Sem provas, Youssef diz que Planalto sabia de esquemas na Petrobras

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Ao que tudo indica, a CPI da Petrobras conseguiu pautar a imprensa, não o contrário. Nesta segunda-feira (11), deputados federais que compõem o núcleo de investigação parlamentar criado a reboque da Operação Lava Jato conseguiram tirar do doleiro Alberto Youssef o nome de dois membros do primeiro escalão do governo de Dilma Rousseff (PT) que, na visão do réu delator, teria algum conhecimento sobre os esquemas de pagamento de propina na estatal de petróleo.

Provocado pelo tucano Bruno Covas, Youssef inseriu Ideli Salvatti – que ocupou a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência no mandato anterior – e Gilberto Carvalho – ex-ministro da Secretaria-Geral – em um cenário que ele desenhou com base em conversas que mantinha com o também réu delator Paulo Roberto Costa. Sem provas.

De acordo com informações do jornal Valor Econômico, Youssef fez a declaração implicando Ideli e Carvalho quando falava sobre um racha do Partido Progressista (PP) em torno da nomeação da liderança responsável por negociar propinas com Paulo Roberto Costa.

De acordo com o doleiro, “em determinado momento, ocorreu o racha do partido e isso foi parar no Palácio. O Paulo disse pro Meurer [Nelson Meurer, então novo líder do PP] que quem falava quem seria o seu interlocutor era o Palácio. (…) Que eu me lembro, foi conversado com Ideli Salvatti e Gilberto Carvalho.”

O doleiro, entretanto, observou que sua fala é fruto de uma avaliação pessoal. “Confirmo e digo que isso é no meu entendimento. Não digo que havia uma coordenação [do Planalto], mas acredito que eles tinham conhecimento, no meu entendimento, do que acontecia. Serviu aos interesses do partido, automaticamente, dos partidos da base aliada”, afirmou.

De acordo com o Estadão, “um dos parlamentares da CPI questionou o doleiro. ‘Então, era o Palácio que reportava a Paulo Roberto a quem ele tinha que conversar?’ Youssef respondeu: ‘A interlocução sempre foi José Janene, depois passou a ser Mario Negromonte (ex-ministro das Cidades, governo Dilma Rousseff), Nelson Meurer. E, em determinado momento, houve racha no partido e essa situação foi parar no Palácio e o Paulo deixou claro para o Nelson Meurer que quem tinha que indicar o novo interlocutor seria o Palácio.'”

“E o Palácio indicou esse interlocutor?, insistiu o deputado. ‘Foi trocado, na época, a liderança e a outra parte passou a ter os seus recebimentos com a liderança deles.’ O Palácio era quem? O senhor disse Gilberto Carvalho e Ideli Salvati?’ ‘Lembro que foi conversado com Idelli Salvati e com o secretário Gilberto Carvalho.'”

Sem transmissão

A CPI da Petrobras está na capital do Paraná para ouvir os réus da Lava Jato que estão presos por determinação do juiz Sergio Moro. Foi Moro quem deu autorização e ajudou a CPI a elaborar um cronograma de audiências com os investigados. Em função disso, a CPI fugiu da cobertura tradicional, com transmissão ao vivo pelo site da Câmara, para que um leque maior de veículos de imprensa pudesse acompanhar os trabalhos em tempo real, diretamente na fonte primária da notícia.

A Agência Câmara publicou alguns trechos do depoimento do doleiro. Segundo a assessoria da Casa, Antonio Imbassahy (PSDB) teria perguntado: “O senhor tem certeza de que o Planalto sabia?”, e Youssef respondeu: “O [ex-diretor] Paulo Roberto Costa sempre dizia, quando havia alguma divergência no partido sobre pagamentos, que tinha que ter o aval do Palácio do Planalto.”

“Imbassahy perguntou então se Youssef se sentia mais seguro por causa disso. ‘Sim. A partir do momento em que Paulo Roberto Costa disse pra mim que Paulo Bernardo [ex-ministro do Planejamento e das Comunicações] foi pedir R$ 1 milhão a ele para a campanha da [senadora] Gleisi Hoffmann de 2010, na minha opinião, o Palácio sabia’, disse. “Mas eu não tenho como provar isso'”, acrescentou Youssef.

Em alguns depoimentos prestados às autoridade da Lava Jato, Youssef foi orientado a falar apenas sobre o que tem conhecimento ou condições de apontar outros indícios que comprovem a sua delação. Na CPI, contudo, o uso político das declarações do doleiro é viabilizado pela oposição ao governo Dilma, independente da apresentação de provas. Os jornais recordaramm que a exploração das falas do doleiro não é iniciativa inédita. Durante a disputa presidencial, Youssef disse que “Dilma e Lula” sabiam de tudo no caso Petrobras. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

19 Comentários

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  1. Eu estou dizendo pra voces

    Eu estou dizendo pra voces com todas as letras que essas palavras foram colocadas na boca de Youssef.

