As consequências da morte eleitoral do PSDB, por Maria Cristina Fernandes

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Mário Covas, Lula e Brizola (1989) – Foto: Arquivo/Reprodução
 
Jornal GGN – Jair Bolsonaro (PSL) ocupou o vazio da direita deixado pelo PSDB ao longo dos anos, e uma cena como a do palanque criado por Ulysses Guimarães, após a promulgação da nova Constituição, em que o pemedebista e o tucano Mário Covas apoiaram o então líder operário Lula fica cada vez mais distante de ser um dia novamente refeita. 
 
Mesmo que seja para defender a democracia, como ocorreu no discurso histórico de Ulysses. Isso porque o ódio criado contra o PT parece ser ainda maior do que o manifestado contra a ditadura. A opinião é da coluna de Maria Cristina Fernandes, ao Valor.
 
Dessa forma, aos poucos, o PSDB vai se desfazendo do que ainda resta do partido e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também vai perdendo voz, e terá mais dificuldade em mobilizar apoio a Haddad em um segundo turno contra Jair Bolsonaro. Porque boa parte dos eleitores então PSDB já migraram para o candidato da extrema direita. E, neste cenário, o PSDB ficaria em cima do muro, “onde sempre esteve”, pontua a jornalista.
 
“No outro polo, o PT, radicalizado pela prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também voltou a mobilizar. Hoje tem menos militantes que o bolsonarismo, mas se um agrega pela violência e pela corrupção, o outro o faz pelo empobrecimento da população. Agigantados, os dois polos espremeram o centro que um dia o PSDB liderou”, continuou.
 
Para Maria Cristina, o vazio deixado pelo PSDB nessa derrota eleitoral é prejudicial também em um Congresso aonde “grandes conglomerados empresariais e financeiros” ficariam “desprovidos de seus representantes mais orgânicos”, abrindo mais espaço para o domínio do Centrão, com as pautas polêmicas e que alimentam indústrias e setores de interesse e lobby, aproveitando-se da máquina pública.
 
“Se der Bolsonaro, a maioria parlamentar tende a lhe conceder todas as atrocidades que deseja na legislação de costumes e de segurança pública em troca do controle da regulação das privatizações. Face à disposição do economista Paulo Guedes ao diálogo ou à vocação do general Mourão à conciliação, Jair Bolsonaro corre o risco de passar por democrata”, avaliou.
 
Já se “der Haddad”, a previsão da jornalista é de um discurso de “reprise do primeiro governo Lula”, mas com “medidas simpáticas aos reformistas”, com “pinceladas liberais”, reduzindo margens dos grandes conglomerados.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. Desculpa, ainda há muita

    Desculpa, ainda há muita lenha pra queimar.

    Por exemplo. Correm nas pesquisas o Doriana e o Empresário sem Empresa. Estamos falando de um dos maiores colégios eleitorais do país.

    Não esqueçamos das eleições proporcionais, parlamentares, nos níveis nacional e estaduais. 

    Pode ser que tucanos não levem, mas vão dar trabalho. 

    Por isto, que adianta ganhar no majoritário se tem que negociar até as calças com partidos de pedágio? Já não basta o que aconteceu com a Dilma?

  2. A perplexidade da centro-direita, por Bresser-Pereira
      

    Luiz Carlos Bresser-Pereira

     9 min · 

    A perplexidade da centro-direita

    Depois das últimas pesquisas eleitorais que opõem dois candidatos de centro-esquerda a um candidato fascista, de extrema-direita, a grande imprensa só fala em “polarização” eleitoral, mas o que realmente está acontecendo é uma profunda perplexidade da classe média de centro-direita que, de repente, se viu sem candidato.

    Se o Brasil houvesse continuado a contar com um regime político equilibrado, seu candidato seria o do PSDB, que desde o governo Fernando Henrique Cardoso ocupou a posição de principal partido de centro-direita, e seu adversário, um partido de centro-esquerda, o PT. Desde as eleições de 1990, a política brasileira definiu-se por essa oposição clássica, comum entre os países mais desenvolvidos. Não éramos ricos, mas já havíamos realizado nossa Revolução Capitalista, e nosso regime político não era mais um regime venezuelano.

