Relembre: Novo delator deve desmentir versão de Yunes, amigo de Temer

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Publicada em 09/03/2017
 
Jornal GGN – O amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, José Yunes, voltou para a mira das investigações da Lava Jato na Odebrecht. Isso porque além de documentos darem conta que empresas de sua família pagaram, pelo menos, R$ 1,2 milhão para companhias de fachada, nova delação da Odebrecht recai sobre ele.
 
Trata-se do acordo do ex-diretor da empreiteira, José Carvalho Filho, que compromete, mais uma vez, o ministro licenciado da Casa Civil do governo Temer, Eliseu Padilha, e o amigo do presidente, José Yunes.
 
Com a mesma informação divulgada pelo ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Claudio Melo Filho, o novo delator narra que um operador da empreiteira levou o dinheiro da campanha de 2014 do PMDB ao escritório de advocacia de Yunes, em São Paulo.
 
Apesar das informações já prestadas à Operação Lava Jato, o ex-diretor da companhia irá depor ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas na próxima sexta-feira (10). Ele foi intimado pelo relator do processo de cassação da chapa Dilma e Temer, ministro Herman Benjamin.
 
Espera-se que José Carvalho Filho detalhe o episódio, para esclarecer as dúvidas e brechas que ainda permanecem do caso. Entre as informações prestadas, deverá anunciar o nome do operador que levou o repasse do PMDB ao escritório de Yunes, em 2014.
 
A versão do amigo de Temer é que foi o operador do PMDB, Lúcio Funaro, quem levou um pacote a seu escritório, a pedido de Eliseu Padilha. Mas disse à Procuradoria-Geral da República que não sabia o que tinha dentro do pacote.
 
Entretanto, José Filho desmente a versão do amigo e ex-assessor de Michel Temer. O delator conta que a entrega do dinheiro ao escritório de Yunes foi feita por um operador de dentro da Odebrecht, do Departamento de Operações Estruturadas, o chamado “setor da propina”. E afirma que o intermediário não foi Lúcio Funaro.
 
Em sua delação, Cláudio Melo Filho cita que José Carvalho foi o responsável pela tarefa de distribuir R$ 4 dos R$ 10 milhões destinados às campanhas eleitorais do PMDB em 2014. Esse montante foi a porcentagem enviada a Padilha, supostamente a pedido do próprio então vice-presidente, e agora mandatário, Michel Temer.
 
Ainda, José Filho não informa apenas que parte dos recursos foi entregue a Yunes, como também diretamente no escritório de Eliseu Padilha, em Porto Alegre, naquele ano. E uma terceira parte teria sido enviada a uma pessoa ligada ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
 
A concretização dessa negociata teria ocorrido, segundo todos os delatores até o momento, em jantar promovido pelo então vice-presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu. Na ocasião, além de Temer, estavam presentes Eliseu Padilha, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Claudio Melo Filho, e o ex-presidente e herdeiro do grupo, Marcelo Odebrecht.
 
Em resposta, tanto Yunes, quanto o Planalto negam irregularidades. O amigo e ex-assessor de Temer afirma que “jamais recebeu qualquer documento de algum representante da empresa Odebrecht” e que “não sabe, não conhece, nunca viu a pessoa de José Filho. A única pessoa que esteve em seu escritório foi o senhor Lúcio Funaro”.
 
O advogado de Funaro, por sua vez, afirma que ele “jamais foi operador da Odebrecht” e que tampouco “foi levar dinheiro da construtora” no escritório de Yunes. Já em entrevista à Folha de S. Paulo, o novo ministro da Justiça, Osmar Serraglio, falou em nome do Planalto e disse que Temer só pode ser atingido por investigações se houver provas de que “ele sabia que estavam recebendo dinheiro indevido”.
 
“Para o Michel ser envolvido, precisa que se demonstre a responsabilidade subjetiva. Ele pode nunca ter sabido. Como eu tenho observado, que ele nunca discutiu valores. Vai ter que aparecer que ele sabia que estavam recebendo dinheiro indevido”, disse.
 
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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. COINCIDENCIA

    Por que tais pessoas encontravam-se no mesmo dia, no mesmo local ? Um jantar informal ou a comemoração de algum negócio feito ? E ninguém viu os pacotes de dinheiro ? Esta em baixo da mesa ? 

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