    Da pra detectar isso de milhoes de quilometros de distancia:

    A que ponto o doleiro ja se referiu ao “Palacio do Planalto” antes e quantas vezes?

    A analise linguistica nao deixa duvida NENHUMA.

  2. Esécie de boneco amestrado à

    Esécie de boneco amestrado à disposição do Juizo, Youssef está contando estorias há décadas, começou no caso Banestado e lá se vão vinte anos, está a mão para contar qualquer enredo, como é possivel que esse delator profissional tenha ainda alguma credibilidade? Tem o papel auxiliar que os “gansos”  ou os” X-9″ tem na Policia, especie de “Cabo Anselmo” para detonar processos e pessoas. Pelo que já detonou mereceria alguma biografia critica sobre sua vida e obra. Trabalho que teria boa vendagem, sugestão para escritores do tema, Percival de Souza, Guaracy Minguardi, alo, alo.

  3. Em seu programa que irá ao

    Em seu programa que irá ao ar, os tucanos poderão usar as ilações de um delinquente contumaz como se verdadeiras fossem. A exemplo do que faz a revista de esgoto semanal. Como é que a nossa justiça nos deixou nessa situação, não consigo explicações. 

  4. O “método” da República do

    O “método” da República do Paraná, com suas prisões e internações, me lembra um samba de breque que o Jorge Veiga gravou (acho que se chamava Orora). Um pedaço que se aplica:

    Eu outro dia, sem querer no cais do porto 
    pra olhar um morto eu desci do lotação 
    num instantinho vi dois caras parecidos 
    e pela farda acho que era o Cosme e Damião 
    e num instante eu já estava no distrito 
    me deram um bico que eu fiquei sem ouvir direito
    que coisa chata foi servir de testemunha 
    me arrancaram a unha do dedão do pé direito 
    me bateram tanto que eu fiquei abilolado 
    me enfiaram um prego no buraco do nariz 
    pra me ver livre dos carinhos do delega 
    eu fui obrigado a confessar o que eu não fiz
    e eu confessei que no ano de mil e quinhentos 
    no dia vinte de dois de abril 
    o Pedro Álvares Cabral era inocente
    fui eu quem descobriu o Brasil 
    eu confessei que matei o Tiradentes
    que sou culpado no estouro do Guandu 
    paguei uma multa de cinquenta mil cruizeiros
    e fui à pé pra minha casa em Bangu…e muito jururú…
     

  5. A novela do petrolão

    Não tem jeito, todo dia inventam uma nova “fala” de Youssef para ver se chega a Dilma e em consequência, no Lula. Ja da para a Globo, que adora ficção, fazer um novelão ai. Tem inicio nos anos 90, com alguns flash backs meio apagados, afinal essa época não interessa muito, e com grandes revelações na segunda parte da trama. So falta incluir ai, também, seus patrões, que sempre estiveram em comunhão com o poder. Até o PT chegar ao poder Executivo.

  6. Hoje a CBN tá como o diabo

    Hoje a CBN tá como o diabo gosta, repercutindo as mentiras de Youssef, destacando apenas o que lhe interessa, como o provável conhecimento de Lula e do Planalto sobre os crimes. 

    Resta saber se Youssef reforçará o que disse anteriormente a Moro sobre o envolvimento de Aécio em furnas. Tudo indica que até mesmo o que o sujeito não revelou a Moro dirá aos parlamentares, porque esse bandido, tão inteligente como ladrão, não o será menos agora para se aliar à oposição. 

    Só nos resta esperar o desenrolar desse processo, contando com o bom senso de Janot e as consequentes atuações do STF. 

  7. O que vale isso? Vale para a imprensa cair de pau no governo

    Do depoimento do ladrão, não esquecer, confesso e reconhecido pelo Juiz Moro: “Que eu me lembro, foi conversado com Ideli Salvatti e Gilberto Carvalho.” O que ele quer dizer pelo que eu me lembro? Usa-se esta forma quando se tem dúvida, se a lembrança não é “forte” o suficente para ser afirmativo. Denota dúvida.

    E prosseguindo, “O doleiro, entretanto, observou que sua fala é fruto de uma avaliação pessoal.” Fruto de avaliação pessoal.” O que vale a avaliação de um ladrão que já foi preso, aceitou delação premiada, com a qual se deu muito bem, pois eliminou concorrentes e aumentou sua fortuna. DE Youssef: “Confirmo e digo que isso é no meu entendimento. Não digo que havia uma coordenação [do Planalto], mas acredito que eles tinham conhecimento, no meu entendimento, do que acontecia.” Ele acredita!! No entendimento dele! Deuses que estão nos céus, e a imprensa cai matando de pau o PT! É que há que matar o inimigo. Única conclusão possível.

