O grotesco espetáculo atuado, hoje, por um padre da Canção Nova, com uma partidarização extremista perigosa, apesar de logo repreendido em forma de desculpas pelo presidente da emissora, dá uma prévia ao eleitor de como será travado este segundo turno: sob os mantos sagrados da religiosidade e seus valores, oportunamente desfigurados e usados como plataformas de debates, distantes da TV e do noticiário, mas encenados em alguns templos religiosos do país.
A batalha terá os dois lados a procura de espaços, mas um lado buscando a radicalização, a provocação e o confronto (Serra e oposição conservadora), o outro lado buscando conciliar e afinar a sintonia com os fiéis (Dilma e a coalizão governista).
Primeira parte: o discurso pautado na boataria, logo incorporado pelo padre e legitimado como crível para os demais fiéis:
“O que tem me agitado são muitos e-mails que eu tenho recebido. E a questão é essa da eleição. E eu não posso deixar de falar também porque eu sou sacerdote de Nosso Senhor Jesus Cristo. Diante de tantos pastores se pronunciando, diante de tantos bispos se pronunciando, nunca vi uma eleição tão agitada como essa, nunca vi(…)
Segunda parte: a bravata do homem corajoso, desafiando “grupos poderosos”, em defesa dos valores cristãos de seu rebanho:
Podem me matar, podem me prender, podem fazer o que quiser. Não tenho advogado nenhum. Podem me processar e, se tiver de ser preso, serei. Não tem problema, mas eu não posso me calar diante de um partido que está apoiando o aborto, e a Igreja não aprova. Não votei e não votarei(…)
Terceira parte: a ameaça e a incitação de um levante católico contra Dilma e o PT:
Chega de sermos católicos mornos, frios e medrosos. Até atores e atrizes estão se pronunciando com medo do que pode vir no futuro, como é que nós ficamos assim como se nada estivesse acontecendo, na boa, com medo de perder isso, de perder aquilo. Que se perca tudo. Só não podemos perder Jesus Cristo na nossa vida”. Trecho do sermão do padre José Augusto, da Canção Nova, confira aqui. …Condenamos atos isolados, tais como este, que servem, tão somente, para manchar a instituição e envergonhar a maioria de seus fiéis, que, com certeza, não aprovam o vale-tudo eleitoral praticado dentro de suas casas sagradas.
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