Sem coerções ou prisões, Yunes “esclarece” R$ 10 milhões do PMDB

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Yunes disse que, ao receber em seu escritório os R$ 4 milhões, não sabia do que se tratava. Enquanto isso, o ministro da Casa Civil que teria recebido o montante sai de licença por “problemas de saúde”
 
Michel Temer e seu assessor especial do gabinete pessoal, José Yunes
 
Jornal GGN – O empresário e amigo de Michel Temer, José Yunes, que foi apontado por delação de executivo da Odebrecht como o intermediário de um dos repasses de um total de R$ 10 milhões da empreiteira para as campanhas do PMDB, em 2014, a mando do atual presidente da República, diz que deixou o governo para tentar se defender.
 
A saída do ex-assessor de Temer do governo foi a sétima baixa do Planalto, no último ano. Foi no dia 15 de dezembro, que Yunes anunciou a sua saída. Conselheiro amigo de Temer há 40 anos, se considerando “psicoterapeuta político” do peemedebista, ocupava a assessoria especial da Presidência.
 
Ambos mantiveram uma relação de proximidade desde os tempos da graduação, em 1960. A amizade se estendeu por 50 anos, até assumir posto no gabinete pessoal do presidente. Mas duas delações de peso na Operação Lava Jato recaíram sobre a relação.
 
O ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho delatou um encontro, com a presença do presidente Michel Temer e do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, para o repasse de R$ 10 milhões, em caixa 2, da Odebrecht às campanhas eleitorais do PMDB.
 
O pedido partia, disse o delator, de Temer. Destes, mais da metade, R$ 6 milhões seriam destinados a Paulo Skaf, então candidato do PMDB ao governo de São Paulo, e outros R$ 4 milhões seriam destinados a Padilha para as demais campanhas do partido. A remessa destinada a Padilha teria contado com a ajuda de Yunes. O amigo de Temer recebeu em seu escritório o dinheiro vivo, depois encaminhado ao atual ministro. 
 
A delação de Cláudio Melo Filho foi confirmada pelo próprio presidente da Odebrecht, Marcelo. Ele narrou que o então vice-presidente o convidou para um encontro, no Palácio do Jaburu, em maio de 2014, onde solicitou a ele os repasses em caixa dois.
 
Passaram-se mais de dois meses desde que Yunes deixou o Planalto para contar uma nova versão da narrativa. Sem se manifestar à época, quando saiu do governo de Temer, disse apenas, em nota oficial, que seu nome tinha sido jogado “no lamaçal de uma abjeta delação” premiada e criticou a “fantasiosa alegação, pela qual teria eu recebido parcela de recursos financeiros em espécie”.
 
“Não houve caixa dois, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente”, completava o Planalto.
 
Mas a manifestação não foi suficiente. Exatamente 70 dias depois, uma nova versão para a história surge. Sem pedido de condução coercitiva ou intimação para prestar depoimento, Yunes teria ido “espontaneamente” à Procuradoria-Gerald a República falar sobre o tema, na última semana.
 
Disse que, em 2014, em plena campanha eleitoral do partido de seu amigo, Michel Temer, Yunes disse que recebeu um telefonema de Padilha, pedindo um “favor”, para que apenas recebesse alguns documentos, que seriam retirados por um emissário. Sem supostos mais questionamentos, o empresário teria concordado.
 
Ainda, Yunes, ao receber em seu escritório os R$ 4 milhões, em um “pacote”, não olhou o que, na verdade, se tratavam os tais documentos. Disse que o lobista Lucio Funaro apareceu em seu escritório “trazendo um pacote”. 
 
Aos investigadores da Lava Jato e à Folha de S. Paulo, contou sua versão de que não sabia, até hoje, o conteúdo do pacote e que tampouco se preocupou, em pleno pleito eleitoral, de saber o que havia dentro. Disse que também mal conversou com Funaro.
 
“Pedi demissão para defender a minha inocência nesse episódio e para que tudo fique muito bem esclarecido, não querendo me prevalecer nem do cargo nem da proximidade com o presidente”, disse o amigo de Temer ao jornal.
 