  8. Este é um sinal que a data da

    Este é um sinal que a data da eleição em terceiro turno esta chegando. Foi assim na véspera do segundo turno.

    Eles querem mudar o resultado da eleição em terceiro turno com a mesma estratégia do segundo turno.

  9. Youssef, levado à regressão

    Youssef, levado à regressão mental pelo método hipnótico do doutor Moro, já viu com clareza tudo o que fez em qualquer dia ou noite de sua aventurosa vida. Sem dúvida descreverá com detalhes até a penumbra da maternidade do dia em nasceu, se isso ajudar algum tucano a pegar algum petista. 

  10. Inacreditável

    Dar guarida a: no meu entendimento eu acho, considero, vejo,,,

    É o fim do mundo, e comentar tão precioso dado de alguém que mente desde a primeira delação premiada a que se submeteu no passado é demaissssss mesmo para o PIG. Vejam que no uol o assunto tá lá no meio da pagina como se jogada sem qualquer destaque o que para o padrão felha quer dizer que nem eles mesmo acham que cola. O mesmo no globo.com.

    Enquanto isso os progressitas completamente neurotizados e alarmados……..

    Haja saco……..

  11. COMO ACREDITAR NO YOUSSEF.

    Como acreditar no Youssef um que ladrão que sempre conta meia verdade e no sacana do Moro Barbosa que quer porque quer pegar o Lula. Youssef teve envolvimento em 2002 com o Banestado foi flagrado acompanhando um pagamento total de R$ 39,6 milhões da Copel numa agência do Banco do Brasil em Curitiba.

    Durante a delação premiada o advogado do mesmo era ligado ao PSDB no qual vazou informações que o réu declarou que a presidente Dilma e o ex- presidente Lula tinha conhecimento dos esquemas de corrupção na Petrobras para influenciar as eleições realizadas em outubro, na época o PT pediu acesso à delação premiada do doleiro, mas foi negado por  Teori Zavascki.

    Foi o braço direito de José Janene o ladrão falecido. Para quem não sabe. Os caminhos de Moro e do doleiro cruzaram-se faz tempo. O titular da 13ª Vara Criminal de Curitiba conheceu Youssef quando ele era réu em processos relacionados ao caso Banestado (não deixe de ler – http://www.cartacapital.com.br/revista/822/a-ascensao-do-doleiro-3577.html) o único que dá credibilidade total ao Youssef é o Moro Barbosa.

    Alias, Moro Barbosa deveria se investigado eu não acredito nele debaixo d’água. Quando Youssef falou sobre Furnas vê se ele se prontificou a investigar? Quem será que mandou Youssef jogar o PT na lama? 

  12. O doleiro admitiu, durante

    O doleiro admitiu, durante quase quatro horas de depoimento, que não tem provas sobre o que ocorreu, mas enumerou episódios que, para ele, demonstram o conhecimento do Planalto. “A opinião é minha. É o meu sentimento. Agora, prova, não tenho”, declarou.

    NA MINHA OPINIÃO…..

    NÃO TENHO PROVAS……

    É O MEU SENTIMENTO……..

    Precisa dizer mais ???????

  13. Youssef, Paulo Ropberto Costa e Moro avacalharam com a Lavajato!

    Ou os dois delatores mentem ou

    Un deles está mentindo.

    Estamos percebendo que os dois delatores estam sendo conduzidos para um caminho que aponte para a incriminação do PT da Presidenta e do Ex presidente Lula e até botar o candidadto(o Haddad) a prefeitura de São Paulo num rolo.

    Querem ganhar a próximas eleições eliminando os candidatos do PT.

    Esse é o esquemão da oposição, do Moro      e da Mídia.

  14. A questão não é acreditar ou

    A questão não é acreditar ou não, mas criminalizar doações legais, é isso que eles estão encaminhando; mesmo que tenha havido um acordo entre os partidos para dividir doações legais das empresas, isso não é crime.

  15. É este tipo de comentário que

    É este tipo de comentário que a direita irá sustentar ininterruptamente contra o governo/PT para queimar a rosca diariamente, é de se questionar de que não haja milhares de focos de corrupção no país?  Em nível Federal, Estadual, Municipal, Estatais, Autarquias….

    AGORA O ARREMATE FINAL – TINHA QUE SABER MESMO PARA COMBATER COMO COMBATEU – SENÃO DEIXARIA OU REMETERIA AO ENGAVETADOR DA REPÚBLICA? Ne Não?

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