Quem investiga e julga os que investigam e julgam?, por Jeferson Miola

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Quem investiga e julga os que investigam e julgam?

por Jeferson Miola

Na análise O xadrez de Toffoli e o fruto da árvore envenenada, Luis Nassif explora a hipótese de que o vazamento da delação do presidente da OAS pela revista Veja seja parte, na realidade, de uma armação maquiavélica para anular provas que incriminam os tucanos José Serra e Aécio Neves.

Com a jogada, a Lava Jato continua focada no objetivo fundamental, que não é apurar de verdade a corrupção na Petrobrás, mas somente incriminar políticos petistas para ferir de morte o PT.

A explicação fajuta do Rodrigo Janot, Procurador-Chefe do MP, de que o rompimento do acordo de delação premiada com o empreiteiro deveu-se a tal vazamento [sic], faz exalar mais cheiro podre da controvertida Operação Lava Jato.

Chama atenção que pela primeira vez Janot reagiu a vazamentos feitos pelos próprios colegas da força-tarefa. A escolha de episódio aparentemente irrelevante para o vazamento – envolvendo sem provas o juiz do STF Dias Toffoli – é o álibi mais inteligente que Janot poderia usar para sua inédita decisão. Em relação às centenas de outros vazamentos seletivos em dois anos da Operação, Janot foi leniente, quando não autor.

A negociação para os acordos de delação premiada com a OAS e com a Odebrecht foi uma novela longa, com capítulos intrigantes; para não dizer escandalosos. Os justiceiros da Lava Jato patrocinaram um leilão entre a OAS e a Odebrecht, prometendo premiar com o acordo de delação a empresa que se dispusesse a incriminar Lula. Por outro lado, outras delações que atenderam de pronto aos requisitos da força-tarefa, foram homologadas a jato.

Um episódio é marcante. Em maio, procuradores ameaçaram encerrar a negociação do acordo com a OAS porque Léo Pinheiro inocentou o ex-presidente Lula nos depoimentos!

Dilma, Lula e o PT são a obsessão doentia dos justiceiros. O resto, ou seja, os políticos e agentes que receberam milhões de propina desde a época de FHC, não estão no escopo da Lava Jato. O discurso da corrupção, segundo o pensador italiano Norberto Bobbio, é apenas uma arma do fascista para usurpar o Poder: “Ele acusa, insulta, agride como se fosse puro e honesto. Mas o fascista é apenas um criminoso, um sociopata que persegue carreira política.Mais que corrupção, o fascista pratica a maldade“.

Os policiais, juízes e procuradores que praticam arbítrios em nome do combate à corrupção, são incensados por uma imprensa canalha.

A Lava Jato está em suspeição, porque é conduzida com critérios obscurantistas e discricionários, que atentam contra a Constituição e a Lei, com o objetivo de atacar e condenar injustamente segmentos específicos.

É urgente abrir a caixa preta da Lava Jato e submeter a Operação a uma rigorosa auditoria, sob a vigilância de instituições nacionais confiáveis e de organismos jurídicos internacionais.

É passada a hora de se dar acesso público a todos os inquéritos policiais, processos judiciais e a todas as delações e depoimentos dos bandidos que operavam para o PMDB e PSDB a corrupção na Petrobrás, em Furnas e em outras estatais.

As arbitrariedades e os abusos da Lava Jato não somente violentam o sistema jurídico nacional, como colocam em risco a democracia e o Estado de Direito no Brasil.

O absurdo déficit de transparência da Lava Jato já se configura como uma ameaça totalitária real.

O sistema jurídico brasileiro está sendo subvertido por autoridades que exorbitam do poder e instalam o arbítrio em lugar da Lei. É urgente interromper esta realidade esdrúxula, em que juízes acumulam os papeis de investigadores, acusadores e julgadores, e procuradores perseguem fascistamente adversários políticos!

Os justiceiros não estão acima e à margem da Lei e da Constituição. Recai, sobre eles, uma enorme desconfiança. É imperativo, por isso, investigar e julgar os que investigam e julgam

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

13 Comentários

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  1. quem….

