

    Cada HC de Gilmar Mendes deve ser acompanhado por uma justificativa… ele não pode escrever simplesmente: “A prisão de Paulo Preto atrapalha a vida de meus aliados políticos bandidos”.

    A justificativa seria que não havia provas que Paulo Preto ameaçava testemunhas… pelo jeito Gilmar Mendes estava completamente errado nessa “desculpa esfarrapada” pois o Paulo Preto está meaçando é a família toda da testemunha.

    Vale lembrar que Paulo Preto recebia chefes do PCC e negociava com eles… ou seja, é um sujeito perigoso!

    Outra pergunta ingênua: A PF NÃO VAI INVESTIGAR O ROUBO DE 2 COFRES NA CASA DE PAULO PRETO??

    Não passa pela cabeça dos “Xeroque Romes” que possa existir relação entre esse roubo e a Lava-Jato???

     

  3. A arbitrariedade aparece

    A arbitrariedade aparece quando não há provas, mas apenas convicção e, na outra ponta, quando há inúmeras provas, mas nenhuma convicção, ou, pior ainda, quando se legisla em causa própria e dos amigos.

    Para mim, acho que chegou a hora de parar de fingir que vivemos num estado democrático, e assumir que estamos dentro de um golpe, com Supremo e com tudo.

  4. Alckmin Presidente do Brasil

    Nós, eleitores de Alckmin que acompanhamos sua trajetória, sabemos que ele conseguirá provar que tudo não passa de falsas acusações. Confiamos na honestidade de Alckmin e temos esperança que o povo brasileiro verá que ele tem as melhores propostas e que é o candidato mais preparado pra assumir o Brasil.

    1. Se tivessem inocentes no PSDB não precisariam de Gilmar Mendes

      Se o Santo fosse mesmo Santo… não precisaria fugir tanto das investigações… enterrar todas as CPI´s… recorrer ao vergonhoso HC de Gilmar Mendes.

      Quem não deve não teme… deixem Paulo Preto delatar!!!

      Será que o dinheiro da Suíça vai entrar na campanha??? Se entrar, você pode estar sendo pago com dinheiro de propina, robô do Santo.

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