Anastasia na Folha

Há tempos reconheço em Antonio Anastasia um dos grandes quadros revelados pelo serviço público brasileiro. Aliás, desde os tempos em que era Secretário Geral do Ministério da Justiça.

Apesar de falhas, muitas vezes apontadas aqui – pouca ênfase no social, salário de funcionalismo – o trabalho empreendido em Minas é um marco na gestão pública brasileira. Do mesmo modo que o modelo federativo embutido no PAC. Não fosse Patrus Ananias – pessoa que mais encarnou o compromisso social no país -, não teria dúvida em apontar sua vitória em Minas como fator de avanço político brasileiro, especialmente por viabilizar uma oposição civilizada, necessária em qualquer regime.

Como é pessoa bastante articulada, coloca claramente os princípios da estratégia política de Aécio. A manchete da Folha, com seu imediatismo conhecido, diz que sua posição visa apenas ganhar votos de eleitores de Dilma. Vai muito além: contem as bases do novo discurso da oposição, pós-eleições, em contraposição ao golpismo furibundo que marcou o PSDB paulista nas eras FHC-Serra.

Discute-se, agora, o que será 2011. Se o pacto FHC-mídia prosseguirá em sua tentativa de desestabilização política – valendo-se do fato de que o alvo não mais será Lula, mas Dilma; ou se o país ingressará em nova etapa de modernização política, de disputa civilizada do poder político e de colaboração federativa supra-partidária.

Da Folha

SABATINA FOLHA ANTONIO ANASTASIA

Tucano Anastasia admite voto “Dilmasia” em Minas

DE OLHO NOS ELEITORES DE DILMA, CANDIDATO CONDENA ATAQUES A PETISTA E DIZ QUE MINEIROS ESCOLHERÃO COMO “CONSCIÊNCIA INDICAR”

DE BELO HORIZONTE

Com 18% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha, Anastasia criticou seu adversário Hélio Costa (PMDB), que tem 44% e será sabatinado hoje.

Ele disse não ver prioridade de Costa na “questão gerencial”, citando a recente crise nos Correios que levou à demissão do presidente Carlos Henrique Custódio. A estatal é subordinada ao Ministério das Comunicações, pasta que foi chefiada por Costa.
Anastasia respondeu a perguntas da plateia e de Vinicius Mota, secretário de Redação, Júlio Veríssimo, coordenador da Agência Folha, Valdo Cruz, repórter especial, e Paulo Peixoto, correspondente em Belo Horizonte.

Luta armada

Nós vamos voltar 40 anos atrás? A maioria esmagadora do nosso eleitorado nem conhece o que aconteceu naquela época. Qual é a influência disso no nosso cotidiano? O que isso vai melhorar o nosso emprego? O que vai melhorar em termos de criação de oportunidades para os jovens? […] Acho que as pessoas podem, individualmente, imaginar que um determinado argumento possa influenciar, mas não acredito que vá haver em uma campanha institucional do partido esse tipo de indagação.

Hélio Costa

Não vejo na candidatura do meu adversário qualquer prioridade na questão gerencial, na questão de responsabilidade administrativa, na profissionalização da administração. Acabamos de ver um episódio que houve repercussão muito negativa, dos Correios. Pode ser que haja retrocesso até em razão do ambiente, das figuras e da metodologia que o cercam. Isso nos parece um risco.

Voto “Dilmasia”

O eleitor vai escolher como compor sua chapa como a consciência indicar. Surge essa expressão [voto casado em Dilma e Anastasia] porque temos formalmente na nossa aliança partidos que nacionalmente apoiam Dilma e que no Estado nos apoiam. Temos também o reconhecimento de muitas lideranças municipais de partidos da oposição, que em reconhecimento ao que fizemos, estão aplaudindo nosso governo e manifestam apoio. Agora, não há nenhum movimento criado no nosso âmbito. Nós sempre deixamos muito claro quais são os nossos candidatos a todos os postos, respeitando sempre a opção do eleitor.

Interferência de Aécio

Não indicará [secretários] porque ele será senador. Os secretários são indicados pelo governador e pelos partidos que nos apoiam. Meu senso pessoal de autoridade é um pouco alto. O candidato sou eu, não é Aécio.

Empenho por Serra

Tenho certeza de que Serra está percebendo o nosso esforço. Pode ser [que haja uma cobrança excessiva por empenho dos tucanos de Minas Gerais para apoiar Serra], talvez porque se criou na imprensa esse sentimento falso. Como é o segundo eleitorado, como no passado nosso governador [Aécio Neves] foi pré-candidato, criou-se, mas é completamente fora da realidade e o próprio candidato tem dito isso publicamente à exaustão.

Controle da mídia

Vez por outra aparece esse tema. Nunca [liguei para redação para reclamar de reportagem]. Do meu conhecimento, não [aconteceu no governo de Aécio]. Criam um pouco essas lendas urbanas porque nosso governo felizmente é correto, apresenta resultados e tem popularidade muito boa.

Saúde

Nós temos tentado descentralizar, levar a saúde para mais perto das pessoas. Antigamente todo mundo vinha para Belo Horizonte ou até para São Paulo e Rio. Então a tendência é criar uma rede, que já começou a ser feita. De fato nós temos uma dívida social com essas regiões [mais pobres do Estado de Minas]. Temos que correr atrás do prejuízo de décadas de subinvestimento.

Aborto

Acredito em Deus, sou católico praticante e devoto de santo Antônio. Eu acho que ainda não chegamos a essa maturidade [de descriminalizar o aborto no Brasil]. Acho que devemos deixar a legislação como está, e a própria Justiça toma decisões.

Maconha

Eu acredito que não temos ainda condições de dar esse passo. Há uma vinculação muito clara entre o tráfico e a criminalidade. Já evoluímos muito, porque não acredito que a pessoa que tenha a dependência seja criminosa. Antigamente ela era presa. Hoje não é mais e segue para comunidade terapêutica.

Abertura da Copa em BH

Não só eu, mas os paulistas também são a favor. Como eles não têm estádio lá, eles virão e serão muito bem recebidos aqui no Mineirão. O prefeito [de BH] Márcio Lacerda (PSB) está muito otimista na questão de expandir a rede hoteleira. Há essa reclamação de carência de hotéis, o que nós temos que fazer é transformar a cidade em um destino de turismo de negócios, com a construção de um centro de convenções.

Veja a íntegra da sabatina com Antonio Anastasia

folha.com.br/102226 

Luis Nassif

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