Mercado teme o “risco Serra”

Ontem, a Reuters publicou artigo do correspondente Raymond Collit sobre o risco-Serra nas eleições presidenciais (clique aqui). É mais um dado mostrando como a falta de rumo de Serra, a mudança constante de discurso, o uso descuidado de declarações conflitantes, atingiu não apenas os eleitores comuns, mas o próprio mercado financeiro.

Segundo a matéria, o mercado não precificou ainda o “risco Serra” apenas devido ao fato de não acreditar em sua vitória. Mas se Dilma não estabelecer uma boa vantagem sobre Serra até final de agosto, o “risco Serra” poderá mexer com o câmbio.

Segundo a matéria, Serra iniciou a campanha como claro favorito dos mercados financeiros. Mas vários investidores e analistas políticos informaram à Reuters terem menos reservas, agora, em relação a Dilma Rousseff do que a Serra.

As dúvidas em relação a Serra surgiram devido às suas opiniões sobre o Banco Central, as taxas de juros e o aumento do tamanho do Estado.

Tony Volpon, economista-chefe de Pesquisa de Mercados Emergentes da Nomura Securities, disse à Reuters que “secretamente o sistema financeiro prefere Rousseff”.

Pela história de ambos, Serra deveria ser o favorito, diz a matéria. Afinal, possui um doutorado em economia pela Universidade de Cornell, experiência executiva, e um partido que defendia a privatização e as reformas do mercado pelo antecessor de Lula, o presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)”, enquanto Dilma teve “uma carreira de funcionário público, fez parte da guerrilha urbana e nunca enfrentou antes um cargo eletivo”.

Porém, diz a matéria, Dilma soube conquistar o apoio do investidor, afastando-se de algumas propostas mais à esquerda. E também de comprometeu a continuar as políticas pró-mercado de Lula.

Para Alexandre Barros, analista político e companheiro de atividades estudantis de Serra nos anos 60, “nenhum candidato é o sonho de Wall Street, mas Serra é o risco maior”.

Até agora o mercado não precificou o chamado “risco Serra” por um motivo prosaico: porque acha que Dilma irá vencer, segundo Reginaldo Alexandre, presidente da Associação dos Analistas do Mercado de Capitais em São Paulo. Se Dilma não estabelecer vantagem clara sobre Serra em agosto, aí sim poderá haver distúrbios na taxa de câmbio, segundo analistas.

A matéria considera que Serra tem emitido sinais contraditórios em relação ao papel do Estado na economia. De um lado critica algumas ações de ampliação do papel do Estado, de outro elogia e promete um ativismo do governo na política econômica. Fala em cortar a gordura do governo e também em dobrar o valor do Bolsa Família, “que muitos de seus apoiadores criticaram por anos.” 

Luis Nassif

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