Secretário de Transportes culpa lei de licitações por formação de cartéis

Da Folha

Secretário de Alckmin diz que diretor o decepcionou

Jurandir Fernandes não defende ex-subordinado acusado de levar propina

O titular da secretaria paulista de Transportes Metropolitanos culpa a lei de licitações pela formação de cartéis

DE SÃO PAULO

O secretário de Transportes Metropolitanos do governo de São Paulo, Jurandir Fernandes, disse à Polícia Federal que ficou “decepcionado” com um antigo subordinado dele na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que é acusado de ter recebido propina da empresa Alstom em uma conta que mantinha na Suíça.

O subordinado é João Roberto Zaniboni, diretor de operações e de manutenção da CPTM entre 1999 e 2003. Zaniboni recebeu US$ 836 mil em uma conta que mantinha no Credit Suisse, em Zurique.

Como diretor da CPTM, Zaniboni assinou aditivos que aumentaram em cerca de R$ 12 milhões os contratos que a estatal tinha com a Alstom, a Bombardier e a Inepar.

À época em que ele foi diretor da CPTM, Jurandir ocupava pela primeira vez a secretaria de Transportes Metropolitanos (2001 a 2005)–ele voltou ao cargo em 2011.

O secretário disse que o fato de Zaniboni ter mantido conta no exterior o “deixa indignado”. O ex-diretor da CPTM foi condenado na Suíça por lavagem de dinheiro.

A CPTM é subordinada a essa secretaria. O depoimento de Fernandes foi prestado no último dia 25.

O secretário colocou a culpa na legislação brasileira pelos cartéis que atuam em licitações públicas.

“O processo licitatório brasileiro é muito lento, muito cheio de espaços e prazos, o que abre oportunidades para que o mercado se articule, o que pode diminuir a competitividade”, disse ao delegado Milton Fornazari Junior.

O secretário confirmou à PF que conheceu em 2003 o consultor Arthur Teixeira, apontado como alguém que teria intermediado propina paga por empresas como Alstom e Siemens. Foi uma empresa de Teixeira que fez os depósitos na conta de Zaniboni na Suíça.

Fernandes classificou Teixeira de “lobista do setor metroferroviário”. Após voltar ao cargo com a eleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB), ele teve três reuniões com Teixeira em 2011. A Folha não conseguiu localizar o advogado de Zaniboni.

O secretário disse também conhecer o executivo Masao Suzuki, da Mitsui, multinacional japonesa acusada por um ex-funcionário de ter queimado provas sobre o cartel –o que a empresa nega.

Fernandes também teve como subordinado dois executivos da CPTM que tiveram recursos bloqueados por suspeita de ter recebido propina.

Os executivos são Oliver Hossepian, que foi presidente da CPTM, e Ademir Venâncio, diretor da empresa. Ele disse não saber se Zaniboni, Oliver e Venâncio atuavam conjuntamente na CPTM para cobrar propina.

(MARIO CESAR CARVALHO E FLÁVIO FERREIRA)

 

Redação

12 Comentários

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  1. Haddad afirma ter sido coagido por barão da mídia.

    Com IPTU, Haddad descobre lado obscuro dos ‘donos da cidade’

    Prefeito relata declaração de guerra feita por dono de um grupo de comunicação por causa da cobrança progressiva do imposto

    por Redação RBA publicado 17/12/2013 12:55, última modificação 17/12/2013 15:14

    sugerido pelo Silvio Dutra, via Facebook

    ‘Recebi um telefonema de um dono de muitos meios de comunicação dizendo que não daria trégua à prefeitura’

    São Paulo – Fernando Haddad não precisou chegar ao fim de seu primeiro ano de mandato à frente da maior cidade do país para concluir que nem só de boas intenções e competência técnica se faz uma gestão. Queira ou não, o prefeito petista de São Paulo tem de conviver com estratégias jogadas em cenas obscuras protagonizadas por aqueles que se consideram donos de São Paulo.

    “Recebi um telefonema de um dono de muitos meios de comunicação dizendo que não daria trégua à prefeitura e que colocaria todos seus veículos contra o IPTU progressivo. Isso não me foi contado. Isso foi dito”, relata, durante uma conversa com jornalistas, realizada ontem (16) à noite na sede da administração municipal. O prefeito não revelou o nome do barão midiático que declarou guerra abertamente. Segundo o site Conversa Afiada, o empresário seria Johnny Saad, dono do Grupo Bandeirantes e “proprietário de muitos imóveis urbanos em São Paulo”.

