As muitas empresas offshore da família de Mauricio Macri, por Max Altman

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Max Altman
 
Da OperaMundi
 
Não uma, não duas, mas pelo menos sete companhias offshore em nome da família Macri já foram reveladas
 
No primeiro dia da revelação dos “Panama Papers”, escândalo: o presidente argentino, Mauricio Macri, aparecia como sócio, junto a familiares, de uma empresa offshore sediada nas Bahamas. O governo argentino imediatamente derramou-se em explicações. Passados mais dois dias, vem a lume que Macri era titular de uma segunda offshore. E, oh!, descobriu-se que a família Macri era uma das campeãs de offshores.
 
Ah, se fosse com Cristina e sua família! A grande mídia argentina, grupo Clarin à frente, estamparia em letras garrafais: Fora, Cristina! Fora, família Kirchner! Basta de corrupção e de roubalheira! Evidentemente, sem direito à presunção de inocência. Não aconteceu algo semelhante com o filho e a nora de Michelle Bachelet no Chile? O jornal El Mercurio, da grande imprensa local, não se conteve e não perdoou.
 
A grande mídia brasileira não deu uma linha sobre o que adiante ajudo a revelar. Por que haveria de fazê-lo, se Macri é seu sócio ideológico e o mais recente modelo de gestão governamental?
 
A Casa Rosada estendeu pelo terceiro dia consecutivo sua estratégia para minimizar a revelação de que o presidente Macri fazia parte de não uma, mas duas empresas offshore, uma nas Bahamas e outra no Panamá. O chefe de gabinete, Marcos Peña, afirmou que “o presidente é absolutamente transparente a respeito de seu patrimônio”. Não obstante, especialistas em lavagem de ativos não acreditam que Macri não fosse acionista dessas empresas.
 
O uso de sociedades offshore é uma prática reiterada da família Macri. Às duas firmas localizadas em paraísos fiscais em que consta Mauricio Macri entre os diretores – a Fleg Trading nas Bahamas e a Kagemusha no Panamá – somaram-se outras sete empresas panamenhas vinculadas ao clã Macri: duas figuram em nome do seu pai, Franco, e outras cinco em nome de seu irmão mais novo, Gianfranco, em distintas funções relevantes. O Registro Público do Panamá permite confirmar a existência das empresas controladas pelo grupo familiar neste paraíso fiscal centro-americano, enquanto a presença da firma nas Bahamas foi revelada no domingo por meio dos documentos difundidos nos “Panama Papers”.
 
O Macri mais ativo na abertura de sociedades offshore no Panamá é Gianfranco: Inmobiliaria de Negocios, Le Mare A-18, Joy B-28, Serenity C-44, e Yoo H-45 são as denominações de fantasia das cinco empresas panamenhas presididas pelo irmão do presidente. A esse grupo de empresas se agrega a Kagemusha, em que Gianfranco divide cargos de direção com Maurício e seu pai. Criadas em 1981 e 2010, todas elas seguem com o status “vigente” no registro público panamenho.
 
A utilização de especialistas do Panamá para organizar complexas estruturas societárias é uma prática difundida entre empresas e famílias ricas da Argentina e de todo o mundo. Com o fim de reforçar a posição da Casa Rosada, o pai do presidente apressou-se a declarar que a Fleg Trading, em que Mauricio Macri aparece como um dos diretores, era na verdade dirigida só por ele e que o presidente havia sido “ocasionalmente designado” como diretor, embora não fosse acionista. Esta condição o desobrigou de informar ao fisco a existência dessa companhia em suas declarações de renda. O pai limitou-se a tocar apenas nas empresas offshore em que convivia com o presidente e não incluiu as duas empresas panamenhas que preside: Sideco Americana e Macrigroup Corp.
 
Todavia, a estrutura societária offshore da família Macri pode ser ainda mais ampla. Bases de dados corporativos de livre acesso mostram indícios de outras três firmas abertas no Panamá em nome de Franco e Gianfranco.
 
Macri e seus assessores terão muito trabalho pela frente.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. Aos pobres, que paguem impostos!

    Nada de importante. Ele é rico, muito rico, e, no mundo dos muito ricos, isso é uma prática corriqueira. Trata-se, como nos ensinam nas escolas de direito, de administração e contábeis, de planejamento tributário e de administração de patrimônio. 

    Aos pobres, que paguem impostos!

  2. Existe alguma duvida sobre o

    Existe alguma duvida sobre o porque de Macri ter entrado em acordo para pagar os fundos abutres Americanos assim tao rapidamente?

    Nao tenho a menor duvida de que parte do pagamento ao abutre Paul Singer iria parar em alguma das contas de Macri em paraisos fiscais. Nao estranharei se ele viajar subtamente aos EUA, gora que suas contas no Panama foram desbaratadas. Vai precisar recombinar para onde ira sua paga pela traicao ao povo Argentino.

    1. O porque logico foi para

      O porque logico foi para teabrir o mercao financeiro externo para a Argentina, o que já aconteceu, a Argentina já teve oferta de bancos para uma nova emissão de US$12,5 bilhões em bonus de longo prazo a ser lançada este ano.  Se houve comissão dos fundos abutres, não ponho minha mão no fogo mas não parece racional que Macri tenha feito negocio com eles por causa da comissão.

  3. os Macri

    Ora, os Macri são ligados, de longa data, à máfia italiana, via Lício Gelli e a loja P2. Estes por sua vez têm loga história de ligação com a CIA.

    Esses arquivos panamenhos foram, na verdade, hackeados pela CIA, NSA, e, provavelmente têm um longo dossiez sobre a familia. E esse não será publicado. O que vazou é só um aviso para que ele se comporte de acordo com os interesses do império (pode ser chamado de chantagem, sim)

    1. È uma novidade, a ligação da

      È uma novidade, a ligação da loja P2 e Lucio Gelli era com Jose Lopez Rega, da ala direita do peronismo,  grupo do Tripe A,

      coisas dos anos 70, são épocas e grupos completamente diferentes.

  4. Não tem nada a ver Kirchner

    Não tem nada a ver Kirchner com Macri nessa questão.

    Os Kirchners são exclusivamente POLITICOS. Os Macri são em primeiro lugar EMPRESARIOS de longa tradição.

    Empresarios podem ter off shores absloutamente legais, até estatais tem off shores.

    1. E ai que mora o perigo, Andy.

      A mesma offshore que serve ao empresário , serve para lavar dinheiro advindo digamos de tráfigo de influencia, informação previlegiada,do político . A mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta! De novo, Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Robert Louis Stevenson era um arguto observador da sociedade.

      1. Macri não é um politico

        Macri não é um politico profissional, que vive da politica exclusivamente, como eram os Kirchner. A necessidade e a possibilidade de corrupção sistematica é menor pela propria historia de vida de cada um.

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