A escalada autoritária contra o “Fora Temer” em São Paulo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Para deputado federal, a repressão violenta aos protestos foi “articulada” entre Temer e o governo Alckmin, para impedir que São Paulo se transforme no centro de resistência ao golpe. Internacionalista avalia que o autoritarismo não terá sucesso. “Em 2013, a repressão exagerada foi um dos combustíveis para que a revolta se espalhasse pelo país”

Foto: Marlene Bergamo/Facebook

Jornal GGN – Alojado no poder em função do impeachment de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (PMDB) e seu programa que impõe, na visão de movimentos sociais, retrocessos a trabalhadores, aposentados e estudantes foram o principal alvo da manifestação na Avenida Paulista, na tarde de domingo (4). O ato, diferentemente do que ocorreu em protestos de 2015, a favor da destituição de Dilma, foram encerrados à força pela Tropa de Choque da Polícia Militar sob a autoridade do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

O evento foi convocado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. A concentração começou por volta das 16h30, no vão livre do MASP. A intenção era percorrer a Avenida Paulista, sentido Consolação, seguindo até o Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, passando pela Avenida Rebouças.

A reportagem do GGN esteve na Paulista e conferiu que o ato foi pacífico. Havia uma grande proporção de jovens estudantes e um segmento mais velho, além de famílias e crianças. Além de entoar palavras de ordem contra o “golpe” que levou Temer ao poder, contra fascistas e a repressão da Polícia Militar, os organizadores tratavam o ato como o segundo movimento Diretas Já da história nacional.

Em entrevista ao Mídia Ninja, a cartunista Laerte Coutinho falou sobre as ‘Diretas Já’ durante a concentração em frente ao vão do Masp: “Não vejo a história como repeteco, não estou achando que é a mesma coisa. E aliás, a bandeira de eleições gerais, não sei se é unânime também. Talvez ela seja meio prematura, cá para mim, que a recusa ao governo golpista ainda não está madura para propor uma saída só, mas eu acho cabível, vamos lá, eleições gerais, agora eu não sei se é um sentimento generalizado”. Em nenhum momento a volta de Dilma à presidência foi colocada em pauta pelos organizadores. Apenas em atos isolados alguns manifestantes – praticamente ignorados pela maioria – pediram a anulação do impeachment.

Quem percorreu a Paulista desconfiou da falta de policiamento ostensivo após a repressão violenta registrada em protestos, na semana passada, quando uma estudante da Universidade Federal do ABC, em Santo André, perdeu a visão após ser atingida por estilhaços de munição que a PM descarregou em cima dos manifestantes.

BLACK BLOCS CERCEADOS

Dessa vez, justamente em função de serem usados pelo governo para desqualificar os protestos, os encapuzados eram publicamente repudiados pelos organizadores. Há relatos de que seguranças da CUT (Central Única dos Trabalhadores) abordavam grupos que poderiam ser adeptos da tática Black Bloc para evitar que eles tomassem a linha de frente e entrassem em confronto com a polícia.

Enquanto as duas faixas da principal avenida da Capital ficavam cada vez mais abarrotada, o locutor no caminhão de som ironizava a fala de Temer sobre os protestos contra seu governo. “Daqui de cima estou contando quatro, quatrocentos, quatro mil, quarenta mil, já somos pelo menos cem mil pessoas gritando ‘Fora Temer’”, disparou. A PM não quis fazer estimativas. Folha de S. Paulo, na edição desta segunda, também não fez menção a números – publicou que “milhares foram às ruas” contra o atual governo e citou o cálculo de 100 mil, dos organizadores.

O jornal O Globo apontou que pelo menos oito quarteirões da Paulista foram tomados. Em protestos pró-impeachment, no ano passado, quando nove quarteirões da Paulista foram tomados, com ocupação das duas pistas, a PM afirmou categoricamente que havia mais de 1 milhão de pessoas no local. O número foi contestado em função da largura e extensão da via, e o contraponto dizia que em nove quarteirões caberiam, com cinco pessoas por metro quadrado, caberiam pouco mais de 300 mil pessoas. Isso significa que, ontem, se oito quarteirões foram tomados, o número de manifestantes contra Temer pode ser superior a 100 mil.

Boa parte desse contingente desceu a alça de acesso à avenida Rebouças, rumo ao Largo da Batata. Por volta das 18h, a reportagem flagrou o instante em que cortaram as luzes do túnel. No carro de som, os organizadores creditavam a ação ao governo Alckmin. Manifestantes foram obrigados a usar a lanterna de celulares para iluminar o trajeto. Neste momento, pelo menos dois carros da Tropa de Choque passaram pelos manifestantes.

