Alguns cálculos assustadores sobre letalidade na população vulnerável, comentário de Bo Sahl

De qualquer forma, não duvidemos que para muitos, esta tragédia seja 'bem vinda! Ou mesmo de caso pensado, aproveitando uma "chance"...

Por Bo Sahl
comentário no post Um alerta dramático: juízes, não compactuem com a necropolítica de Sérgio Moro

Se à estes cerca de 800 mil encarcerados, agora todos condenados de direito e de fato (duplamente), juntarmos os mais de 6% de favelados (IBGE), 12,6 milhões, também pré-condenados à COVID-19 e os “em situação de rua, cerca de 100 mil (IPEA/2016), teremos uma população excepcionalmente exposta (muito além da restante) de mais de 13 milhões de pessoas.

Se cerca de 13% da população é idosa (~27 milhões), se não tivermos espaço e equipamentos para todos, se não tivermos remediação eficaz para o combate e uma improvável vacina em menos de 1 a 2 anos, realmente o morticínio pode ficar dramática nesta “pátria amada”…

Só fazendo 13% dos idosos nos 13 milhões de desassistidos acima, chegaríamos a ~1,7 milhões em situação de letalidade extrema.

Se aplicarmos uma letalidade italiana de 8%, isso daria mais de 1 milhão nesta situação.
Finalmente, se aplicarmos à esta população desassistida e desprotegida uma letalidade média de 2,5%, chegamos a ~325 mil.

Tudo isso só nesta PARCELA da população. Que tem condições muito piores que a população italiana.

Se considerarmos que apenas metade desta população de altíssimo risco seja contaminada, os valores de letalidade caem na mesma proporção, e assim por diante.

Paradoxalmente (e com mista tristeza), é possível que a alta taxa de contaminação e doença nesta mesma parcela desassistida pode gerar o início de uma auto-imunização natural (humana).

De qualquer forma, não duvidemos que para muitos, esta tragédia seja ‘bem vinda!

Ou mesmo de caso pensado, aproveitando uma “chance”…

PS: Como a África é um continente de menor densidade de tráfego social, a pandemia ainda está baixa por lá.
Vamos torcer que demore o suficiente para que novas alternativas apareçam antes de sua disseminação.
Se não, a mãe África ainda poderá sofrer as mais sérias consequências.

Luis Nassif

13 Comentários

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  1. “Essa pandemia só vai parar se todas as pessoas ficarem em casa”, resumiu o médico.
    Ele também observou que o quadro vivido agora na Itália, que já ultrapassou a China no número de mortes, e particularmente na Lombardia, é “muito semelhante” ao que de alguns meses atrás em Wuhan, foco do surto.

    Equipe de contenção do coronavírus na China dá bronca na Itália: “Ainda há festas nos hotéis”(https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-21/equipe-de-contencao-do-coronavirus-na-china-da-bronca-na-italia-ainda-ha-festas-nos-hoteis.html)
    O vice-presidente da Cruz Vermelha chinesa critica a falta de rigor das políticas de confinamento
    EL PAÍS—Pandemia do coronavírus—Lorena Pacho—Roma – 21 mar 2020 – 11:47CET

  2. Ele está apostando nos 80% que terão sintomas leves e não precisarão dos hospitais, os outros 20% que precisarem de hospitais serão minoria, e os 2% que morrerem não poderão votar.
    Tudo tem o mas, primeiro que sem medidas adequadas este vírus espalha muito rápido, e vai faltar UTI, aparelhos para respirar e remédios, o que pode elevar significativamente o número de mortos, de modo que quase todos terão um ente querido entre os mortos ou hospitalizados.

    A morte e o sofrimento de entes queridos comove as pessoas, e provavelmente a grande maioria dos sobreviventes responsabilizará o presidente eleito em 2018 pela não ação,

    Em parte isto já está ocorrendo, pois a grande maioria já está percebendo o que vai ocorrer nos próximos meses.

  3. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), 28,6% dos italianos tinha 60 anos ou mais em 2015. Já na Coreia do Sul, eram apenas 18,5% no mesmo período.

    O impacto dessa disparidade é mostrado nas análises de mortes pelo novo coronavírus em cada local. Na Itália, 90% das mais de mil mortes pela doença são de pessoas com 70 anos ou mais.

    Ao mesmo tempo, o surto da doença na Coreia do Sul ocorreu entre pessoas mais novas. Apenas 20% dos casos no país foram detectados nas pessoas que estão na faixa dos 60 anos. O grupo mais afetado é de jovens com cerca de 20 anos de idade, que contabilizam quase 30% de todos os casos.

    Depois, há a questão do gênero. A divisão por sexo dos casos no mundo de COVID-19 é cerca de 50% para cada lado, mas há diferenças, entre eles, com relação à sobrevivência. De acordo com os dados do surto na China – epicentro da doença -, a taxa média de mortalidade é de 4,7% em homens e 2,8% em mulheres. A notícia é boa para a Coreia do Sul, onde 62% dos casos ocorreram em mulheres.

