Toffoli elogia Bolsonaro, diz que Lava Jato “destruiu empresas” e assume ser “cada vez mais liberal”

Sobre a prisão em segunda instância, Dias Toffoli admitiu que "o tempo de pautar o julgamento foi importante" para evitar "manifestações" em defesa do ex-presidente Lula

Foto: Rosinei Coutinho/STF

Jornal GGN – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, afirmou que a Operação Lava Jato “destruiu empresas” e que o Ministério Público “deveria ser mais transparente”. As críticas do ministro, que é também presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foram feitas em entrevista ao Estadão, quando também admitiu ser “cada vez mais liberal”, em contraposição à Lula.

“A Lava Jato foi muito importante, desvendou casos de corrupção, colocou pessoas na cadeia, colocou o Brasil numa outra dimensão do ponto de vista do combate à corrupção, não há dúvida. Mas destruiu empresas. Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos. Jamais aconteceu na Alemanha. Nos Estados Unidos tem empresário com prisão perpétua, porque lá é possível, mas a empresa dele sobreviveu”, afirmou.

Também deixou explícito que o tempo de julgamento que o STF decide adotar para cada processo é com uma estratégia objetiva. O caso mais emblemático é relacionado à prisão em segunda instância, que os ministros já sabiam que iria contemplar a soltura de Lula, admitindo que a escolha da data do julgamento teve o intuito de evitar “manifestações”.

“O tempo de pautar o julgamento foi importante. No início do ano, em que havia aqueles embates mais fortes, momento de acomodação, novo Congresso, novo Palácio do Planalto, nova Esplanada dos Ministérios, se julgasse aquilo naquele momento, por abril, talvez tivesse um tipo de reação diferente. Com o passar do ano, as questões vão se acomodando, ficou um momento mais adequado. Tanto que aqui na frente não havia manifestações. Eram cinco pessoas de um lado e cinco pessoas do outro. Não houve nenhum tipo de reunião que fosse de algum modo expressivo. Foi zero. A escolha do momento foi correta. É uma sintonia muito fina”, admitiu.

Toffoli ainda deu indicações de que investigadores do Ministério Público ou da Receita utilizaram “instrumentos não judiciais para obter informações”, “sem supervisão, investigação de gaveta”. A declaração foi em referência sobre a decisão tomada por ele para suspender as investigações que impactaram o filho de Bolsonaro, Flávio Bolsonaro.

As críticas do ministro à Operação que foi amplamente respaldada pelo atual mandatário Jair Bolsonaro, sendo utilizada, inclusive, por ele como bandeira para sua campanha eleitoral que o consagrou vitorioso nas eleições 2018, além da nomeação do ex-juiz Sergio Moro a um de seus gabinetes, não impediu, contudo, que Toffoli desse sinais de apoio a Bolsonaro.

Em diversas perguntas, Toffoli contrariou as posições de Sergio Moro. Uma delas, relacionada à prisão em segunda instância, de que geraria uma sensação de diminuição de combate à corrupção, declaração de Moro. “De maneira nenhuma, isso não tem o menor sentido”, rebateu o ministro.

Ao ser questionado como via a mudança “de governos de centro e centro-esquerda” para a “direita com o apoio da extrema-direita”, respondeu que foi uma reação de “cansaço da população com corrupção” e de “destravar o Estado”.

Em determinado momento, o entrevistador comentou que o Supremo Tribunal Federal o havia transformado “em um liberal”, contrário às posições políticas do ex-presidente Lula, por exemplo. E a resposta de Toffoli foi: “cada vez mais…”.

E quando foi perguntado o que ele achava do presidente Bolsonaro, elogiou: “Ele tem um discurso permanente para a base que o elegeu, mas ele tem uma capacidade de diálogo também. É uma pessoa que muitas vezes é julgado pelo que ele fala, mas ele tem, no governo, pessoas e áreas de excelência funcionando muito bem. Não vou dizer quais são, porque aí vou estar dizendo quais não estão indo bem.”

“Mas são áreas de excelência, tem feito belíssimos trabalhos, tem tido diálogos com as instituições o tempo todo. A impressão, curiosamente, é que é um governo com aquela mensagem mais isolada, mais sectária para determinado segmento da sociedade, e não um governo de todos. Mas, no dia a dia, políticas públicas estão sendo desenvolvidas, como na área de infra-estrutura. Na área da economia tem sido sempre feito um amplo diálogo com o parlamento. E aqui mesmo no Supremo”, continuou.

 

Redação

14 Comentários

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  1. Admitir que o STF escolhe o “momento certo” para julgar e desjulgar, como no caso da 2a.instância, é admitir fazer política(zinha)e não (J)ustiça. Por quê?
    Porque desde 1988 pelo menos, esta questão era como está hoje.
    Esta “côrte” escolhe “momentos certos”:
    1) Em 2016, para viabilizar a prisão do líder de pesquisas eleitorais, por um processo sem crime e sem provas.
    2) Em 2019, só após outro “momento certo”, da eleição de um presidente adolinquente.
    Ou seja, um tribunal que age política e casuísticamente.
    Uma vergonha escancarada.
    E publicamente admitida.

