Presidente da Fecomércio-RJ é preso na Operação Jabuti

PF e MPF embasam ação em depoimentos do presidente da CNC e desafeto de Orlando Diniz , que nega qualquer objetivo de perseguição 
 
Atualizado 11h
 
 
orlando.jpg(Foto Divulgação)
 
Jornal GGN – A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (23) o presidente da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Orlando Diniz, durante a Operação Jabuti, uma etapa da Operação Calicute que, por sua vez, é um desdobramento da Lava Jato no Rio. A ação inclui ainda três mandatos de prisão temporária e 10 mandados de busca e apreensão. 
 
A entidade está sob investigação pelo pagamento a funcionários fantasmas e R$ 180 milhões em honorários advocatícios, além do desvio de recursos da Fecomércio e lavagem de dinheiro. Segundo a Polícia Federal, várias pessoas receberam durante anos salários da Fecomércio-RJ, mesmo nunca tendo trabalhando no órgão. 
 
Os investigadores também alegam que membros da gestão da entidade teriam realizado operações irregulares com recursos da Fecomércio calculados em mais de R$ 180 milhões. 
 
“Nesse valor estão incluídos cerca de R$ 20 milhões que teriam sido pagos ao escritório pertencente à [Adriana Anselmo] esposa de um ex-governador do Rio [Sérgio Cabral] que se encontra recolhido ao sistema prisional à disposição da Justiça”, diz a nota da PF.
 
O início das investigações começou em 2012, a partir da administração nacional do Sesc, levando a abertura de nova investigação pelo do Tribunal de Contas da União (TCU) no pagamento de entidades ligadas ao Sistema S à Fecomércio-RJ. Diniz chegou a ser afastado da administração do Sesc e Senac do Rio, no entanto, conseguiu voltar por força de uma liminar. 
 
Na operação mais recente os funcionários fantasmas incluiriam pessoas envolvidas nos esquemas de operação ilícita ligadas ao ex-governador do Rio. Para a PF e MPF, há indícios  de que Diniz participou de uma suposta organização comandada por Cabral. 
 
Em defesa de Diniz
 
Mas, segundo informações da Carta Capital, em sua defesa Diniz explica que a contratação do escritório de Adriana se deu por conta das credenciais da banca de advocacia, alegando ser vítima de perseguição de Antônio Oliveira Santos, presidente da Confederação Nacional do Comércio e desafeto.
 
Diniz tem feito movimentos para disputar a presidência da CNC, o que teria incomodado Santos que está na diretoria da CNC desde os anos 1980, quando era apadrinhado do general Golbery do Couto e Silva. Uma nova eleição a presidência da Confederação acontecerá neste ano. 
 
A CNC administra nacionalmente verbas do Sistema S calculadas em R$ 6 bilhões. Ainda, segundo a Carta Capital, por não depender financeiramente do apoio da CNC, Diniz conseguia manter uma postura crítica e independente em relação a direção do órgão.
 
O embate acontece desde 2012, justamente quando a administração nacional do Sesc iniciou investigações contra Diniz que levaram às investigações do TCU. Em meio às denúncias, Diniz foi afastado entre 2014 e 2015 da gestão do Sesc e Senac, retornado às funções por força de liminar. 
 
No intervalo em que esteve fora, auditores apontaram irregularidades de R$ 150 milhões, entre contratos sem licitação e benefícios pessoais, provocadas pelos interventores nomeados para substituí-lo. 
 
“Um detalhe dos bastidores deste jogo: Santos aparece como denunciante de Diniz nos documentos que embasaram o envolvimento do presidente da Fecomércio do Rio de Janeiro na Operação Calicute. Santos nega, porém, qualquer intenção de perseguir o desafeto”, pontua a Carta Capital. 
 
Operação Calicute
 
Em novembro de 2016, o ex-governador Cabral foi preso após o MPF concluir “crescimento vertiginoso” dos seus recursos. As investigações apontaram que o escritórios de Adriana Ancelmo recebeu durante o governo do marido R$ 35,8 milhões de 10 empresas, entre elas a Fecomércio do Rio. Os valores foram superiores a soma de todos os clientes do escritório em anos anteriores, alegou a PF. 
 
A Polícia Federal e o MPF procuram relacionar Diniz ao suposto esquema de lavagem de dinheiro e corrupção comandado pelo ex-governador.
 
 
*Com Folha e Estado de S.Paulo
 
Redação

2 Comentários

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  1. As finanças de todo sistema S

    As finanças de todo sistema S e das Federações patronais são uma antiga caixa preta, o Rio pode ser a ponta do iceberg mas

    há nuvens parecidas pelo Brasil afora, chegando às Confederações em Brasilia.

    O problema é o limbo juridico de controle dessas contas. As entidades são sustentadas por contribuições parafiscais obrigatorias mas elas, especialmente no sistema S que incide sobre as folhas de pagamento mas ao mesmo tempo

    são consideradas entidades privadas que tem o poder de arrecadar taxas obrigatorias. No meio do caminho entre privado e publico essas entidades tem o vicio de manter gestões que não se renovam, na Confederação Nacional do Comercio Antonio de Oliveira Santos ficou por 35 anos. Numa renovação obirgatoria abre-se um pouco a caixa preta mas com o mesmo  nome

    cativo por decadas a possibilidade de encobrimento de desvios é enorme, especialmente em terceirização de serviços, honorarios advocaticios e de consultoria, informatica, eventos.

    Nessas entidades o compradismo e o nepostismo nas nomeações é o padrão, na Federação da Agricultura do Estado de S.Paulo um clan familiar ocupa os melhores cargos há decadas, nas Confederações em Brasilia há jatinhos que servem às familias dominantes para ferias em resorts.

    Teoricamente o TCU pode fiscalizar mas na pratica é outra realidade.

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