Temer evita ser incluído em inquérito mãe da Lava Jato no STF

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Ao mesmo tempo que tenta não ser investigado diretamente pelo Supremo em ação envolvendo outros caciques do PMDB, o presidente travaria denúncia exclusiva da JBS por obstrução
 

Foto: Antonio Cruz/ABr
 
Jornal GGN – O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que faz a defesa de Michel Temer, pediu que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, negue incluir o presidente na lista de um dos principais inquéritos da Operação Lava Jato: o que mira os caciques do PMDB.
 
A inclusão de Temer no desdobramento do inquérito-mãe da Lava Jato no Supremo foi solicitada pela Polícia Federal (PF), por considerar nos autos da investigação contra Temer a relação com o caso envolvendo os ilícitos cometidos por peemedebistas na Câmara dos Deputados, incluindo Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN).
 
Segundo o delegado Marlon Oliveira Cajado, “novos relatos” que surgiram nas investigações apontam para o “suposto envolvimento de outras pessoas com foro originário no STF” no esquema de corrupção de membros do PMDB na Câmara dos Deputados, como o próprio presidente Temer, e também seus ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
 
O inquérito a que faz referência é o que traz como investigados, além de Cunha e Alves, o lobista Lúcio Funaro, o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE), o deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), a ex-prefeita de Rio Bonito (RJ) Solange Almeida e o lobista e delator Fernando Baiano.
 
O inquérito-mãe já sofreu mudanças desde que foi aberta no STF. Em outubro do último ano, o então relator Teori Zavazski fatiou a maior investigação em quatro autos separados: um sobre os políticos do PP, com 30 alvos, outro com 12 membros do PT, e o PMDB em duas frentes (9 investigados do Senado e 15 investigados da Câmara).
 
É em um dos dois inquéritos que mira exclusivamente nos ilícitos praticados pelo PMDB que a Polícia Federal quer, agora, a inclusão de Padilha e Moreira Franco e do atual presidente da República.
 
Mas com o fim do recesso forense, o relator dos processos, Edson Fachin, pediu o posicionamento da defesa. Mariz encaminhou a defesa nesta sexta-feira (04), pedindo que não se inclua Temer nos autos. Para o advogado criminalista, a Procuradoria-Geral da República estaria “inovando” e usando “artifício” para investigar o mandatário em mais um procedimento, sem fatos novos que justifiquem.
 
Entretanto, o pedido não partiu do procurador-geral Rodrigo Janot, mas da Polícia Federal, e Janot apenas concordou com a medida. Mariz também criticou as autoridades policiais ao afirmar que se um novo depoimento de Temer seja solicitado, que as perguntas venham de Fachin e não da PF, “evitando-se a apresentação de um novo interrogatório totalmente descabido, impossível de ser respondido, como aquele formulado pela autoridade policial”.
 
Com o repasse dessa investigação ao Supremo, o inquérito da JBS se daria exclusivamente para investigar a obstrução da Justiça de Michel Temer, por ter dado aval para a compra de silêncio de Eduardo Cunha e do doleiro Lucio Funaro, ambos presos pela Lava Jato.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. ‘Com o repasse dessa

    ‘Com o repasse dessa investigação ao Supremo, o inquérito da JBS se daria exclusivamente para investigar a obstrução da Justiça de Michel Temer, por ter dado aval para a compra de silêncio de Eduardo Cunha e do doleiro Lucio Funaro, ambos presos pela Lava Jato.’

    E a prevaricação? Temer ouviu o bandido Joesley Batista dizer que estava “segurando dois juízes e um procurador” e a isso respondeu: “ótimo, ótimo”.

    Se isso não é prevaricação eu não sei o que é prevaricação.

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