    Questionado se já não sabia que seria assim, dado o histórico de governos do PT no Palácio do Planalto e na própria prefeitura, Haddad parece indicar que conhecia o problema, mas desconhecia seu tamanho, e admite a necessidade de repensar sua política de comunicação para evitar distorções.

    O caso do IPTU resume bem o problema. Após quatro anos sem reajuste, o prefeito conseguiu aprovar na Câmara Municipal um projeto de lei para aplicar um aumento maior nos bairros mais valorizados, e baixar o valor do tributo em regiões que gozam de menor infraestrutura urbana. Mas a medida se tornou impopular devido à dificuldade da gestão de explicar justamente isso à população e à resistência de parte da mídia tradicional, que, em parceria com a Fiesp e o PSDB, conseguiu que o Tribunal de Justiça concedesse liminar congelando a aplicação dos novos níveis de cobrança.

    A gestão promete apresentar recurso à decisão. “Quando discute IPTU progressivo, cobrando mais de quem pode mais, cobrando menos de quem pode menos, você está discutindo a fonte de financiamento de um Estado de bem-estar social que ainda está muito no começo no Brasil. Tem muito para avançar”, defende o prefeito, que parece manter uma característica que ajudou a levá-lo ao cargo: a clareza de ideias, a intenção de enxergar os macroproblemas a partir das microsituações, a transferência das ideias do acadêmico ao mundo da execução política e a consciência de que, na macropolítica, a filosofia de gestão é um espaço demarcado de disputa de projetos.

    “Está em discussão no Brasil o modelo de Estado que nós queremos. Queremos o Estado mínimo, acreditando que o mercado vai resolver os problemas da população mais pobre, ou queremos um Estado com protagonismo, que tenha condições de dar resposta às questões sociais?”

    Questionado se não gosta de fazer política, como se tem ouvido em bastidores até no meio petista, ele afirma que apenas vê sentido em que as pessoas se dediquem a algo voltado ao interesse comum, visão que tem de ser resgatada no país. Na conversa, Haddad volta a cravar que não tem problemas em sacrificar sua reeleição e reitera que entende a política como uma prática voltada à construção de soluções para o cidadão. Considera que o fundamental é pensar projetos de longo prazo e garantir a máxima execução possível nos quatro anos a que tem direito, sem que se deva preocupar se as futuras administrações darão sequência a isso ou não.

    Ao traçar um balanço da gestão, Haddad parece satisfeito com aquilo que prometeu pouco mais de um ano atrás: Bilhete Único Mensal e eficiência no transporte público, Arco do Futuro, revisão do Plano Diretor Estratégico, melhoria dos serviços de saúde. Se terá tempo para fazer tudo, não sabe, mas entende que uma região da cidade estará transformada rapidamente. “A zona leste vai mudar. Vou dar alguns exemplos. Ficando pronto o Rodoanel Leste, os caminhões saem da Jacu-Pêssego. A Jacu-Pêssego, juntando com o polo de Itaquera, é a zona incentivada da prefeitura. O que queremos é geração de emprego. Você vai ver uma grande transformação física. Conglomerados econômicos, dois ou três, vão investir ali para geração de emprego. Talvez tenhamos uns 100 mil empregos.”

    A principal fonte de preocupação do petista continua a ser a mesma, e nada indica que será outra quando encerrar o mandato: a baixa capacidade de investimento da prefeitura de São Paulo. R$ 18 bilhões de pagamento de precatórios, R$ 55 bilhões de dívida, R$ 2 bilhões a menos graças ao congelamento da tarifa de transporte público e R$ 1 bilhão da decisão judicial do IPTU somam um montante muito superior ao orçamento anual de R$ 40 bilhões. A esperança reside agora no sinal verde do Ministério da Fazenda para que o Senado vote a renegociação da dívida de estados e municípios com a União, o que, espera, virá até fevereiro.

    Na conversa, o prefeito afirmou ainda que a mudança de modelo de gestão das subprefeituras entra agora numa segunda etapa. Neste primeiro ano de mandato, Haddad apostou na desmilitarização das estruturas, legado de Gilberto Kassab (PSD). Agora, com a eleição dos integrantes dos conselhos participativos municipais, o petista imagina ser possível aproximar representantes populares eleitos da administração da cidade.

