Procuradores desmontam reportagem de IstoÉ sobre escutas ilegais

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A Associação Nacional de Procuradores da República rebateu, em nota, a reportagem “As escutas ilegais da Procuradoria Geral da República” sob Rodrigo Janot, veiculada pela IstoÉ no último dia 12.
 
A reportagem prometia explicar “como foi montado um esquema de escutas clandestinas dentro do Ministério Público Federal idealizado por Rodrigo Janot e comandado por Lauro Pinto Cardoso Neto, um colaborador do Centro de Inteligência do Exército nos anos de chumbo.”
 
Mas, segundo a ANPR, a história criada pela revista é incompatível com a realidade dos fatos e da vida dos atores envolvidos. A começar pela afirmação de que Cardoso Neto colaborou com a ditadura investigando pessoas contrárias ao regime. Outro dado desmontado é o de que a PGR utiliza um sistema de registro de escutas ilegal.
 
“As acusações vagas e injuriosas da reportagem contra membros do MPF são descabidas”, diz a ANPR.
 
 
Leia, abaixo, a nota completa assinada por José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR.
 
Nota de Esclarecimento – Reportagem da Istoé
 
ANPR rebate informações equivocadas sobre supostas escutas ilegais na PGR
 
Brasília (13/10/2017) – A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público esclarecer informações equivocadas e distorcidas da reportagem da revista Istoé intitulada “As escutas ilegais na Procuradoria Geral da República”. Ao relatar suposto esquema de escutas que estaria instalado na Procuradoria-Geral da República, sem apresentar qualquer prova concreta, a matéria lança acusações contra o procurador regional da República Lauro Pinto Cardoso Neto e o ex-procurador-Geral da República Rodrigo Janot.
 
Para corroborar uma história que se assemelha mais a uma teoria conspiratória, a reportagem faz referência a informações absurdas entre as quais a de que Lauro Cardoso teria sido “colaborador do Centro de Inteligência do Exército (CIE) nos anos de chumbo da ditadura militar, com a atribuição de investigar opositores do regime”. A informação não encontra respaldo na realidade: Lauro Cardoso tem 49 anos de idade, tinha 18 anos portanto quando assumiu o primeiro presidente civil, entrou na Academia Militar em 1986 e concluiu o curso de formação de oficiais em 1989. O que a reportagem parece reforçar é um descabido preconceito contra pessoas que passaram pela carreira militar, ademais, na democracia e esquece também a reportagem os 15 anos de Lauro Cardoso como membro do Ministério Público Federal.
 
Lauro Cardoso ocupou um dos postos mais importantes da instituição, o de Secretário-Geral do MPU, por 6 anos, o que implica diálogo constante não apenas com os membros do MPF como também de todo o Ministério Público. Exerceu a função com zelo e a deixou aplaudido por toda a carreira. Nada há de misterioso em sua trajetória. Membro do MPF desde 2002, ao longo de sua carreira, atuou em ações contra o crime organizado, foi membro do Conselho Penitenciário, foi titular do ofício criminal no Distrito Federal, combateu crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro e foi procurador-chefe da Procuradoria da República do Distrito Federal. Quando de sua promoção por merecimento a procurador regional da República, constou em lista tríplice com 9 dos 10 votos dos membros do Conselho Superior do MPF.
 
Além disso, vale esclarecer que o Sistema Guardião e os programas similares representam um avanço tecnológico importante para investigações. Porém, ao contrário do que diz a reportagem, ele não faz escutas ambientais ou interceptações telefônicas sem autorização judicial. O programa apenas recebe e armazena dados e gravações, e só pode ser instalado nos servidores de agentes públicos com poder de investigação e aptos a operá-lo. As interceptações acontecem mediante autorização judicial, de forma segura e de acordo com a legislação brasileira.
 
Mais importante contudo: o MPF não possui e jamais operou o Sistema Guardião. O Guardião comprado durante a gestão de Claudio Fonteles como Procurador-Geral da República foi doado para o Departamento de Polícia Federal, sem uso, durante o mandato de Antonio Fernando de Souza.
 
O sistema Guardião é utilizado por mais de duas dezenas de unidades do Ministério Público nos Estados há anos, a despeito de não ser utilizado na PGR. O uso do equipamento tem inclusive o aval do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que já reconheceu o rigoroso sistema de controle a que as escutas estão sujeitas, seja no âmbito administrativo seja no âmbito judicial.
 
O Ministério Público Federal, ao exercer suas atribuições constitucionais, invariavelmente atinge os interesses de diversas organizações e pessoas. Sendo assim, a suspeita de instalação de escutas (ambientais ou telefônicas) em gabinetes de Subprocuradores-Gerais da República deve ser tratada com a devida seriedade, por meio da apuração detalhada dos fatos, sob pena de ser o MPF e a sociedade os maiores prejudicados. E assim vem sendo feito. As acusações vagas e injuriosas da reportagem contra membros do MPF são descabidas.
 
