Congresso peruano aceita renúncia de presidente por desdobramento da Lava Jato

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Peru21 / USI
 
Jornal GGN – O Congresso peruano aprovou, por 105 votos a favor, 12 contra e 4 abstenções, a renúncia apresentada pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski, nesta sexta-feira (21). Kuczynski pede a renúncia em meio a forte pressão política e de seu próprio partido, diante das acusações envolvendo esquema com a brasileira Odebrecht no país.
 
PPK, como também é mencionado, foi acusado de receber mais de US$ 782 mil da Odebrecht por serviços de consultoria, entre os anos de 2004 e 2007. O desdobramento da Operação Lava Jato repercutiu em outros países que contam com a atuação e presença da construtora brasileira, expansão que foi estimulada e, em alguns casos, provocada pelo Departamento de Justiça norte-americano, quando o Ministério Público Federal (MPF) brasileiro fechou acordo com as autoridades dos Estados Unidos.
 
No Peru, as consequências foram desastrosas para o atual governo. O presidente foi, inicialmente, alvo de um primeiro processo de impeachment, ainda em dezembro do último ano, mas foi absolvido pelo Congresso. Outros levantamentos das investigações, que seguiram no país, contudo, encurralaram o agora ex-presidente.
 
Entre os indícios, vídeos e áudios de políticos, entre eles Kenji Fujimori, congressista herdeiro político do ex-presidente Alberto Fujimori, e outros quatro parlamentares aparecem supostamente negociando propinas de obras na região para alcançar votos no Congresso contra a destituição de PPK.
 
Por isso, uma nova votação de impeachment estava já marcada pelos parlamentares do Peru nesta semana. A pressão feita pelo partido fez com que o mandatário apresentasse a carta de renúncia nesta quarta-feira (21). 
 
O documento passou a ser alvo de polêmicas, porque foi vazado um documento da Resolução Legislativa do Congresso que seria analisado, em que coloca a renúncia como vacância, que seria o mesmo de uma consequência de um processo de impeachment, com a diferença de que, neste último caso, o mandatário ainda poderia exercer defesa. O documento também rotulava o presidente como “traidor da pátria”.
 
“Inaceitável a proposta de Resolução Legislativa do Congresso que tenta apresentar uma renúncia como vacância. Se for assim, retiro minha carta e me submeto ao procedimento regular de vacância, onde exercerei meu direito de defesa”, afirmou Kuczynski, sentindo-se ofendido, em publicação no Twitter.
 
Mas após a correção feita pelo presidente do Congresso, o opositor Luis Falarreta, de que se tratava de um “rascunho” que seria corrigido, o presidente voltou atrás e manteve a carta de renúncia. No documento votado nesta sexta-feira (23), a única consideração registrada era que a renúncia era consequência da crise política atual, mas discordando de trechos que havia sido escrito pelo mandatário:
 
“A Representação Nacional nega os fatos e considerações que o senhor Pedro Pablo Kuczynski Godard expressa em sua carta de renúncia, uma vez que ele não admite que a crise política atual que o conduziu à renúncia seja consequência de atos indevidos em que o próprio presidente cometeu e que são expostos com sustentação na moção da ordem do dia em que propõe a vancância presidencial.”
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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