    Confira aqui trechos da entrevista conduzida por Eduardo Maretti, da RBA, Renato Rovai, da revista Fórum, Maria Inês Nassif, da Carta Maior, Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada, e Eduardo Guimarães, doBlog da Cidadania.

    PS do Viomundo: Vamos pedir à Prefeitura — e também ao governo estadual paulista — a lista completa dos gastos com publicidade oficial em 2012. Os que pagam a conta certamente merecem saber.

     

     

    http://www.viomundo.com.br/politica/haddad-a-emissora-que-recebeu-r-900-mi-do-governo-federal-em-12-anos.html

    1. Se um dos “donos” de SP fez ameaças diretas, então

      Haddad está no caminho certo. Tanto faz se o “dono” tem sobrenome Frias, Saad ou xxxx.

      Estou gostando do nosso prefeito. É a 1ª vez em décadas que vejo um prefeito de SP pensando em SP,  e não só na sua carreira futura (Brasília).

    2. Força!!!

      O povo não é bobo, está com o prefeito. 

      Nem precisava falar que era a Band, a gente vê isto nos noticiários, todos os dias.

      Tem a FIESP também, um prédião daqueles o IPTU deve ser enorme.

  2. O que faz esse eterno

    O que faz esse eterno “laranja” do PSDB, desde os tempos do Grama, em Campinas, é tentar nos convencer de que o culpado pela corrupção é o dinheiro… Vá lamber sabão, Sr. Jurandir. 

    1. Certamente,

      se este cidadão estivesse bêbado, e, ao dirigir assim batesse num carro estacionado na contra-mão, iria culpar:

      a) o carro estacionado irregularmente,

      b) a bebida, que lhe causou torpor. 

       

      Um grande mal de quem é apanhado com irregularidades é o de culpar os outros, nunca a si mesmo. Isso só um juiz pode fazer. 

  3. Lei das Licitações…

    Vejo esta Lei ultrapassada. Ela era importante no passado, quando ficava difícil ter acesso as contas do governo. Hoje em dia a transparência das contas públicas funciona melhor que esta Lei burra.

    Afirmo: A Lei das Licitações é a legalização do desvio de dinheiro público.

    Se não existisse esta Lei os custos da administração pública diminuiriam uns 30%. E a velocidade do serviço público aumentaria 80%.

    1. Exatamente!

      O secretário tem razão.

      Essa lei pune os bons no lugar dos maus. Não impede a corrupção e atrapalha os honestos.

      Fazer licitação é um trabalho do cão, custa um dinheirão, e não evita a corrupção.

      O que desestimula o crime não é o trabalho que dá, é o medo da punição.

      Sem a certeza de punição e com a certeza de boa recompensa os criminosos não desistem.

      Cadeia pra todos eles é a solução.

      Isso o secretário não disse.

       

  4. O problema não é a “política de comunicação”

    “Haddad parece indicar que conhecia o problema, mas desconhecia seu tamanho, e admite a necessidade de repensar sua política de comunicação para evitar distorções.”

    O marketing matou a política. Agora todo político acha que a solução para a política é o marketing.

    O inimigo mora em casa. Haddad é sócio do clube sírio e conhece muito bem seus patrícios, sobretudo Kassab, Maluf, Afif e Saad. Eles mandam na justiça, na saúde e na engenharia civil. Daí terem muitos imóveis, entre outras coisas.

    O oriente médio não é o que é por acaso.

    O marketing não vai devolver a Palestina aos palestinos.

    Não é, Nassif?

  5. O marketing matou a política

    “Haddad parece indicar que conhecia o problema, mas desconhecia seu tamanho, e admite a necessidade de repensar sua política de comunicação para evitar distorções.”

    O marketing matou a política. Agora todo político acha que a solução para a política é o marketing. Eles estão dopados pela propaganda. De tanto fazer acabam acreditando nela.

    O inimigo mora em casa. Haddad é sócio do clube sírio e conhece muito bem seus patrícios, sobretudo Kassab, Maluf, Afif e Saad. Eles mandam na justiça, na saúde e na engenharia civil. Daí terem muitos imóveis, entre outras coisas.

    O oriente médio não é o que é por acaso.

    O marketing não vai devolver a Palestina aos palestinos.

    Não é, Nassif?

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