2018, fim do ciclo petista?

Temos visto vários movimentos no PSB e no PSDB nas últimas semanas, mais precisamente após as eleições municipais.

Na minha modesta opinião, o que estamos assistindo hoje são acomodações normais para o jogo da eleição presidencial de 2018.

Não, não há erro de digitação, é 2018 mesmo.

A La Lampedusa, 2014 pode ser um ano em que tudo mudará para ficar como está. Para 2014, muita coisa parece estar prevista para 2018. E por quê?

Porque o ano de 2018, enxergado do ponto de vista de hoje, poderá encerrar o ciclo do PT no comando do executivo federal.

E isso deve estar sendo analisado pelos estrategistas de todos os partidos com alguma chance de chegar ao Planalto. E talvez seja essa a idéia que adie o golpe da direita para retornar ao poder. Previsto por vários analistas políticos e que teria que se dar em 2013.

Dilma Rousseff é a candidata do PT e favorita a reeleição em 2014. Nosso modelo eleitoral nas eleições majoritárias acabou muito parecido com o dos EEUU. Quem está no comando do executivo é candidato natural e leva uma enorme vantagem sobre os outros candidatos. É necessário ocorrer algo muito grave na economia para que o eleitor busque o novo. Basta estudar a história recente das eleições americanas.

À bem da verdade, o Brasil, nesse ponto, se mostra um pouco diferente dos EEUU. Lá o ciclo dos partidos que se revezam no poder chega ao máximo de 3 mandatos. O presidente se reelege e, se fez um bom 2º mandato, elege seu sucessor. Depois, um desgaste natural do modelo leva a problemas na economia e o ciclo recomeça com um novo partido no poder. 

As forças conservadoras vocalizadas pela grande mídia parecem que acordaram para isso. Passaram 10 anos batendo na tecla da moral sem nenhum resultado prático do ponto de vista eleitoral. Terão de desconstruir a economia se desejam eleger seu candidato. “É a economia, estúpido” que faz o eleitor mudar. E tome PIBinho, apagões e que tais. Muito virá ainda. Uma crise seria muito bem vinda para as oposições. Se crise fabricada, melhor ainda.

Se isso não ocorrer no Brasil, e parece que não vai ocorrer, então, quem está na corrida presidencial de 2014 deve na realidade mirar em 2018. Ainda é cedo, mas já podemos analisar a situação de alguns dos principais jogadores. 

O PSDB.

Aécio Neves – senador com mandado até 2018 é o candidato natural – até porque em política tem fila e ele é o próximo da fila. Nada tem a perder e tudo tem a ganhar em 2014. É o candidato mais forte da oposição. Pela primeira vez desde a eleição de 1998 o PSDB estará unido entorno do um nome, o seu nome. Se a oposição tem alguma chance, o nome dessa chance é Aécio. Tentarão na base do ousar é preciso e ousar perder é ousar ganhar.

O problema do PSDB é não ter mais as propostas do passado nem ideias para o futuro.  Se a economia estiver minimamente viável, Aécio terá de surfar no tsunami que o PIG fará, com o cuidado de não sujar a barra da calça, pois tal tsunami não será exatamente de água marinha. Mesmo que não se eleja estará com o mandato de senador e terá consolidado um “recall” bastante considerável para 2018. Sem Dilma e sem o PT na cabeça de chave e com a barra limpa é bastante viável.

Para Alckmin não dará em 2014. Alckmin é o delfim do Instituto Millennium.  Mas as eleições de 2012 com a vitória do PT em São Paulo e o desastre que está sendo sua administração, desastre onde a falência da segurança pública é só a face mais trágica, mostram claramente que até sua reeleição para governador é incerta hoje em dia. Sem ele não há candidato do PSDB em São Paulo. E o Estado de São Paulo e a Presidência da República nas mãos do PT é risco que a direita não vai correr. Alckmin fica como candidato a governador para defender a cidadela paulista. Se reeleito disputa a indicação com Aécio para 2018.

No PSB é Eduardo Campos em 2014.

Ocorre que o PSB é um partido pequeno. Pequeno demais para Ciro Gomes e Eduardo Campos juntos.

Do mesmo modo o PSDB demonstrou ser um partido pequeno. Pequeno demais para Aécio Neves e José Serra juntos ou Serra e Alckmin juntos ou, ainda, Serra e qualquer outro junto.