Na retomada das manchetes que recaem sobre o governo peemedebista, foi a vez de, coincidentemente, Padilha tirou “licença médica”, nesta quinta-feira (23) da Casa Civil. Justificou, em meio ao turbilhão das delações da Odebrecht contra o PMDB e as campanhas com caixa dois, que precisava operar a próstata.
 
Após o depoimento espontâneo de Yunes à PGR, os investigadores devem pedir a abertura de inquérito para investigar o repasse exclusivo dos R$ 10 milhões à cúpula peemedebista, principalmente a Padilha.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

18 Comentários

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  1. Assim não dá né! É muito

    Assim não dá né! É muito bandido picarêta e muita falcatrua num mesmo post! Isso dificulta o entendimento e causa revolta de ver tanto bandido duma vez só, e no comando do Brasil! Solicitamos a gentileza de fatiarem esses posts r, e vcs tiverem alguma dificuldade, peçam ajuda aos 11 golpistas do supremo tribunal federal, exímios fatiadores! kkkkkkkkkk

  2. Ué, mas quando a defesa do

    Ué, mas quando a defesa do Cunha perguntou ao Temer, dentre outras coisas, “qual a relação de Vossa Excelência com o Sr. José Yunes?” o juiseco Moro o censurou alegando que “Cunha tentou constranger e intimidar Temer”!!!

    E agora, todas essas perguntas que segundo o juiseco “nada diziam respeito ao caso concreto” (uma nova forma de dizer “não vem ao caso”) se mostram muito pertinentes sim ao caso concreto que interessa, que é o assalto ao governo
    do país pela quadrilha Temer, com o beneplácito da justiça a começar do STF, diga-se de passagem.

    Segundo esse raciocínio, pode-se afirmar então que Moro tentou obstruir a lava-jato, ao tentar blindar Temer de Cunha (inutilmente, aliás, já que Yunes se antecipou ao “esperto” juiz e abriu a boca longe de Curitiba, para não ser podado, e com isso a camarilha iniciou sua ruína, a começar por Padilha).

    E aí, como é que fica? O juiseco não vai virar réu por obstrução a justiça? Por muito menos a PF quer denunciar Lula e Dilma…

    1. Mr. Moro não é um juíz, é só

      Mr. Moro não é um juíz, é só mais um criminoso parte dos conspiradores. E um criminoso tão óbvio e amador que na minha terra até um promotor recém-saido da universidade conseguiria colocá-lo na prisão por muito tempo.

  3. Cuidado Primo,
    Você pode ser

    Cuidado Primo,

    Você pode ser vitima de queima de arquivo.

    Torça que para os médicos que vão lhe operar não tenham a ética daqueles monstros que tripudiaram em cima da Dona Marisa Leticia.

    Neste momento você sumir do mapa daria um alivio ao MT e aos membros do comite do golpe, assim como aconteceu quando, o Teori desapareceu.

    Brimo, pensa bem… remarque esta cirurgia.

     

     

     

  4. Àqueles que foram às ruas contra a HONRADA!

    Leiam com atenção o post em tela. Perceberão que a criatura que patrocinou, tanto em São Paulo quanto em Brasília, aqueles  patos amarelos que embalaram suas esquizofrênicas manifestações, também está enlameado!  VIVA DILMA!

     

    [video:https://youtu.be/HRnHX-AILcw%5D

     

     

  5. Mas há os de bom coração

    Acabo de ler em blog muito admirado, citado, referenciado, difundido, etc. por pessoas, digamos, contra a corrupção, que a delação de amigo de Temer diz que ele simplesmente recebeu pacote endereçado ao ministro da casa civil, mas não fala que o pacote continha dinheiro. Fiquei aliviado.

