Temer discutiu divisão de R$ 10 milhões com Marcelo Odebrecht, diz delator

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Delator da Lava Jato diz ao TSE que, ao contrário do que afirmou Marcelo Odebrecht, Temer presenciou, sim, discussão sobre doação de R$ 10 milhões ao PMDB, e ainda agiu para evitar que todo o recurso fosse destinado apenas a Paulo Skaf. Parte do montante solicitado por Temer bancou o ex-deputado Eduardo Cunha
 
Foto: Agência Senado
 
Jornal GGN – O Estadão publicou, nesta terça (11), a íntegra do depoimento do executivo da Cláudio Melo Filho, colaborador da Lava Jato, ao Tribunal Superior Eleitoral, no qual ele desmente dois pontos das acusações que Marcelo Odebrecht fez na ação que visa a cassação da chapa Dilma/Temer.
 
Segundo Melo, Marcelo Odebrecht mentiu em pelo menos dois momentos: primeiro, quando afirmou que ambos acertaram com Eliseu Padilha o repasse de R$ 10 milhões ao PMDB durante a eleição de 2014. Depois, quando disse que Temer não presenciou a negociação.
 
Além disso, o depoimento – que deveria estar sob sigilo, assim como a delação da Odebrecht no Supremo Tribunal Federal – mostra que parte dos recurssos solicitados por Temer como doação à Odebrecht foram usados para bancar o deputado cassado Eduardo Cunha.
 
Quando as primeiras informações sobre o encontro entre Odebrecht e Temer no Jaburu vieram à tona, o presidente primeiro negou que tenha discutido doações e, depois, já encurralado pelo caso José Yunes (que ajudou a operacionalizar pagamentos ao PMDB), voltou atrás e admitiu que “solicitou ajuda financeira”, mas negou que tenha discutido valores.a
 
O depoimento de Melo mostra que Temer pode não ter tentando negociar os R$ 10 milhões, mas certamente disputou a maneira como ele seria dividido entre aliados.
 
O ENCONTRO NO JABURU
 
Melo relatou ao TSE que Marcelo Odebrecht disse a ele, por telefone, que ouviu um apelo de Paulo Skaf, seu “amigo pessoal”, para “fazer além do que estava fazendo” pela campanha do então candidato ao governo de São Paulo. Ou seja, Skaf teria pedido mais recursos a Marcelo.
 
O presidente da Fies, um dos patrocinadores do impeachment de Dilma Rousseff, também teria avisado a Marcelo que Temer e Eliseu Padilha queriam conversar sobre as doações da empreiteira ao PMDB, no Palácio do Jaburu.
 
Na mesma ligação, Marcelo pediu a Melo para que verificasse se a reunião já estava agendada. Era 28 de abril ou maio [o delator não soube precisar a data ao TSE] de 2014.
 
Confirmada a reunião no Jaburu para o dia seguinte ao da ligação, Marcelo viajou a Brasília. 
 
No encontro na residência oficial do vice-presidente da República estavam Marcelo, Temer, Padilha e Melo, apenas.
 
Em certo ponto, Padilha e Temer começaram a falar das “dificuldades” da campanha de 2014 com o crescimento “da oposição” e solicitou uma “contribuição”. 
 
Marcelo, que já havia definido por conta própria, após conversa com Skaf, investir “o limite de R$ 10 milhões”, falou do montante a Padilha e Temer e observou que gostaria de destinar todo o recurso à campanha do homem do pato de borracha.
 
Melo disse que, neste momento, houve uma “reação” de Temer e Padilha, que brigaram para evitar que Skaf ficasse com os R$ 10 milhões.
 
 
Na sequência, o juiz auxiliar eleitoral perguntou a Melo se quando Marcelo discutiu o valor, Temer estava presente. O delator respondeu:
 
“Primeiro, não houve discussão, houve uma solicitação e uma determinação de Marcelo, vamos dizer assim, porque essa tomada de decisão é unicamente dele. Então, não houve negociação. Houve solitiação de apoio à campanha, e Marcelo assentiu e determinou que poderia ajudar naquele limite de 10 milhões de reais.”
 
Depois, o juiz voltou a perguntar se todos estavam presente quando Marcelo falou de valores, ao que Melo rebateu: “Sim, todos estavam.”
 
Ao TSE, Marcelo disse que Temer saiu por um momento, dando um álibe ao presidente no que tange a discussão de valores.
 
 
 
Marcelo, ainda de acordo com Melo, acertou de pagar R$ 6 milhões a Skaf e R$ 4 milhões ao PMDB. O depoimento ao TSE não deixa claro se isso foi discutido no Jaburu ou posteriormente, com Eliseu Padilha.
 