    Fumar é outro fator claramente associado à baixa sobrevivência. As taxas de fumantes são semelhantes entre os dois países: 24% entre italianos e 27% entre sul-coreanos. E as diferenças de gênero entre os fumantes são grandes: na Itália, 28% dos homens e 20% das mulheres fumam; na Coreia do Sul, esse número é 50% e menos de 5%, respectivamente.

    Balanço

    Em outras palavras, na Coreia do Sul a doença afeta principalmente os mais novos e mulheres não-fumantes, enquanto na Itália atinge, em maior parte, os mais velhos, muitos dos quais são fumantes. (Não há dados distintos sobre a doença entre homens e mulheres dentre os casos da Itália.)

    Essas distinções demográficas básicas, de certa forma explicam as diferenças no número de mortos entre esses dois países e também ajudam a explicar porque Seattle, com o surto da deonça em casas de repouso, é responsável por grande parte das mortes pelo novo coronavírus nos EUA.
    Por que a Itália soma tantas mortes a mais que a Coreia do Sul por coronavírus
    Kent Sepkowitz Da CNN—18 de Março de 2020 às 19:10—(https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/03/18/por-que-a-italia-tem-tantas-mortes-a-mais-que-a-coreia-do-sul)
    Enquanto a pandemia do novo coronavírus continua em uma escalada no mundo, grande parte da atenção nos Estados Unidos e em outros países tem se voltado para melhorar a disponibilidade dos testes de diagnóstico. Além de saber que eles reduzem efetivamente o risco de transmissão (ao identificar os infectados), muitos especialistas começam a associar a realização de mais testes à estatística de maior preocupação: sobrevivência à doença.

    A conexão parece direta. Considere dois países com um grande número de pessoas infectadas pelo COVID-19: Coreia do Sul e Itália.

    Na Coreia do Sul, a quantidade de testes realizados é muito alta (3.692 testes a cada 1 milhão de pessoas, até o dia 8 de março), e a taxa de mortalidade entre os infectados de lá é muito baixa (cerca de 0,6%, ou 66 mortos, no último balanço).

    A Itália, por sua vez, testa 826 pessoas a cada 1 milhão, e a taxa de mortalidade pelo vírus no país é cerca de 10 vezes maior, com mais de mil mortos pela doença.

    Mas é preciso saber que mais testes salvam vidas ao prevenir uma nova infecção, não apenas ao permitir que médicos internem um paciente mais cedo. O chamado “tratamento antecipado” funciona quando há medicamento eficaz contra a doença. Antibióticos com antecedência, a pessoa vive, se esperar muito, a pessoa morre.

    O novo coronavírus, contudo, não tem tratamento específico. Na verdade, a síndrome da falha rápida e progressiva dos pulmões, que parece matar as pessoas infectadas pela COVID-19, é uma condição clínica familiar. Muitas infecções podem causar o mesmo problema e especialistas de unidades de terapia intensiva (UTI) tratam isso há anos.

    Então, por que a Coreia do Sul tem menos mortes que a Itália? Seria apenas porque mais testes colocam os casos leves no grupo de pessoas “infectadas”, diluindo o impacto estatístico?

    Dificilmente. No momento, é por causa das muitas diferenças entre os pacientes afetados. Logo e cada vez mais, será também em razão de hospitais, médicos e enfermeiros sobrecarregados.

    Idade e gênero

    Muita coisa já foi escrita sobre como a população da Itália se difere de grande parte do mundo. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), 28,6% dos italianos tinha 60 anos ou mais em 2015. Já na Coreia do Sul, eram apenas 18,5% no mesmo período.

    O impacto dessa disparidade é mostrado nas análises de mortes pelo novo coronavírus em cada local. Na Itália, 90% das mais de mil mortes pela doença são de pessoas com 70 anos ou mais.

    Ao mesmo tempo, o surto da doença na Coreia do Sul ocorreu entre pessoas mais novas. Apenas 20% dos casos no país foram detectados nas pessoas que estão na faixa dos 60 anos. O grupo mais afetado é de jovens com cerca de 20 anos de idade, que contabilizam quase 30% de todos os casos.

    Depois, há a questão do gênero. A divisão por sexo dos casos no mundo de COVID-19 é cerca de 50% para cada lado, mas há diferenças, entre eles, com relação à sobrevivência. De acordo com os dados do surto na China – epicentro da doença -, a taxa média de mortalidade é de 4,7% em homens e 2,8% em mulheres. A notícia é boa para a Coreia do Sul, onde 62% dos casos ocorreram em mulheres.

    Fumar é outro fator claramente associado à baixa sobrevivência. As taxas de fumantes são semelhantes entre os dois países: 24% entre italianos e 27% entre sul-coreanos. E as diferenças de gênero entre os fumantes são grandes: na Itália, 28% dos homens e 20% das mulheres fumam; na Coreia do Sul, esse número é 50% e menos de 5%, respectivamente.

