Relembre: Esquema da Caixa desemboca em integrantes de governo Temer

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Publicada em 16/01/2017
 
Jornal GGN – Durante a investigação de um esquema milionário de corrupção na Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2013, mais indícios são levantados contra aliados de Michel Temer e caciques do PMDB. O esquema investigado aponta para o período em que o ex-ministro do atual governo e um dos braços direitos de Temer, Geddel Vieira Lima comandava a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa. 
 
Mensagens capturadas pela Polícia Federal mostram que Geddel e o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, buscavam a liberação de R$ 50 milhões para empresas do Grupo Constanino (da viação Gol Linhas Aéreas), a Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários e a Comporte Participações.
 
Nessas mensagens, mais uma figura de Temer aparece: o atual vice-presidente de Governo da Caixa, Roberto Derziê de Sant’Anna, aliado do presidente Michel Temer. O executivo teria sido o responsável por intermediar o esquema que, de acordo com os investigadores, rendeu propinas ao grupo e aos políticos.
 
Em 2012, Derziê era diretor-executivo de Pessoa Jurídica da Caixa. “Depreende-se que Eduardo Cunha estaria informando Geddel que o empresário Henrique Constantino não estaria conseguindo comunicação com Roberto Derziê de Sant’Anna, diretor-executivo de Pessoa Jurídica da CEF”. Os investigadores registram ainda: “Logo em seguida, Geddel reporta a Eduardo Cunha que Derziê já ligou para ‘HC’ (Henrique Constantino) e verifica se o assunto se trata de R$ 50 milhões”, conclui relatório da PF.
 
 
O então diretor da Caixa foi nomeado por Temer, em 2015, secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais, para fazer a articulação política com o Congresso. Em seguida, ocupou a vice-presidência de Riscos do banco, sendo exonerado em abril de 2016 por Dilma Rousseff.
 
Cunha e Geddel também teria atuado para a liberação de crédito para a J&F. Em uma mensagem apreendida, datada de 29 de agosto de 2012, Cunha pergunta a Geddel sobre o caso da empresa, e “Geddel confirma ainda que já estaria na pauta do Conselho Deliberativo (‘CD’), e brinca sobre sua eficiência em relação aos ministros que Eduardo Cunha teria indicado”, diz a PF.
 
O então vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, Geddel responde ao parlamentar que já “resolveu” o tema da liberação para a J&F e, sobre a sua “eficiência”, brinca com Cunha: “Vc tá pensando que eu sou esses ministros q vc indicou? Abs” [sic], envia. E obtem a resposta do deputado: “Ok rasrsrs” [sic].
 
Tratava-se de medidas para operações de crédito corporativo da vice-presidência da PJ do banco. A Operação é um dos desdobramentos da Catilinárias, que investiga a captação de recursos suspeita de empresas ligadas ao grupo JBS, Eldorado e J&F.
 
Mais um dos movimentos no esquema de corrupção envolve outro aliado de Temer, a então diretora executiva de Fundos de Governo e Loterias, Deusdina dos Reis Pereira, subordinada ao vice-presidente Fábio Cleto. Em maio de 2012, Deusdina liberava um empréstimo a BR Vias, também do Grupo Constantino. 
 
Com o empréstimo liberado, a Polícia Federal identificou o pagamento de propina por meio de uma empresa de Lúcio Bolonha Funaro.
 
Desde que a ex-presidente Dilma Rousseff demitiu Fábio Cleto, Deusdina automaticamente ocupou o lugar do executivo. Michel Temer manteve a agora apontada por corrupção na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias. 
 
Leia os documentos da Operação “Cui Bono?”:
 
 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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