Lava Jato afrontou STF adiantando inquérito contra Lula

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Quando um jornal é porta-voz de erro dos investigadores e comete ainda outros erros que podem gerar desinformação
 
 
Jornal GGN – A força-tarefa da Operação Lava Jato descumpriu a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, confirmando que deu sequência às investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e vazando informações ao jornal O Estado de S. Paulo de um inquérito com o resultado de uma possível denúncia ao ex-presidente. A conclusão foi adiantada em reportagem desta segunda-feira (25) do jornalista Marcelo Auler, reproduzida aqui. O GGN confirmou os desvios dos investigadores. 
 
A matéria do Estadão foi divulgada no último sábado (23). Intitulada “Denúncia do sítio em Atibaia (SP) será primeira acusação contra Lula na Lava Jato“, integrantes da Polícia Federal vazaram um inquérito aparentemente concluído contra Lula sobre a compra e a reforma do sítio Santa Bárbara. Os jornalistas receberam, inclusive, cópias dos autos que foram anexados à publicação. Entre os documentos, laudos periciais, notas fiscais e um suposto contrato de compra do sítio por Lula e dona Marisa, indicado como “contrato de gaveta”. 
 
A reportagem é toda construída em tempos verbais futuros, adiantando os próximos passos da equipe de Moro: o inquérito “será a primeira acusação formal entregue à Justiça”, “a peça apontará a família do ex-prefeito de Campinas (SP) e amigo de Lula Jacó Bittar (PT) como ‘laranjas’ na ocultação da propriedade”, “o compadre e defensor jurídico do ex-presidente Roberto Teixeira também será citado como parte da operação de formalização do negócio”, “a Lava Jato também vinculará os desvios de recursos na Petrobras à reforma executada no sítio e a manutenção de bens referentes a Lula”, “OAS, Odebrecht e o pecuarista José Carlos Bumlai serão vinculados aos serviços executados, como compensação por obras loteadas pelo cartel” – são os principais pontos do suposto inquérito adiantado pelo jornal.
 
Em artigo reproduzido pelo GGN, Marcelo Auler alertou para o fato de que a força-tarefa concentrada no Paraná, sob o comando do juiz Sergio Moro, voltou a vazar informações da investigação, “mostrando que ainda detém documentos, ou cópias deles, que deveriam estar no e sob o controle do STF”. Auler publicou, ainda, que o vazamento dos documentos por parte do jornal paulista “pode ser encarado como uma afronta ao Supremo Tribunal Federa”. “Afinal, o ministro Zavascki, relator da Operação Lava Jato naquela corte, avocou o caso para sua apreciação e posterior deliberação do plenário. Teoricamente, nada poderia ser feito sem sua autorização”, completou.
 
O GGN buscou, junto ao STF, o posicionamento da Corte e do ministro Teori Zavascki sobre a atuação de investigadores da equipe de Curitiba. A constatação foi que, tanto a reportagem do Estadão, como partes da análise de Marcelo Auler, cometeram erros de informações sobre os autos que envolvem as investigações contra o ex-presidente Lula. Mas, o erro maior – que neste caso não se trata de mera análise ou publicação de imprensa, mas de ferir atos processuais – partiu da equipe da Lava Jato.
 
Auler errou em um pequeno detalhe. O sigilo das informações decretado por Teori Zavascki, relator do processo da Lava Jato no Supremo, foi restritamente às interceptações telefônicas e não todos os autos da investigação. Assim, o possível inquérito não está incluído em sigilo. Por outro lado se trata de vazamento na medida em que os autos sequer foram enviados à Justiça – seja a Vara Federal de Curitiba, seja o Supremo.
 
Isso porque a primeira decisão do Supremo Tribunal Federal neste caso veio com um despacho do ministro Teori Zavascki, na noite do dia 22 de março deste ano. Foi uma medida cautelar solicitada pelo Advogado-Geral da União, José Eduardo Cardozo, contra a quebra de sigilo das interceptações telefônicas envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros políticos, com foro privilegiado, como a própria presidente Dilma Rousseff.
 
No pedido dirigido a Zavascki, que é relator dos processos da Lava Jato no Supremo, o ministro tomou duas decisões: primeiro, voltou a impor o sigilo aos grampos envolvendo o ex-presidente Lula e políticos detentores de foro e, segundo, decidiu que todos os autos de investigação a Lula fossem remetidos ao STF, para que a última instância decida a quem cabe julgar o ex-presidente e, possivelmente, qual instância também julgaria outros nomes e políticos envolvidos na investigação.
 
