Apresentação do livro “Governos do PT: um legado para o futuro”

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Apresentação  do livro “Governos do PT: um legado para o futuro”, organizado por Aloizio Mercadante e Marcelo Zero

por Dilma Rousseff

Costuma-se dizer que a primeira vítima de uma guerra é a verdade. Com efeito, numa guerra em sentido estrito ou numa guerra política, o assassinato da verdade e a ocultação dos fatos ocorrem em profusão.
No Brasil, não é diferente. A primeira vítima do golpe parlamentar de 2016 não foi só a democracia. Foi também a verdade.

Antes do golpe, e para justificá-lo, as forças antipopulares e antinacionais difundiram, à exaustão, uma série de mentiras sobre os governos do PT. Entre as muitas mentiras, disseram que os governos do PT haviam “quebrado o Brasil”, promovido uma imensa e irresponsável “gastança”, “destruído a Petrobras”, gerido as finanças públicas com “irresponsabilidade fiscal”, implantado o “maior esquema de corrupção da história”, inchado a máquina pública, implementado uma política externa “ideológica e terceiro-mundista”, entre outras acusações.

Essa cortina de fumaça de mentiras destinou-se e destina-se a ocultar um extraordinário legado social, político e econômico que foi deixado pelos governos do PT. Um legado que, em agudo contraste com a nossa tradição histórica de exclusão e desigualdade social, melhorou a vida de dezenas de milhões de brasileiras e brasileiros e fez do Brasil um país respeitado em todo o mundo. De fato, ao longo do ciclo de desenvolvimento dos governos do PT, o nosso país experimentou, pela primeira vez, uma combinação virtuosa de aperfeiçoamento democrático, massiva inclusão social, distribuição de renda e crescimento com estabilidade macroeconômica.

Contudo, as forças golpistas que assaltaram a Nação querem fazer tabula rasa desse legado, ocultando os fatos da população e destruindo as extraordinárias realizações desse período histórico virtuoso.
Pois bem, este trabalho insere-se num esforço para revelar e analisar esse legado. Não apenas para mostrar o que foi feito no passado, mas fundamentalmente para revelar o que pode ser feito no futuro. É nosso sólido entendimento que, se o Brasil quiser superar o golpe, a desestruturação do Estado e do mundo do trabalho, suas medidas extremamente regressivas e promover um novo ciclo de desenvolvimento, a base para tal superação tem de ser assentada no legado dos governos do PT.

É claro que as circunstâncias nacionais e internacionais são hoje bastante diferentes das que predominaram na era dos governos do PT. Não obstante, as diretrizes fundamentais daquele ciclo, como a inclusão social; a ampliação das oportunidades para todos; a distribuição de renda; eliminação da pobreza; o fortalecimento e expansão de um mercado interno de consumo de massas; a inclusão educacional; a abertura do ensino superior aos mais pobres e aos afrodescendentes; a melhoria no acesso à saúde; a inclusão bancária da população, a abertura do Estado à participação popular; o combate republicano e isento à corrupção; o aprimoramento e a expansão do Estado do Bem Estar; a defesa ativa e altiva dos interesses nacionais no cenário externo; a sustentabilidade econômica, social e ambiental têm de estar presentes na formulação e implementação de um novo ciclo de desenvolvimento que aprofunde e consolide o legado deixado pelos governos do PT.

A agenda destrutiva e regressiva do golpe colocou o Brasil no rumo do abismo social, da fragilização econômica, da erosão da soberania nacional e do comprometimento das instituições democráticas. O único futuro que tal agenda oferece ao Brasil é o da ampliação das desigualdades sociais e da volta fome e da pobreza, combinadas com “voos de galinha” na economia, destruição dos direitos trabalhistas e previdenciários, dependência frente às grandes potências e crescente configuração de um Estado de Exceção.

Assim, este trabalho, ao analisar o passado, pretende também descortinar um futuro para o Brasil. Um futuro a ser construído no terceiro governo de Lula. Um futuro no qual caibam todas as brasileiras e todos os brasileiros.

