A carta dos familiares de mortos e desaparecidos políticos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Familiares de mortos e desaparecidos políticos escreveram uma carta divulgada nesta terça (4), após um encontro nacional em Brasília, defendendo o trabalho de resgate da memória das vítimas da ditadura militar, além de demandar o cumprimendo de duas dezenas de recomendações feitas no Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, publicado em 10 de dezembro de 2014, além da continuidade dos trabalhos e da autonomia da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, responsável por organizar o encontro.

 
Na segunda (3), a Comissão divulgou a identificação de um sindicalista torturado e morto em São Paulo, na unidade comandada pelo coronel Carlos Brilhante Ustra. A identificação da ossada foi feita por meio de exame de DNA. 
 
Leia, abaixo, a carta completa.
 
CARTA DE BRASÍLIA
 
Nós, familiares de pessoas mortas e desaparecidas vítimas da
repressão política da ditadura militar brasileira (1964/1985), presentes
no I Encontro Nacional de Familiares promovido em Brasília – DF, pela
Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP)
instituída pela Lei 9.140/95, reunidos com membros e colaboradores/as
dessa Comissão, nos dias 03 e 04 de dezembro de 2018, vimos a público:
 
– REITERAR o nosso direito inalienável de conhecer as circunstâncias de
desaparecimento e morte de nossos entes queridos e de receber os restos
mortais que ainda não foram localizados para sepultamento digno;
– REIVINDICAR a efetiva implementação das 29 (vinte e nove)
recomendações do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade,
publicado em 10 de dezembro de 2014;
– REAFIRMAR a necessidade de preservação de todos os arquivos
relativos ao período da ditadura militar, bem como a reconstituição de
autos e de procedimentos eventualmente destruídos ou, de qualquer
modo, extraviados;
– DEMANDAR políticas públicas de implementação e manutenção de
espaços e marcos de memória relativos às ações de repressão da ditadura
militar e de resistência à violência e ao arbítrio daquele período;
– DEFENDER, de maneira intransigente, a continuidade dos trabalhos
em termos plenos e a autonomia da Comissão Especial sobre Mortos e
Desaparecidos Políticos;
– REQUERER a realização anual, a partir de 2019, de encontros nacionais
de familiares nos moldes do presente evento.
Nesses termos, reafirmamos o compromisso com a luta de nossos
antepassados pela defesa da justiça social, da liberdade e da democracia.
 
Brasília, 4 de dezembro de 2018. 

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

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  1. Se pra mim, que não tive

    Se pra mim, que não tive nenhuma tragédia na família, está sendo dolorido ver parcela do povo brasileiro eleger um presidente  que se orgulha de usar uma camiseta estampada com um torturador monstruoso, imagino a dor desses familiares dos torturados e mortos pela ditadura.

    A eles todos o meu amor e solidariedade. Não tenho palavras para exprimir o meu desalento com a crueldade e sadismo que perpassa a sociedade brasileira. 

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