O PRETEXTO PARA A REPRESSÃO

Por volta das 21h, manifestantes começaram a dar o ato por encerrado oficialmente e muitos se direcionaram à estação Faria Lima do Metrô, até descobrirem que estava fechada. Um batalhão da Tropa de Choque estava estacionado ao lado, amedrontando os transeuntes. O Metrô informou à Folha de S. Paulo que suspendeu a entrada de usuários para evitar superlotação nas plataformas.

Foto: Luiz Gustavo Braz

Em O Globo, o pretexto da PM para atacar manifestantes e forçar a dispersão partiu de uma suporta notificação de ocorrência de vandalismo dentro do Metrô. A informação foi desmentida pela empresa, que negou depredação de patrimônio. Apesar disso, a PM disse ter registrado ataques à entrada do Metrô, o que teria motivado a reação contra civis.

“Muitas famílias estavam lá com crianças pequenas, idosos se equilibravam em suas bengalinhas quando tudo isso começou. Vimos dezenas de pessoas em pânico. Tentamos primeiro entrar na estação Faria Lima, mas fomos impedidos. Um caminhão da Tropa de Choque estava parado do lado da porta da estação e resolvemos sair dali o quanto antes. Todos gritavam ‘sem violência, sem violência’, mas não adiantou. As bombas continuaram. Corremos e muitas rotas de fuga estavam bloqueadas pela PM. Nesse meio tempo, não vimos nada quebrado pelos manifestantes, nem mesmo uma agência bancária na esquina da rua que entramos. E as bombas não paravam. Os black blocs surgiram depois, em reação à repressão policial desproporcional”, relatou Cristiane Agostine, uma das manifestantes.

Ela flagrou uma mulher identificada como Karen Menatti, 40, em “estado de choque” após ser atingida por uma bala de borracha na perna direita. “Ela tinha chegado no fim da manifestação e estava se despedindo dos amigos na porta da estação do metrô quando a PM começou a atirar e jogar bombas. Não conseguiu escapar.”

Foto: Cristiane Agostine

A concentração pacífica no Largo da Batata, quando a caminhada já estava concluída, também foi registrada em vídeo dos Jornalistas Livres, que entrevistavam o senador Lindbergh Farias e o deputado Paulo Teixeira, ambos do PT, no momento em que a Tropa de Choque começou a disparar contra os manifestantes. O ex-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, também foi atingido.

https://www.youtube.com/watch?v=8mO6zyfDIsE width:700 height:394

Em outro vídeo, um manifestante é agredido pelos oficiais e levado para o caminhão da Tropa de Choque. Há outros registros de agressões circulando na internet, inclusive contra profissionais da imprensa.

A ESCALADA AUTORITÁRIA

Para o deputado Paulo Teixeira, a escalada autoritária contra os protestos em São Paulo é fruto de uma parceria entre Alckmin e Temer. “Não é à toa. A atual Secretaria de Segurança Pública foi da equipe de Alexandre de Moraes, que virou ministro da Justiça. Isso está articulado com o governo Temer, que acha que através da repressão vai evitar que o povo vá às ruas”, disse o parlamentar. Ele prometeu anunciar, nesta segunda (5), representações contra a violência dos atos no Ministério Público e na Comissão de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).

O deputado também acompanhou, junto a advogados particulares e ativista, a situação de cerca de 27 pessoas presas – 21 no Centro Cultura de São Paulo, por volta das 15h, e outras sete durante o ato na Paulista – por associação criminosa e corrupção de menores. Eles foram impedidos de deporem diante de um advogado e de ter comunicação com familiares. Uma parte será encaminhada à Fundação Casa e, outra, à penitenciária, de acordo com O Globo.

LEIA MAIS: Polícia de Alckmin esconde mais de 20 detidos por 12 horas

A REPRESSÃO VAI PERDER

Para o professor de Relações Internacional da UFABC, Gilberto Maringoni, o ato de São Paulo foi um sucesso. “Por isso é preciso desqualificá-lo”.

“A manifestação de São Paulo não estava na conta do governo golpista, da gestão estadual tucana e nem da grande mídia. Alguma providência precisaria ser tomada. E ela veio com uma estúpida repressão policial, em seu final”, disse, em alusão à cobertura das emissoras de TV, que deram destaque, na noite de domingo, ao “confronto entre manifestantes e PMs”.

