Bolsonaro usa tempo para cutucar governadores e exaltar hidroxicloroquina

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Presidente critica isolamento social e usa nome de Roberto Kalil para elogiar medicamento que ainda não teve eficácia comprovada

Jornal GGN – Ao invés de transmitir tranquilidade à população, o presidente Jair Bolsonaro voltou a usar seu tempo na rádio e televisão para agir como garoto de recados indiretos e mostrar uma imagem moderada que não existe.

Em poucos minutos, o presidente tomou os holofotes para si, falando que a equipe de ministros que escolheu para conduzir os destinos da nação deve estar sintonizada com ele – “Tenho a responsabilidade de decidir sobre as questões do País de forma ampla, usando a equipe que escolhi para conduzir os destinos da nação. Todos devem estar sintonizados comigo”.

Neste novo pronunciamento, Bolsonaro não perdeu a oportunidade de cutucar os governadores que continuam com as medidas de restrição social, mesmo que seja de conhecimento público que é o isolamento social a forma mais eficiente de se evitar a disseminação do vírus e, por consequência, não sobrecarregar o sistema de saúde. “Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração”.

Bolsonaro também citou o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) e usou os mais pobres como forma de externar sua contrariedade contra o isolamento social que está em andamento.  “Como afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, cada país tem suas particularidades, ou seja, a solução não é a mesma para todos”, disse. “Os mais humildes não podem deixar de se locomover para buscar o seu pão de cada dia. As consequências do tratamento não podem ser mais danosas do que a própria doença”, afirmou o presidente.

Considerando a forma como o discurso de Bolsonaro ecoa nas áreas periféricas, quem está capacitando pessoas para ajudar no combate ao coronavírus nas favelas terá um problema extra para lidar após o discurso desta quarta-feira.

Exaltação à hidroxicloroquina

Bolsonaro também voltou a falar da hidroxicloroquina, exaltando-a como forma de tratamento mesmo que os testes que comprovem sua eficácia não tenham sido comprovados. Para isso, citou o cardiologista Roberto Kalil, do hospital Sírio-Libanês – que admitiu ter usado a cloroquina para combater a covid-19 e defendeu seu uso em pacientes internados, conforme informações da jornalista Monica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo. Além de elogiá-lo, Bolsonaro disse que “mesmo não tendo finalizado o protocolo de testes, (Kalil) ministrou o medicamento agora, para não se arrepender no futuro”.

O presidente também falou do acordo fechado com a Índia para a importação de material para a fabricação do medicamento, além de abordar as medidas de ajuda aos trabalhadores que começarão a ser colocadas em vigor, como o pagamento de R$ 600 ao longo de três meses, depósito complementar para os beneficiários do programa Bolsa-Família e o saque de R$ 1.045 a quem tem conta vinculada do FGTS (que custou a extinção do fundo PIS/PASEP).

“Tenho certeza que a grande maioria dos brasileiros quer voltar a trabalhar. Esta foi sempre a minha orientação a todos os ministros, observadas as normas do Ministério da Saúde”, disse o presidente ao final do discurso, na única vez que citou a pasta comandada por Luiz Henrique Mandetta, com quem tem tido atritos constantes por conta da forma de combate ao coronavírus.

Em linhas gerais, Bolsonaro tentou conter sua agressividade, mas não deu muito resultado. E seu circo de horrores continua a circular pelas redes sociais.

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Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

13 Comentários

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  1. Considerando o congestionamento nos Hospitais e Centros de Saúde e tendo em vista que ainda não se conhece uma droga realmente eficaz na tratamento do COVID-19, considerando, também a dificuldade de atendimento médico à população em geral, especialmente aos mais pobres, acredito que seria uma excelente medida a liberação, sem a exigência de receita médica, de antibióticos reconhecidamente eficazes no tratamento das vias respiratórias, como por exemplo, Azitromicina 500 mg. Note que o Dr. Kalil usou a Cloroquina associada a antibióticos.

  2. Se a cloroquina não fosse eficaz contra o corona, então a população norteamericana não demoraria a ser dizimada.

    Com tantas reses desgarradas, a imunização de rebanho – deixar o Covid ganhar as ruas e transitar livremente – seria uma hecatombe.
    Parece que o Boris Johnson não tem porte atlético nem se exercita fisicamente, como o Bolsonaro, pois a gripezinha tá detonando o Carinha. Imagina eu, que só jogo porrinha, tenho o pulmão comprometido e não sou nem setimo ministro, quanto mais primeiro
    É morte súbita. No tube for you, no tube for me

  3. Esse Babaca usa a fome do povo para defender e justificar a exposição do povo ao perigo.

    “Os mais humildes não podem deixar de se locomover para buscar o seu pão de cada dia”.

