Planilhas da Odebrecht confirmam ordens de propinas a cúpula do PMDB

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil
 
Jornal GGN – As delações da Odebrecht apontam a cúpula do atual governo de Michel Temer – o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha, o ex-ministro e ex-assessor Geddel Vieira Lima, o Secretário-Geral Moreira Franco – como a responsável por operar arrecadações de recursos ilícitos para as campanhas do PMDB, além dos ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Alves (RN).
 
A segunda denúncia contra Temer na Câmara traz, entre os anexos, a produção de relatórios pela Secretaria de Pesquisa e Análise (SPEA) da Procuradoria-Geral da República (PGR), que detectou nos sistemas da Odebrecht arquivos originais com os nomes de Padilha e Geddel e ordens de pagamentos a Moreira, Cunha e Alves.
 
Os documentos dos investigadores foram produzidos entre o dia 27 de julho e 8 de setembro deste ano e, apesar de não comprovar que os repasses ilícitos foram efetivamente e entregues, são indicativos fortes, uma vez que os arquivos estavam intactos, sem serem editados ou manipulados.
 
As buscas foram feitas pela SPEA para confirmar algumas das informações trazidas nas delações premiadas da Odebrecht e, durante as apurações, foram encontrados os arquivos originais relacionando caciques do PMDB como operadores do esquema.
 
Foram analisados 1,7 milhão de arquivos do Drousys, sistema de comunicação interno fechado para gerenciar transações, e as planilhas integram os autos da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Michel Temer e a cúpula do PMDB.
 
Entre os repasses, a que se refere ao codinome “Babel”, associado a Geddel Vieira Lima, traz programações semanais com sete ordens de pagamentos em 2010, a primeira de R$ 155 mil. Padilha, que seria “Primo” e “Bicuira”, teria recebido R$ 4,6 milhões em 2008 e 2014 e mais R$ 1,4 milhão em 2010. 
 
Moreira Franco teria recebido R$ 7 milhões, segundo um dos arquivos, sob o codinome de “Angorá”. Henrique Alves, chamado de “Fanho” e “Rio Grande”, outros R$ 2 milhões em 2014 e mais R$ 122 mil e US$ 67,2 mil em 2010.
 
Depoimento
 
Em depoimento prestado em julho deste ano, um dos principais integrantes do governo Temer a entrar para a berlinda definitiva da Operação Lava Jato, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, negou que sua indicação ao cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa vieiram dos outros peemedebistas: foi indicação direta de Temer.
 
Investigado na Operação Cui Bono?, sobre esquema de corrupção envolvendo a Caixa, entre os anos de 2011 e 2013, quando Geddel era vice-presidente de Pessoa Jurídica, ele prestou depoimento e confirmou que se encontrou com Lúcio Funaro, o operador do PMDB nos esquemas.
 
Confirmou, também, que Eduardo Cunha, por meio de seus interlocutores, “eventualmente demandou” informações, mas que não eram privilegiadas, e que “não alteravam o curso natural das operações de crédito”. Negou que os ex-presidentes da Câmara, Cunha e Alves, tenham interferido na sua indicação ao posto da Caixa, que foi feita diretamente pelo então vice-presidente da República.
 
Sobre as acusações de que Geddel se encontrava com o doleiro Lúcio Funaro no hangar da empresa Aero Star, em Salvador, para receber propina, o ex-assessor de Temer confirmou que se encontrou com o lobista no local, mas para “dar um abraço” em Funaro.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. planilhas…..

    Nossa Esquerdopatia Bipolar Tupiniquim precisa se tratar. Temos Justiça ou não temos Justiça? Ela vale sempre ou só quando é contra inimigos e ideologias das quais não concordamos? Estão criminalizando a Politica ou a Politica inventada nestes 40 anos é só caso entre Bandidos e Policia? Os “nossos” Bandidos são melhores que os dos outros? A Cleptocracia Tupiniquim da Redemocratização se explica. E se lamenta. 

    1. bipolar….

      Neste caso caolha pra que lado? Somos um país reinventado a 30 anos por estas regras que estão nesta Constiutição. Quem está errado as regras ou quem a escreveu? São os mesmos que estão governando neste período todo. Agora, as regras que inventaram não valem nada ou estão erradas? É mais que psquiátrico. Deve ser neurológico, este disturbio tupiniquim. Mas perfeitamene explicável conhecendo o histórico esquizofrênico.  

  2. As sementes do nazi-fascismo

    A mídia PiG sempre soube disso tudo. Mas como o PMDB apoiava (vendia) votos para o PSDB (FHC, Covas, Alckmin e serra, entre outros), não tinha problema…

    Êta falso moralismo! Moralismo e nacionalismo distorcido: as sementes do nazi-fascismo!

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