Para Maringoni, apesar da tática de impor medo à população, é pouco provável que as ações da PM sirvam para intimidar. “A brutalidade contra manifestações em outros três dias da semana paulistana serviu de incentivo para as ruas serem ocupadas de forma democrática. Em 2013, a repressão exagerada foi um dos combustíveis para que a revolta se espalhasse pelo país”, lembrou.

Para ele, “provocação não vale a pena de lado nenhum. Seria bom Michel Temer recuperar aquelas palavras de Carlos Átila de três décadas atrás e perceber que mesmo bravatas palacianas não abafam o ruído das ruas.”
 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. A repressão em São Paulo,

    A repressão em São Paulo, capitaneada pelo PSDB, é o climax da metamorfose pela qual passou este partido ao longo dos anos. Se inicialmente este era um partido social democrata com epicentro na USP hoje é um partido proto-facista com epicentro no Ministério Público de São Paulo e na prórpia PM. Basta ver quantos membros do MP paulista ocupam altos cargos nos governos tucados, principalmente nas áreas relacionadas à justiça e segurança, e também de quantos coronéis aposentados da PM ocupam cargos de confiança. O que vemos agora com o governo Temer é  a tentativa de exportar este modelo para o nível federal, utilizando como principal vetor a dupla Temer e Alexandre de Moraes.

    Não nos enganemos, o cerne do governo atual não é o Meirelles nem o Serra. O cerne é o próprio Temer, que sempre foi um grande representante dos interesses da PM paulista no congresso nacional, e o Alexandre de Moraes, um representante do MP paulista. 

     

  2. A repressão em São Paulo,

    A repressão em São Paulo, capitaneada pelo PSDB, é o climax da metamorfose pela qual passou este partido ao longo dos anos. Se inicialmente este era um partido social democrata com epicentro na USP hoje é um partido proto-facista com epicentro no Ministério Público de São Paulo e na prórpia PM. Basta ver quantos membros do MP paulista ocupam altos cargos nos governos tucados, principalmente nas áreas relacionadas à justiça e segurança, e também de quantos coronéis aposentados da PM ocupam cargos de confiança. O que vemos agora com o governo Temer é  a tentativa de exportar este modelo para o nível federal, utilizando como principal vetor a dupla Temer e Alexandre de Moraes.

    Não nos enganemos, o cerne do governo atual não é o Meirelles nem o Serra. O cerne é o próprio Temer, que sempre foi um grande representante dos interesses da PM paulista no congresso nacional, e o Alexandre de Moraes, um representante do MP paulista. 

     

  3. Carros e menos

    Ate carro sendo queimado foi creditado aos manifestantes como ato de vandalismo ( apenas a Veja noticiou) e deixou para que as pessoas comentassem dizendo que eram esquerdistas e vandalos.

    E hoje, em canais de noticias de tv a cabo, não foi dedicado um minuto siquer as noticias sobre o protesto, sera que é medo de inflar os proximos, por isso não dizem nada.

  4. Realmente não sei se o

    Realmente não sei se o movimento “Fora Temer” vai aumentar, nem mesmo em resposta à repressão policial vista nos últimos dias. Acho que a tendência agora é o movimento esfriar. Mas vai saber…

  5. Eu era uma dessas pequenas

    Eu era uma dessas pequenas cabeças em vermelho entrando sob o viaduto da Rebouças, com muito orgulho. Também fui uma das agredidas pela PM enlouquecida, cujo chefe, um coronel, disse não saber que as portas foram fechadas para que as pessoas não entrassem. A minha sorte e da minha irmã e cunhado, foi que já estávamos na porta tentando entrar, antes de começarem  a jogar as bombas. Quando chegamos ao Largo da Batata, descansamos por poucos minutos e nos dirigimos à entrada da estação e lá havia um bando de soldados do choque escondidos no escuro em uma das portas fechadas, e outros segurando as portas da frente. Questionei os soldados do choque porque a porta estava fechada, e o soldado disse que não sabia. Em seguida fui para a outra porta e disse que queria entrar pois se fôssemos coxinhas teríamos as catracas liberadas. Talvez por meus cabelos brancos ou uma raiva surda me deixaram entrar. Em seguida minha irmã e cunhado entraram também. Quando já estávamos lá dentro começaram as bombas, e as pessoas tiveram que forçar a porta da estação para conseguirem entrar. Quando finalmente as pessoas foram entrando, estavam feridas, um menino  de uns 13, 14 anos,tinha um ferimento no braço, outros estavam com olhos lacrimejando. Acho que nem na ditadura senti tanto ódio da PM. Como ousaram estragar uma passeata tão bonita? O que mais me chamou a atenção é que vários soldados da PM portavam câmeras profissionais. Parecia tudo ensaiado. Criaram o caos, fechando as portas e agredindo e ficaram filmando. Um bando de canalhas. O que acabou acontecendo é que na estação seguinte, entraram muitos manifestantes e a passeata seguiu por dentro da estação, quando descemos na estação Paulista. Felizmente os funcionários do metrô tiveram mais bom senso e não nos incomodaram. Com o ânimo exaltado como estávamos, talvez as coisas ficassem bem complicadas se tivessem agido de outra forma. Hoje assistimos às cenas editadas que as emissoras de tv acham convenientes mostrar. Um absurdo e uma vergonha. 