    Quem vai dar pão aos humildes, principalmente em tempo do distanciamento social?

    Ninguém mais abre a porta para os Excluídos, nem mesmo o Governo, com seu auxílio emergencial miserável.

  4. Talvez esta matéria da MSN traga alguma luz sobre o motivo de tanta ênfase sobre uma droga que não foi sequer testada para a COVID-19, a hidroxicloroquina. Parece que algumas pessoas da corte do Grande País Irmão do Norte estão levando algum por baixo do pano para fazerem propaganda da HCQ. Será que o troco cruzou o Equador?

    Major Producer of Hydroxychloroquine Once Paid Michael Cohen Hefty Sum for Access to Trump
    https://www.msn.com/en-us/news/politics/major-producer-of-hydroxychloroquine-once-paid-michael-cohen-hefty-sum-for-access-to-trump/ar-BB12eeHz?ocid=ABUSINV3P

    Mas a droga funciona ou não, no 1º mundo, onde assuntos de muita seriedade são tratados com pouca leviandade e sem “fake citations”?

    Trump pushes hydroxychloroquine to treat coronavirus. But what are the side effects?
    https://www.newsobserver.com/news/coronavirus/article241856266.html

  5. Essa semana eu trouxe aqui duas dicas para a prevenção da contaminação pelo coronavírus que o implica no fortalecimento do sistema imunológico, ou seja, o uso do gengibre e da Vitamina D.

    Hoje trago a seguinte sugestão de um médium kardecista: segundo ele a infecção pelo coronavírus pode ser tratada com drogas anti malária, drogas anti HIV e drogas oncológicas. Eu tive notícias sobre pesquisas envolvendo drogas anti malária e drogas anti HIV, mas ainda não soube de nenhuma pesquisa testando droga oncológica para câncer de pulmão.

    Então por favor levem essa sugestão para os pesquisadores.

  6. É assombrosa a capacidade de Bozzonaro de trazer todos para discussões irrevelantes e desnecessárias.
    O mundo passando de 1,5 milhão de casos. A maior “potência’ chegando em meio milhão. Nos próximos dias, as mortes ultrapassarão 100 mil e o Brasil chegará no “Top 10” de casos.
    Aqui temos fartura de tudo: “farta teste, farta máscara, farta leito, farta respirador, farta ação, “…
    E a agenda do momento em toda a mídia nesta “pátria desalmada” é … a tal da (h)cloroquina e seu uso.
    Tudo porque o adolescente delinquente resolveu fazer uma “live” maluca com os filhotes no jardim, para falar o que NÃO DEVIA!
    Vejamos quanta irresponsabilidade e incompetência adolescente e delinquente e quão inútil é esta discussão:
    1. Esta é uma discussão médico-científica transformada pelo BolsoNERO (®The Economist) em DISPUTA POLÍTICA.
    2. Ninguém está NEGANDO a possibilidade do medicamento ou uma combinação dele ser bem sucedido no combate à doença. Apenas ainda não se sabe se será eficaz.
    3. Se for eficaz, isto não será uma” vitória de Jair” (embora seja este o seu objetivo).
    4. Como ignorante no assunto e não ouvindo todos que deve, ele apenas ele pode ter acertado na sua aposta. Um chimpanzé também pode…
    5. 180 países e a OMS sabem do uso “promissor” do medicamento. mas com 1,5 milhão de casos, caminhando para 100 mil mortes, se fosse uma solução, todos já estariam usando. Não seria o mentiroso presidente braZileiro (disse no jardim que a taxa de cura era de 100%).
    6. Estudo da FioCruz, declarada pela OMS como laboratório de REFERÊNCIA nas Américas, diz que a diferença entre curas com e SEM o uso da (h)cloroquina é pequena e portanto ainda INCONCLUSIVA. Ou seja, se uma pessoa é tratada com o medicamento e é curada, ainda não se sabe sequer se foi por seu uso, já que outras tantas se curam sem usá-lo.
    7. Um presidente quer acredite (crente) em alguma solução qualquer, tem o DEVER de discutir sua crença ou opinião com pessoas que têm conhecimento e efetiva ingerência no assunto (ministros, auxiliares, especialistas, cientistas, professores e instituições de pesquisa, de saúde, universidades, etc.).
    8. Se ao contrário traz esta discussão para o público, que NÃO DECIDE, está sendo clara e inequivocamente IRRESPONSÁVEL, desorientando e dividindo aqueles que esperam orientação e ainda incitando-os exatamente contra aqueles com quem deveria estar discutindo e decidindo.
    9. Não cabe ao público por si, tomar ou não tomar, comprar e esgotar por ansiedade e até pânico. Portanto dirigir-se a ele é POPULISMO inútil! Um diretor discute o tático estratégico de sua empresa com os operários, sem debater com os demais diretores, gerentes e chefes? Contra eles?
    10. A irresponsabilidade, trazida por imaturidade (daí a “adolinquência”) do presidente “aberração” (®The New York Times) está em:
    a) Como leigo, definir algo que não está definido (uma das 2 únicas leis que aprovou em 28 anos foi a da liberação antecipada da “pílula do câncer”).
    b) Contribuir para corrida e esgotamento de um remédio que é utilizado para outras enfermidades.
    c) Dar possível falsa tranquilidade à pessoas sãs em risco e falsa esperança à doentes.
    11. Exatamente por forçar a barra sobre um auxiliar (Anvisa), o remédio está autorizado ao uso NA Covid, para casos avançados e até precocemente, sob responsabilidade pessoal de cada médico.
    12. Portanto, porque continua a discussão? Para aparecer? Acha que em havendo sucesso, ganhará o prêmio (ig)Nobel? Ou é para esconder sua INAÇÂO em TODAS AS AÇÔES clara e efetivamente necessárias (saúde e economia), onde anda à reboque de todos, “tirando onda” com sua canetinha BIC.
    13. Esta discussão estéril desvia tempo, esforço e foco para a pesquisa de outras soluções
    14. Fazer campanha de propaganda de opinião governo é imoral e ilegal. Já tentou fqzer isso com outra questão de aposta de chimpanzé: a do isolamento social. Que continua até hoje e também desvia foco e promove desobediência popular.
    Já está claro que o jogo maroto de Jair, sabedor de sua mediocridade, é tentar destacar-se sendo diferente, do contra. Como SEMPRE VIVEU de estável DINHEIRO PÚBLICO, o máximo que pode acontecer é continuar a recebê-lo (no exército, a reforma / aposentadoria).
    Na câmara (graças a “fama” de quartel), aí encontrou o paraíso! Sua bizarrice garantiu-lhe seguidos mandatos. Criou fama e deitou na cama(ra). Tornou-se um profissional e colocou 3 filhos (vem mais aí) na mesma “profissão pública”.
    O pior (para nós) é que (para ele) deu “certo”…

  7. Nassif, e o mais recente escândalo de corrupção dos tucanos paulistas com a Ecovias?? Não tô vendo ninguém falar nada!!! Os caras confessaram que pagaram propina durante 18 anos nos governos tucanos. Se comprometeram perante a Justiça em devolver mais de meio bilhão de dinheiro roubado.

  8. A irresponsabilidade deste sujeito não reside somente em ecoar as maluquices de outro sem noção, o Trump. O maior delito está em instigar a população a se contaminar enquanto bate na tecla, sem nenhum respaldo tecnico consistente, de que a tal hidroxicloroquina, que pode nao passar de um placebo, funcionaria.
    Todos torcemos pela volta das nossas rotinas, nao importando de quem venha a solução, mas não podemos dar ouvidos a outro sádico, Trump, que claramente interessado nos efeitos financeiros e não terapêuticos da venda do produto, vem ameaçando e chantageando o mundo e a OMS para promover a hidroxicloroquina, exigindo ao mesmo tempo que seus cidadãos, em detrimento do resto da população mundial, sejam priorizados no recebimento do que realmente funciona no momento; EPIs e Ventiladores.
    Portando-se assim, continuando com estas atitudes, ambos praticam crimes contra seu povo e contra a humanidade. O problema é que enquanto um não representa nada perante o mundo, o outro tem um imenso poder bélico em suas mãos.

  9. Com ina ou sem ina o problema é que muita gente ainda continua a morrer e,mais preocupante ainda,nada se discute sobre o day after,talvez porque o sujeito esteja esperando que ele não exista.

  10. Antibióticos matam bactérias, não matam vírus, não têm nada a ver com vírus, não servem para nada contra vírus, nenhum vírus.

  11. Qual a logica do capetão Corona ao colocar a populacao contra os governadores? Tem plano de depor todos eles e nomear governadores bionicos, como era na ditadura militar

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