Esquerda foi derrotada, mas nova geração traz sinais, diz Maringoni

"O PT sai, depois do Bolsonaro, como o grande derrotado. É triste o resultado do PT, mas vamos ter que fazer um exame de críticas, práticas"

Foto: Divulgação, 2018 / Equipe Manuela D’Ávila

Jornal GGN – Apesar de partidos de esquerda e o PT saírem derrotados das eleições municipais 2020, figuras importantes para a esquerda brasileira despontaram como possíveis lideranças do país em um futuro próximo. A análise é do jornalista e professor de Relações Internacionais, Gilberto Maringoni, em entrevista à TV GGN, neste domingo (29).

“O PT, a esquerda no geral, foi derrotada, mas existe fortes sinais na conjuntura política de uma nova geração, um novo tipo de liderança, como o [Guilherme] Boulos [candidato derrrotado do PSOL em São Paulo], que é de um movimento popular, tem mais votos na classe média, obteve 2 milhões de votos em São Paulo, 40% do eleitorado não é qualquer coisa”, afirmou.

Para Maringoni, o desempenho que obteve Boulos em São Paulo é comparável à eleição presidencial de 1989 no Brasil, quando Lula disputava com o PDT de Leonel Brizola o comando da esquerda no país e, apesar de ser derrotado por Fernando Collor no segundo turno das eleições, consolidou o PT como partido nacional.

Ele também avalia que as eleições deste ano se destoaram das de 2018, representando também uma derrota do “bolsonarismo”. “Em 2016 o anti-petismo não só provocou uma derrota nas urnas, mas também insuflou o ódio contra a esquerda. Mas, este ano, nós tivemos uma campanha muito mais racional, civilizada, que a política deu o tom”, comentou.

Sobre as perdas do PT e da esquerda, o analista afirmou que o grande erro do partido foi ao “perder o contato com o eleitorado”. “Nós não conseguimos criar uma onda de opinião pública. Se é verdade que o bolsonarismo perdeu as eleições, é porque ele provocou, com o fim do auxílio emergencial”, disse, comparando que o ‘corpo-a-corpo’ da política de Bolsonaro não se perdeu, como ocorreu com a esquerda, em sua avaliação.

“Vamos acordar segunda-feira com o país real, com desemprego, o avanço da pandemia, vamos acordar numa situação caótica, em que a disputa está recolocada, e o PT sai, depois do Bolsonaro, como o grande derrotado. (…) É triste o resultado do PT, mas vamos ter que fazer um exame de críticas, práticas”, concluiu.

Assista à entrevista:

Redação

7 Comentários

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  1. São paulo não me surpreende é bola cantada,é a cabeça do Paulistano,quem sabe agora deem valor ao quão foi difícil governar naquela terra preconceituosa,arrogante,mas Porto Alegre e Recife sim me surpreenderam e atiçou de vez minhas desconfianças das urnas,caso atípico não existir boca de urna,caso malandro,criminoso acima da mera suspeição ser o TSE a somar os votos. TSE cujo presidente é um pústula,um canalha que não vale o barro que faz.
    Digo a muito tempo que não creio em eleição,mesmo porque quando ganhamos nossos votos não são respeitados tripudiam de nossa decisão mas afirmo sem pestanejar FOI FRAUDE EM MUITOS LUGARES e se o TSE fosse honesto cassaria o mandato de muita gente por mentirem(Hoje isso é crime)por ameaçarem,e por compra de votos mas viramos terra de bandidos bandidos no STF,no congresso,na mídia,no empresariado nas forças armadas em tudo.

    1. Eu sou paulistano, não sou arrogante e nem sou preconceituoso. Passei três semanas fazendo campanha pelo Guilherme Boulos, particularmente entre a minha grande família toda paulistana, ninguém preconceituoso, mas todos tucanos de coração, consegui mudar alguns votos, especialmente de umas tias velhas.
      Essa história de fraude é conversa de derrotados. Você e o Donald Trump teriam ótimos papos no belo Salão Oval da Casa Branca.
      A esquerda PERDEU. Ponto final.

  2. Só lembrando ao Gilberto Psolista de carteirinha que SOMOS O MAIOR PARTIDO PROGRESSISTA DA AMÉRICA LATINA,QUIÇA DO MUNDO e temos uma militância invejável,como Fênix renasceremos mais fortes pois será a dor do POVO ingrato e de curta memória que abrirá seus olhos.
    Seu partido não suportaria um décimo da carga violenta que suportamos desde o nascedouro.

  3. É preciso serenidade ao fazer as análises, caso contrário, o contraditório deixá de existir e passamos a repercutir a mídia golpista, monolítica e monocórdico.
    Se é verdade que o resultado de prefeituras conquistadas ficou abaixo do esperado, o mesmo não ocorreu com o número de votos,sobretudo do PT que,mesmo constantemente hostilizado,teve uma votação ligeiramente superior a obtida em 2016,mesmo com a pandemia dificultando a campanha presencial,uma das características fortes do partido, e o aumento substancial das abstenções.
    Também, se as esquerdas estiveram fora do segundo turno,em 2016,de cidades como São Paulo ,Porto Alegre,Vitória e Recife, para ficar somente nessas três, o mesmo não ocorreu agora,onde disputou em condições de vencer .
    O mesmo ocorreu em diversas outras cidades e,para citar novamente o PT, este partido ganhou 4 cidades importantes: Diadema e Mauá no ABC paulista e Juiz de Fora e Contagem ,duas importantes cidades de Minas Gerais.
    O PSOL,além da extraordinária votação em São Paulo, conquistou também Belém, o que não é pouca coisa.
    Devemos lembrar também que esta eleição foi atípica com um período reduzido de campanha,sobretudo no rádio e TVs e com um espaço curtíssimo entre o primeiro e segundo turnos.
    Isso,aliada a censura imposta pela mídia golpista que cobriu mais a eleição americana do que a nossa,além da completa ausência de debates,favoreceu em muito que a votação fosse deslocada para a direita engomada,já que essa foi e é constantemente poupada ,sabe-se lá porquê, de críticas mais contundentes e de investigações sérias.
    Quanto ao sujeito que ocupa a presidência da República, não pode-se dizer que foi derrotado. Ele nunca foi nada,nunca representou nada e,como nada,chegou a presidência da República e lá permanece como um nada.
    Ao dizer que a esquerda foi a grande derrotada depois do sujeito que ocupa a presidência da República, colaboramos com a estratégia utilizada pela mídia golpista de isolar a esquerda para,assim como ocorreu na matriz do falcões do norte, termos que escolher entre o ruim é o péssimo.
    Esse tem sido o desejo dessa gente. A tão propalada frente ampla é só uma das alternativas propostas e,se continuarmos a endossar o discurso de perdedores,não seria surpresa alguma se alguns ditos de esquerda fossem navegar nessa tal frente.
    Pode ser que, se isso vier a ocorrer ,algum engomadinho até vença mas,como o povo brasileiro já está de saco cheio dessa gente,entre o ruim é o péssimo, o mais provável é que se escolha o péssimo.

    1. Concordo com o que dizes, Vladimir. Mas, o PT perdeu muito o contato com as bases e com a periferia. Na outra ponta, a campanha ganhou o ciberespaço e o partido que não desenvolver uma engenharia de campanha pra a internet vai ficar a ver navios. É urgente que o partido planeje seu retorno às bases e pense uma campanha mais efetiva em outros espaços, como a internet.

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