Posteriormente, no dia 31 de março, o caso foi debatido pelo Plenário do Supremo, com a presença de todos os ministros. De forma unânime, os membros do STF concordaram com Teori Zavascki pelo sigilo dos áudios e a grande maioria da Turma reafirmou a segunda decisão, também, de que todas as investigações em curso na Justiça Federal do Paraná envolvendo o ex-presidente Lula fossem enviadas ao Supremo, para que a instância decida a quem compete julgar.
 
Dessa forma, o jornal que foi o porta-voz da equipe da Lava Jato de Curitiba, também mostrou desconhecimento de processos legais ao deduzir que “os inquéritos estão suspensos depois que ele [Lula] foi nomeado ministro da Casa Civil pela presidente Dilma Rousseff, no dia 17, e o tema foi levado ao Supremo”. Como bem explicou Marcelo Auler, a suspensão das investigações contra Lula ocorreram quando o juiz Sérgio Moro liberou o áudio das interceptações telefônicas, e não quando o ex-presidente foi nomeado ministro.
 
O jornal também faz confusão de termos processuais: inquérito e denúncia.
 
Os documentos disponibilizados ao Estado de S. Paulo fazem parte dos mecanismos de investigação da Polícia Federal. Trata-se de um laudo pericial, além de outros documentos anexos a um inquérito. Essa é a primeira fase de uma investigação. Pelo caminho natural de um processo, esses documentos são remetidos ao Ministério Público Federal – seja aqui os procuradores da força-tarefa de Moro, para os casos de primeira instância, ou a Procuradoria-Geral da República, para os políticos com foro privilegiado. De porte desses autos, os procuradores decidem se enviam ou não uma denúncia à Justiça responsável – que neste caso, também não está definida.
 
Mas, em diversos momentos a reportagem adianta-se que a força-tarefa já teria “provas para levar o petista a banco dos réus por envolvimento no esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras”. Nesse sentido, o jornal pulou três outras etapas do processo: inquérito, denúncia e, somente se aceita pela Justiça, a ação com réu.
 
Por último, o erro da equipe da Lava Jato – mais especificamente, ao que tudo indica pelo teor dos documentos, o vazamento partiu de integrantes da Polícia Federal – foi de, realmente, afrontar decisão do STF. O vazamento, em si, não pode ser considerado, uma vez que os autores do vazamento estão protegidos pelo anonimato garantido pelo jornal. 
 
Entretanto, o erro foi de, com o vazamento, comprovar que a força-tarefa da Lava Jato de Curitiba deu sequência às investigações, tendo possivelmente finalizado um inquérito a ser apresentado ao MPF. Erraram, ainda, ao anteciparem que “já teriam provas suficientes”, sem respeitar o devido processo legal na decisão que compete ao Supremo de averiguar quem julgará o caso e, consecutivamente, quais procuradores (MPF ou PGR) ficariam responsáveis pelo prosseguimento, ou não, do inquérito, transformando-a, ou não, em uma denúncia.
 
Em resposta ao GGN, a equipe do ministro Teori Zavascki encaminhou a decisão sobre a liminar, despachada em 22 de março, que foi utilizada acima para narrar o histórico dos despachos do STF. Sobre a solicitação de um posicionamento do ministro diante das ações da equipe da força-tarefa, o coordenador de imprensa do gabinete, Luiz Felipe Neves, respondeu:
 
“Em observância ao inciso III do artigo 36 da Lei Orgânica da Magistratura, o Ministro Teori Zavascki fica impossibilitado de responder a sua pergunta.
 
Lei Complementar 35/1979 (Loman)
Art. 36 – É vedado ao magistrado:
      (…)
        III – manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério“.
 
Apesar da justificativa para o não fornecimento de um posicionamento, a publicação do gabinete do ministro traz respostas para o que a Legislação decreta como modo de conduta por todos os juízes no Brasil. Reiterando, “é vedado ao magistrado” manifestar, por qualquer meio de comunicação, “opinião” ou “juízo” sobre processos e despachos em andamento.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

41 Comentários

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  1. As pontes para o passado e para o futuro.

    No Senado, a regra  retroage para “prender a criminosa.” 

    Na Lavajato, o inquérito  antecipa para “prender o criminoso.”

    Trata-se de pontes para o passado e para o futuro, simultaneamente.

    Como é bom ver o nosso “Estado democrático de direito” e suas “instituições sólidas atuarem.

