Youssef não diz para quem levava dinheiro da OAS no esquema do Rodoanel

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Delator da Lava Jato, Alberto Youssef prestou depoimento à equipe paulista da Polícia Federal, que investiga o esquema de corrupção nas obras do Rodoanel Norte. Mas, embora tenha passado pelo menos 3 anos operando como uma espécie de “conta-corrente” da OAS, Youssef não soube dizer quem eram os destinatários da propina da empreiteira.
 
O Estadão desta segunda (13) informa que Youssef prestou depoimento à PF no âmbito da operação Pedra no Caminho, ocasião em que afirmou que entregava dinheiro em endereços em São Paulo a pedido do “chefe da propina da OAS”, José Ricardo Breghirolli, que tinha um funcionário chamado Rafael Ângulo. Os dois executivos se dividiam no contato com Youssef, e indicavam onde o doleiro deveria entregar os recursos.
 
Sem apontar quem recebia a propina no esquema que ocorreu sob o nariz de Geraldo Alckmin (PSDB), no governo de São Paulo, Youssef disse que Ângulo “talvez se recorde de algum endereço ou nome do destinatário final do dinheiro”. 
 
Quando Youssef foi preso, em março de 2014, tinha em seu cofre cerca de R$ 1,6 milhão que seria usado “em algumas entregas a pedido da OAS, por meio de José Ricardo, com as respectivas anotações de endereço e o nome do destinatário nesta cidade de São Paulo/SP”, contou.
 
Youssef ainda declarou que “tanto o dinheiro quanto as anotações de nomes e endereço foram apreendidas por ocasião do cumprimento do mandado de busca e apreensão em seu escritório.” Os valores indicados por José Ricardo como propina a diferentes enfereços/pessoas variavam de R$ 150 mil a R$ 2 milhões, acrescentou.
 
CAIXA 2 DA OAS
 
Segundo Youssef, ao menos desde 2012 ele tem “relações estreitas”, segundo o Estadão, com José Ricardo, da OAS. Os dois se encontravam de uma a duas vezes por semana, até o início de 2014, para discutir a entrega da propina, os endereços e receptores.
 
Pelos relatos, Youssef funcionava como uma conta-corrente. Ele recebia os recursos das mãos de José Ricardo e distribuía de acordo com orientações. Uma vez por mês, eles se reuniam para “bate umas planilha” com os “débitos e créditos” em posse de Youssef. Essa planilha era destruína na sequência mas, segundo Youssef, pode ser que os demais delatores tenham “uma ou duas” cópias desse controle.
 
“Talvez, uma ou duas planilhas desse controle que fazia com José Ricardo tenham sido apreendidas ou entregues por ocasião da celebração de seu acordo de colaboração premiada; que está anotado nesses controles que se trata da ‘conta-corrente’ da OAS; para gerenciar essa ‘conta-corrente’, a OAS não fez uso das empresas de fachada controladas pelo declarante, de modo que todas as transações ocorreram por meio de dinheiro em espécie”, contou o doleiro, segundo relatos obtidos pelo Estadão.
 
Em nota, a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A e o Governo do Estado de São Paulo) disse que é grande interessada na investigação e que “todas as obras realizadas pela Companhia foram licitadas obedecendo-se à legislação em vigor.” 
 
“A DERSA ressalta que se houve conduta ilícita com prejuízo aos cofres públicos, o Estado irá cobrar as devidas responsabilidades, como já agiu em outras ocasiões.”
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. de repente nem pode apontar…

    não dizer a quem entregou deve fazer parte do pacote de premiação

    pior é que um dos principais ítens levados em consideração, pela lei de colaboração, para se apurar a efetividade da colaboração, é justamente facilitar a identificação de coatores

    mas, explica-se…sem identificar coatores fica impossível revelar toda a estrutura do crime organizado

    Sinal de que os negociadores podem estar retirando exigências da própria lei para incluir no pacote de premiação

    Ao que parece, ser tucano é ser visto como o Deus de quem negocia a colaboração

    1. algo inacreditável, caso se confirme…

      a negociação com o que é retirado de uma lei

      o mesmo que falsificação da lei para proteção de uns e, por tabela, perseguição ilegal de outros

  2. e pensar que já retiraram quase tudo de certa lei…

    e o STF foi o primeiro a reconhecer que o que foi retirado não faz falta e nem impede o seu cumprimento

    de repente porque nem se preocupou em trazer à lume o que foi retirado

    1. em tempo…

      o perdão judicial e a redução da pena é a garantia sim, mas também têm relação direta com a efetividade da colaboração, considerando-se todos os resultados como positivos, sendo a revelação da estrura criminosa o principal

      Sem este resultado positivo, o que tem que ser diminuído é o que foi diminuído para atrair a colaboração do delator, a não ser, é claro, que tenha sido combinada entre eles e não negociada de acordo com a lei

      para uns, vamos combinar

      e para outros, vamos negociar!? que porra de lei é esta que permite o uso de apenas uma parte dela e a escolher?

  3. É Carnaval?

    Nassif: essa de querer que o doleiro-bandido dê nomes já conhecidos da PF, dos Gogoboys, dos Togados e os Fardados, assim já é demais. Lembra aquela estória do corno que sabia toda vizinhança furnicava com sua mulher, inclusive o leiteiro também dera umas bicadas na periquita dela. Então, numa fria manha de agosto resolve por apertar o pobre entregador para que ele diga pra quem entrega o leite e, dentre estes, quais deles comia sua dadivosa amada. Isto é abusar do direito de usar chifres na testa, fora do carnaval.

    1. Em tempo:

      Tão falando que essa da DERSA insistir nos nomes é pra fazer Justisssssa. O botim teria de ser equitativamente repartido entre todos do bando. Só pros da Moóca, os de Paris e do Murumby não reflete o espírito da irmandade. Fraternidade, Igualdade e Liberdade pra todos. Inclusive prá roubar… 

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