A ANPR continuará vigilante em relação às tentativas de manchar a imagem dos membros do Ministério Público Federal. Teorias conspiratórias de suposta intrigas internas, que prescindem de robustez fática, visam tão somente o enfraquecimento do órgão. Resta saber a quem interessa prejudicar o Ministério Público Federal.
 
José Robalinho Cavalcanti
 
Procurador Regional da República
 
Presidente da ANPR
 
Jornal GGN – A Associação Nacional de Procuradores da República rebateu, em nota, a reportagem “As escutas ilegais da Procuradoria Geral da República” sob Rodrigo Janot, veiculada pela IstoÉ no último dia 12.
 
A reportagem prometia explicar “como foi montado um esquema de escutas clandestinas dentro do Ministério Público Federal idealizado por Rodrigo Janot e comandado por Lauro Pinto Cardoso Neto, um colaborador do Centro de Inteligência do Exército nos anos de chumbo.”
 
Mas, segundo a ANPR, a história criada pela revista é incompatível com a realidade dos fatos e da vida dos atores envolvidos. A começar pela afirmação de que Cardoso Neto colaborou com a ditadura investigando pessoas contrárias ao regime. Outro dado desmontado é o de que a PGR utiliza um sistema de registro de escutas ilegal.
 
“As acusações vagas e injuriosas da reportagem contra membros do MPF são descabidas”, diz a ANPR.
 
 
Leia, abaixo, a nota completa assinada por José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR.
 
Nota de Esclarecimento – Reportagem da Istoé
 
ANPR rebate informações equivocadas sobre supostas escutas ilegais na PGR
 
Brasília (13/10/2017) – A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público esclarecer informações equivocadas e distorcidas da reportagem da revista Istoé intitulada “As escutas ilegais na Procuradoria Geral da República”. Ao relatar suposto esquema de escutas que estaria instalado na Procuradoria-Geral da República, sem apresentar qualquer prova concreta, a matéria lança acusações contra o procurador regional da República Lauro Pinto Cardoso Neto e o ex-procurador-Geral da República Rodrigo Janot.
 
Para corroborar uma história que se assemelha mais a uma teoria conspiratória, a reportagem faz referência a informações absurdas entre as quais a de que Lauro Cardoso teria sido “colaborador do Centro de Inteligência do Exército (CIE) nos anos de chumbo da ditadura militar, com a atribuição de investigar opositores do regime”. A informação não encontra respaldo na realidade: Lauro Cardoso tem 49 anos de idade, tinha 18 anos portanto quando assumiu o primeiro presidente civil, entrou na Academia Militar em 1986 e concluiu o curso de formação de oficiais em 1989. O que a reportagem parece reforçar é um descabido preconceito contra pessoas que passaram pela carreira militar, ademais, na democracia e esquece também a reportagem os 15 anos de Lauro Cardoso como membro do Ministério Público Federal.
 
Lauro Cardoso ocupou um dos postos mais importantes da instituição, o de Secretário-Geral do MPU, por 6 anos, o que implica diálogo constante não apenas com os membros do MPF como também de todo o Ministério Público. Exerceu a função com zelo e a deixou aplaudido por toda a carreira. Nada há de misterioso em sua trajetória. Membro do MPF desde 2002, ao longo de sua carreira, atuou em ações contra o crime organizado, foi membro do Conselho Penitenciário, foi titular do ofício criminal no Distrito Federal, combateu crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro e foi procurador-chefe da Procuradoria da República do Distrito Federal. Quando de sua promoção por merecimento a procurador regional da República, constou em lista tríplice com 9 dos 10 votos dos membros do Conselho Superior do MPF.
 
Além disso, vale esclarecer que o Sistema Guardião e os programas similares representam um avanço tecnológico importante para investigações. Porém, ao contrário do que diz a reportagem, ele não faz escutas ambientais ou interceptações telefônicas sem autorização judicial. O programa apenas recebe e armazena dados e gravações, e só pode ser instalado nos servidores de agentes públicos com poder de investigação e aptos a operá-lo. As interceptações acontecem mediante autorização judicial, de forma segura e de acordo com a legislação brasileira.
 
Mais importante contudo: o MPF não possui e jamais operou o Sistema Guardião. O Guardião comprado durante a gestão de Claudio Fonteles como Procurador-Geral da República foi doado para o Departamento de Polícia Federal, sem uso, durante o mandato de Antonio Fernando de Souza.
 
