Pesquisa com manifestantes verde-amarelo mostra rejeição a Temer e antipetismo latente

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
 
Jornal GGN – Uma pesquisa realizada com os manifestantes que foram à Paulista no domingo, 26 de março, mobilizados por grupos de direita como o MBL, revela que há um racha na base que deu apoio ao impeachment de Dilma Rousseff. À pergunta “Você é a favor da permanência do presidente Temer no governo?”, 46,5% disseram que não e 46,9% disseram que sim, enquanto 6,6% não souberam opiniar.
 
Quando a questão foi “Você concorda com a reforma da Previdência?”, 74,8% repudiaram a proposta encampada por Temer, ante 19,3% que concordam com a reforma. Outros 5,9% não souberam responder.
 
A união inegável entre os manifestantes certamente apareceu nas respostas à pergunta “Você se considera antipetista?”. Aqui, quase 85% responderam “muito antipetista”, 5% “pouco antipetista” e 9%, “nada antipetista”.
 
Sobre o nível de conservadorismo de cada entrevistado, a pesquisa identificou um nicho de 47% que se disse “muito conservador”, 34% de “pouco conservador” e 14% de “nada conversador”.
 
Uma das pautas mais curiosas da pesquisa foi a relação dos manifestantes com demandas feministas. Quando a pergunta foi “Você se considera feminista?”, a grande maioria, 60%, respondeu “nada feminista”, outros 23% “pouco feminista” e apenas 12%, muito feminista. 57%, inclusive, apontam que feminismo é o contrário de machismo, e não uma luta por direitos iguais.
 
Apesar disso, o estudo revelou que:
 
94% discordam que lugar de mulher é na cozinha
51% acham que aborto deveria ser uma decisão da mulher
78%, que a vida sexual da mulher só interessa a ela
65%, que fazer aborto nem sempre é errado
90%, que a mulher deve vestir o que quiser sem ser incomodada
 
A maioria também apontou que não acredita em políticas de cotas raciais (75%), união homoafetiva (59%), descriminalização da maconha (62%), violência da PM contra negros (47%), nem no sucesso do Bolsa Familia (82%), e ainda acha que os direitos humanos atrapalham o combate ao crime (67%) e que “cidadãos de bem” deveriam ter o direito de portar armas (60%).. Sobre redução da maioridade penal, 84% se declararam a favor.
 
ANTI POLÍTICA
 
Quando questionados sobre posicionamento político, 31% se disseram de direita, 17% de centro-direita e 36,3% disseram “nada disso”, negando vinculação a qualquer corrente ideológica. A soma dos que responderam de centro-esquerda ou esquerda chegou ao patamar de 10%.
 
Diante de uma lista de partidos, 11% disseram ter afinidade com o PSDB. O segundo mais votado foi o partido NOVO (6%), seguido de DEM (1,6%). As demais legendas não conquistaram mais de 1% dos votos. A grande maioria, porém, respondeu que não tem afinidade com nenhum partido: 72,9%.
 
PERFIL SOCIOECONÔMICO
 
A maioria dos entrevistados se declarou de cor branca 75%, ante 15% de pardos e apenas 8% de negros.  Cerca de 30% declararam renda familiar de 5 a 10 salários mínimos; 20%, de 3 a 5 salários mínimos. Apenas 10% recebiam menos de 2 salários mínimos, e a soma dos que recebem de 10 a 20 salários mínimo é 25,8%.
 
Sobre escolaridade, 66% declararam possuir o ensino superior completo. 18%, o ensino médio, e 5,1% estão distribuídos abaixo desse nível.
 
A maior parcela dos entrevistados, 49%, tinha mais de 55 anos. Outros 21%, entre 44 e 54 anos e 15%, entre 34 e 44%. Na faixa dos 24 a 34, 9%. Entre 16 e 24 anos, 4,9%.
 
A “pesquisa sobre guerras culturais – 26 de março” entrevistou 512 pessoas maiores de 16 anos, entre 14h e 19h, no dia 26 de março, na Paulista, sendo 50% do sexo masculino e 49,8% feminino. A margem de erro é de 4,3%.
 