  6. assim: o padilha nem baixou

    assim: o padilha nem baixou hospital pra entrar na faca e o yunes já lhe dedicou a missa do sétimo dia. Obviamente que as declarações yunescas são pra inglês ver (epa!). Está – amicíssimo de 50 anos – tentando tirar o GOLPISTA da reta, sob os auspícios do preclaro desMoronado. Traíra que é traíra, trai sempre: agora, foi a hora de urubuzarem o padilha. Quadrilha é pouco! Baitas sem-vergonhas: cretinos, até diria, se com isso não fosse ofender os cretinos de sempre e mais alguns.

  7. Pacotão ou Pacotaço?

    A Título de curiosidade.

    As dimensões de uma nota de cem Reais, maior nota em circulação no país, são 15,60 cm x

    7,00 cm x 0,01 cm e seu peso é de aproximadamente 0,25 g.

    Quatro milhões de Reais representam 40.000 notas de cem reais.

    O acondicionamento é feito em grupos de 100 unidades cada envolvidas com uma cinta de papel.

    Assim acondicionados quatro milhões de Reais representam 400 grupos de cem notas.

    Fazendo-se uma base de 5 x 4 grupos e empilhando-se todos os 400 grupos tem-se um pacote

    medindo 35,00 cm x 62,40 cm x 20,00 cm e pesando 10 kg.

     

    Haja “documento”!

    Haja “pacote”!

     

  8. Haja paciência com os yunes da vida

    Cada nota de dinheiro brasileira pesa cerca de 25 gramas.

    Então, R$ 4.000.000,00, em notas 100 reais (que é o maior valor em circulação), pesaria 10 quilos.

    Nos bancos – inclusive na Casa da Moeda, com as notas novas, os caixas usam o sistema de “cintado”, ou seja, 100 notas envoltas por uma cinta. No caso de R$ 4.000.000,00 seriam 400 cintados.

    Se cada nota de 100 reais possui, digamos,  0,5 ml de base, o pacote teríamos:

                    R$ 4.000.000,00 / 100,00 = 40.000 notas x 0,5 mm = 20.000 mm / 1.000 (metro) = 20 metros

    Grosso modo, se tal dinheirama constasse apenas de notas novas de R$ 100,00 e, desprezando as “cintas” bancárias, teríamos um pequeno pacote de 20 metros x 7 cm (altura da cédula) x 15,6 (comprimento da cédula), pesando 10 quilogramas

    ou, talvez, pacote de 5 metros x 28 cm x 62,4 cm, pesando 10 quilos.

    ou, talvez, pacote de 2 metros x 70 cm x 1,56 m, pesando 10 quilos

    e, mesmo assim, o dr. Yunes não teve a menor curiosidade em saber a razão para aquela empresa ter deixado tal “pacote” para o Padilha em seu escritório?

    Ora, ora e ora.

     

    1. E vocês estão certos.

      Cada cintado contém 100 notas de igual valor. Um tijolo contém 10 cintados. Um milhão caberia fácil numa bolsa grande de mulher. Mas era um homem e não era um milhão, e não caberia em um envelope. Quem sabe um malotinho ou maleta.

      Que conversa mais besta. Logo, logo,  a mula  vai alegar problemas de saúde mental.

  9. O tamanho do pacote

    Quando era criança meu padrinho era tesoureiro de uma caixa de pensão de ferroviários. Nos aniversários eu ganhava um pacote de 500 notas de 1,00 cruzeiro. Era um tijolo!

    Os 4 milhões do sr. Yunes/Temer, considerando-se que sejam notas de 100,00 formam cerca de 80 tijolos, ou cerca de 16 pacotes de papel sulfite de 500 páginas cada e de peso provavelmente maior.

    Os papeis que o sr. funaro entregou deveriam encher facilmente duas malas grandes! Mesmo assim não levantaram duvidas!!!

    Me lembro sempre dessa história quando vejo, nos filmes, malinhas com 10 milhões de dolares!!!

  10. Esse cidadão quer causar embaraço à delação de Cláudio Melo Filho. Tudo orquestrado com Temer. Um pacote que ele não abriu, disse pequeno, não soube dizer quem o entregou! Fácil assim… Mas bom mesmo é que a Lava-Jato vai se revelando cada vez mais imparcial. 

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