Cortes em programas sociais são presente para Lula, por Janio de Freitas

Da Folha

Um presente para Lula
 
Janio de Freitas

Ganhar presente é uma das delícias, só comparável à de dar presente. Deve ser por isso que Lula se mostrou, na Argentina, tão vibrante e afirmativo como o Lula dos velhos tempos. Mas não foi um presente argentino,se bem que Buenos Aires, com sua mesa e suas livrarias, possa ser um presente por si mesma.(PS: Com boa companhia, claro).

Foi lá que Lula recebeu a notícia de que Dilma se curvava aos cortes de verbas dos chamados programas sociais e do PAC, cobrados pelos neoliberais, pelos adeptos do impeachment e pela oposição vai com as outras. Sua reação imediata foi inflamada, com centro na declarada “incapacidade de entender esses ajustes que cortam ganhos sociais e dos trabalhadores”.

Mas Lula, arguto, sabe que a face política do plano de “ajuste” pregado pela oposição e aceito por Dilma lhe é favorável. É um presente, involuntário embora, que resolve o seu mais grave problema na eventualidade de desejar candidatar-se em 2018.

São, ou eram, duas possibilidades. Caso o governo de Dilma seguisse, durante o atual mandato, na batida que teve durante a maior parte do primeiro, a próxima sucessão não seria fácil para Lula. As insatisfações deixadas mesmo pelos melhores governos, a vontade quase instintiva de mudança, um cansaço vago mais efetivo, isso influi no eleitorado depois de governos longos como quatro mandatos de mesma linhagem. Por muito menos, Lula, com todo o seu êxito, sofreu para eleger Dilma. E Dilma se reelegeu ajudada por Aécio com sua campanha desprovida de ideia, obcecado com críticas ao governo e ataques à concorrente. José Serra já sucumbira a isso mesmo, e Aécio não percebeu.

O segundo mandato de Dilma não teve a oportunidade de imitar os melhores aspectos do primeiro. Mantenha-se com ela ou passe-se a outro, está condenado a outra imitação: a do “ajuste” aplicado em Portugal, na Grécia, em menor escala na Espanha e em outras terras de povos arrochados. No começo do ano, Joaquim Levy prometia que já neste segundo semestre teríamos os primeiros “benefícios” do seu “ajuste”. Veio aumentando as exigências para o “ajuste” à medida que a situação veio se agravando: no nono mês de ajustanças, nada melhorou, nada mostrou sequer indício de melhora próxima. Esse “ajuste” vai longe.

Vai até 2017 com folga. Ano em que a sucessão presidencial se lançará, precipitada pelas ansiedades do PSDB e, forçado, do PMDB. E então Lula, se disposto a candidatar-se, será ele o candidato da mudança. Com a bandeira de restauração da luta contra as desigualdades, de retomada do crescimento industrial e do emprego, da distribuição de renda e do Bolsa Família atualizado, do Brasil no mundo com a diplomacia ativa –tudo que ele vê como seu legado perdido. Terá ganho estas bandeiras de Dilma e dos seus adversários.

E a verdade é que –está provado desde Getúlio, depois Juscelino e Jango– são bandeiras muito fortes, tão persuasivas que os três continuam vivos. Ao passo que a oposição fica na contingência de repetir José Serra, impossibilitado de propor a continuidade do governo Fernando Henrique e de adotar posições contrárias às que vinham de lá, rejeitadas por acúmulo de inflação alta, arrocho e paralisia econômica.

A decisão de 2018 será nas urnas, não no impeachment.

 

Redação

22 Comentários

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  1. 2018?

    Pode até ser (parece mais presente de grego), que todo esse caos seja, no fim, oportuno ao ex-presidente Lula. Porém o que vi e ouvi é que as pessoas estão acreditando num Lula ladrão, Dilma ladra, a Petrobras, acreditam, foi saqueada etc etc. Logo, eu aposto minhas fichas numa volta de Marina com alguma coalizão que possibilite uma vitoria. Aécio, Alckmin ou Serra tem um legado pesado, logo as candidaturas de partidos menos desgatados terão mais chances. E não sonhe o proselitista PMDB de que ganhara a presidência em 2018. Pouco provavel visto o tanto que estão enrolados na Operação Lava Jato e em caixas 2 de campanhas. 