    Balanço

    Em outras palavras, na Coreia do Sul a doença afeta principalmente os mais novos e mulheres não-fumantes, enquanto na Itália atinge, em maior parte, os mais velhos, muitos dos quais são fumantes. (Não há dados distintos sobre a doença entre homens e mulheres dentre os casos da Itália.)

    Essas distinções demográficas básicas, de certa forma explicam as diferenças no número de mortos entre esses dois países e também ajudam a explicar porque Seattle, com o surto da deonça em casas de repouso, é responsável por grande parte das mortes pelo novo coronavírus nos EUA.

    Para entender exatamente e que está acontecendo, é necessário ter dados atualizados diariamente para incluir informações sobre idade e sexo. A falta de um programa eficaz de testes nos EUA é uma grande falha e tem levado (e levará) a mais transmissões da COVID-19.

    Mas é importante reconhecer que sobreviver à infecção é um assunto completamente diferente, e necessita investimentos, treinamentos e conhecimento muito diverso.

    É preciso se preparar melhor. E dadas as diferenças gritantes da letalidade da epidemia na Coreia do Sul e na Itália, este é o momento de montar uma equipe de geriatras, cientistas sociais, especialistas em UTI e outros especialistas, para explicar as melhores maneiras de se proteger e tratar, com mais eficácia, o novo coronavírus em idosos.

    https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/03/18/por-que-a-italia-tem-tantas-mortes-a-mais-que-a-coreia-do-sul

  4. Finalmente alguém mostrando os vários lados da disparidade entre italianos e coreanos, quanto à letalidade pelo corona. E quem pinta quadro semelhante ao italiano para o Brasil não leva em conta que nossa população é muito mais jovem e que a prevalência de fumantes é muito menor.

    1. Nossa população jovem é, deveras, mais numerosa do que a população jovem italiana, por exemplo, mas o nosso número absolutos de velhos é praticamente igual à metade da população italiana. Temos 28 milhões de idosos; a Itália tem, se não me engano, 13 milhões de idosos.

  5. Em caso de saturação/colapso do sistema de saúde, qual a variação da taxa de letalidade?
    O valor dessa taxa vai depender da diferença entre a demanda e a oferta, ou não?

    1. Sim, o quanto será maior dependerá do nível de disparidade entre a oferta e a demanda
      Notar ainda que as pessoas morrem mesmo que internadas em UTI’s com os recursos hoje disponíveis.
      Há notícias na mídia em que, na Itália, médicos lamentavam “escolher” ou “sortear” quem iria morrer ou (tentar) salvar.
      Como vc bem observou, o % de idosos é menor que o italiano, mas a quantidade é bem maior. Além disso, a pobreza e miséria na Itália não são tão acentuadas, pelo menos para estes 13 milhões.
      E olha que nem falamos do restante dos nossos 210 milhões…
      O que preocupa também é que as curvas de subida de casos brasileira está acompanhando as piores, de Itália, Espanha e Irã.
      Espero que ninguém entenda aqui que estou fazendo previsões, mas cotejando números reais (e cruéis) com hipóteses probabilísticas onde, se não houver novidades, como “remédios militares não testados, talvez encapsulados com nióbio” ou a mencionada auto-imunização natural do nosso povo “cascudo”, os números podem vir a ser assustadores, como aqueles do Imperial College, que também (me) chocaram.
      Vamos torcer pelo melhor … ou menos pior.

  6. O Bruder da Banca me perguntou:

    “Pq eles distribuem camisas de vênus no carnaval mas não distribuem álcool/gel e máscaras contra o corona?

    Eu respondi:

    – E pq eu é que tenho que responder essa pergunta?

    Me aparece cada Figura, que só por sorte

  7. Imagine entao a situação na India, Bangladesh e em outros paises pobres e populosos do sudeste asiatico. Potencial altissimo de hecatombe populacional..

  8. Em outro comentário sobre hipóteses estimativas, extrapolei em 2,2 milhões de casos no MUNDO, com cerca de 100 mil mortes, tudo para 4 meses.
    Os estudos do respeitado Imperial College trouxeram chocantes 3 milhões de mortes somente nos EEUU (2,2) e UK (0,8), o que levou os meus 2,2 milhões de casos para o beleléu.
    Se no nosso atual braZil tivermos, neste grupo mais vulnerável, apenas 10% de casos e 4% de letalidade, iríamos para 52 mil perdas. Ainda faltaria o resto da nossa população, o que já desmonta a otimista extrapolação mundial de apenas 100 mil, que não seria então muito maior que a brasileira
    Embora seja imensamente mais crível que os “imperiais” estejam mais perto dos números, vou continuar torcendo para que não acertem nem de longe.
    Que sejam todos muito menores.

  9. Luiz Augusto Fonseca, quanto é 20% de 60 milhões e quanto é 10% de 210 milhões?

    Elementar, meu Caro Watson

    Se queres assistir e justificar a carnificina, tenta com outro argumento e com outras estatísticas

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