O sistema Guardião é utilizado por mais de duas dezenas de unidades do Ministério Público nos Estados há anos, a despeito de não ser utilizado na PGR. O uso do equipamento tem inclusive o aval do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que já reconheceu o rigoroso sistema de controle a que as escutas estão sujeitas, seja no âmbito administrativo seja no âmbito judicial.
 
O Ministério Público Federal, ao exercer suas atribuições constitucionais, invariavelmente atinge os interesses de diversas organizações e pessoas. Sendo assim, a suspeita de instalação de escutas (ambientais ou telefônicas) em gabinetes de Subprocuradores-Gerais da República deve ser tratada com a devida seriedade, por meio da apuração detalhada dos fatos, sob pena de ser o MPF e a sociedade os maiores prejudicados. E assim vem sendo feito. As acusações vagas e injuriosas da reportagem contra membros do MPF são descabidas.
 
A ANPR continuará vigilante em relação às tentativas de manchar a imagem dos membros do Ministério Público Federal. Teorias conspiratórias de suposta intrigas internas, que prescindem de robustez fática, visam tão somente o enfraquecimento do órgão. Resta saber a quem interessa prejudicar o Ministério Público Federal.
 
José Robalinho Cavalcanti
 
Procurador Regional da República
 
Presidente da ANPR
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. Não seria papel da PGR?
    Um fato grave noticiado sobre um órgão do estado exige resposta do órgão. Se fato inverídico refutando o mesmo. Ou, se há dúvidas ou verdadeiro, quais providências serão tomadas.

    Uma associação corporativista não tem esse papel, até mesmo por ser estranha aos atos de administração do órgão envolvido.

  2. “Lauro Cardoso tem 49 anos de

    “Lauro Cardoso tem 49 anos de idade, tinha 18 anos portanto quando assumiu o primeiro presidente civil”

    Car​amba, o cara era mesmo precoce. Deve ter sido “colaborador do Centro de Inteligência do Exército nos anos de chumbo” (segundo a revista) aos 15? 16 anos? Que colaboração ele fazia? Paquerava as filhas dos inimigos da ditadura? Bem que a revista podia explicar isso…

  3. A ISTO É conseguiu um grande

    A ISTO É conseguiu um grande feito: ser pior que a VEJA nos seus piores momentos. Esta pelo menos cuidava do formal, preservava as aparências. 

     

  4. Vamos lá. Não confio na istoé

    Vamos lá. Não confio na istoé (rebatizada de quanto é). Não confio em Janot. Não confio na ANPR. Todos devem estar mentindo. A Istoé é uma revista de terceira categoria que preza pela mentira e foi veiculo do golpe. Janot é um fraco que foi engolido pela lava jato de coritiba e depois tentou surfar nas ondas tambem sendo peraonagem importante do golpe (além de ser um nada juridico com pareceres que causam vergonha) e a ANPR se tivesse vergonha teria EXPULSADO dos seus quadros o Dalagnol pos power point por não cumprir o minimo de imparcialidade e responsabilidade que se exige se uma pessoa com tanto poder quanto um procurador da republica. Sao iguais, nadem no lixo e nos dejetos. São diretamente responsaveis por transformar um pais em vias de se tornar potencia mundial nesse lixo bananeiro. Se merecem!!!

  5. Só posso rir dessa

    Só posso rir dessa hipocrisia-do-soldalício: quer dizer que qualquer coisa que fale mal do mpf gera imediatamente nota de desagravo dessa associaçãozinha? Ou seja, o dinheiro público entra nessas notinhas? E que tal essa associaçãoa-dos-mesmos-de-sempre vir a público pra denunciar as patranhas dellanhóiescas em curitiba? E que tal essa gente vir correndo apurar os crimes praticados pelos procuradores-de-araque? E que tal essa gentinha vir defender o estado democrático de direito que alguns deles (mesmos) estão botando pelo ralo da história? E que tal notificarem pela imediata absolvição da dona Marisa Letícia, coisa que o desMorolunático se nega a fazer, mesmo indo contra a legislação? Ora, vão se catar!

  6. Essa ANPR vale tanto quanto o panfleto
    A credibilidade dessa ANPR é a mesma do panfleto que procura criticar: nenhuma. O mais vergonhoso e descarado espírito de corpo.

  7. Bacanal na Mídia

    Se a matéria é falsa (provavelmente é falsa, por se tratar da IstoÉ), então o procurador Lauro Cardoso foi caluniado, apontado como criminoso de um crime inexistente.

    Se Lauro entrar com um processo, o juiz irá analisar suas relações sociais. Se Lauro tiver algum contato com o PT (um cunhado que votou na Dilma, por exemplo), então o juiz decidirá a favor da IstoÉ – liberdade de imprensa.

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