     

    Francamente…

  2. Já estamos sob um estado fora

    Já estamos sob um estado fora da lei. Um golpe de estado !

    Não sei porque os advogados de Lula ainda não denunciaram todas as barbaridades desta máfia a diversas Cortes de Justiça do mundo ( OEA, UNASUL, Haia…) .

    Acho que o Brasil como nação não resistirá até 2020 . Nos tornaremos uma grande Ucrânia nas américas .

  3. O Brasil acabou. Terá que ser reinventado
    Instituições não respeitam mais seus superiores hierárquicos como ocorre na Polícia Federal e no Ministério Público, instituições não acatam mais decisões de instâncias superiores como o STF.

    Os jornais desprezam mínimas noções de ética e logica, e desinformam a sociedade.

    Os parlamentares no nosso país laico, proferem os votos em nome de Deus, o presidente da Câmara abre as sessões citando Deus.

    O vice presidente eleito na mesma chapa faz oposição ao governo, como se não fizesse parte dele

    No golpe, quem assumirá a presidência praticou o mesmo alegado crime atribuído a quem está sendo derrubada.

    A maioria dos julgadores têm crimes muito mais graves do que estão julgando.

    A imprensa nacional informa de forma oposta ao que é divulgado na mídia estrangeira.

    Associações classistas emitem opinião contrária ao pensamento de seus associados.

    Enquanto o mundo trata Lula como herói, aqui ele é tratado como criminoso.

    1. o brasil da justiça, pelo;

      o brasil da justiça, pelo; jeito,acabou mesmo…

      essas antíteses talvez o comprovem…

      o pior é o pensamento e decisões infames desses golpistas e

      violadores do direito garantista, que não seguem os princiípios básicos e

      gerais que orientam o espirito humano há séculos,que desafiam a opinião e

      o pensamentoo já sabido  por renomados juristas,.

      esses golpistas e violadordes jogam no lixo  todo o nexo, toda a lógica,,,

      contradizem-se, criam paradoxos inescapáveis…

      daí os previsíveis conflitos…

    2. Ruptura Já

      Assis

      Este é o momento da necessária ruptura.

      Os golpistas têm que ser derrotados definitivamente.

      E a Globo precisa ser eliminada da comunicação social.

  4. sem falar que fomos os primeiros da história…

    a padronizar um golpe de estado

    STF pode entrar para a hostória como a ASTM dos Golpes de Estado

  5. Konder Comparato: Impeachment foi grosseiramente forjado

    26 de abril de 2016 – 19p5

    Konder Comparato: Impeachment foi grosseiramente forjado

     

    O jurista Fábio Konder Comparato aponta que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é uma tentativa de forjar “grosseiramente” a existência de um crime de responsabilidade.

     

     

      

     

    Em entrevista à IHU On-Line, publicada nesta terça-feira (26), o professor explicou o porquê e chamou a atenção para dois fatores que desencadearam a atual crise política — o fato de uma pessoa da classe proletária conseguir se introduzir no quadro político tradicional; e de o país estar à beira de um colapso econômico, fruto em grande parte da sucessão do capitalismo industrial pelo capitalismo financeiro.

    Fábio Konder Comparato também esclareceu que a Constituição Federal determina que a decisão de impeachment cabe ao Congresso Nacional, mas que “o STF não pode, de forma alguma, manter-se alheio ao processo”.

    “Não só porque lhe compete, precipuamente, ‘a guarda da Constituição’ (art. 102), como também porque ‘a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito’ (Constituição Federal, art. 5º, XXXVI).”

    Sobre a convocação de novas eleições, o jurista indicou: “Novas eleições só serão admissíveis mediante emenda constitucional.”

    “O atual ambiente generalizado de ódio, preconceito e intolerância política, criado durante o governo Dilma Rousseff, e que culminou com a escandalosa sessão da Câmara dos Deputados do último dia 17 de abril, pôs em foco a falta de formação ética de grande parte do nosso povo para uma convivência harmônica e respeitosa dos direitos humanos”, alerta.

    Para o professor, é preciso iniciar e consolidar desde já “um vasto programa de educação ética em todos os níveis”, para “rejeitar o espírito de egoísmo, que tomou conta do nosso povo, e que constitui a alma do capitalismo, como assinalou o Papa Francisco”.

    Fábio Konder Comparato possui graduação em Direito pela Universidade de São Paulo – USP e doutorado em Direito pela Université Paris 1. É professor Emérito da Faculdade de Direito da USP e Doutor Honoris Causa da Universidade de Coimbra, e especialista em Filosofia do Direito, Direitos Humanos e Direito Político. É também titular da Medalha Rui Barbosa, conferida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

    Confira a entrevista, feita por Patricia Fachin, na íntegra:

    IHU On-Line – Analisando juridicamente, houve ou não crime de responsabilidade fiscal por parte da presidente Dilma? Há ou não, portanto, base legal para o impeachment a partir dessa fundamentação?

    Fábio Konder Comparato – A disposição constitucional do art. 85, inciso VI da Constituição Federal, declarando que constitui crime de responsabilidade o ato do Presidente da República que atente contra a lei orçamentária, deve ser completada com o disposto em lei. Eis porque a denúncia aprovada pela Câmara dos Deputados em 17 de abril último qualifica as chamadas “pedaladas fiscais” como crimes definidos no art. 10, alíneas 7 e 8 da Lei nº 1.079 de 1950, e nos artigos 29, inciso III; 32, § 1º, inciso I; e 36 da Lei Complementar nº 101 de 2000.

    Acontece que todas as definições penais de ambas essas leis dizem respeito, estritamente, a “operações de crédito” feitas pela União Federal em benefício de terceiros, e as “pedaladas fiscais” nada têm a ver com isso. São retardamentos no repasse de recursos a bancos públicos, privados e autarquias, retardamentos esses depois inscritos na prestação de contas do governo federal como empréstimos tomados àquelas instituições. Ou seja, é exatamente o contrário do disposto nas leis citadas: em vez de a União Federal conceder crédito, ela retarda o pagamento de seus débitos.

    Em conclusão, o Presidente da Câmara dos Deputados e seus auxiliares forjaram grosseiramente a existência de um crime de responsabilidade da Presidente Dilma Rousseff.

    IHU On-Line – Como o senhor está acompanhando a discussão sobre o impeachment? Como avançarmos no sentido de compreender e elucidar as razões de ter ou não impeachment, ultrapassando os debates apaixonados pró e contra o governo? Nesse sentido, que questões deveriam ser esclarecidas?

    Fábio Konder Comparato – O que importa é saber os fatos que desencadearam a atual crise política. Eles são de duas naturezas.

    Em primeiro lugar, o fato de que, pela primeira vez na história do nosso país, uma pessoa oriunda da classe proletária consegue se introduzir no quadro político tradicional, formado exclusivamente pelos membros da classe dominante, e assume a chefia do Estado em dois mandatos eleitorais consecutivos, ao final dos quais, obtém 80% de apoio popular. Trata-se de algo insuportável para a classe dominante, pois anuncia o possível desafio das camadas mais carentes de nossa população, no que se refere ao exercício da soberania política.

    Como não se pode ignorar, o povo brasileiro, desde o Descobrimento, jamais teve poder político efetivo. Dir-se-á que agora o povo vota em eleições, mas isso não muda, minimamente, o poder soberano da classe dominante. O povo brasileiro até agora, com raríssimas exceções, tem sido mero figurante no teatro eleitoral, pois as campanhas eleitorais, também com raríssimas exceções, são comandadas pelo poder do dinheiro e pela propaganda deformante dos meios de comunicação de massa, controlados por um oligopólio empresarial.

    Sem dúvida, a Presidente Dilma Rousseff, eleita após o término dos dois mandatos consecutivos de Lula, revelou-se uma Chefe de Estado inábil, apresentando em 2016 um índice de reprovação popular de cerca de 80%; ou seja, exatamente o contrário do seu antecessor. Tal fato estimulou os representantes políticos da classe dominante a forjar o impeachment, como acima demonstrado. Aliás, desde 1985 essa foi a forma preferida para a derrubada de presidentes latino-americanos, depois que, sem dúvida por pressão dos Estados Unidos, os países latino-americanos abandonaram a reiterada prática do golpe militar.

    Entre 1985 e 2005, houve na América Latina 13 processos de impeachment de chefes de Estado. E em 2012, o Presidente Fernando Lugo, uma espécie de Lula paraguaio, uma vez que não pertencia à classe dominante, foi destituído pela oligarquia em 48 horas.

    Nesse contexto, é mais do que provável que os plutocratas, tal como fizeram com Dilma, forjem um delito cometido por Lula, a fim de incapacitá-lo a concorrer às eleições presidenciais de 2018. A Polícia Federal, o Ministério Público e, talvez, o juiz Moro provavelmente vão se dispor a atuar com esse objetivo.

