A reeleição de Obama

Da Folha

Barack Obama dribla crise e é reeleito presidente dos EUA

Mais quatro anos. Após meses de uma apertada corrida eleitoral, Barack Obama, 51, driblou o fantasma da crise econômica e conseguiu se reeleger nesta quarta-feira, segundo as projeções da rede de TV americana CNN e outras emissoras americanas.

Na contagem feita até as 2h desta quarta-feira, Obama havia obtido 274 dos 538 votos do Colégio Eleitoral. São necessários 270 votos no Colégio Eleitoral para ser eleito presidente.

A disputa foi mais apertada do que em 2008. Até as 2h, Obama tinha desvantagem no total de votos populares pelo país, e o republicano Mitt Romney contabilizava 201 votos no
Colégio Eleitoral –mais do que os 173 votos obtidos há quatro anos pelo republicano John McCain, adversário anterior de Obama.

No voto popular, os dois aparecem empatados, com 49%.

Com a vitória, Obama, que é o primeiro presidente negro dos EUA, repete o feito de seus dois antecessores diretos, George W. Bush (2001-2009) e Bill Clinton (1993-2001), e se torna o 20º presidente americano (de 44) e o sétimo democrata a conseguir a reeleição.

A vitória de Obama em 2012 também tem um valor simbólico: no mesmo dia, há 152 anos, era eleito nos EUA Abraham Lincoln (1861-1865), um de seus ídolos.

Foi uma disputa apertada. No último mês, Obama e Romney permaneceram virtualmente empatados nas pesquisas de intenção de voto, embora o presidente mantivesse uma leve dianteira, na maioria delas.

Na reta final, Obama conseguiu importantes declarações de apoio, como as do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, ex-republicano, e de Colin Powell, ex-secretário de Estado de Bush.

Também discursou ao lado de Chris Christie, governador de Nova Jersey e estrela em ascensão do partido rival, de quem recebeu elogios sobre a atuação após a passagem da tempestade Sandy, que deixou ao menos 112 mortos nos EUA. A incisiva resposta de Obama à tragédia chegou a garantir uma pequena vantagem ao democrata nas pesquisas de intenção de voto realizadas nos últimos dias de campanha.

O esforço extra democrata para levar os desmotivados às urnas também pode ter sido fundamental para a reeleição.

Nos últimos meses, sua campanha enviou centenas de milhares de voluntários às ruas em todo o país para tentar convencer eleitores com perfil democrata a sair de casa para votar.

Nem mesmo o alto investimento republicano conseguiu tirar Obama da Casa Branca. Até o meio de outubro, a campanha de Romney havia gasto US$ 1 bilhão na disputa, contra US$ 930 milhões de Obama, conforme o Centro por uma Política Responsável. A arrecadação do democrata foi quase dois terços maior que a do rival no mesmo período: US$ 632 milhões contra US$ 389 milhões.

HERANÇA

De seu primeiro mandato, Obama carrega uma série de promessas de campanha não cumpridas, como o fechamento da prisão de Guantánamo, em Cuba, e a regularização de imigrantes sem documentos. Também não conseguiu acabar com isenções fiscais para famílias com renda superior a US$ 250 mil por ano e nem estabelecer um cronograma para a redução de emissão de gases do efeito estufa.

No entanto, os principais desafios que Obama herda de seu próprio mandato são a recessão e o deficit –que ultrapassou mais de US$ 1 trilhão em todos os anos de seu governo–, e o desemprego, hoje em 7,8%. Desde Franklin Roosevelt (1933-1945), nenhum presidente foi reeleito com um índice de desemprego maior que 8%.

A gestão de Obama na economia foi um dos pontos mais usados por Romney durante toda a campanha para atacar o democrata.

Empresário bem-sucedido nos negócios, o ex-governador de Massachusetts era considerado, segundo pesquisas, melhor que Obama para gerir a economia do país. Sua fortuna, porém, foi usada para afastá-lo do eleitor de classe média pela campanha democrata, que também levantou dúvidas sobre a contribuição fiscal do adversário republicano.

COMEMORAÇÃO

O centro de convenções McCormick Place, em Chicago, foi palco de uma grande comemoração após o anúncio da vitória de Obama. Ao ritmo de músicas como “Love Don’t Come Easy”, os partidários mais fiéis do presidente começaram a dançar depois que as emissoras de televisão previram a vitória de Obama.

Espera-se que o presidente, que jantou em sua casa em Chicago com sua família antes de seguir rumo ao hotel Fairmont, faça um pronunciamento no centro de convenções.


Luis Nassif

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