    1. Empreiteiros & delações premiadas

      Fico imaginando se, por descuido ainda que seja, se alguém da Força Tarefa Hu….morística de Curitiba perguntasse a qualquer um destes “empreiteiros delatores premiados” mais ou menos assim…”Vossa Senhoria, senhor empreiteiro, poderia nos dizer como funcionavam as licitações em grandes obras públicas antes de 01 Jan 2003?”

      Senhor empreiteiro, o senhor já teve conhecimento de que o falecido jornalista Paulo Francis denunciou toda a diretoria da Petrobrás por corrupção lá em 1995/1996, dizendo que cada diretor, começando pelo Presidente Joel Rennó, tinha conta na Suiça com depósitos da ordem de 50 a 60 milhões de dólares?

      Senhor grande empreiteiro, o senhor poderia dizer quais as grandes obras em que sua empresa atuou desde que foi fundada até Dezembro de 2002?

      Antes de Dezembro de 2002 já havia cartel de empresas definindo reviamente resultados de licitações nas grandes obras em que sua empresa atuou?

      Para citar apenas algumas: Itaipú, Tucuruí, Angra I, Metrôs de RJ e SP, Ferrovia do Aço,  Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, Transamazonica, RodoAnel Paulista, etc… ou não seria melhor começarmos a relacionar todas as grandes obras de engenharia desde a construção de Brasília?

      Seria muito esclarecedor que cada uma destas grandes obras, sejam municipais, estaduais ou federais, tivesse seus históricos levantados, custos iniciais estimados e custos finais, incluindo relação de aditivos….Ah! quem dera que o Juiz Sérgio Moro pense nisto apenas por um momento, mesmo que seja na centésima fase da Lava Jato…o Brasil agradeceria, com certeza…. 

  2. Mas depende de consertar a economia

    Lula fez um bonitão em seus dois mandatos porque pegou a economia arrumada. Não quis ser candidato em 2014 porque a rebordosa ia estourar em suas mãos. E se a economina não estiver arrumada em 2018, pelo mesmo motivo ele declinará de ser candidato. Lula não tem nada de bobo, e preza mais a própria imagem do que ao partido ou ao país.

  3. Futuro com Lula…na visão futura, bem elaborada de Jânio/FSP

    Ainda digerindo o texto elaborado por Jânio de Freitas e publicado na FSP de hoje, com claro exercício de futurologia, até concordo com o que já pude entender e, embora prevendo e já lamentando profundamente o que a Enciclopédia da História Pátria reserva para o “verbete” Dilma Vana Roussef, gostaria de colocar um obstáculo atual e, a meu juízo, quase inamovível, que é representado pela prática jurídico-midiática, sem sombrta de dúvida mais midiática que jurídica, que ficou explícita, imoralmente explícita, escandalosamente reiterada, no transcurso do julgamento da AP 470, quando o chamado “domínio do fato” se impôs diante da falta de provas que determinassem a culpa de forma completa e inegável.

    O Joaquim Barbosa, de outrora, agora atende pelo nome de Sérgio Moro, personagem também presente lá no caso Banestado/CC5 de tristes resultados para a nação em face dos acobertamentos ali praticados e, mais recentemente. com atuação bastante decisiva nos votos da Ministra Rosa Weber, talvez estes fatos citados tenham servido de “laboratório” para o teatro jurídico que emerge da Vara de Curitiba, como se fosse uma “Babilônia” jurídica, que inclusive suplanta em audiencia a recente, e fracassada, novela global, cujo fim foi reconhecidamente antecipado…..    

  4. É estranho como, passados

    É estranho como, passados apenas trinta dias, da reeleição da presidente virou uma constante nacional  falar mal do “segundo mandato”.

     De todos os lados o mesmo grito alardeando que “Dilma traiu”, não fez o que prometera na campanha.

    Parece ate que o ajuste do Arminio Fraga,caso aecinho fosse eleito, não seria mil vezes mais radical. Declarava ele na campanha que “a crise aconteceria porque os salarios estavam altos”.

    Pode ser que a minha televisão esteja com defeito, porque escutei a presidente Dilma afirmar que iria haver um ajuste, apenas não seria tão radical como o que pregavam seus adversarios.

    Não quero dizer com isso que ajustes seriam a unica solução. Não sou economista.

    Apenas saliento que Dilma não mentiu, não traiu.

    O problema que estamos vivendo tem outra razão, pouco levantada.

    O Brasil não teve sorte.

    O foco da questão esta naquele avião que caiu em Santos.

    Sem aquele acidente, ate agora não esclarecido, Dilma teria ganho em primeiro turno e tudo seria diferente.

    Os inimigos do PT e do Brasil avançaram em fogo cerrado contra a reeleição.

    No final o resultado mostrou uma pequena diferença entre os dois candidatos.

    A partir dali ficou muito dificil governar contra tudo e contra todos.

  5. Olha, raramente discordo do

    Olha, raramente discordo do Jânio de Freitas. Mas dessa vez, acho que ele subestima a decepção que a Dilma está produzindo na militância pró-PT. Seria muito difícil imaginar quem iria para a rua fazer campanha para o Lula depois desse banho de água fria…

  6. Não sei explicitar bens as

    Não sei explicitar bens as razões, mas não gostei desse texto do (quase) sempre bom analista Jânio de Freitas. 

    Inoportuno? Sim, dado o atual contexto de crise, a fraqueza política do governo e os ressentimentos do pacote que, se aprovado, gerará ressentimentos numa dimensão imprevisível. 

    Cínico? Também. Merce da política ser a seara dos homens imperfeitos, como bem disse o filósofo florentino, projetar cenários políticos venturosos a partir de justificativas assentadas em medidas atuais nocivas para a população é deplorável. É reduzir ainda mais o já baixíssimo patamar ético da política. 

    O maior serviço que Lula pode fazer ao Brasil é canalizar seu prestígio e clarividência política para ajudar o país a sair desse momento de dificuldade.

    Fazendo uso de um termo bem na moda: seu tempo político  passou. Vamos renovar o PT e a política. Basta desse clima de guerra. 

    1. Concordo

      Também não gostei do texto, achei meio desnecessário. Acho que Janio devia estar bem chateado com esse novo ajuste… mas quem não estaria, apesar de ser um mal necessário. Até Lênin teve que fazer concessões…

  7. Grande Jânio

    Realmente, Lula, dessa turma toda de políticos e seus apêndices, é o único que sabe para aonde ir, que tem norte político e é bem intencionado. Os demais não têm visão, são prisioneiros de seus contextos, incapazes de transcender o momento e as pequenas necessidades mesquinhas de satisfação de vaidades, de dinheiro e de exercício de efêmero poder que consomem suas vidas. Jânio viu isto tudo com precisão, e certamente muito mais.

    O presente de Lula é a mediocridade e a falta de grandeza dessa gentinha miúda, e Lula é o NOSSO presente, o único com propostas em favor do país e com capacidade de implementá-las.

    Impressionante a diferença para melhor que pessoas como Lula, na política; e Jânio, no jornalismo, fazem.

  8. Eu sei que J F é

    Eu sei que J F é exckusividade pra Nassa  postar– e faz tempo.

      Mas nunca tem contraditório—eu mesmo tentei e não consegui.

       Na boa: Omito o nome do cara pra vcs não pedirem ”meus sais”

           Mas é o que penso

    Janio de Freitas vê no pacote um presente para Lula e joga Dilma no colo da oposição. Nunca antes na história da análise política!!!

    De todas as opiniões que li sobre o pacotão do governo, a mais insólita, sem dúvida, é a de Janio de Freitas, na Folha. Não sei se reais ou fingidos, há frêmitos de incontida alegria. Segundo diz, as medidas adotadas por Dilma — que, parece-me, o articulista considera impopulares — são um presentão para Lula.

    Abusando da dialética, ou do que supõe entender dela, Janio escreve — e espero que a transcrição seja compreensível, leitor:
    “Ganhar presente é uma das delícias, só comparável à de dar presente. Deve ser por isso que Lula se mostrou, na Argentina, tão vibrante e afirmativo como o Lula dos velhos tempos. (…) Foi lá que Lula recebeu a notícia de que Dilma se curvava aos cortes de verbas dos chamados programas sociais e do PAC, cobrados pelos neoliberais, pelos adeptos do impeachment e pela oposição vai com as outras. Sua reação imediata foi inflamada, com centro na declarada ‘incapacidade de entender esses ajustes que cortam ganhos sociais e dos trabalhadores’”.

    E conclui a sua coluna prevendo um confronto entre Lula e, suponho, os “neoliberais” em 2018, com a vitória vocês adivinhem de quem…

    Uau! Está inaugurando um gênero no jornalismo: o da análise criativa, que dispensa os fatos e as imposições da realidade.

    Para que a análise do “companheiro” faça sentido, forçoso será, de saída, que Lula caminhe para a franca oposição e rompa com Dilma. E esse é apenas um dos requisitos. E, por óbvio, o PT terá de segui-lo nessa jornada, o que impõe a entrega dos cargos imediatamente. Pergunta: o PT de hoje sabe sobreviver sem as tetas do governo?

    Mais: o que Janio imagina? Que os oposicionistas sairão correndo para aplaudir o plano de Dilma — porque, afinal, na sua fantasia, são neoliberais —, abrindo espaço para que o PT fale em nome do povo oprimido? Esse é o segundo, mas não em ordem importância, requisito. Ah, tenham a santa paciência!

    Se e quando os MTSTs e MSTs da vida, meros tentáculos do PT, saírem às ruas contra o plano (e contra o povo, como sempre), o que imagina o criativo articulista? Que a conta do desgaste recairá sobre os ombros da oposição? Há dez meses, Lula estava sobre os palanques a defender que Dilma, e nunca Aécio Neves, era a garantia de um futuro glorioso. O que pretende o Babalorixá de Banânia? Dizer-se enganado?

    Segundo Janio, não haverá impeachment — por alguma razão, ele acha que o pacotão de agora o afasta, parece… —, e a batalha de 2018 será entre Lula, que falará contra o arrocho que Dilma representa, e a oposição, que, nessa formulação, defenderá, então, a continuidade. Caramba!

    Operou-se um genial milagre interpretativo, de sorte que Dilma, acreditem, está sendo jogada por Janio no colo da oposição. É, para usar uma palavra que costuma frequentar o meu vocabulário, estupefaciente.

    Há muito tempo eu realmente não lia nada tão insólito.

     

    1. Aqui não é casa de mãe joana

      Trazer para cá o texto desse pittbull é dose.

      Deixe-o onde é bem recebido por seus aduladores súditos-sobrinhos.

      É claro que também vou omitir o nome da besta-fera para não dar IBOPE a quem não merece.

       

  9. Idiotices. Lula recebe

    Idiotices. Lula recebe presente? E por acaso dilma é da oposicao? A oposição é fraca pra vencer eleições mas possui poderes jedi para manipular o governo? Quem vive se reunindo e aconselhando a presidente é fhc ou Lula? 

    Quem sempre chorou a perda da cpmf, única derrota de Lula no congresso, e isso porque a oposição contou com gente da base aliada, era Lula,  e sobre quem recai o peso de criar impostos em tempo recessivo? 

    os cortes na carne que o governo deveria fazer dispensando milhares de pendurados políticos,  enxugamento de fato de ministérios e não mero ajuntamento de secretarias mantendo o exército de pessoal, não será feito. Os cortes no minha casa minha vida são apenas um rearranjo dos números apresentados à realidade executada.

    De fato o furo de 30 bilhões será tapado com novo imposto, esse é o resumo da ópera.

    O texto do jornalista é uma bobagem apenas para descolar Lula de sua criação agora que o navio faz água.  Enquanto navegava em mar de almirante se fazia questão de dizer que Lula é Dilma são um só.

    O texto só faria sentido se Lula fundasse um novo partido e se apresentasse como um salvador da pátria. A primeira parte ele nunca irá fazer e a segunda já faz parte de sua psique. 

     

  10. Dilma e Lula

    Dilma e sua turma no Planalto devem (se têm alguma inteligência) estar cansados de saber duas coisas: primeiro que, sem Lula, ela não se elegeria; segundo que, na política econômica, Lula não faria quase nada do que ela está fazendo (o programa da oposição, com algumas exceções). Logo, Jânio de Freitas, para mim, tem toda a razão. 

  11. A melhor frase do Janio

    “E Dilma se reelegeu ajudada por Aécio com sua campanha desprovida de ideia, obcecado com críticas ao governo e ataques à concorrente. José Serra já sucumbira a isso mesmo, e Aécio não percebeu.”

  12. ACHO QUE NÃO DÁ MAIS …

    Minha diarista, a Deise, está comigo a 11 anos. Não vivemos mais sem o outro, brinco sempre. Política às 8hs da manhã sempre tem. Enquanto ela faz o café conta o que rolou na semana. Hoje, terça, por exemplo, explodiram um caixa de banco na zona sul de SP, próximo a casa dela: “os vidros da minha janela quebraram e estou meio surda”. Mora a uns 70 metros do “ex-caixa”. 

    Mas voltando a política, ela+marido+dois filhos e mãe moram numa casa alugada. Mas já estavam inscritos no MCMV. A mãe é viúva e aposentada. O marido é motorista de ônibus. O filho de 17 anos queria ir pros Estados Unidos no Ciência sem Fronteiras. “O Igor estuda que nem doido seo Alex. Diz que quer ser engenheiro. É bom de matemática viu e já ganhou prêmio em olimpiada de matemática”.

    Me conta tudo isso. Dia desse me disse que estava “desalentada” com a Dilma. “Seo Alex, a conta de luz tá vindo tão alta em casa que eu não sei o que fazer. Os menino toma banho em 5 minutos, dá até dó. Olha só não tomando banho mais. O supermercado tá caro. O que eu comprava antes, esquece. Carne tá um absurdo. Um pedacinho de carne 20 reais.  Agora ouvi no rádio que ela vai cortar verba do Minha Casa, vai cortar verba da educação. Fico com dó do Igor pq a gente não vai ter dinheiro pra ajudar ele. A esperança era o governo”.

    Olha brava para mim e diz:  “Uai, mas que governo do povo é esse, seo Alex? No ônibus e no trem o povo tá revoltado viu? É uma traição. Tudo que ela falou na campanha ela está negando pra gente agora? Eu acho que a Dilma tinha que ir até o fim apoiando o povo”

    Pessoal: acho que a figura do Lula tá grudada na Dilma. Não consigo ver eles separados. Pode até ser … mas difícil hein! Quanto ao governo petista, o grande “plus” eram os programas sociais. Premiados até fora do país. Vitrine do partido. Sim, tirou milhões da miséria e deu esperança para “milhões de Deises”. Impossível negar.  Sem esse “plus” o PT se torna igualzinho aos outros. Só ficarão as lembranças, mais nada!

    (Desculpem, fui longo. Mas quis narrar como a esperança de uma pessoa que acorda 4hs da matina, todo santo dia, prepara a marmita do marido, prepara o café das crianças que acordam às 6.. e leva 2 horas de trem e buzú pra chegar no trabalho, vai pras “cucuia” de uma hora para outra. Agora o sonho da casa própria vai demorar mais e o sonho do Igor de virar engenheiro, idem).

  13. Erros e acertos

    Eu acho que houve vários erros do Lula e do PT. Muitos já foram comentados ad nauseam de modo que não irei repetí-los.

    Mas um dos erros que não tenho visto serem debatidos foi a postura olímpica de Lula e PT nas eleiçoes passadas. Explico: Sabíamos todos, desde o primeiro governo Dilma, que um novo governo com uma base aliada fraca poderia ser um grande problema a ser administrado. Lula poderia ter saído candidato a Deputado Federal. Além de se eleger facilmente, carregaria consigo mais alguns representantes do PT.

    Se fosse convocado para o Ministério por Dilma, abriria a vaga para outro representant, também afinado com o Governo Federal. E se permanecesse na Cãmara seria um contraponto formidável a Eduardo Cunha ou outro do mesmo tipo.

    Até hoje não sei por que passaram batido por ideia tão simples de ser posta em prática.

  14. debordianas

    Janio de Freitas tem razão em apostar em Lula, essa jovem e combativa liderança recém-saída do movimento sindical.

    (Olhando daqui, acho que o sacana do Janio teria futuro como roteirista do PORTA DOS FUNDOS…)

    Falando sério: na sociedade do espetáculo – na qual, como dizia Debord, “Nunca foi possível mentir com tão perfeita ausência de consequências” – é perfeitamente possível que Lula seja vitorioso em 2018, investindo na falsificação de si mesmo.

  15. 2018

    A cada dia as nuvens da política mostram desenhos diferentes. 

    Segundo as imagens das nuvens políticas dispostas no ceu de hoje, acho que Lula não deveria disputar a Presidência em 2018. Amanhã posso achar outra coisa.

    Mesmo sem a grande crise atual, uma eventual vitória de Lula em 2018 poderia fazê-lo perder todo o capital político que grangeou ao sair do Governo com mais de 80% de aprovação. Os futuros Presidentes sofrerão muito para bater este recorde. E, se Lula for Presidente de novo, mesmo que saia com 79% de aprovação, ele será desfavoravelmente comparado… com ele mesmo.

    Com a crise que muito atingiu o PT, a inconveniência dessa candidatura se torna muito maior. Dificilmente o PT conseguira uma bancada suficientemente forte para dar apoio significativo a Lula Presidente. Ficar, outra vez refém do PMDB, é procurar sarna para se coçar. Acho, portanto, que seria prudente um recuo estratégico. Nem tão rápido que pareça debandada, nem tão lento que pareça afronta.

    Acredito que após a experiência dos governos petistas, é hora de aprofundar um programa de esquerda. Esperar isso do PT em 2018, mesmo com enormes concessões às classes dominantes, parece uma tarefa impossível. Entretanto, o PT, com o apoio decidido de Lula, poderia dar suporte decisivo a uma candidatura de esquerda, não petista, que poderia outra vez incendiar os corações e mentes da parcela da sociedade que nunca abdicou dos ideais de uma sociedade mais justa.

    É uma questão de montar uma ampla frente de esquerda, com a elaboração de um programa bem estruturado. Nessa frente, ao contrário de anos passados, o PT não seria hegemônico, mas sim, participaria de forma firme, embora secundária. Há muitos nomes de peso que se encontram órfãos em vários partidos. Há a necessidade de ser bastante amplo e não ser sectário, pois é importante não esquecer a viabilidade eleitoral dessa frente. Há nomes no PSOL, PSB, PMDB, PDT, PCdoB (e a ainda no PT) que poderiam dar musculatura a essa frente. A escolha do nome para Presidente deveria ser efetuada de forma desapegada e apenas após a discussão e elaboração de um programa de consenso. Só para citar alguns nomes que poderiam ser lembrados como candidatos: Ciro Gomes (PDT), Requião (PMDB), Chico Alencar (PSOL), Luiza Erundina (PSB),Roberto Requião (PMDB) e outros. 

    E, caso a ideia prospere, batalhar muito para obter na Câmara e no Senado, uma base aliada forte e ideologicamente comprometida com o programa a ser defendido.

     

     

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