    Causa econômica da crise

    Já no que se refere à causa econômica da crise atual, ela diz respeito ao fato de que nosso país encontra-se, presentemente, à beira de um colapso. Caminhamos para o terceiro ano consecutivo de queda do PIB, o que representa um fenômeno inédito desde que iniciamos o levantamento da contabilidade econômica nacional. Só no primeiro trimestre de 2016, um milhão e 100 mil empregados foram despedidos. Estamos atualmente com mais de 10% da massa trabalhadora sem emprego. No ano passado, segundo dados contidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, pela primeira vez desde 1992 a renda do trabalho dos brasileiros diminuiu e a desigualdade aumentou.

    Tal situação, das mais preocupantes, é na verdade, em grande parte, o reflexo entre nós de uma mudança histórica da maior importância: a sucessão do capitalismo industrial pelo capitalismo financeiro. Todos sabem que, ao contrário das indústrias, os bancos não criam riqueza alguma; na melhor das hipóteses, auxiliam na produção de riqueza, através do crédito. Sucede, porém, que as instituições financeiras, no mundo todo, não se limitam hoje a fazer operações de crédito, mas se dedicam, também (e algumas delas especialmente) à especulação com valores mobiliários. Foi isto que desencadeou a grande recessão mundial em 2007, consequente à quebra do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos, quando a cadeia dos chamados “derivativos”, sobre os quais seu capital estava assentado, desmoronou. Segundo previsão do Fundo Monetário Internacional, a expectativa é de que, no mundo todo, este ano, mais de 2,3 milhões de pessoas percam seu emprego, totalizando quase 200 milhões de desempregados.

    É óbvio que o governo de Dilma Rousseff não criou no Brasil esse colapso econômico, mas segundo um defeito tradicional dos brasileiros revelou-se incapaz de previsão e planejamento do fenômeno. Ademais, o governo Dilma Rousseff decidiu aliar-se preferentemente aos banqueiros, deixando de dar início ao necessário processo de reindustrialização do país. Com isto, enquanto nossa produção industrial diminuiu 21% desde meados de 2013, nossos dois maiores bancos, Bradesco e Itaú, tiveram no ano passado um lucro líquido de 13 e 14%, respectivamente.

    IHU On-Line – A quem cabe a decisão sobre o impeachment? Alguns dizem que isso cabe ao Congresso Nacional e outros ao STF. Quem decide?

    Fábio Konder Comparato – A Constituição Federal determina que a decisão de impeachment cabe ao Congresso Nacional: a Câmara dos Deputados admite a denúncia contra o Presidente, e o Senado aceita-a ou não. Mas o STF não pode, de forma alguma, manter-se alheio ao processo de destituição. Não só porque lhe compete, precipuamente, “a guarda da Constituição” (art. 102), como também porque “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (Constituição Federal, art. 5º, XXXVI).

    IHU On-Line – Seria possível convocar novas eleições neste momento? O que determina a Constituição sobre esse ponto e qual deveria ser o procedimento? Quem deveria convocá-la e que atores deveriam participar de sua elaboração?

    Fábio Konder Comparato – Novas eleições só serão admissíveis mediante emenda constitucional.

    IHU On-Line – Em seu artigo, intitulado O Poder Judiciário no Brasil, o senhor faz alguns questionamentos sobre a atuação dos órgãos judiciários e uma delas diz respeito ao fato de se eles devem ou não ser controlados. Tendo em vista a política brasileira atual, como responde à questão? Quais órgãos judiciários devem ser controlados, em quais ocasiões e por quem?

    Fábio Konder Comparato – A triste verdade — totalmente ignorada no ensino jurídico oficial — é que os Ministros do Supremo Tribunal Federal não se submetem ao controle de poder algum. Eles podem cumprir ou não qualquer norma jurídica, desde o Regimento Interno do Tribunal até os mandamentos constitucionais, sem que sejam minimamente responsabilizados pelo descumprimento.

    IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

    Fábio Konder Comparato – Sim. Quero dizer que o atual ambiente generalizado de ódio, preconceito e intolerância política, criado durante o governo Dilma Rousseff, e que culminou com a escandalosa sessão da Câmara dos Deputados do último dia 17 de abril, pôs em foco a falta de formação ética de grande parte do nosso povo para uma convivência harmônica e respeitosa dos direitos humanos.

