Evo pede a outras nações que assumam suas responsabilidades sobre o tráfico de drogas

via Opera Mundi

O presidente boliviano, Evo Morales, afirmou que o narcotráfico em seu país conta com “mais tecnologia e equipamentos” do que as forças locais e pediu ao mundo industrializado que aborde o aumento do consumo das drogas em seus países. 

“As quadrilhas da droga contam com armas e equipamentos de comunicação sofisticados superiores aos da polícia e das Forças Armadas, por isso, precisamos dotar de forma conveniente as nossas unidades, para conseguir resultados”, disse o mandatário no ato de apresentação do representante do UNODC (Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime), César Guedes. 

No encontro, ele também pediu à comunidade internacional que combata este problema, pois “não devemos permitir que se repitam na América do Sul” fatos como os do “México e em algumas nações centro-americanas” com “a sucessão de assassinatos promovidos pelos cartéis”. 

Leia também: 
Opinião: Por que José Serra ataca a Bolívia? 
Peru supera Colômbia em cultivo de folha de coca, diz ONU 
Polícia boliviana considera perigosa acusação de Serra contra Morales 
Cartel mexicano, PCC e Comando Vermelho têm conexões com traficantes bolivianos, diz La Paz 

Evo ainda acusou os Estados Unidos de utilizarem a luta contra o narcotráfico e o terrorismo “com fins claramente políticos”. Sobre o tema, destacou que nos anos 1980, quando era dirigente cocaleiro, “a direita e os EUA satanizava os líderes trabalhistas acusando-os de serem comunistas para justificar a repressão”. 

Por outro lado, desde o atentado contra as Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, em Nova York, “a acusação já não é de comunistas, mas sim de terroristas”. “Chegaram a dizer que Evo Morales era o [Osama] Bin Laden andino e os produtores de coca foram identificados como talibas”, recordou o líder indígena. 

Na segunda-feira (26/7), o vice-presidente Álvaro Garcia Linera também questionou os EUA, além de afirmar que há interesse “da direita e do imperialismo” em vincular Morales com o narcotráfico para prejudicá-lo. “Se conseguem mostrar que na Bolívia há mais narcotráfico, logo vão querer nos isolar do resto dos países e, depois de nos isolar, podem tomar distintas medidas contra a Bolívia”, como ocorreu no caso do ex-presidente do Panamá Manuel Noriega, ex-aliado de Washington, advertiu o vice. 

Informe da ONU 

De acordo com o último informe da ONU a respeito do tema, apresentado há um mês por Guedes, o comércio da folha de coca move na Bolívia 256 milhões de dólares por ano, ou seja, 2% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. 

Segundo o mesmo relatório, em 2009 foram registrados no país 30.900 hectares de plantações com uma produção de 54.628 toneladas de folha de coca — quantidade que tem um potencial para produzir 113 toneladas de cocaína. 

Consumo 

Para Morales, as nações industrializadas são as “principais geradoras” da produção de drogas “ao contarem com grandes mercados de consumidores”, por isso, os programas de combate ao narcotráfico “não são uma ajuda, mas uma obrigação”. 

No ato desta terça-feira, o presidente pediu ainda “a participação ativa” da comunidade internacional mediante a transferência de “tecnologia, radares” e “investimento para o desenvolvimento integral” nas zonas produtoras de coca, onde o governo boliviano empreende programas de erradicação voluntária. 


0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador