Comentário sobre o post “Xadrez sobre Bolsonaro, eleições e crime, por Luis Nassif”
Por Antonio Uchoa Neto
Há muito tempo, deixei de ver Estado e Mercado como coisas antagônicas; O Estado é o mercado – quando o “governo” está nas mãos da praga neoliberal, e o Mercado é o estado, quando o comando da máquina está nas mãos de progressistas (à falta de palavra melhor para definir a esquerda).
Em geral, gente que adota esse tipo de política econômica acaba por ter estranhas ideias – a pior delas, e aquela da predileção do Nassif, é a chamada política pública. Também conhecida por ’colocar o pobre no orçamento’. Os “internacionalistas”, como os define o Nassif, e que não são os trotskistas de outros tempos, leem isso como: ‘colocar o rico no fisco’.
O resto, como se diz, é História.
Reacionários – como eu ainda preferiria que o Nassif designasse os tais internacionalistas – em geral, costumam vociferar contra as ‘Alterações arrasadoras da ordem social’, situação nas quais enquadram tudo ou todos que ameacem – ou, meramente, insinuem – modificar políticas de governo, no sentido de estender ou criar benefícios às camadas pobres (e não ‘mais pobres’, porque só existem duas categorias de pessoas, os ricos e os pobres) ou incluir novidades semelhantes em políticas de Estado.
Seja a Revolução Russa, seja a chegada de um reformista socialdemocrata ao poder, tudo é uma ameaça de alteração arrasadora da ordem social. Não importa que a única alteração visível ou verificável na prática seja o aumento do consumo, a elevação à estratosfera dos lucros dos bancos, e, pouco ou muito, o crescimento econômico.
Se esse não vem de suas zonas de conforto – o monopólio, a especulação, a exploração do trabalho – então é coisa de comunista anti-mercado, e, por via de consequência, inimigo dos valores tradicionais, da família, e dos valores cristãos.
Acene ao Mercado, PT, sob a forma de Alckmin, Temer, ou outro qualquer dessas raposas felpudas do establishment, esses lobos em pele de cordeiros. e você vence a eleição de 2022, principalmente se o 2º turno incluir a alimária que hoje ocupa o Planalto. Mas deixe o pobre onde ele, hoje, está: no limbo do sistema, como um bom exército industrial de reserva.
É bom lembrar que, em termos de geopolítica internacional, em 2002 os EUA estavam em posição inconteste de liderança e supremacia mundial; a subida de Lula ao poder não lhes causou mais que o nojo habitual de ver esquerdistas no comando de seu quintal, e a reação foi branda, limitada à espionagem e escaramuças comerciais. Hoje, temos o pré-sal e a crise crescente – em busca de hegemonia, sempre – entre os EUA e a Rússia e a China.
A reação do império será diferente, e, do jeito que for, mais intensa. A América para os americanos – do Norte. Nada de influência russa ou chinesa sobre a América do Sul.
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