    Faço, portanto, um apelo para que se inicie desde logo, e se consolide, um vasto programa de educação ética em todos os níveis, a fim de que sejamos ao final capazes de rejeitar o espírito de egoísmo, que tomou conta do nosso povo, e que constitui a alma do capitalismo, como assinalou o Papa Francisco.

    Esse generalizado costume de busca do interesse próprio, em detrimento do bem comum do povo, nos foi insuflado desde o início da colonização. Como bem advertira Frei Vicente do Salvador, em sua História do Brasil publicada originalmente em 1627, “nem um homem nesta terra é repúblico, nem zela e trata do bem comum, senão cada qual do bem particular”.

    Ora, se a razão de ser da vida humana é alcançar a felicidade, individual e social, é preciso frisar que o egoísmo jamais, em lugar algum, produziu esse resultado. A plena felicidade só se alcança com um comportamento altruísta, fundado na compaixão, na solidariedade e no amor ao próximo, sem restrições de qualquer espécie.

  6. Criminalizar o PT é fascismo

    Uma coisa é a denúncia e condenação política do pós-Lula outra bem diferente é a criminalização do PT e do ex-presidente Lula ao cabo de implacável perseguição policial jamais levado a esfeito na história do Brasil contra líderes políticos oriundos da Casa Grande. Ao contrário da Mãos Limpas italiana a versão local mirou apenas um lado, agindo com a parcialidade própria do uso político da Justiça. A adesão incondicional do petismo ao modo tradicional de fazer política foi fatal. No limite foi despolitizante, inclusive ajudando a formar um STF (08 dos 11 ministros foram da era Lula) que segundo análises de vozes abalizadas do meio jurídico no  STF tem se manifestado o predomínio de teses desposados por teóricos fascistas do direito. É preciso ir ao fascismo para tirar Lula do jogo político, a partir de uma narrativa judicial completamente despolirtizada, na medida que perde de vista a oportunidade de investigar e por a pique o sistema de financiamento eleitoral, de levar o paísà reforma política,e prefrere a cômoda submissão ao jogo política do mainstrean glocal.

     

    1. Esta história de mãos limpas

      Esta história de mãos limpas é só conversa fiada, o golpe já foi dado e o homem já foi homenageado por ele nos Estados Unidos.

  7. Seria interessante a quebra

    Seria interessante a quebra de sigílos telefônicos deste pessoal da Farsa Tarefa Vaza-Jato .

    Bastaríam 48 horas de gravações telefônicas para serem comprovadas a existência de uma verdadeira quadrilha de conspiradores contra a estabilidade econômica e política do Brasil .

    Descobriríamos ligações de ministrinhos do supremo aconselhando juízes nas investidas contra dirigentes do PT, procuradores recebendo ordens de “diplomatas” norte-americanos para vazar informações coletadas pela CIA/NSA para a GRoubo, etc… .

     

  8. Lula

    O que move esses procuradores é a certeza de que, se eles não inventarem (provas não haverá) algum crime que possa afastar Lula da candidatura em 2018, terão, eles e seus correligionários da plutocracia, de aguentar o ex-presidente no poder, de 2019 a 2026. Para a felicidade do Brasil.

    1. Não há o menor perigo de que

      Não há o menor perigo de que isto venha a acontecer. Se não provarem nada, inventarão alguma coisa e lhe darão o aspecto de verdade. Ninguém pense que restou aos golpistas algum resquício de escrúpulo. O objetivo de prender o Lula é tão importante para o golpe quanto a derrubada da Dilma. A mentira nua e crua já foi usada no mensalão, quando as forças populares estavam mais fortes, imaginem agora!

  9. Só posso suspeitar que os

    Só posso suspeitar que os Ministros do STF tem medo de alguma coisa que nos é oculta.

    Talvez, medo de que os colonistas da mídia  incitem os coxinhas a atacá-los em locais públicos, como nos restaurantes finos que frequentam,  ou, então, existe alguma prova incriminatória contra eles que poderia ser vazada na mídia, caso não colaborem, ou atrapalhem o golpe,  e estariam sendo chantageados, por isso estão com o c# na mão.

     Ou então, estão revoltados com a Diilma, por não ter concedido o reajuste do judiciário. Vai saber o que se passa ali naquele supremo teatro federal,pra mim, são todos frouxos.

     

    1. Este golpe foi todo

      Este golpe foi todo construído na base da espionagem. É bom e sai baratinho para americanos. Com certeza todos os ministros estão com um dossiê enorme sobre qualquer travessura que tenham cometido, eles ou alguém de suas famílias, prontinho para ser entregue à gloriosa mídia brasileira.

  10. “Entretanto, o erro foi de,

    “Entretanto, o erro foi de, com o vazamento, comprovar que a força-tarefa da Lava Jato de Curitiba deu sequência às investigações, tendo possivelmente finalizado um inquérito a ser apresentado ao MPF. Erraram, ainda, ao anteciparem que “já teriam provas suficientes”, sem respeitar o devido processo legal na decisão que compete ao Supremo de averiguar quem julgará o caso e, consecutivamente, quais procuradores (MPF ou PGR) ficariam responsáveis pelo prosseguimento, ou não, do inquérito”:

    Zav ja deu a dica segurando o “inquerito” coff coff de Cunha.  Eu me sentiria muito mais satisfeito se ele confessasse que anda dando a bunda pra Moro.

  11. Texto bem escrito, razões e

    NORMAL SE O BRASIL FOSSE UM LUGAR NORMAL!

    Texto bem escrito, razões e motivos bem ponderados, mas…

    Um STF que julga pipoca em cinemas, tem dúvidas sobre juros simples e juros compostos – ESSE PESSOAL ESTÁ TOTALMENTE PERDIDO…

    Um congresso no nível destes…

    Uma mídia com força de DERRUBAR PRESIDENTE.

    Qualquer INSTITUIÇÃO IDÔNEA MUNDIAL TERIA QUE PARTICIPAR DESTE PROCESSO POLITICO IN LOCO…

    Que tal via crowdfunding para trazer JUÍZES E JURISTAS COMO OBSERVADORES?

    1. Vi o julgamento, juiz agora

      Vi o julgamento, juiz agora virou gestor publico, o governo estava aberto a renegociar, sõ que queriam o caminho mais curto e mais barato, querbram a cara. Teve isenção de imposto mas as vendas aumentaram,  e tudo foi culpa de arrecadação, nada foi culpa de gestão de governandor, só vou falar de três estadios da copa que estão sem uso…..

    2. Passarinho verde disse…

      …que as instituicoes brasileiras nao sao somente inidôneas, no sentido de aptidao e competencia, mas sao instituicoes falidas pois estao em diversos niveis mergulhadas em profundas crises de ética. A moralidade e o carater dos funcionarios publicos brasileiros nao se discute pois é cultural, lembro contudo que tampouco se espera que alguem aposte alguma ficha nesses quesitos.

      Fora a ideia do financiamento coletivo, sua proposta é interessante mas sou suspeito para falar pois isso passa por minha cabeca com frequencia ultimamente. Os brasileiros precisam urgentemente reinventar as instituticoes para se proteger dos conflitos de interesse e abuso de poder dentro destas. Parece uma sina que os concursados em geral qdo entram se infectam com o virus das bananas…melhor dizendo, da republica das bananas. A solucao politico-instituticional ja nao fica tao clara quanto o óbvio problema.

  12. “Parece que o referido artigo

    “Parece que o referido artigo  só  é aplicável ao  ministro Teori.O juiz Moro  goza de imunidade.”

     

    É porque o juiz Moro é o queridinho de rede globo. Ele pode descumprir as leis porque conta com a parceria, e por isso, a simpatia da megaempresa de mídia mais experiente do mundo em conduzir midiaticamente golpes de estado.

    Nem bem se desculpou por ter colaborado diretamente com o Golpe de 1964, já está protagonizando com maestria o Golpe de 2016.

     

    O juiz Teori, a despeito de sua inegável respeitabilidade, não tem importância alguma para essa empresa de capos de máfia.

     

    Acho que eles não pensaram muito bem antes de reconhecer publicamente que apoiaram o Golpe de 64. É fato, esse apoio e colaboração se estenderam ao longo dos 21 anos que se seguiram após o Golpe. Os longos e infames anos de Ditadura Militar, as mortes, os desaparecimentos, as torturas, as prisões, os exílios, todo o sofrimento imposto ao povo brasileiro, em especial, às classes média e baixa.

     

    Difícil é aparecer uma autoridade nesta nação, para enfrentar e responsabilizar essa empresa midiática que há muito governa às escuras, este país.

     

    Fidel, como ele próprio disse recentemente, não viverá muito mais. Com sorte, pode reencarnar no Brasil.

