Secretaria da Fazenda que cometeu calote fiscal investiga campanha de Dilma para Gilmar

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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A pasta do governo de Geraldo Alckmin foi denunciada, em julho, por “pedalada” no pagamento da Nota Fiscal Paulista. Agora, a pedido de Gilmar Mendes, a Secretaria prepara relatórios de empresas que o ministro acredita terem irregularidades na campanha da presidente
 
 
Jornal GGN – Não bastando o despacho encaminhando “indicativos de ilícitos” nas contas da presidente Dilma Rousseff, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, pediu agora a ajuda da Secretaria de Fazenda de São Paulo para investigar indícios de irregularidades de outra empresa, no pagamento de R$ 1,6 milhão para a campanha da presidente. A empresa, segundo Gilmar Mendes, foi aberta apenas dois meses antes das eleições.
 
A pedido de Gilmar, a pasta do governo de Geraldo Alckmin encaminhou as informações de que a empresa Angela Maria do Nascimento Sorocaba-ME foi aberta em agosto de 2014 e, em um mês, emitiu notas fiscais eletrônicas no valor de R$ 3,7 milhões sem pagar impostos. Também foi informado pela Secretaria que desse total, R$ 1,6 milhão foi emitido em nome da campanha de Dilma.
 
Curiosamente, a mesma pasta que encaminhou todas as informações para Gilmar Mendes é hoje comandada por Renato Villela. Se por um lado, a Secretaria da Fazenda está fornecendo materiais para o ministro do TSE questionar as contas de Dilma, como mais uma tentativa de pedido de impedimento do seu governo, além das próprias pedaladas fiscais já em julgamento pelo Tribunal de Contas da União, o secretário de Alckmin seria também o responsável pelas “pedaladas fiscais” no atraso do pagamento das Notas Fiscais Paulistas.
 
Villela é economista, ex-secretário-adjunto do Tesouro e foi subsecretário de Fazenda da prefeitura do Rio de Janeiro. Em julho deste ano, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo, Roque Citadini, denunciou o calote da pasta estadual aplicado no consumidor, ao mudar as regras do programa da Nota Fiscal Paulista. 
 
Em meio à crise econômica, para compensar a queda na arrecadação, Villela decidiu adiar os créditos que seriam liberados para o consumidor em outubro, além de penalizar os repasses, que caíram de 30% para 20% (http://bit.ly/1Mjz1th).
 
Agora, essa mesma Secretaria fez as buscas da empresa, fornecendo material extra para a empreitada de Gilmar Mendes contra o mandato de Dilma. A equipe de Villela informou que a Angela Maria do Nascimento Sorocaba-ME não foi encontrada no endereço comercial e realizou, inclusive, uma diligência na residência da proprietária, que dá nome à empresa. As investigações da Secretaria da Fazenda concluíram que Angela foi orientada a abrir a sede apenas no período eleitoral. 
 
Já o contador da empresa de Angela, Carlos Carmelo Antunes, que é também funcionário da empresa Embalac Indústria e Comércio Ltda., disse que a abertura ocorreu a pedido da Embalac, com o objetivo de livrá-la de custos com impostos. Assim, teriam sido emitidas 29 notas para a campanha, referentes ao fornecimento de placas e faixas.
 
A Secretaria da Fazenda de São Paulo também concluiu um relatório sobre toda a atividade da empresa Focal Confecção e Comunicação Visual, que Gilmar Mendes também suspeita de ter recebido dinheiro indevido da campanha da presidente. Com agilidade, o órgão informou que há “conclusões preliminares, pois devido ao grande volume de documentos apresentados faz-se necessário mais tempo para o aprofundamento das investigações e elaboração de relatório final”.
 
Agora, o ministro do TSE conta com o Ministério Público de São Paulo para investigar as suspeitas de irregularidades, previamente descritas pela Secretaria da Fazenda. 
 
Leia também: Gilmar não tem fundamento jurídico para investigar contas de Dilma, diz PT
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

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  1. Como assim, “a pasta do

    Como assim, “a pasta do governo Geraldo Alckmin”? Vai dizer que Alckmin não sabe o que Renato Vilela, o responsável pela pasta, fez? Digo das pedaladas… E Alkmin não sabe o que esse secretário está fazendo agora?

    Mania de proteger Alckmin, bah…

  2. Patético.

    Um empresa enquadrada no SIMPLES descarrega Receita noutra empresa “parceira”. Uma faz as “mercadorias”, a pedido da outra, que as fornece para o comprador. Só para evitar uma elevação de alíquotas. Ilicito meramente tributário.

    Prática comum entre empresas administradas pelo mesmo contador. Picaretagem contábil comum para evitar o pagamento de alíquotas superiores de tributos por mudança de faixa no SIMPLES. Se for na vida empresarial de cada um ou na campanha de outros candidatos vai verificar que tem um monte de fornecedor assim.

    Se for tudo isso que o Gilmar acohu e está mandando investigar, é mesmo patético.

    1. Explicou bem direitinho

      Explicou bem direitinho Luciano. Foi isso mesmo o que aconteceu. Por aí você tira a qualidade de um integrante da Suprema Corte do nosso País. Triste.

    2. A orquídea do penhasco

      Vi um rapaz cair e se agarrar a beira do penhasco. Segurou-se na frágil pétala de uma orquídea, procurando sustentar o peso descomunal de seu corpo para evitar a queda. Não existe outra coisa que ele possa fazer, não tem mais nada ao seu alcance, nada mais firme que o ar.

      Tirando a aflição que causa a cena, há um certo tom cômico em observar alguém inocentemente despejar sua esperança de salvação na ligação que a pétala mantém com o restante da planta, e que a planta mesma tem com o solo.

      Os gestos reflexivos não passam pelo crivo racional, respondem apenas ao automatismo da sobrevivência, programada através da fé. A fé só é tolice para quem não crê. Digo isto porque a pétala sustenta ainda hoje o peso do rapaz.

  3. Gilmar, pede pra sair!

    Caraca, mano, onde esse gilmar mete o focinho a bagaceira é certa! E olhem a quem ele vai pedir informações para fundamentar suas ilações: no covil da tucanhalha!

  4. “A regra é clara;

    “A regra é clara; Consultoria: Se for do Piementa da Veiga pro Marcos Valerio é apenas consultoria. Agora se a consultoria for do Dirceu DO PT pra quem quer se seja ha inidicios irrefutaveis de crime. Vejamos, manter o PMDB no cabresto por 8 anos: Se for o FHC é simplesmente a “arte da politica”. Agora se foi o Lula ou a Dilma DO PT temos que apurar o valor do mensalão, saber quem eram os operadores e forçar os agentes publicos a se delatarem ou se arrependerem. Agora nesse caso especifico venda e confecção de placas para campanha presidencial. Se a empresa vendeu placas pra Marina, pro Aecio, pro Pastor Everaldo, pra Luciana Genro, pro Levy Fidelix, pro Ze Maria, pro Rui Costa ou pro Marronzinho a empresa apenas praticou o seu negocio habitual. Agora se fez placas pra Dilma DO PT, é agora que eu dou o GOLPE.”

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