  2. Realmente o fascismo chegou e contaminou como um vírus. Tofolli demonstra o lado bem visível disto. Dizer que existem pessoas de alta qualificação neste governo terrível, ilustra isso.

  3. Esse cachorro tá cada vez mais suíno.

    Se o Lula não tivesse sido impedido de concorrer à presidência, não haveria mudança “de governos de centro e centro-esquerda” para a “direita com o apoio da extrema-direita” e, portanto, a população não se cansaria com a corrupção” e o Estado continuaria travado?

    Bolsonaro tá fazendo um belíssimo trabalho. Mas prá quem?

  4. Embora o julgamento da prisão em segunda instância tenha contemplado a soltura de Lula, ainda não foi julgado a sua inocência dentro do processo judicial.
    Contudo a opinião de Dr. Toffoli se resume em elogiar a Vaza-Jato, elogiar Bolsonaro e dizer que o momento correto daquele julgamento foi para evitar manifestações em favor de Lula, sendo que em nenhum momento o presidente do STF opina sobre que a prisão de Lula ocorreu sem provas, a prisão de Lula ocorreu somente através de convicções e que Lula foi e está sendo um preso político, até que seja oficialmente declarado inocente e que se devolva seus direitos políticos como cidadão.
    logo grande parte dos brasileiros consideram que a Vaza-Jato é uma operação ideológica partidária que usa o abuso de poder para alcançar seus objetivos políticos, que é agradar uma pequena parcela da população brasileira que domina o mercado.
    Assim sendo, o Ministro Toffoli faz parte do grupo de juízes que não estão preocupados com o bem social na sua essência, ou seja, ele sempre vai atuar a favor das causas do capital neoliberal.

  5. Toffoli associa a quebra de empresas nacionais à lava jato, mas o Supremo teve participação ativa e passiva neste processo. Deu asas à turminha de Curitiba e fez vista grossa para gravissimas atuações fora da lei do então juiz Moro e dos procuradores, causando sério desarranjo político e econômico no país.
    O procedimento de combate à corrupção adotado no Brasil difere totalmente daquele adotado nas demais nações civilizadas.
    A Alemanha pune os executivos da Siemens, quando são reveladas irregularidades, mas preserva a empresa, se necessário com intervenção.
    Os EUA punem os executivos da GM, diante de irregularidades, mas preservam a empresa.
    Os franceses punem os executivos da Alstom, quando há irregularidades, mas preservam a empresa.
    E assim funciona mundo afora, com os países preservando seu patrimônio, suas principais empresas, mesmo diante de graves irregularidades. Predominam os interesses nacionais de desenvolvimento econômico e social.
    Mas no Brasil da lava-jato, fizeram exatamente o contrário. Liberaram os executivos para usufruírem de suas fortunas e quebraram as empresas. Com as empresas, foram-se os empregos.
    Camargo Correa, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, UTC, enfim, uma enormidade de empresas importantes no cenário da engenharia nacional e internacional foram levadas de roldão. Quebraram.
    O desmonte da engenharia nacional foi patrocinado pela sanha punitivista de agentes públicos que não têm o menor compromisso com o estado democrático de direto, golpistas, pouco experientes e ambiciosos, com nítidos interesses pessoais – políticos e financeiros.
    Tal quadro deve-se muito à aliança dos despreparados de Curitiba com a mídia tradicional, que por sinal, pode se tornar mais uma vítima de suas próprias armações. O grupo Abril serve de exemplo.
    A mídia tradicional e a turminha de Curitiba precisam fazer uma profunda autocrítica de seus atos nefastos, mas, ao contrário, cobram autocrítica de quem foi o maior de suas vítimas, o presidente Lula, que passou quase seiscentos dias em prisão nitidamente injusta.

  6. Quando assisto, ou simplesmente leio, entrevistas de alguns ministros de cortes superiores parece que vejo pairar sobre suas cabeças, numa atitude ameaçadora, uma sombra asquerosa de velhos caudilhos da ditadura.
    Ministro, acorde!
    Há muito a homofibia, o racismo, o genocidio e o fascismo deixaram de ser apenas palavras. A economia estagnou, a inflação está camuflada, e a justiça existe para os amigos como mostra a malfadada lava-jato.
    Alias, Vossa excelência ao admitir que um grupo de amadores com sede de holofotes e subordinado aos eua quebrou nossas empresas, parece que o senhor, como nós simples mortais, admite que a lava-jato de curitiba chocou o ovo que gerou a serpente do golpe.

  7. Nessas horas é que a gente descobre que Bolsonaro nunca esteve sozinho…
    pelo que entendi, declarou que é um governo de e para alguns somente, não para todos, como foi o governo de Lula

    se é a visão do presidente do STF, quase que de volta à idade média, não esperem encontrar heróis onde só há vilões ( a elite dos servos mais próximos do senhor feudal)

  8. Processo tem capa e agora tem também agenda, segundo o tófoli. Só falta o stf confirmar mais um adjetivo: obediente. Cada vez mais…
    O governo bolsonaro tem feito um belíssimo trabalho? Não diga? É gozação…
    E a lava jato que destruiu empresas a pedido dos eua, atacou a corrupção…, mesmo depois das revelações da vaja jato?????
    A globo não deu nem deixou ele ler em outras poucas fontes.

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