Melo também disse que, no final, Marcelo se encarregou pessoalmente da distribuição dos R$ 6 milhões a Skaf, e destacou outro funcionário da Odebrecht, José Carvalho Filho, para entregar os R$ 4 milhões a Padilha, que deveriam ser divididos entre aliados do PMDB.
 
REPASSES A CUNHA
 
Nesse momento, o delator afirmou que ficou sabendo por meio de Filho que, um dia, Eduardo Cunha ligou, nervoso, reclamando da falta de pagamento em dia. Foi quando Melo descobriu, e confirmou depois, em encontro com Padilha, que Cunha era o destinatário de parte dos R$ 4 milhões que Temer solicitou ao PMDB.
 
Melo disse que não sabe se o pagamento a Skaf foi via caixa 2 ou doação oficial, mas que “certamente foram em espécie” os pagamentos feitos por Carvalho, com destino a Cunha e outros. Talvez não em sua “integralidade”, mas isso poderia ser confirmado com a delação de Carvalho, que também colabora com a Lava Jato.
 
Depois, respondendo a uma pergunta da defesa de Dilma, Melo foi confrontado sobre outra informação de Odebrecht: a de que os R$ 10 milhões foram acertados com Padilha antes do encontro com Temer no Jaburu.
 
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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  1. O cultivo da corrupção.

    Esse caso, assim como aquele em que o (Fora!) Temer esteve a frente de movimentação para achaque de empresários no Porto de Santos, lá pelos anos 90, são indicativos da forma como o judiciário opera processos envolvendo autoridades com a exclusiva finalidade de angariar e aumentar o poder político das suas corporações que teoricamente são denominadas de instituições públicas (???). Na medida em que garante a impunidade ao corrupto, adquire, em troca, o compromisso da autoridade com o atendimento aos seus interesses.

    Assim foi com Eduardo Cunha, flagrado em tramoias, desde os tempos da TELERJ no Rio de Janeiro, também nos anos 90. De lá para cá ele acumulou titularidade em 22 processos judiciais, sempre barganhando com o judiciário, até que meteu-se em situação que fugiu ao controle, merce de investigações realizadas no exterior. Mas, ainda assim, o Janot e Zavascki, operando em dobradinha, garantiram-lhe sobrevida até que cumprisse a última missão que lhe fora confiada pelo poder economico.

    https://jornalggn.com.br/blog/as-acoes-que-correm-contra-eduardo-cunha

     

    Assim foi, e é até hoje, com toda essa malta de corruptos que prosperam impunemente na vida pública sobrevivendo a processos que se arrastam durante décadas, rumo a prescrição ou arquivamento, como foi o caso das propinas denunciadas do Porto de Santos, arquivadas em 2010, se não falha a memória.  

     

  2. o golpe babou faz

    o golpe babou faz tempo….

    desde jukete com sergio, em rede nacional: “cabar com essa porra, acordo nacional, STF, militares e tudo. tira ela e bota miSHELL”

    pós eleição de 2014….presidente aleita.

    tirar ela como? na lei do jukete?

    no golpe.

    tácito.

     

    e ninguem mais quer estar na foto ao lado de golpista, entao ele tem pressa. eles não vão se explicar, nem pedri desculpas. vão até onde der…por isso temos q impedir.

     

    sem crime, sem impeachement.

    não vai levar 21 anos de novo.

  3. O dinheiro foi utilizado na

    O dinheiro foi utilizado na campanha ou esta na Suiça? Se estiver na Suiça, segundo São Moro, não tem problema, não esta prejudicando ninguém, mas se usaram na campanha aí não tem salvação é direto para o marmore do inferno.

  4. Acho que o Marcelo mentiu,

    Acho que o Marcelo mentiu, quando quis aliviar para o temer. E aí, como fica. Vão aceitar as denuncias dele sem botar em dúvida tudo o que ele disse até agora. Pensando bem,  não vem ao caso. 

  5. QUANDO A INJUSTIÇA SE TORNA LEI… A REBELIÃO TORNA-SE UM DEVER”.

    QUANDO A INJUSTIÇA SE TORNA LEI… A REBELIÃO TORNA-SE UM DEVER”.

     

    A HORA É : POVO NAS RUAS.

     

    O ESTADO MODERNO É SIMPLESMENTE UMA INSTITUIÇÃO CRIMINOSA

    “QUE DEU “CERTO”.