    Esta bela alternância democrática durou de 1990 a 2016, quando foi violentamente interrompida por um golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff. A ruptura começou antes, no dia seguinte às eleições de 2014, nas quais, para surpresa geral, o PT voltou a ser vitorioso. Os erros ocorridos no governo Dilma e o violento ataque que esse partido sofreu pela operação Lava-Jato, que, no seu início, concentrou-se no PT (só um pouco mais tarde ficaria claro que PSDB e PMDB haviam-se também deixado levar pela corrupção) levavam a prever a vitória da oposição, mas a presidente logrou se reeleger com uma vantagem de cerca de três milhões de votos.

    Diante da derrota inesperada, o PSDB e seu candidato derrotado perderam a cabeça. Ao invés de revelarem equilíbrio e tolerância, que são essenciais para a democracia, agiram como um país pré-capitalista, como uma Venezuela, e pediram a nulidade da eleição e o impeachment. Foi um imenso erro. A centro-direita está sempre afirmando que o país arrisca a se tornar uma Venezuela ao se deixar governar pela centro-esquerda, mas quem agiu como se o Brasil fosse esse pobre e desafortunado país foi o PSDB. Algo que foi praticamente reconhecido recentemente por seu líder mais notável, o senador Tasso Jereissati.

    A história mostra que a grande demanda pela democracia é sempre das classes populares, mas quem garante o regime democrático de um país é sua classe média. Ao embarcar na aventura do impeachment, a classe média de centro-direita brasileira revelou ter guinado para a extrema-direita. As prévias eleitorais tristemente comprovaram esse fato ao vermos uma boa parte dessa classe média manifestar intenção de votar em um candidato radicalmente oposto à democracia. E obrigaram a parte da centro-direita que é democrática a eleger um candidato de centro-esquerda como Ciro ou Haddad. Se o fizerem, votarão bem, mas não votarão satisfeitas.

     

  3. Eu gostaria que apontassem
    Eu gostaria que apontassem onde está essa “classe media de centro direita”.

    São geraçoes e mais geraçoes submetidas à propaganda anticomunista desvairada, antipolitica, contra os Direitos Humanos… Aí se surpreendem com a ascensão de um candidato fascista.

    Desde que o Boçalnaro se vestiu de “liberal”, a diferença para os tucanos sumiu do mapa. Nao há nenhuma diferença entre Boçalnaro e Joao Doria, por exemplo (a nao ser a conta bancaria, obviamente).

  4. Psdb

    Bom seria! Mas fará vários governador, inclusive Minas, terá uma bancada grande no congresso. Q junto com o centrão o controlarao. O pede tem vida longa.seria o contrário com o pt e o campo progressista.

    Mas ainda rolar muita água na Ponte e muita manchete do ping até 7 de Outubro!

     

     

     

  5. Psdb

    Bom seria! Mas fará vários governador, inclusive Minas, terá uma bancada grande no congresso. Q junto com o centrão o controlarao. O pede tem vida longa.seria o contrário com o pt e o campo progressista.

    Mas ainda rolar muita água na Ponte e muita manchete do ping até 7 de Outubro!

     

     

     

  6. O Cavalo de Troia que foi

    O Cavalo de Troia que foi colocado dentro do PSDB para destrui-lo chama-se João Doria, quem abriu os portões foi Geraldo Alckmin que vai pagr um pesado preço pela leviandade, Doria já era um persobagem super conhecido, suas atitudes, comportamento, meio de vida, eram claros e perfeitamente  aferiveis para quem quisesse patrocina-lo, como o Governador pode ser tão cego? 

    Tentou ser candidato a Presidente assim que foi eleito Prefeito,  passando por cima das pretensões do Governador, que tinham precedencia, depois se impos como canidato a Governador abandonando a Prefeitur,o que evidentemente pegou muito mal a seu patrono politico e agora em campanha para Governador esta se alinhando com Bolsonaro e não com seu padrinho politico, precisa mais? Em politica os erros custam caro.

    O maior erro de Alckmin foi não ter lhe cortado as asas quando quis ser candidato a Presidente, a primeira traição. Não passando recibo Alckmin mostou uma fraqueza que hoje lhe custa votos, a demanda de hoje é de firmeza e não de frouxidão.

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