Três Estados, seis processos: Cachoeira tem muito a explicar

Por Marco Antonio L.

Do Yahoo / Agência O Globo

Carlinhos Cachoeira responde a mais seis processos

Por Vinicius Sassine ([email protected] | Agência O Globo

Carlinhos Cachoeira é visto ao testemunhar durante comissão parlamentar de inquérito no Senado Federal em Brasília, …

BRASÍLIA – Carlinhos Cachoeira conseguiu a liberdade depois de quase nove meses detido, mas os advogados do bicheiro precisarão se desdobrar para mantê-lo fora da prisão. O contraventor responde a pelo menos seis processos, em cinco diferentes instâncias da Justiça, em três estados – Goiás, Mato Grosso e Rio de Janeiro – e no Distrito Federal.

Para embasar o novo pedido de prisão preventiva de Cachoeira, solto na madrugada de quarta-feira, 21, o Ministério Público Federal (MPF) em Goiás menciona os antecedentes criminais do acusado para apontar a reincidência no crime por parte do bicheiro. “Embora seja tecnicamente primário, seus antecedentes criminais não são bons”, diz o MPF no pedido de prisão apresentado à Justiça Federal no último dia 14. A defesa deve se manifestar sobre o pleito dos procuradores da República em até dez dias, contados a partir do dia 21. Só então o juiz federal Alderico Rocha Santos, responsável pelo processo da Operação Monte Carlo, decidirá sobre o pedido de prisão.

Condenado a 8 anos no Rio

Em dois processos, Cachoeira já foi condenado em primeira instância. Dois dias antes da deflagração da Monte Carlo, em fevereiro deste ano, a Justiça do Estado do Rio condenou o bicheiro a oito anos de prisão pela prática dos crimes de corrupção ativa e contra a Lei de Licitações. O processo se refere ao escândalo envolvendo o ex-presidente da Loterj Waldomiro Diniz, condenado por corrupção passiva e crime contra a Lei de Licitações. As imagens de um vídeo em que Waldomiro pede propina a Cachoeira foram divulgadas quando o primeiro era um dos principais assessores de José Dirceu na Casa Civil, em 2004. Cachoeira é defendido no processo por sete advogados, que recorreram da sentença no Tribunal de Justiça do Rio. Enquanto houver possibilidade de recurso, o bicheiro permanece em liberdade.

A segunda condenação foi decidida pela Justiça do DF, no processo referente à Operação Saint-Michel, que apurou tentativa de fraude de licitação para a bilhetagem eletrônica do transporte público em Brasília. Cachoeira foi condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto, pela prática dos crimes de tráfico de influência e formação de quadrilha. Um alvará de soltura foi expedido na mesma sentença, proferida na última terça-feira, 20.

Cachoeira é réu ainda num processo que apura crime de contrabando, em tramitação na Justiça Federal em Mato Grosso desde 2007. Em agosto deste ano, o juiz do caso determinou novas diligências para instrução do processo. Os réus já se manifestaram, entre eles um dos irmãos de Cachoeira, Paulo Roberto de Almeida Ramos. A pena máxima para o crime de contrabando é de quatro anos de detenção, podendo chegar a quase sete anos se o juiz entender que houve continuidade delitiva por parte do réu.

Num processo sigiloso em curso no TJ de Goiás, o bicheiro é réu por suposta compra de sentença judicial. Cachoeira é suspeito de ter pago R$ 95 mil a um juiz goiano para obter uma decisão favorável à Gerplan – Gerenciamento e Planejamento -, empresa controlada pelo contraventor quando o jogo era legalizado em Goiás. O processo se arrasta desde 2005. Na Justiça Federal no estado, por sua vez, o bicheiro está perto de conhecer a sentença do juiz Alderico Rocha sobre as acusações referentes à Operação Monte Carlo. Os crimes imputados pelo MPF são formação de quadrilha, corrupção ativa e violação de sigilo. Os procuradores da República esperam uma pena de pelo menos 50 anos de prisão. Uma nova denúncia foi protocolada na Justiça Federal em Goiás no último dia 14, pela suposta prática do crime de contrabando de peças para a composição de máquinas caça-níquel. A pena prevista pela acusação para este processo é de sete anos.

Somadas, as penas esperadas para cinco dos seis processos chegam a 77 anos de prisão. Não se sabe quais são os crimes investigados no processo sobre compra de sentença, que corre em sigilo. Os tempos de prisão estabelecidos em cada processo podem ser somados. Essa unificação cabe à vara da Justiça estadual responsável pela execução da pena. Se Cachoeira voltar a ser preso, o mais provável é que a soma fique a cargo da Justiça de Goiás.

A Justiça autorizou ontem o bicheiro a ir a Anápolis (GO), sua cidade natal, para visitar o túmulo da mãe, o que ocorreu à tarde. Ele também obteve permissão para se encontrar com seu advogado, Nabor Bulhões, em Brasília, para discutir os termos da nova denúncia formulada pelo MPF. A autorização é válida até o fim da tarde de hoje. Depois, Cachoeira precisa voltar para sua casa em Goiânia. Em Anápolis, o contraventor deu uma rápida entrevista à TV Record, antes de visitar o túmulo da mãe. Ele disse que vai “falar toda a história” na hora certa. “O povo de Goiás vai ter orgulho de mim”, afirmou. O passaporte do bicheiro foi entregue à Justiça Federal por um de seus advogados, no fim da tarde de ontem.

 


Luis Nassif

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