    Só não vê quem não quer que fez muita “fumaça” para encobrir o escandâlo que as delações estava revelando: Serra, Aécio, Marina, Temer e o caminho da corrupção até estas figuras. O inacreditável é o PT, mas principalmente a esquerda e a imprensa não estar exigindo a divulgação daquilo que todo o brasileiro já sabe ha muito tempo. O Estado é usado como fonte de financiamento e corrupção de sua única elite: a elite pública. Na aberração não se salva ninguém. Que caia o Estado. O que não é mais possível é viver como mendigo na terra da riqueza. São milhões de crianças que se tornarão adultos, se chegarem a esta fase,  com seu futuro comprometido, analfabetos, indigentes, presidiários, desempregados porque um país inteiro, uma das dez maiores economias do planeta, quase que exclusivamente serve para sustentar uma elite parasitária. No século 21 continuamos na Idade Média. Não tem como esconder  mais nada. O cheiro de podre está por todo lugar.

  2. Direto ao ponto

    Prezados leitores,

    Com elegância e com a devida prudência, Jeferson Miola diz exatamente o mesmo que eu, sobre a ORCRIM da Farsa a Jato. É imperioso que os jornalistas independentes adotem o mesmo tom contundente nas críticas e denúncias contra as ORCRIMs intitucionais que patrocinaram o golpe de Estado e o fascismo.

  3. Agora?

    Acabou a Democracia e a Constituição. E os assassinos são os que deviam mantê-la viva, ou seja, o Judiciário.  Os militares voltarão para alegria dos estúpidos letrados da cráci média e dos bilionários traidores de sempre. 

  4. A resposta é simples: ninguém

    A resposta é simples: ninguém julga aqueles que comandam o judiciário. Por isso é que se faz necessário o controle político dessas instituições, ou melhor, a constituição garante aos eleitos uma parcela importante e que não deve ser obliterada nos mecanismos de freios e contrapesos. Na Suíça, por exemplo, dos trinta e oito juízes do supremo, dezenove são indicações feitas dentro do próprio parlamento. Pessoas de notável saber jurídico, dentro do parlamento, são indicados ao tribunal constitucional, por meio do voto de seus pares. Os outros dezenove são juízes de carreira. Detalhe: todos têm mandato. Ninguém fica para sempre no supremo de lá. Como a Suíça tem um órgão de auditoria ligado ao executivo, nenhum gasto do judiciário passa incólume aos olhos dos auditores. Sim gente: é possível viver sem ser perseguido pelos ditadores do judiciário. O absolutismo caiu na Europa faz tempo.

  5. A resposta é simples: ninguém

    A resposta é simples: ninguém julga aqueles que comandam o judiciário. Por isso é que se faz necessário o controle político dessas instituições, ou melhor, a constituição garante aos eleitos uma parcela importante e que não deve ser obliterada nos mecanismos de freios e contrapesos. Na Suíça, por exemplo, dos trinta e oito juízes do supremo, dezenove são indicações feitas dentro do próprio parlamento. Pessoas de notável saber jurídico, dentro do parlamento, são indicados ao tribunal constitucional, por meio do voto de seus pares. Os outros dezenove são juízes de carreira. Detalhe: todos têm mandato. Ninguém fica para sempre no supremo de lá. Como a Suíça tem um órgão de auditoria ligado ao executivo, nenhum gasto do judiciário passa incólume aos olhos dos auditores. Sim gente: é possível viver sem ser perseguido pelos ditadores do judiciário. O absolutismo caiu na Europa faz tempo.

    1. Vou publicar

      Vou publicar seu comentário, com devido respeito.
      Achei interessante sobre a Suiça, n´ós temos que ter parâmetros, para não perder as esperanças de um país melhor.

  6. Sempe entendi,e entenderei

    Sempe entendi,e entenderei até que o Altissimo resolva levar-me para o infinito da sua gloria, que “Rede Social” só deveria comportar artigos, textos,comentarios ou similares,que não ultrapassem às 50 linhas.Aqui,deparei-me,dias desses, com um artigo que perfazia um total de 333 linhas.Isso,entendo,vale para qualquer um,inclusive editores de blog’s.Não me valeria da condição da facilidade com o vernaculo,intimidade com a gramatica,ter o dom da escriba,que devo estender-me até onde não mais poder.Querem um exemplo?Verifiquem o artigo de Jeferson Miola.Conciso,objetivo,contundente,beira a perfeição.Não é só o de hoje.Todos os artigos dele,se enviezam por esse caminho.Jeferson Miola é um solitário em entender exatamente o que vem a ser uma Rede Social.Eu procuro seguir seu excepcional exemplo ,mesmo estando léguas da categoria dele.De parabéns Jeferson Miola.

  7. Bastou que eu ousasse mais

    Bastou que eu ousasse mais que o permitido,para que meus comentarios desaparecessem do blog.Inacreditavel.Nao deviam entao the-lo publicado.Quando a esmola passa da conta,o cego desconfia.

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