Ciro Gomes é um caso a parte em termos de político. Candidato a presidente desde 1998, todos o reconhecem como um grande quadro. Porém, parece nunca conseguir viabilizar sua oportunidade. Não será 2014 o ano em que isso ocorrerá. E se ficar no PSB, não será 2018 também.

Eduardo Campos é o grande nome da situação para 2018. É o nome para sucessão de Dilma e o único, neste momento, que poderia ter o apoio de Lula e conseguir a aceitação do PT em uma composição que preservasse as conquistas petista. Tente mentalmente encontrar um nome no PT viável neste instante para ser o sucessor de Dilma. Viu? Não é fácil.

Claro que o PT não morrerá em 2018. Recomeçará um ciclo.

Ocorre que Eduardo Campos joga um jogo complexo. Tem de ocupar espaço no PSB se não os irmãos Gomes ocupam. No seu segundo mandato, não poderá ser candidato ao governo novamente. Optando por ser candidato a senador, disputará uma eleição regional sem nenhuma expressão nacional. Seu nome ainda não é reconhecido como uma liderança a nível nacional. As eleições de 2014 são uma grande oportunidade, uma vitrine para fazê-lo ser.

O ideal para Eduardo Campos seria ser candidato à vice-presidente na chapa de Dilma. Isso o colocaria como aliado e candidato natural à sua sucessão. Ocorre que para isso tem de combinar com os russos. E os russos nesse caso é o PMDB.

Se não for candidato à vice, tem de ser candidato à presidência. Não será eleito, mas terá deixado o seu nome marcado na lista para 2018. Apoiará Dilma em um hipotético 2º turno, será ministro e candidato à sucessão.  Que lindo sonho azul, porém há um problema.

O problema é ser oposição e situação na mesma eleição enquanto, ao mesmo tempo, toureia Ciro Gomes – o touro indomável.

O PMDB. 

Resta ao PMBD a candidatura à vice de Dilma em 2014. Qualquer ameaça a essa posição e o partido passa na mesma hora para a oposição sem deixar um único cargo no governo. São especialistas em quinta-coluna. Ainda que seja necessário reconhecer, não há porque acusar Temer de qualquer deslealdade até agora, ao contrário. Ficará para 2018 seu renascimento como partido com candidato próprio para presidente, ou não. Não é exatamente com isso que o partido se preocupa. Comporá com o ganhador e seguirá em frente.

E Sergio Cabral? Mistério.

Mas sua posição atual, pós-Cavendish, diz que cuidar da sua sucessão no Rio de Janeiro em 2014 e de um mandato de senador lhe faria muito bem. Outros sonhos ficam para 2018.

Para os demais partidos restará compor a base. Apenas o PSD pode ter algum interesse em 2014. Para 2018 não é ainda nem possível saber se existirão.

O PSD foi criado para ser o partido com o qual o Serra contava para qualquer situação que o levasse a sair do PSDB. Ocorre que o “partido do Kassab” ficou muito maior que o Kassab. Dará apoio a Serra em 2014 e morrerá, ou estará na base de Dilma? 

Sim, porque Serra será candidato nas próximas eleições presidenciais. É outro que não tem mais nada a perder em 2014. É também o único para o qual 2018 não existe. Por qual partido se candidatará? Provavelmente pelo PPS, mas isso é o que menos importa. Serra é desde sempre o seu próprio partido.

Finalmente o PT.

O PT chega a 2014 em uma situação dicotômica. Tem dois candidatos para vencer no primeiro turno. Dilma e Lula. Provavelmente vencerá no 2º turno contra Aécio Neves. Não tem hoje nenhum candidato para 2018.

O mensalão custou-lhe preciosos quadros. Marta e Mercadante, nomes de alcance nacional não se viabilizaram. Outros grandes nomes como Patrus, Pimentel e Tarso são regionais. Farão bonito em seus estados; Gleisi e Paulo Bernardo jamais ambicionaram mais.

A menos que Lula tire outro “poste” da cartola, Haddad é a promessa.

Mas por enquanto é não mais que isso, uma promessa. Terá de fazer um bom governo na prefeitura de São Paulo, ser reeleito em 2016 para chegar a disputar como candidato do PT em 2018. 

Mesmo assim estaria queimando etapas, já que o caminho natural é a governança do Estado. 

Para Haddad e o PT, em 2018 será necessário aprender com Tancredo Neves. Deixar as águas baterem nas pedras em 2014 para estudar a espuma antes de tomar qualquer decisão.

Redação

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