  13. Como se diz. O pessoal de

    Como se diz. O pessoal de Curitiba faz gato e sapato do supremo. Depois pede desculpa e fica por isso mesmo. A câmara faz gato e sapato do executivo e não pede nem desculpa. Mas as instituições estão funcionando normalmente.

  14. Teori deve ter combinado com a República de Curitiba

    Tudo indica que Teori terceirizou as investigações para o pessoal da Vaza Jato.

    É que ele mesmo não deve fazer nada: deve ser juízes federais convocados etc.

    No caso do Lula, ele deve ter repassado a investigação ou dado a continuidade pros intocáveis.

    O fato é que o esquema é grande, pois tudo funciona quando é contra o governo, Lula e o PT.

    E logo o Gim Argello deverá fazer delação, que, “surpreendentemente” , deverá contra  governo, Lula e o PT. É só esperar Gim perder a razão, como é costume entre os presos de Curitiba, e soltar a língua para se ver livre dos carrascos de preto.

  15. Em minha humilde opinião

    Em minha humilde opinião querem que o STF anule a operação para que Lula fique sempre com a pecha de corrupto solto por questões técnicas já que efetivamente sabem que não há provas contra ele e teriam, ao final de tudo, inocentá-lo e pedir desculpas  como ele profetizou

  16. O fascismo

    dizendo ao que veio.

    Para aqueles que ainda acreditam no Brasil como uma grande democracia, meus pêsames.

    Lula desde já tem que se precavir contra o que virá pra cima dele após 11/05/2016, a sua imediata prisão será o mínimo; não se iluda caro companheiro Luís Inácio, e nem se envergonhe: instalado definitivamente o golpe, solicite imediatamente o abrigo em uma embaixada (Do Uruguai ou Itália ou Alemanha) e como faça como Zelaia, pois esses canalhas estão salivando pra te pegar e o JN já deve ter feito inclusive a matéria toda sobre tua prisão.

    O termo “federal” no STF, deve desde já ser substituído por “Fascista” pois é isso que essa cortesã e messalina se tornou:

    Uma avalista descarada e sem vergonha de uma tirania que está trucidando o nosso Estado Democrático de Direito com um golpe de estado.

      1. O crescimento da Globo foi o

        O crescimento da Globo foi o pior legado da ditadura. Os militares criaram um monstro que apenass atrasa o país.

  17. Afronta?
    O combinado não sai caro.

    A letra da Lei é usada como convém a justificar torpeza, covardia e agendas inconfessáveis, porque vergonhosas.

    Não há afronta onde não há honra.

  18. E daí que tenha afrontado? O

    E daí que tenha afrontado? O STF está para a Lava-Jato assim como o Mc Fly estava para o Beef antes do Marty chegar aos anos cinquenta.

  19. Esse STF

    Superior Tribunal Fascista, finge que é constitucional, alguns e algumas ainda fingem que acreditam, eu não.

    Vimos ontem, com Lewandóvski fazendo afagos em Cunha, como se alimenta uma justificativa “constitucional” de um golpe num Estado Democrático de Direito: Dilma vetou os “módicos” 70% de aumento que os honrados (e, acreditemos, sofridos assalariados) membros do judiciário querem, Cunha, sendo o Homem Bom e patriota que é, vai bancar na Câmara Baixa (como um repórter inglês, talvez inadvertidamente, descreveu nosso cocho de deputados e deputadas federais) um reajuste de 76%, o que, segundo cálculos que qualquer criança da 6ª série sabe fazer, vai provocar uma gasto adicional de 39 Bi nos cofres públicos.

    Acreditar ainda, a partir do dia 17/04/2016, após aquele grotesco espetáculo que eles e elas deixaram acontecer, no zelo para com a democracia, na hombridade, no constitucionalismo, no republicanismo, no apartidarismo, na isenção e na honradez desses e dessas ministros e ministros do STF, pra mim é sinal ou de ingenuidade política e antropológica gritante ou estupidez mesmo.

  20. Galera, pra gente é muito simples

    Os manés de CUritiba ou sp prenderem Lula é irrelevante. STF, Câmara, Vaza jato, moros, cunhas, temer, aócio, fhc, bolsonaro, aque mp maluco de CUritiba, mídia canalha e afins são meros passageiros na história que breve deverão arcar com seus atos. Também são irrelevantes apesar do mal que fazem ao país.

    Pra gente, povo, é simples:

    Cerceiam o PT? pegamos nossa estrela vamos para outro partido com ideias semelhantes.  Lula aponta, a gente vota.

    Simples assim…

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