  6. A  Violência em 2013 deu

    A  Violência em 2013 deu certo !! LEvou o governador Alckmin a se reeleger no primeiro turno mesmo com crise hídrica !!!

    E o poder já foi tomado pela direita.Depois que Dilma caiu, não há mais o que se possa fazer… só derrubar Temer para entrar um Tucano.

  7. panela de pressão

    o efeito panela de pressão só tende a piorar o panorama. Quanto maior pressão nos protestos, mais energia para os protestantes irem em frente.

  8. Mais uma do Alexandre de Moraes…

    …infiltrado de Geraldo Alckmin no golpe do PMDB de Cunha:

     

    NOTA PÚBLICA DO MOVIMENTO POR VERDADE, MEMÓRIA, JUSTIÇA E REPARAÇÃO

    O governo Temer anunciou hoje uma intervenção inédita na Comissão de Anistia, órgão do Estado brasileiro responsável pelas políticas de reparação e memória para as vítimas da ditadura civil-militar. Pela primeira vez se efetivou uma descontinuidade de sua composição histórica.

    Desde a sua criação pelo governo FHC, a comissão é composta por conselheiros e conselheiras com grande histórico de atuação na área dos direitos humanos, mantendo-se, ao longo do tempo, a integralidade dos seus membros e as composições integrais advindas dos governos anteriores. Os eventuais desligamentos de conselheiros(as)sempre ocorreram por iniciativas pessoais dos próprios membros, sendo substituídos(as) gradativamente.

    Essa característica sempre assegurou a pluralidade em seu formato que, até pouco tempo atrás, abrigava inclusive membros nomeados para sua primeira composição ainda no governo FHC em 2001. Isto reflete a compreensão da Comissão de Anistia como um órgão de Estado e não de governo.

    Além disso, novas nomeações sempre foram precedidas por um processo de escuta aos movimentos dos familiares de mortos e desaparecidos, de ex-presos políticos e exilados, além de organizações e coletivos de luta por verdade, justica, memoria e reparação.

    Pela primeira vez na história da Comissão de Anistia foram nomeados novos membros sem nenhuma consulta à sociedade civil e pela primeira vez foram exonerados coletivamente membros que não solicitaram desligamento.

    O Diário Oficial da União publicou duas portaria do Ministro Alexandre de Moraes, uma com a nomeação de 20 novos conselheiros e outra com a exoneração de 6 membros atuais que não haviam solicitado desligamento do órgão. Outros 10 atuais conselheiros foram mantidos. Não foram divulgados os critérios desta seletividade.

    Os conselheiros desligados são Ana Guedes, do Grupo Tortura Nunca Mais da Bahia e ex-presidente do Comitê Brasileiro pela Anistia na Bahia; José Carlos Moreira da Silva Filho, vice-presidente e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da PUC-RS; Virginius Lianza da Franca, ex-coordenador geral do Comitê Nacional para Refugiados; Manoel Moraes, membro da Comissão Estadual da Verdade de Pernambuco e ex-membro do GAJOP; Carol Melo, professora do núcleo de Direitos Humanos da PUC-Rio; Marcia Elayne Moraes, ex-membro do comitê estadual contra a tortura do RS.

    Ao dispensar esse grupo de Conselheiros, o governo Temer coloca a perder quase uma década de memória e de expertise na interpretação e aplicação da legislação de anistia no Brasil.