Esse futuro vai estar baseado, certamente, na distribuição de renda de enorme importância para o País e que constitui um dos principais aspectos do legado dos governos do PT. Deverá, ainda, aprofundar e fazer avançar uma iniciativa fundamental para o desenvolvimento da Nação brasileira, que os governos do PT deram o início. Trata-se das ações, iniciativas e programas para a distribuição da riqueza. O principal tripé, para alcançarmos um real e efetivo compartilhamento da riqueza está apoiado no acesso à educação de qualidade para todos; na aposentadoria digna, que remunere as gerações de brasileiras e brasileiros que construíram o Brasil com seu trabalho; no acesso do povo de nosso País ao seu patrimônio fundamental: terra e moradia 

O futuro que iremos construir juntos é fruto do esforço coletivo. É fruto de um País baseado nos valores civilizatórios, éticos e morais da cooperação e do altruísmo, e não da competição e do egoísmo.   Estamos do lado certo da História. O lado da democracia, da justiça social e da soberania nacional. Estamos do lado e ao lado do povo do Brasil. Estamos onde sempre estivemos e onde sempre iremos de estar.

E temos a certeza de que, assim como a esperança derrotou o medo, em 2002, ela derrotará o ódio, em 2018.
 
Dilma Rousseff
Presidenta do Conselho Curador da FPA

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. Sem ilusões

    Um dos maiores legados dos governos do PT foi ensinar que um governante progressista eleito pelo povão não deve fazer omelete no programa da Ana Maria Braga, comparecer à festa de aniversário da Folha nem acreditar na história da carochinha de que a melhor regulação da mídia é a do controle remoto. Eita aprendizado doloroso! 

    1. O defeito de quem é honesto

      Vc disse tudo e mais alguma coisa. Imagina a frustração do jornalista Franklin Martins por ver o seu árduo trabalho que durou meses, reuniões e mais reuniões, debates, etc,  sobre a regulação dos meios de comunicação ser jogado na lata do lixo por Lula que como toda pessoa honesta, acreditou nos calambacheiros da mídia tucana que se acha imprensa,  e em alguns  cambiantes que o cercava. Todos nós que queremos um Brasil para os brasileiros e não para atender interesses de empresas predadoras internacionais, estamos pagando o pato (OPS) dos erros praticados por Lula e Dilma em lidar com essa corja apátrida e com espírito de eternos vira latas.Dilma.onde estão as tais “instituiçõers sérias”?

      1. O inocente é o culpado

        O santo é o pecador.

        Em 100 acerte 99 e erre uma, por essa será lembrado.

        Vinte anos atrás, somente vinte anos, ontem portanto, pobres, negros, brancos e negros pobres não tinham conta em banco.

        Negros ao volante eram chamados de chofer de madame.

        Pretos em faculdade, só os da faxina.

        Portanto, por que não voltam e permanecem no face?

         

        1. Pois é…

          Quem admira o Lula como eu e outros milhões de brasileriros, acredito, tinha um sentimento de frustração por ele, perseguido e caluniado pelos boçais da mídia, não tratar os puxa sacos dos marinho, cívitas etc, como eles mereciam e mais do que nunca depois do golpe, merecem como cretinos e não como repórteres.Mas ele será lembrado não pelo seu único equívoco, mas por tudo de bom que fez Brasil  afora. Me lembro dos emplumados o atacando e dizendo que ele “não tinha descido do palanque”. Os pseudos jornalistas e seus patrões o acusando diuturnamente de ele estar fazendo “obras eleitoreiras”. Gilmar  mendes e outros togados nojentos, o acusando de  “ter um projeto de permanecer no poder”. Crápulas que sempre f oram respeitados por ele e a Dilma, os julgando pelas suas hipócritas e cínicas réguas.

  2. Em toda história há a verdade
    Em toda história há a verdade do bem e a verdade do mal. Esta última raramente a mostramos quando ela aponta nossos pecados

  3. Muito bonito, mas…

    Tudo isso que o PT fez é muito bonito, mas faltou dizer: por que não continuou a fazer no segundo mandato de Dilma?

    Ou será que como a própria Dilma reconheceu, sem dinheiro não se faz nada?

    A “agenda destrutiva e regressiva do golpe” nada mais é do que consequência da crise que começou ainda no governo de Dilma. Esta narrativa alimenta a auto-ilusão de que o país vivia anos dourados até 2015, com tudo bombando, até que uns malvados ficaram com inveja dos pobres que estavam melhorando de vida e deram um golpe para levar o país à pobreza e à desigualdade. Mas se o segundo governo de Dilma estava tão bom assim, então por que ninguém saiu à rua para defendê-lo?

     

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