“Culpem o mensageiro”: sobre a luta do premiado Luis Nassif para exercer sua profissão, por Rogério Correia

Ele nunca recuou na crítica da mídia nem na crítica aos abusos do Judiciário, e principalmente nunca arredou pé na crítica às falácias dos “especialistas” do mercado financeiro

“Culpem o mensageiro”: sobre a luta do premiado Luis Nassif para exercer sua profissão

por Rogério Correia

“Estou juridicamente marcado para morrer”. Com esse título, o premiadíssimo jornalista Luis Nassif faz a denúncia de uma operação sincronizada, envolvendo segmentos do poder Judiciário, atuando através de vários processos que, na prática, inviabilizam o exercício da atividade pelo conhecido e influente profissional.

E não estamos falando de um profissional qualquer, muito menos dos proliferadores de fake news que infelizmente invadem as redes sociais, alguns deles vindo do mesmo meio jornalístico.

Nassif é, certamente, entre os jornalistas vivos brasileiros, um dos mais respeitados e premiados. Já ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, foi finalista do Prêmio Jabuti de literatura, inúmeras vezes escolhido o melhor jornalista de economia do país pelo Prêmio Comunique-se. Durante anos sua coluna diária na Folha de S. Paulo era apontada como uma das mais lidas e influentes. Foi pioneiro no jornalismo eletrônico, através da Agência Dinheiro Vivo, e um dos primeiros a ingressar na chamada blogosfera, sendo peça-chave na criação de uma nova arena de debates.

Mas Nassif cometeu um “pecado”:

Ele nunca recuou na crítica da mídia (foi ele inclusive um dos poucos na grande imprensa a criticar a cobertura do caso Escola Base nos anos 90, hoje reconhecido como o mais conhecido e triste episódio de erro jornalístico no país), nem na crítica aos abusos do Judiciário, e principalmente nunca arredou pé na crítica às falácias dos “especialistas” do mercado financeiro, aqueles que diariamente vendiam, e ainda vendem, milagres para o Brasil enquanto somam os milhões arrecadados em operações do mercado.

Ao optar por essa linha, Nassif sofreu e sofre as consequências de um turbilhão poderoso a trabalhar contra sua atividade profissional.

Em seu último texto sobre essa perseguição, o jornalista mineiro de Poços de Caldas cita os casos de que é vítima, um por um. Em todos eles, percebe-se nitidamente o papel persecutório desempenhado por procuradores, juízes e magistrados em geral que não aceitam o papel crítico do jornalista. É uma parcela apenas do Judiciário, como bem sublinha Nassif no artigo, mas o suficiente para, pela pressão financeira, tentar obstruir o exercício da profissão.

Chamo a ABI, a Fenaj, os sindicatos de jornalistas, enfim, toda a representação profissional a posicionar-se na defesa de Luis Nassif. O que ele enfrenta diz muito mais sobre o Brasil do que sobre ele mesmo. E isso precisa ficar claro em tempos obscuros como o atual.

Minha total solidariedade ao jornalista, colocando o mandato Sempre na Luta à disposição daqueles que, a exemplo de Nassif, querem a livre informação, sem interferências dos poderosos de governos, empresas ou burocracias jurídicas.

Rogério Correia é deputado federal (PT-MG)

Redação

4 Comentários

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  1. Não à toa, o caso de Luis Nassif me faz lembrar o recente caso do Paulo Henrique Amorim. Seriam os mesmo juizes, os mesmos procuradores? Inclusive, na minha opinião, o PHA num morreu. Foi assassinado.

  2. Nossa, Nassif… o que eu poderia te dizer? Te acompanho há tantos anos, és quase como um amigo, mesmo que não me conheças. Te desejo a força e a retidão de sempre. O que seria de nós sem o pensamento que diverge destes que usam do poder para se impor e massacrar? E nesse mundo louco, em que alguns se valem da “liberdade de expressão”, usando-a como falácia para esparramar preconceitos e disseminar ódio, passa ao largo a conivência ( e cooperação) de parte do judiciário com toda esta ofensiva em cima dos jornalistas. Você está certíssimo de levar este caso para além do que ocorre com a sua pessoa. O que nos reservará o amanhã se as casas legislativas não fizerem nada para coibir os abusos do judiciário? Hoje já se acham deuses…

    1. Penso que a perseguição, que o preconceito, que a covardia e outros malfeitos que brotam cada vez mais no poder judiciário, já passou da hora de serem banidos. Quem eles pensam que são para se considerarem isentos de punição pelas delinquências que cometem abusivamente? Esqueceram que são simples empregados do governo federal, através do Poder Judiciário? O que querem? Querem sentir-se como um Deus ou como um justiceiro, que imediatamente lança seu peçonhento veneno para imobilizar e/ou dar fim a qualquer um que, em cumprimento de sua função e seu dever constitucional, se levanta contra a prática, e o acobertamento dos malfeitos que acontecem nos diversos tentáculos da justiça brasileira? Possivelmente uma das principais razões para tanto abuso do poder, que o cargo não permite, é a frouxidão, a inércia e a total conivência dos órgãos fiscalizadores e corregedores do poder judiciário. Luis Nassif, que além de ser um ser humano e pai de família honrado, ético, honesto, trabalhador e um dos grandes profissionais do jornalismo, também possui uma coleção de virtudes e qualidades superior a muitas das diversas e supostas autoridades dos três poderes. Autoridades que imerecidamente recebem salários, mordomias e poder muito mais além de suas capacidades, qualidades e confiabilidade. Do outro lado, sequestram vergonhosamente os recursos honestos e oriundo de anos e anos de trabalho e comportamento honesto, decente, ético, isento e competente, como também deveria ser o trabalho e comportamento de seus julgadores justiceiros.

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