STF autoriza inquérito de acusações de Silval que podem respingar em Gilmar

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Em ato de inauguração da Unemat, Gilmar Mendes ao lado de Silval Barbosa e José Riva – Foto: Andrews Andrade/Prefeitura de Diamantino
 
Jornal GGN – Com base nas acusações do ex-governador do Mato Grosso e delator Silval Barbosa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, autorizou a abertura de inquérito para investigar casos de corrupção no governo do Mato Grosso, envolvendo políticos, parlamentares e empresários. Tom dado por Rodrigo Janot mostra intenção de mirar ex-deputado que, assim como Silval, mantinha relações com Gilmar.
 
No pedido de abertura de investigação, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apontou o atual ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo Temer, Blairo Maggi, como o líder da organização criminosa, com base nos relatos de Silval.
 
“Entre os agentes políticos, destaca-se a figura de Blairo Borges Maggi, o qual exercia, incontestavelmente, a função de liderança mais proeminente na organização criminosa, embora se possa afirmar que outros personagens tinham também sua parcela de comando no grupo, entre eles o próprio Silval Barbosa e José Geraldo Riva ex-deputado estadual de Mato Grosso”, informou Janot.
 
Fux tomou a decisão de abrir o inquérito nesta quinta-feira (24), atendendo a pedido da PGR. O ministro já havia homologado a delação de Silval Barbosa, ex-governador do Mato Grosso, no dia 9 de agosto. Entre as pessoas arroladas pelo político estão o deputado federal Ezequiel Fonseca, deputado federal Carlos Bezerra, o senador da República José Aparecido Santos, o senador da República Wellington Fagundes e o ministro de Estado e Senador da República licenciado Blairo Borges Maggi.
 
Entretanto, além destes nomes, o procurador que vem enfrentando uma sequência de críticas e ataques do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) parece tentar reavivar casos antigos relacionados a irregularidades de Silval e José Riva, ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Ambos mantinham uma relação notória com o ministro Gilmar.
 
Um dos casos emblemáticos foi a faculdade estatizada no Mato Grosso, criada pelo ministro do Supremo e sua família em Diamantino e que após a suspeita de estar sob dívidas, com a inadiplência de boa parte dos estudantes, foi vendida ao governo durante a gestão de Silval Barbosa (PMDB).
 
Entretanto, a estatização da Instituição da família Mendes enfrentava barreiras jurídicas. Deputados estaduais, incluindo o ex-presidente da Assembleia José Riva (PSD), tiveram que alterar a Constituição estadual, por meio da aprovação de urgência de uma emenda de autoria do Executivo, para permitir a autonomia orçamentária à Instituição.
 
Aprovada em julho de 2013 pelo Legislativo do Mato Grosso, Silval Barbosa fechou o negócio com Gilmar dias depois, quando o então governador assinou outro decreto para conceder um crédito extraorçamentário de R$ 7,7 milhões para a Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat) cobrir a compra. 
 
O caso que é alvo de inquérito civil do Ministério Público para apurar irregularidades pode ser retomado pelas delações do ex-governador, uma vez que, segundo Rodrigo Janot, além do próprio Silval e de Maggi, José Geraldo Riva é apontado como peça chave de esquemas de repasses de propinas na suposta organização criminosa do governo do Mato Grosso.
 
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. STF….

    Pergunta que não quer calar: para que 40 anos de redemocratização? 30 anos de Constituição Cidadã? Onde Estado? Onde está a Cidadania nesta Cleptocracia como nernhuma outra na História da Humanidade? Quem ousa afirmar que esta aberração é algo que chegue perto de algo parecido com uma Democracia? Nenhuma saudade a qualquer período ditatorial, mas esta parte do Republicanismo Brasileiro não passou de um conluio entre Bandidos. Gilmar Mendes ou outro qualquer. Juiz? Ministro? Ah! Vá pra merda…. 

  2. Quem decide se há crime, se

    Quem decide se há crime, se há julgamento, se há punição, se a punição será cumprida e, principalmente, quem será julgado, punido ou não, em ÚLTIMA INSTÂNCIA, é a banca financeira. Os envolvidos no processo, policial, juíz, procurador,  ministros são todos instrumentos e soldados do exército das finanças. A HISTÓRIA DO OCIDENTE DEVE SER LIDA NOS EXTRATOS BANCÁRIOS. 

  3. STF e nada é a mesma

    STF e nada é a mesma coisa…

    Eles estão vendo o Brasil caminhando para o buraco e convulsão social GRAVE E O QUE VEMOS?

    Mais e mais proteção ao Temer para que ele complete sua obra…

    Será que estes juizes acham que vão continuar a receber o maior salário do ocidente pagos a um judiciário que pratica injustiças?

    Depois que tudo estiver dominado para que servirão os juizes?

    Não consigo entender a lógica que eles vêm e que os fariam imprescindíveis!

     

     

  4. A lista de Janot so tem bandidão da politica mato-grossense

    De toda essa tchurma arrolada pelo Janot para o processo no STF, não se salva um. Quem conhece os mandos e desmandos, o tanto que saquearam o Estado de Mato Grosso ha décadas, o quanto enriqueceram, o quanto o povo humilde sofre naquele rincão, sabe que esse processo tem razão de ser, ainda que seja por razões nem sempre republicanas.

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