              A prova inequivoca desse pensamento é o desfecho do golpe sofrido pelo nosso governo democrático, referendado pela justiça cega, parlamento corrupto e pela mídia aristocrática. Desrespeitou-se a opção de 54 milhões cidadãos brasileiros, que votaram  em um projeto de governo e foram subestimados pela iniciativa de 360 deputados 61 senadores, majoritorialmente investigados e denunciados em atos generalizados de corrupção.

             Equivocaram-se, acreditaram na ingênua possibilidade da renúncia da Presidente eleita Dilma. Historicamente mal acostumados, quebraram a cara. Esqueceram que a dona é que nem vara verde, inverga mas não quebra. Grande exemplo de liderança feminina a ser  seguida, incondicionalmente, por todos nós.

              Cabe aqui salientar, que aqui no nosso pais, golpe institucional é meramente uma trágica tradição. Com 500 anos de existência, 120 anos de independencia enquanto pais, nossa república da bananada, nossa adolescente democracia tem apenas 50 anos, sendo constantemente interrompida por sucessivos golpes institucional de estado. Tais fatos possivelmente nós ajude a compreender o motivo, pelo qual, sejamos de fato uma economia pujante, (9º maior PIB), ao passo de determos o vergonhoso Índice de desenvolvimento Humano (62o IDH), do nosso planeta. Ficando na américa Latina apenas em situação confortavel em relação à Venezuela.

              Mas por que devemos nòs permitir ser governado por um governo ilegítimo, cujo vice- presidente rotineiramente se esconde do povo, se borra com poucas vaias ???. Por que acreditar na capacidade técnica e política de um governo usurpador, formado por um ministério com 13 nótaveis ministros denunciados em inquéritos da Lava Jato ???. Por que permitir que a conta da robalheira patrocinado por esses “notáveis” corruptos recaiam sobre o bolso do humilde trabalhador??.

              Dificil entender  como o cidadão brasileiro é capaz de matar  par subtrair um simples aparelho  celular do seu próximo, é capaz de se armar-se  até os dentes para traficar drogras, mas é incapaz de armar-se politicamente par defender-se de um ESTADO CRIMINOSO DE DIREITO. Tomaram o Brasil de assalto e agora já não sabem exatemente o que fazer. A a economia se disolve, a sociedade se marginaliza. O jogo de improviso é a regra. A ordem por hora é o caus notavelmente estabelecido.

              Em respeito e reconhecimento a todos aqueles que deram suas vidas pela DEMOCRACIA, à dor dos familiares, que não tiveram a oportunidade de enterrar os corpos  dos seus filhos, vitimados pelo GOLPE MILITAR, mas sobretudo por um compromisso maior, por um futuro mais digno para os nossos filhos, devemos sim fechar esse trágico livro e escrever uma nova história. Os novos versos a serem escritos propõem ao povo ocuparem as ruas, em forma de manifestações, sem pedir licença e autorização a nenhuma instituição criminosa que representa o aparelho de segurança desse estado criminoso. Afinal de contas é um direito absolutamente constitucional e como tal, está a disposição para ser exercido por todo e quaisquer cidadão consciente.

              Caso a segunda fase do golpe jurídico-parlamentar venha a se concretizar, tornando o Presedente Lula um preso político, esse seguramente será tratado como heroi. A partir desse momento o AI-5, sob uma nova configuração do golpe institucional estará instaurado.  Sendo assim esgota-se toda possibilidade a discursão pela vias políticas, dando assim margens para que todo tipo de revolta e idginação oculpem os espaços públicos e privados. Novas formas de instrumentação e intervenção política, aconvencionais seguramente surgirão e serão aplicadas, seguindo a receita das medidas amplamente adotadas e aplicadas pela resistência ao golpe militar instaurado no nosso pais, em passado recente.

              Quanto a repressão, não devemos nos preocupar, a história da humanidade resume-se aos conflitos de classes sociais. Fazer oposição política a um governo ilegítimo, como todos sabem, é uma tarefa bem mais fácil do que governar. As eventuais sequelas provocadas pela máquina estatal de repressão, a despeito das que já veem sendo utilizadas, ficarão mais uma vez registradas nos autos da história da Republica da Bananada e dessa forma deverão ser objeto de preocupação daqueles que as praticam. Que o Estado Criminoso recorra a todas elas. O tempo e a história lhes darão a avaliação e as credencias necessárias.

    “Quando a injustiça se torna lei… a rebelião torna-se um dever”.

     

    NÃO DEVER, NÃO TEMER!!!.

    Abraços, a todos que se permitem indignar-se

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