    Uma outra portaria nomeou no mesmo dia, de uma só vez, 20 novos conselheiros e conselheiras. Alguns dos nomes anunciados são vinculados doutrinariamente ao polêmico professor de Direito Constitucional da USP Manoel Gonçalves Ferreira Filho, conhecido teórico e apoiador da ditadura civil-militar instaurada no Brasil em 1964, por ele denominada “Revolução de 1964″ e escreveram um livro em sua homenagem.

    O jornal O Globo, por sua vez, trouxe uma outra grave denúncia de que pelo menos um dos novos membros são suspeitos de terem sido colaboradores da ditadura militar. Veja aqui: http://m.oglobo.globo.com/brasil/nomeado-para-comissao-da-anistia-aparece-como-colaborador-da-ditadura-20043410

    Caso a nova composição da Comissão de Anistia reflita o pensamento de Manoel Gonçalves Ferreira Filho e tenha entre seus membros simpatizantes ou colaboradores com a ditadura trata-se de uma desfuncionalidade e um sério risco à posição oficial do órgão sobre a devida responsabilização penal dos agentes públicos que praticaram crimes de lesa-humanidade na ditadura.

    A Comissão de Anistia tem estimulado, como parte dos compromissos internacionais do Brasil, o debate público nacional sobre o alcance da lei de anistia e possui uma posição clara e oficial pela imprescritibilidade e impossibilidade de lei de anistia para os crimes da ditadura, bem como defende o cumprimento integral da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre o caso Araguaia, sediada em São José da Costa Rica.

    A atual composição da Comissão de Anistia foi responsável pela redução dos valores das indenizações milionárias concedidas no início da era FHC, ajustando-as a valores de mercado, e acelerou o julgamento dos pedidos de reparação, instituindo o pedido de desculpas às vítimas e as famílias.

    A Comissão de Anistia também é conhecida internacionalmente por ter empreendido de maneira inovadora e sensível políticas públicas de memória e projetos vanguardistas como as Caravanas da Anistia, as Clínicas do Testemunho, o Projeto Marcas da Memória, e por ter iniciado a construção do Memorial da Anistia, realização de eventos e intercâmbios acadêmicos e culturais, e inúmeras publicações que aprofundam o sentido da Justiça de Transição no Brasil e na América Latina. Estes programas e projetos compõem hoje o Programa Brasileiro de Reparação Integral, reconhecido e celebrado internacionalmente, e fazem parte do rol dos direitos de todos aqueles que foram atingidos por atos de exceção durante a ditadura civil-militar e aos seus familiares. Esses direitos devem ser preservados, sob pena de ruptura com o dever integral de reparação.

    Os movimentos de direitos humanos e cidadãos abaixo assinados repudiam a arbitrariedade destas exonerações e nomeações na Comissão de Anistia e denunciam o início da tentativa de desmonte destas políticas que marcam a nossa transição democrática e que são parte de obrigações internacionalmente assumidas pelo Estado brasileiro. Do mesmo modo denuncia o absurdo de ter entre os membros da nova Comissão nomes de pessoas que não possuem posição de oposição enfática de condenação à ditadura e aos crimes militares ou, pior, que possam ter sido colaboradores da Ditadura.

    O governo Temer com esta atitude arbitrária comete um erro histórico que afeta a continuidade da agenda pendente do processo de transição democrática, e com isso aprofunda as suas características de um governo ilegítimo, sem fundamento na soberania popular.

    São iniciativas muito graves e unilaterais que sinalizam o início de um desmonte na Comissão de Anistia, conquista histórica da sociedade democrática brasileira, e uma ofensa aos direitos das vítimas da ditadura e os seus familiares.

    Não aceitaremos retrocesso nas conquistas da Justiça de Transição no Brasil. Nem um direito a menos!

     

    http://blogdojuca.uol.com.br/2016/09/nota-publica-do-movimento-por-verdade-memoria-justica-e-reparacao/

  9. Michel Temer e o seu plano “Mata-burro para o futuro”

    “Não levaremos desaforo pra casa! Quando chamarem de golpista : Golpista é você, que não respeita a Constituição.”

                                                                                                         (Michel Temer – Prepotente ex-vice-presidente golpista)

    O “homem” que escreveu uma infame cartinha à Dilma bem quando falaram em pedir o impeachment dela.

    O “homem” que uma semana depois de escrever a cartinha infame, apresentou ao Brasil (à elite carniceira) o seu hiperinfame “plano de governo” chamado “Mata-burro para o futuro”.

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