Embora as manifestações do dia 26 de março de 2017 tenham sido convocadas em apoio à Lava Jato e ao fim do foro privilegiado, a pesquisa não abrangeu esses temas. 
 
 
Realizado pelos pesquisadores Esther Solano, Marcio Moretto Ribeiro e Pablo Ortellado, o estudo está disponível aqui: http://rawgit.com/pesquisaR/resultados/master/relatorio2.html
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. O que se constata nessa

    O que se constata nessa pequisa é que o banco escolar está criando monstros.Inadimissível ,ao menos a mim,acreditar que quanto mais escolaridade mais preconceito e desumanidade.

    1. Erro de raciocínio. Correlaçao nao é causa…

      Os mais escolarizados podem até ser realmente mais de direita, mas nao é o banco escolar que causa isso. Vc esqueceu que os mais escolarizados ocupam na sua maioria os estratos sócio-econômicos mais favorecidos? Nao acha que a causa vem mais disso do que da escolaridade?

  2. O que destruiu a empatia

    O que destruiu a empatia dessas pessoas? Terá sido a mídia? Eu não sou rico, mas tenho nível social e econômico parecido com o pessoal que foi nessas manifestações. Eu quero SIM o melhor para mim e minha família. Mas não acho que para isso acontecer, os menos favorecidos precisam ser prejudicados. Pelo contrário. Já essas pessoas simplesmente perderam a empatia, a solidariedade, a compaixão. Viraram psicopatas.

    1. Foi sobretudo a onda…

      O que destruiu a empatia dessas pessoas? Posso afirmar que foi sobretudo a onda anti-classe média que o PT levantou a partir de certo momento de seu governo, cujo ponto alto foi aquele ridículo discurso da Marlilena Chauí dizendo que odeia a classe média. Uma irracionalidade gritante para um partido que proclamou haver incluído milhões de pobres na classe média. Esquecido de que antes de conquistar as massas, foi a classe média paulista politizada quem deu o sustentáculo inicial ao PT no começo dos anos 80.

      Gratuitamente insultados e tachados de coxinhas, muitas pessoas que eram indiferentes e até simpatizavam com o PT trocaram a indeferença pela antipatia.

      1. E isso justifica …

        …, como diria Cazuza, “transformar o país inteiro num put*iero, por que assim se ganha mais dinheiro”? Eu diria que não. Isso é mentalidade de torcida de futebol que sempre culpa o outro time, o árbritro (note que não escrevi juíz para não ser processado) ou a FIFA. O Acirramento de ânimos é coisa animalesca. Depois, ficar ofendido com o que uma militante disse mas não ficar ofendido com os direitos aviltados pera camarilha atual seria hilário se não fosse trágico, pelo menos para o povo e para o país, mas talvez para que tem como ir para Miami se a coisa feder isso não seja problema.

  3. Não negros, pretos

    Os pesquisadores tomaram cuidado em seguir o IBGE na questão raça e colocar as alternativas pretos e pardos. Já no texto escolheram conscientementes (ou não) negros e pardos. É uma distinção importante para movimentos negros.

  4. Escolaridade.

    É triste ver, inclusive aqui, se dar tanta importância a esta culturaltura “bacharelesca”.

    Desde quando alguém com ensino superior  vem com especialização em sociologia ou economia no “pacote”?

    Muitos engenheiros por exemplo, são incapazes de fazer uma afirmação ou sugestão  em algo similar a sua especialidade  em outra engenharia! Imagina sobre politica!

    As faculdades, salvo exceções,  infelizmente não passam de uma sofisticada “preparação para o trabalho”.

    Não estamos sendo destruidos pelos concurseiros? Completos analfabetos politicos?

  5. Escolaridade.

    É triste ver, inclusive aqui, se dar tanta importância a esta culturaltura “bacharelesca”.

    Desde quando alguém com ensino superior  vem com especialização em sociologia ou economia no “pacote”?

    Muitos engenheiros por exemplo, são incapazes de fazer uma afirmação ou sugestão  em algo similar a sua especialidade  em outra engenharia! Imagina sobre politica!

    As faculdades, salvo exceções,  infelizmente não passam de uma sofisticada “preparação para o trabalho”.

    Não estamos sendo destruidos pelos concurseiros? Completos analfabetos politicos?

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