Souza e Valim: Por trás da condenação de Lula está a exclusão de classes sociais

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Foto: TCM/SP

Jornal GGN – O doutor em sociologia Jessé Souza e o doutor em Direito Rafael Valim publicaram juntos, nesta terça (23), um artigo no UOL sobre as questões políticas, sociais e econômicas que estão por trás do julgamento de Lula por causa do caso triplex, em segunda instância.

No artigo, os dois autores lembram que há julgamentos que ficaram marcados na história porque o Direito foi abandonado excepcionalmente para que se pudesse impor mudanças políticas em algumas sociedades. Eles citam episódios na França e Estados Unidos.

“Nessas conjunções, as lutas e os sofrimentos de várias gerações ou de toda uma sociedade atingem o seu clímax e o que é julgado não é um homem ou uma mulher específica, mas a própria sociedade como um todo.”

“O julgamento de Lula no dia 24”, dizem, “é um desses instantes históricos em que uma sociedade inteira diz quem ela é. Se o processo judicial contra Lula, como nos dois casos históricos elencados acima, é, segundo os mais respeitados juristas nacionais e estrangeiros, eivado de nulidades e contradições, além de faltar qualquer prova contra o acusado, o que está, na verdade, em julgamento neste processo?”, provocam.

Na sequência, Souza e Valim respondem: “O que está sendo julgado aqui é o recente processo de incorporação, ainda que muito incipiente e parcial, das classes sociais secularmente excluídas no nosso país, que é precisamente o que a figura de Lula representa. A corrupção é tão pouco o objeto deste processo quanto foi a causa da ida dos setores conservadores da classe média às ruas entre 2013 e 2016.”

E acrescentam:

“Que sociedade queremos? Que tipo de gente nós somos? Uma que abandona a maior parte de sua população à pobreza e à miséria sem qualquer chance de vida digna, ou uma que finalmente irá aprender a superar a fronteira da convivência entre gente e sub-gente que herdou da escravidão. Assim como nos casos dos processos históricos mencionados acima, esse é o aprendizado histórico que se materializa nessa luta aparentemente jurídica.”

Leia o artigo completo aqui.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. 2 PROJETOS DE SOCIEDADE

    No banco dos réus um projeto inclusivo e democrático,

    Na toga, um projeto elitista e exclusivo, além de anti-democrático

  2. Caro Nassif
    Mais do que a

    Caro Nassif

    Mais do que a exclusão, é dizer ao povo, que eles não são ninguém, que papo é esse de querer ser gente, de querer ser cidadão.

    Não há abandonos, pelo contrário, como manter ao povo longe da cidadania, é um projeto continuo.

    Saudações

  3. A condenação de Lula pode nos libertar de nossas amarras.

    Há um aspecto que todos estão esquecendo:

    O que valem as instituições brasileiras no momento?

    Quanto que vale um executivo governado por uma verdadeira quadrilha que somente se esconde atrás da imunidade para não ter suas entranhas mais putrefatas expostas? Não que noutra situação estas entranhas podres levariam estes membros desta quadrilha a prisão, mas sim porque a exposição absoluta ainda levaria mais a indignação popular.

    Quanto vale um legislativo que vale como o mercado funciona? Ou seja, se pagam mais eles recebem mais, se pagam menos, não recusam, simplesmente o valor deste diminui.

    Quanto vale um legislativo cativo de suas próprias ambições de poder hegemônico? Um poder que é o único que não tem a mínima legitimidade popular, é um poder que jamais deveria ser poder, pois quando ele assim se comportar ele simplesmente está usurpando os verdadeiros poderes.

    Visto isto, uma condenação de Lula trará uma só certeza e vontade, a libertação dos grilhões daqueles que manobram os chamados três poderes que na verdade são somente um, o dinheiro.

    Talvez o povo brasileiro esteja esperando a libertação destes três poderes para assumir com suas próprias mãos a sua soberania e o que lhe compete, mudando um pouco o que está na constituição:

    Todo poder emana do povo e só pode ser exercido por sua tutela e licença, pois quem tem o poder é somente ele.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador