Data vênia à pqp…, por Fernando Horta

Há, sem dúvida os ministros venais. Perversos mesmo. Que sabem que estão fazendo errado e que estão pouco se importando com esse erro.

Data vênia à pqp…

por Fernando Horta

Agora que eu consegui sua atenção, permita-me uma reflexão. No julgamento de amanhã, no STF, que não se pense que os ministros ali não sabem que decidirão os próximos dez ou vinte anos do Brasil. Todos sabem. Menos, talvez, o Kássio com K. Então surge a pergunta: por que, afinal eles estão inclinados a um novo golpe contra Lula e a esquerda?

Há, sem dúvida os ministros venais. Perversos mesmo. Que sabem que estão fazendo errado e que estão pouco se importando com esse erro. Ora, para quem torce todos os regulamentos, regimentos, princípios éticos e tudo mais para colocar seus filhos como magistrados, qualquer coisa – mesmo – é possível. O problema não são os venais. Destes, sabemos, nada há por se esperar.

Quero aqui fala dos ministros liberais. Estes estão cometendo um imenso erro de avaliação. Para este “centro liberal” autoproclamado, o cenário ótimo é uma eleição sem Lula e sem Bolsonaro. Há muito que os liberais retiram das eleições aqueles que eles não podem vencer no voto. Esta é a tônica do processo histórico no mundo pelo menos desde o século XIX. No afã de tirar Lula e Bolsonaro, o auto-iludido “centro liberal” pensa em PRIMEIRO tirar Lula e depois inviabilizar Bolsonaro. Seja com a CPI recém criada, seja com mais desgastes institucionais ou mesmo quando o número de mortos de COVID no Brasil atingir meio milhão. O cálculo é que Bolsonaro se inviabilizará.

Assim, se analisarmos estes atores veremos que para o “centro liberal” é importante tirar Lula e Bolsonaro e para os venais e a direita fascista é importante tirar Lula do pleito. Percebe-se que há uma resposta que atinge os dois interesses: retirar Lula. Este espaço de negociação das opções já ficou evidente, a despeito da indignação de Gilmar Mendes, Lewandoski e Carmem Lúcia.

Do ponto de vista da democracia, o “centro liberal” está até correto em suas análises. Bolsonaro se inviabilizará democraticamente mesmo. Não há como um sujeito político suportar tamanho número de mortes, mais a crise econômica, institucional e tudo isso com o peso indelével de sua incapacidade e vilania. O que o “centro liberal” erra – e erra novamente de forma idêntica aos liberais dos anos 30 com relação à Hitler e Mussolini – é que os fascistas não jogam pela democracia. Hoje, Bolsonaro mais uma vez pediu “um aceno do povo” para “agir”. O fascismo de Bolsonaro vai romper com toda e qualquer instituição – democrática ou não – para que, em caso de não conseguir vencer a eleição de 22, esta não ocorra.

Por conta da ordem das votações, o “centro iludido liberal”, autoproclamado “sem paixões políticas” imagina que “primeiro a gente tira Lula e depois Bolsonaro”. Ocorre que o “primeiro” eles controlam a ação, e – provavelmente farão acontecer amanhã. O “depois” foge completamente da sua alçada e eles se arrependerão amargamente como diversos judeus o fizeram depois do fim da segunda guerra.

A questão é, data vênia, se estes indivíduos estivessem a errar e brincar com suas próprias vidas, até teríamos pouco a objetar. Contudo, como também com dinheiro, é sempre melhor jogar com a vida dos outros. Aqui, no caso, com toda uma nação e – em especial – com os quase 200 mil brasileiros que poderão até ler este texto, mas estarão mortos por COVID dentro de dois meses.

Em função disto, reafirmo, “pedindo todas as vênias aos brilhantes votos em contrário” que o STF vá para a pqp!

Redação

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